Seija Musou | The Great Cleric Vol 03
– Arco 4: O Curandeiro Que Mudou o Mundo –
Capítulo 11 [Um Retorno Triunfante]



 Foi só quando a silhueta de Merratoni apareceu no horizonte que percebi algo tarde demais.

— Esqueci de mandar todo mundo ficar de boca fechada antes de sairmos.

— Relaxa. Tô curioso pra ver a recepção que prepararam pra você. Não tem nada de errado em ser amado, né? — Jord sorriu ao me ver resmungar.

— É... acho que sim.

Continuamos cavalgando, e logo os muros da cidade despontaram no horizonte.

— Estou de volta — murmurei.

Mas algo parecia errado. Muito errado. O portão da cidade estava lotado de gente, como se estivesse rolando um desfile ou algo assim.

— Eu sabia que você tinha ficado popular depois daqueles tumultos, mas isso aí parece... sei lá, a cidade inteira veio te receber?

— Pois é, eu também tô surpreso. Tudo que fiz foi morar um tempo na Guilda dos Aventureiros. Ou será que são os pacientes do Dia do Santo Maluco?

— Então isso faz deles nossos pacientes também — Jord riu, aliviando a tensão do grupo atrás de nós. — Vamos ter trabalho.

Um mero curandeiro como eu não merecia esse tipo de recepção, mas lá estava ela. Acho que tinha motivo pra me orgulhar... sem deixar subir à cabeça, claro. Caso contrário, meu mestre me faria experimentar um nível especial do inferno.

— Aquele mini cristal Arclink que você conseguiu vai ser bem útil.

— Né? Sua Santidade realmente não economizou esforços.

Não vou mentir, estava me sentindo meio uma celebridade. E sim, talvez isso fosse um pouco arrogante. Mas com aquela multidão me esperando, era difícil não me deixar levar.

Logo chegamos ao nosso destino.

— Bem-vindo de volta, senhor Luciel. Posso ver sua identificação? — perguntou o sentinela. Era o mesmo guarda de quatro anos atrás, a primeira pessoa com quem falei nessa cidade.

Desmontei de Forêt e lhe entreguei meu cartão.

— Aqui está. Tô surpreso que se lembre de mim.

— Como poderia esquecer? Todo mundo na cidade conhece seu nome.

Ele analisou meu cartão com cuidado antes de devolvê-lo.

— Bem-vindo de volta, Santo Esquisito.

De onde diabos ele tirou esse nome?!

Ele saiu do caminho antes que eu pudesse perguntar, e rostos familiares nos aguardavam assim que entramos na cidade.

— Esse aí é o meu aprendiz idiota? — meu mestre gritou. — Espero que não tenha relaxado no treinamento.

— Claro que não. Sei que você não me deixaria em paz se eu fizesse isso. Nunca se está preparado o suficiente, certo?

— Não poderia ter dito melhor! Que tal a gente terminar isso lá na área de treina—

— Calma aí — Galba interveio, abençoado seja. Brod revirou os olhos, frustrado.

— Bom te ver de novo, Luciel. Vá resolver suas pendências na Guilda dos Curandeiros e arranjar uma hospedagem para sua equipe. Depois tem tempo pra colocar o papo em dia.

— Escuta aqui — Brod acrescentou —, se vamos dar uma festa de boas-vindas pra você, quero ver esse tal Dia do Santo Esquisito, entendeu?

Ri.

— Acha que pode me intimidar? E, espera, como é que vocês sabem do Dia do Santo Esquisito?

— Mônica sempre arranja um jeito de arrancar informações da Guilda dos Curandeiros.

— Você tá usando ela?! — E desde quando a guilda saia espalhando esse tipo de coisa?!

— Ei, foi ideia dela e da Nanaella. Não me olhe assim, só tô no meio da história. Enfim, qual é o plano?

Bom, pelo menos eles não tinham descoberto nada muito importante. Mas se as meninas tivessem perguntado, eu teria contado. Quanto ao “plano”... Tinha gente demais para eu lidar com isso sozinho.

— Faço questão de comemorar o Dia do Santo Esquisito aqui, mas com a condição de que minha unidade participe comigo.

— Sem problema, desde que você seja o chefe. Fechado? Ótimo. Agora vai logo resolver suas coisas na Guilda dos Curandeiros.

— Volto logo.

Atravessamos a cidade enquanto multidões nos saudavam com palavras gentis. O resto do meu time estava mais chocado do que qualquer outra coisa, mas, para mim, aquilo despertava um orgulho genuíno. Não consegui segurar um sorriso.

As saudações continuaram até chegarmos à guilda.

— Tô achando que o povo gosta de você — Jord riu. — Acho que vamos acabar mais à vontade aqui do que no quartel-general.

— Esse é o jeito de Merratoni. Por outro lado, não vamos conseguir treinar com as Valquírias.

— Um ponto muito válido.

Abri a porta do saguão e guiei todos para dentro.

— Parece que faz uma eternidade que não venho aqui.

Eu já esperava que esse lugar fosse um refúgio para todos nós, mas desde o primeiro passo que dei dentro do saguão, quase não acreditei no que via.

Mais ainda do que quando chegamos à cidade.

Pendendo do teto do normalmente quieto e discreto saguão, havia uma faixa absurdamente espalhafatosa que dizia: "Bem-vindo de volta, Luciel, o Rank S, orgulho da filial de Merratoni!"

Fiquei paralisado.

Então, uma explosão de aplausos.

E, assim, me vi preso na situação mais constrangedora do mundo: querendo desesperadamente fugir, mas incapaz de fazê-lo. Foi preciso um esforço imenso para esconder o incômodo no rosto.

— Que bom ver você de novo, Luciel. Ou devo dizer, senhor? — Kururu me cumprimentou.

— Ah, oi. A Guilda dos Curandeiros está... diferente desses tempos pra cá. Como você sabe que sou Rank S?

Ela riu.

— O último diretor da filial largou tudo e fugiu assim que soube que você estava voltando. E eu era a próxima na fila, então cá estou eu.

— Você é a nova diretora?!

— Graças a você. Isso me ajudou a entender bem o que te trouxe de volta.

— Eu não fiz nada. Você conseguiu isso por mérito próprio. Se alguém merece agradecimento, é a Lumina.

— Ah, com certeza vou agradecer. Mas eu realmente não teria virado mestra da guilda aos trinta sem você. Dá pra acreditar? Trinta! Sou a diretora mais jovem do mundo! E o aumento... deuses, o aumento! Eu podia te dar um beijo agora!

— E-eu... tô bem, valeu. Prefiro resolver nossa papelada agora.

A súbita explosão de energia dela me fez querer me encolher.

— Você nunca se diverte. Esse é o segredo pra chegar no Rank S? Ser um estraga-prazeres?

Minha sanidade não aguenta muito mais disso.

Olhei ao redor e notei muito mais funcionários do que lembrava.

— Tem bem mais gente aqui do que antes. Antes era só você depois que a Mônica saiu. Quantos tem agora?

— Quatro, recentemente. As coisas só vão ficar mais agitadas, então pensei em treinar uns aprendizes enquanto posso.

— Uma boa ideia.

Dei mais uma olhada ao redor e, de repente, meus olhos pararam em uma das recepcionistas.

Seus cabelos negros e olhos escuros despertaram uma sensação estranha e familiar em mim.

Algo nela parecia antigo, nostálgico.

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 — Ei, ei, pode parar por aí. Eu sei que a Estia é fofa, mas você não vai roubá-la como fez com a Monica. Entendeu?

— Hã? O quê? Ah, claro que não. Estou aqui para consertar as coisas, não para dificultar a vida de vocês.

— Espero que sim.

— É só que... não se vê cabelos ou olhos tão escuros com frequência. Fiquei curioso. No bom sentido, quero dizer.

— Acho que entendo.

Não demorou muito para terminarmos as formalidades e seguirmos para a Guilda dos Aventureiros.

Enquanto isso, na clínica que receberia Luciel e seus companheiros, Bottaculli estava em fúria.

— Por quê?! Por que ele está aqui?! Por que está vindo para minha clínica?! Aquele moleque deve ter algum rancor contra mim! Sim, só pode ser isso! E aquele maldito mestre da guilda provavelmente fugiu da cidade com o dinheiro que deveria me repassar—o MEU dinheiro! O que diabos eu vou fazer agora?! Hein?! Pensem, seus inúteis!

Os escravos e guarda-costas contratados do curandeiro apenas ficaram ali, suportando sua fúria. Ser transferido para a sede da Igreja normalmente significava que a pessoa não voltaria por pelo menos cinco anos ou mais. Ou nunca, no caso daqueles enviados por causarem problemas. Apesar disso, Luciel havia retornado depois de apenas dois anos. Não fazia sentido. Bottaculli estava convencido de que o novo rank S estava atrás dele, agora munido de sua nova autoridade.

As veias do homem rechonchudo saltavam enquanto sua pressão arterial disparava, enquanto ele tentava encontrar uma forma de dar o troco no maldito oportunista. Os guarda-costas presentes eram novos e nunca tinham ouvido falar de Luciel antes, mas sabiam muito bem que matar um curandeiro rank S amado pelo povo significaria colocar suas próprias vidas em risco.

Já os escravos de Bottaculli estavam chocados ao ver seu mestre em um estado tão incomum de desespero—e sabiam exatamente o que fazer. Era hora de colocar seu plano em ação.

Enquanto sombras se moviam e motivações se chocavam, o Dia do Santo Esquisitão acontecia nos campos de treinamento de uma certa Guilda dos Aventureiros.


Tradução: Carpeado
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