O leilão se tornou coisa do passado. Enquanto o burburinho em torno dele ia diminuindo, a Associação dos Exploradores continuava tão silenciosa quanto sempre. A multidão de caçadores que se aglomerava ao redor do quadro de missões se dissipou, e restaram apenas alguns poucos. Aquela cena havia se tornado quase um evento anual. Os funcionários da Associação davam uma sensação de indiferença. Ao terminar o que precisava escrever, Chloe percebeu a falta de caçadores e aproveitou a oportunidade para alongar os braços.

— A propósito, você ouviu, Chloe? A filha mais velha do Conde Gladis aparentemente surtou na mansão — comentou sua colega de trabalho. A recepcionista parecia entediada também.

Chloe respondeu de forma desinteressada, mas ficou pensando. O que teria acontecido com Arnold e seu grupo? Ele parecia estar em um frenesi furioso, se perguntou. Pelo menos, ela não o via desde aquele dia. Não havia nenhuma informação sobre a derrota de Mil Truques, mas ela estava um pouco curiosa sobre o resultado daquela luta. Será que devo perguntar por aí se algum caçador aparecer por aqui mais tarde? Nesse momento, ela ouviu uma voz chamando-a pelas costas.

***

— Uma missão nomeada... — Chloe murmurou com uma expressão de surpresa diante das palavras do Gerente de Filial Gark.

Na mesa, estava um envelope com o selo de um nobre.

— Isso mesmo — disse ele. — E é do Gladis, por cima. Parece que ele fez alguma coisa.

— O Conde Gladis... Aquele que odeia caçadores, certo?

— Ele não os odeia, exatamente. Ele só tem suas terras para se preocupar.

Uma missão nomeada era um pedido que designava um caçador específico. Empresas de comércio e nobres costumavam emiti-las sempre que queriam que um caçador de sua confiança realizasse uma tarefa para eles, mas o Conde Gladis nunca havia utilizado essa política antes.

— O Gladis provavelmente quer testar o Krai — disse Gark. — Você sabe que o feudo do Gladis está lidando com uns problemas complicados, não sabe?

Chloe estava ciente disso. As terras estavam sendo alvo de algumas pessoas problemáticas — a Quadrilha dos Bandidos Barrel. Eles eram um grupo destemido que aterrorizava as regiões. Esse bando de Ladinos não podia ser expulso das terras protegidas pelos cavaleiros mais fortes que a Casa Gladis ostentava. O conde era conhecido como a espada do império, e sua dignidade estava em jogo. Ela não tinha certeza se pedir a ajuda de um caçador aqui era algo bom ou ruim.

— Mas eu tenho certeza de que o Krai pode fazer algo a respeito — disse Chloe. — Ele sempre dá um jeito, de algum modo.

— Certo — concordou Gark. — Mas ele tem o péssimo hábito de provocar os outros sem querer. E ele está enfrentando os Gladis.

— Por que me chamaram para isso? — pensou Chloe com uma expressão duvidosa. Gark sorriu e deu uma resposta inesperada.

— Chloe, você está livre agora, não está? — perguntou ele. — Vá com o Krai e dê apoio a ele como funcionária desta Associação. Não se preocupe, o Krai já está acostumado com isso. Não precisa fazer força. Pense nisso como uma experiência de aprendizado.

Continua na Parte Quatro...