Seija Musou | The Great Cleric Vol 03
– Arco 4: O Curandeiro Que Mudou o Mundo –
Capítulo 14 [O Poder das Palavras e um Novo Objetivo]
Depois de concluir meu trabalho em Merratoni, encontrei-me com Sua Santidade em seus aposentos.
— Luciel, seus esforços em nome da Igreja e da guilda não passam despercebidos — sua voz mística ressoou por trás do véu.
Apesar de suas palavras, meus feitos até então se limitavam a Merratoni. Tudo o que eu tinha feito foi melhorar um pouco nossa reputação por lá; o resto da glória pertencia a todos os outros.
— Obrigado, Sua Santidade — respondi, já ajoelhado e curvado como de costume —, mas suas palavras são um desperdício comigo. Há outros muito mais merecedores delas.
Ela riu suavemente.
— Em apenas três anos, você realizou muito. O labirinto ao qual havíamos nos resignado não existe mais. Você lançou as bases para uma reestruturação de nossa guilda e arrancou a corrupção pela raiz. Não, minhas palavras estão longe de serem desperdiçadas. Elas são insuficientes.
Eu estava tão surpreso quanto ela. Jord e os outros estavam completamente obcecados com nosso trabalho, e já havia perdido a conta de quantas vezes precisei chamá-los à razão por deixarem as emoções tomarem conta.
— Obrigado, mas ainda acho que foi só sorte que me permitiu atravessar o labirinto. E eu nunca estive sozinho. Havia muitos outros que sentiam o mesmo. Tudo o que fiz foi acabar assumindo a liderança.
— Então não somos tão diferentes. Só estou nesta posição por causa do meu pai.
O véu se ergueu, revelando olhos azuis cristalinos sob cabelos dourados. Os traços delicados da garota pareciam quase perfeitos demais para serem algo que não fosse divinamente criado. Seu sorriso imaculado e angelical me atingiu. Não como um encanto romântico, mas como um sentimento de reverência. Ela era bela. No mais puro sentido da palavra.
— Meu pai fundou esta nação e, assim, esta Cidade Sagrada, no coração da terra, para que outros pudessem encontrar a salvação. Mas ele também a fundou para mim. Para que aliados de todo o mundo pudessem me proteger das chamas da guerra.
O fundador de Shurule era ninguém menos que Lord Reinstar. Se ele era seu pai... então, quantos anos ela tinha? Na verdade, melhor nem perguntar. Mas sério, ela não parecia ser mais velha do que eu.
— Seu olhar diz que está curioso sobre minha idade. Muito bem. Este ano, completarei 322 anos — ela riu baixinho. — Surpreso?
— Er... digamos que sim. Perdão pela falta de tato, mas... como ainda está viva? — Pelo que eu via, ela era apenas uma jovem comum.
— Suponho que seja graças aos genes da minha mãe, que era uma alta elfa.
Espere. Inclinei a cabeça. Eu tinha quase certeza de que Lord Reinstar era monogâmico e que sua esposa era humana. Definitivamente, não era uma elfa.
— Achei que Lord Reinstar tivesse apenas uma esposa.
— Você está certo. Lizalia, se não me engano. Ela era uma mulher determinada, mas gentil, e me mimava bastante quando eu era criança. Minha mãe, no entanto, era perdidamente apaixonada por meu pai e implorou para que ele a tomasse apenas uma vez, para que pudesse superar seus sentimentos. E assim, eu nasci.
Como é que é? Essa era, sem dúvida, uma das histórias mais absurdas que já ouvi. Lord Reinstar devia ser popular em mais de um sentido...
— Li que é raro que nasçam filhos de pais de raças diferentes. Você é praticamente um milagre ambulante.
— Por favor, você vai me fazer corar. Mas, de fato, minha mãe e meu pai não eram pessoas comuns. — Ela olhou para longe, como se relembrasse com carinho.
— É por isso que esconde seu rosto?
— Exatamente. No passado, mestiços como eu não eram bem-vistos. A curvatura das minhas orelhas não denuncia tanto minha herança élfica, mas minha aparência imutável é difícil de esconder. Então, minha juventude tornou-se uma bênção dos deuses, e eu fui deificada. Ou pelo menos é assim que contam a história.
Bela jogada, Reinstar.
— Por que está me contando tudo isso, Sua Santidade?
— Achei inadequado manter segredos daquele que fez o que eu não pude: restaurou o legado do meu pai das cinzas. Recuso-me a ser descortês.
— Estou honrado, Sua Santidade — não consegui pensar em mais nada para dizer.
— Sua presença me tranquiliza, Luciel. Me dá esperança para o futuro. Sinto que, com você ao nosso lado, podemos superar qualquer provação. Saiba que estou sempre orando pelo seu sucesso.
Senti o peso de suas expectativas e, embora um pouco nervoso, sabia que isso não mudava em nada o que eu precisava fazer.
— Obrigado. Farei tudo o que estiver ao meu alcance em minhas viagens, nem mais nem menos.
— Certifique-se de escrever ou me contatar pelo cristal, entendeu? Não se esqueça. Agora, seu próximo destino será a nação de Yenice.
— Sim, Sua Santidade. Prometo cumprir essa missão com o máximo de minhas habilidades. Partiremos amanhã de manhã.
— Vá com o coração, meu curador.
E assim, na manhã seguinte, meu grupo — os guardiões, o Pentagrama de Curandeiros e eu —, que juntos formávamos a “Ordem da Cura”, partimos para terras estrangeiras. Para marcar nossa partida, as diretrizes entraram em vigor em cada canto de cada país, comigo, o autor e novo sangue da Igreja, na vanguarda.
Agora, o mundo inteiro conhecia meu nome.
Cinco anos haviam se passado desde que comecei minha nova vida em outro mundo.
Tradução: Carpeado
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