Seija Musou | The Great Cleric Vol 03
– Arco 4.5: Histórias Paralelas –
Capítulo 06 [Apelidos]



Aventur­eiros tinham o hábito de dar títulos a indivíduos famosos como uma forma de marcar seus feitos. Apelidos eram uma tradição, e a Guilda dos Aventu­eiros de Merratoni contava com sua própria cota de indivíduos agraciados com essa honra.

Em primeiro lugar, havia Brod, o mestre da guilda. Qualquer um que tivesse testemunhado a forma como ele atravessava hordas de monstros a velocidades inacreditáveis durante seus dias de aventureiro concordaria em uma coisa: o homem era um ciclone imparável. Infelizmente, "Ciclone" já estava tomado na época, então ele ficou conhecido como "Tornado".

Em seguida, havia Gulgar. Para ele, a frase "quando eu era pequeno" nunca fez muito sentido. Ele era, e sempre foi, um gigante, e sua estatura apenas crescia com a idade. Enquanto a maioria dos lobisomens era conhecida por sua agilidade, Gulgar abraçou sua singularidade e usou sua força inata para se tornar um escudo literal para seus aliados. Coberto de armadura completa, um escudo em uma mão e um machado de guerra na outra, nenhum golpe conseguia abalar sua postura, mas o mesmo não podia ser dito de quem tivesse o azar de ser atingido por sua arma. "O Esmagador" parecia um nome adequado para ele a princípio, mas mais impressionante que sua força era sua inabalável determinação. Assim, ele se tornou "O Imóvel". Da mesma forma, "Chef" parecia um pouco fraco devido ao seu tamanho, e "Chef Urso" acabou pegando.

Por fim, o último do trio era Galba. Qualquer aventureiro bestial que se prezasse conhecia esse nome e sabia que ele não devia ser subestimado. Alguns o desprezavam por sua popularidade com as mulheres, mas ninguém era corajoso o suficiente para confrontá-lo diretamente.

Quando ainda era aventureiro, Galba se especializou em reconhecimento, especialmente espionagem. Inicialmente, ele aprendeu essas habilidades apenas para autodefesa contra monstros, mas logo começou a notar sombras por trás de certas missões e passou a usar seus talentos para descobrir mais. Rapidamente, ele percebeu o quão valiosas eram as informações que conseguia e o quão divertido era estar em posse delas. Ele sabia os inimigos que faria ao continuar por esse caminho, mas suas habilidades eram incomparáveis e, de repente, esses inimigos deixaram de existir. Apenas Galba conhecia a verdadeira identidade desse informante anônimo: "O Recluso".

Esses três estavam entre os aventureiros mais respeitados de Merratoni, mas logo haveria mais um. No momento, no refeitório da Guilda dos Aventu­deiros, a cerimônia para conceder um novo apelido estava em andamento.

— O cara não é tão ruim, pra um curandeiro — disse um homem em armadura completa, sinceramente.

— Com certeza — concordou uma mulher-gato. Ela foi, de fato, a primeira pessoa que o curandeiro em questão já havia tratado. — Não pode ser tão ruim se curou alguém como eu.

Um homem com duas espadas e equipamentos leves assentiu. — E ele tem coragem. Deve ter sido um guerreiro em outra vida.

Curiosamente, ele não estava tão longe da verdade. Se trabalhadores de escritório pudessem ser considerados guerreiros da sociedade moderna, isto é.

— Ah, é? Eu ouvi dizer que o Tornado está perdendo o juízo — retrucou uma mulher de tom de voz masculino. — Dizem que o garoto não tem senso algum.

— Talvez ele tenha deixado o cérebro pra trás.

— Triste.

Os aventureiros fizeram um momento de silêncio pelo curandeiro ignorante.

— Tenho que dar o braço a torcer, porém. Ele tem treinado por meses agora. Eu já teria fugido faz tempo — disse o homem de armadura.

— Isso mesmo — respondeu o duelista. — Prefiro enfrentar monstros do que o Tornado, mas ele aguenta firme.

De repente, o arqueiro, que estava em silêncio até então, falou: — O garoto está apaixonado. O que mais poderia ser?

A conversa rapidamente degringolou a partir dali.

— O quê? Eu ouvi dizer que ele gosta de apanhar, se é que me entende.

— Ah, é? Bom saber.

— Tirem a cabeça da sarjeta. Mas eu também ouvi dizer que ele sempre tem um sorrisinho estranho no rosto quando está treinando.

— Eu também, mas pensei que ele e Nanaella tinham algo.

— De jeito nenhum, eles são como irmãos. Ele só gosta da coisa, tô te falando. Você já viu como ele bebe aquele treco?

As palavras do homem de armadura tinham fundamento, e ninguém podia discordar.

— Sabe, ouvi dizer que ele é um aventureiro.

— Ele não é da equipe da guilda?

— Não, um amigo meu que trabalha aqui me disse. Ele cura de graça, e o Tornado treina ele. Esse é o trato.

— Isso é masoquismo. Devíamos chamar ele de "O Masoquista".

— Aí é forçar a barra. E se ele não for mesmo um fetichista, o Tornado não ia gostar. Ultimamente, ele anda sem saco de pancadas.

— Bom ponto. Melhor não arriscar.

— Que tal "Curandeiro Sagrado"? Espero que ele continue se dando bem com os bestiais no futuro.

— Esse nome ia deixar a Igreja e os supremacistas furiosos.

— Por que não damos vários apelidos? O que pegar, pegou.

— Você é um gênio.

E assim, um garoto chamado Luciel se tornou o primeiro curandeiro a receber um apelido naquele dia. Ou melhor, vários apelidos. Muitos, muitos apelidos.

— A propósito, vocês ouviram falar daquele aventureiro de cabelo preto que quase levou uma surra de um coelho chifrudo?

Os aventureiros brincaram e conversaram até tarde da noite.


Tradução: Carpeado
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