Seija Musou | The Great Cleric Vol 03
– Arco 4.5: Histórias Paralelas –
Capítulo 01 [O Demônio da Guilda dos Aventureiros]



Antes mesmo de Luciel pisar na Guilda dos Aventureiros de Merratoni, rumores sobre um demônio que vivia sob os pisos do guildhall se espalhavam. No entanto, os aventureiros locais sabiam melhor e brindavam em honra às pobres almas ignorantes que não faziam ideia do que estavam prestes a enfrentar.

Ferimentos eram a principal causa de aposentadoria precoce entre os aventureiros, mas a única maneira de sobreviver com o trabalho mal remunerado ao qual sua falta de status os restringia era aceitar o máximo de pedidos possível. E isso era apenas para os aventureiros solo. Os tempos eram ainda mais difíceis para aqueles em grupos, que precisavam dividir a recompensa entre várias pessoas. Os mais confiantes pegavam contratos de extermínio acima de seu ranking junto com um grupo de novatos inexperientes, acabavam feridos no campo de batalha e o ciclo se repetia.

Um dos principais problemas era que muitos novatos não sabiam o que significava ser um aventureiro. Idealmente, novos aventureiros deveriam evitar pedidos que envolvessem combate e usar esse tempo para estudar monstros e outras informações essenciais, além de praticar fundamentos e trabalho em equipe nos campos de treinamento. Só então, após cerca de um mês de educação sólida, estariam prontos para aceitar trabalhos de combate.

Se isso fosse de conhecimento comum, o número de feridos cairia drasticamente, mas ser um aventureiro significava, antes de tudo, ser independente, e aventureiros veteranos raramente compartilhavam sua experiência com alguém que não fosse próximo a eles. Em Merratoni, esses poucos sortudos eram guiados a profundezas desconhecidas, onde suas habilidades atingiriam novos patamares — um inferno governado por ninguém menos que Brod, o mestre da guilda. Um inferno onde, infelizmente, nenhum havia durado mais de três dias, e esse recorde pertencia à Linhagem do Lobo Branco.

O grupo de homens fera (uma raça conhecida por possuir um vigor físico maior que o dos humanos) sabia quem era seu instrutor. Brod, o Furacão, era um dos maiores aventureiros que já viveram, então estavam mais do que ansiosos para aprender com ele. Teriam continuado se não tivessem ficado sem dinheiro. Ainda assim, nesses três dias, absorveram cada gota de sabedoria que puderam. E, por seus esforços, logo superaram seus companheiros.

Outros novatos ocasionalmente apareciam nos campos de treinamento, mas nunca demorava muito para que começassem a reclamar e desistissem. Eventualmente, Brod precisou começar a convidar pessoalmente aventureiros de médio a alto ranking para evitar que suas próprias habilidades se deteriorassem.

Esse homem era o "demônio" da Guilda dos Aventureiros. Os rumores sobre ele se espalhavam como fogo em mato seco, mas os feitos daqueles que sobreviveram ao seu domínio eram inegáveis.

— O que eu daria por um pouco de emoção agora mesmo.

Brod estava nos campos de treinamento sob a Guilda dos Aventureiros. Sua carreira de quase três décadas como aventureiro teve um começo humilde. Fraco e sozinho, seus primeiros passos foram pequenos e penosos, e ele se dedicou ao treinamento antes de qualquer outra coisa. Os únicos trabalhos que aceitava eram aqueles que tinha certeza de que estavam dentro de suas capacidades.

Não foi até chegar ao ranking A que ele realmente começou a se sentir forte. Até então, sua mente nunca havia se desviado de seu único objetivo: melhorar, sempre se desafiando. Mas quando descobriu que seus colegas o apelidaram de Florescimento Tardio, seus olhos se abriram, e ele percebeu coisas que nunca havia notado antes.

Seus companheiros aventureiros se foram. E não apenas eles — até mesmo aventureiros mais jovens que haviam se registrado antes dele já haviam se aposentado. A partir de então, Brod nunca mais desviou o olhar da verdade. Ele não podia mais ignorar a bagunça ao seu redor. Novatos talentosos pegavam trabalhos imprudentes, aventureiros de médio ranking ficavam acomodados e grupos constantemente se desfaziam e se reformavam sem que nada mudasse.

Eventualmente, Brod encontrou seu primeiro grupo — uma equipe liderada por um homem-lobo chamado Galba e seu irmão mais novo, Gulgar — e se deu bem com eles. Mas Brod não conseguia escapar do fato de que, sendo tão fraco, suas palavras nunca teriam peso e ele nunca poderia proteger ninguém. Ele precisava ficar mais forte.

Um dia, uma matilha de monstros atacou uma vila. Deixando Galba para proteger os cidadãos, Brod e um pequeno grupo partiram para enfrentar a ameaça. O inimigo era implacável e os atacava de todos os lados, mas Brod os abateu com facilidade, salvando seus companheiros aventureiros no processo. Ele parecia estar em todos os lugares ao mesmo tempo, mais rápido que um vendaval, e teria recebido um apelido apropriado se alguém não tivesse sido mais rápido. Assim, ele foi chamado de Furacão. Isso lhe causaria uma boa dose de frustração no futuro.

Foram feitos como esses que elevaram Brod ao ranking S, mas ele não se orgulhava disso. Porque ele não desviou o olhar. Seus feitos não podiam prolongar as curtas vidas da maioria dos aventureiros ou suas carreiras.

Ele foi até a sede da Guilda dos Aventureiros e recusou a honra do ranking SS, pedindo uma condecoração diferente: a de mestre da guilda.

— Preciso de um aprendiz. Alguém durão, que não desista.

Talvez esse desejo tenha sido o que convocou Luciel para Merratoni.


Tradução: Carpeado
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