I Parry Everything: What Do You Mean I’m the Strongest? I’m Not Even an
Adventurer Yet!
Volume 01 — História Bônus
[O Tour Gastronômico
de Noor pela Capital - A Introdução]
Depois do trabalho, eu geralmente jantava em alguma das barracas de comida ou refeitórios espalhados pelas ruas principais da cidade. Meus colegas da obra estavam sempre empolgados para recomendar todo tipo de restaurante e pratos saborosos, e meu hobby secreto era experimentar novos lugares com base nessas indicações.
Certa vez, enquanto meus colegas e eu discutíamos animadamente sobre quais restaurantes tinham a melhor comida, uma risada repentina interrompeu a conversa. Vinha de trás de mim.
— Heh. Então é isso que vocês consideram comida boa? Não sabia que eu estava cercado de comediantes.
Virei-me e vi um homem baixo que me parecia familiar—alguém que eu já tinha visto algumas vezes na obra. Ele exibia um sorriso enigmático que eu não conseguia decifrar.
— O que foi que você disse? — perguntei.
— Deixa pra lá, Noor — um dos meus colegas interveio. — Esse cara é encrenca.
— Heh heh. Você não vai encontrar nada realmente bom nas ruas principais, pode acreditar. Os verdadeiros gourmets frequentam os becos. Mas, pensando bem, acho que não dá pra esperar muito paladar de vocês.
Olhei para os lados e vi que meus outros colegas estavam se encolhendo, como se estivessem com medo. Não entendi o motivo. Aquele sujeito desprezando a comida das ruas principais só serviu para atiçar minha curiosidade.
— É mesmo...? — retruquei. — Então existem mesmo lugares tão bons assim nos becos?
— Heh heh. Ficou interessado? Posso te levar até um... se tiver coragem para aceitar o desafio.
— Desafio...? — repeti.
— Não escuta ele, Noor — outro colega advertiu. — Tô falando sério, é pro seu próprio bem. Ir com ele é a pior coisa que você pode fazer.
— Por quê?
— Bem... porque ele come... — Meu colega olhou em volta, buscando apoio dos outros. — Sabe...
— Não — outro interrompeu. — Não me lembra disso.
— Urp... — gemeu um terceiro. — Só de pensar nisso me dá...
— Cara, muda de assunto, por favor. Eu vou... Ugh...
— Vocês estão bem? — perguntei. — Que que deu em vocês, de repente?
Até um instante atrás, estávamos conversando e nos divertindo. Agora, todos seguravam a boca como se estivessem prestes a vomitar.
— Se tá tão curioso — um colega disse —, então é melhor ver por si mesmo. Eu... realmente não quero explicar.
— É — outro concordou, depois virou-se para os demais. — De qualquer forma, estamos falando do Noor. Aposto que ele vai ficar bem.
— Boa observação — acrescentou outro. — Experimentar uma vez—e só uma vez—pode até ser um bom aprendizado.
— Vai nessa, Noor — incentivou um quarto. — Você vai entender quando chegar lá. Depois conta pra gente como foi, beleza?
— Se vocês dizem... Tudo bem.
E assim, no dia seguinte, apesar de um tanto desconfiado das reações deles, acompanhei o homem baixo até o lugar misterioso ao qual ele queria me levar.
— Heh heh. Chegamos.
Estávamos diante de um restaurante minúsculo, escondido nos confins de um beco escuro. Assim que entramos, fui atingido por um cheiro estranho vindo dos fundos. Era difícil ter certeza, mas parecia ser o cheiro da comida.
— Que tipo de lugar é esse...? — murmurei.
— Nunca te vi por aqui antes, garoto.
A voz veio de uma velha com um ar peculiar e um tanto sombrio. Pelo que parecia, ela era a dona do estabelecimento.
— É, ele tá comigo — disse o homem baixo. — Disse que tem interesse em comida de verdade, então trouxe ele aqui. O de sempre, por favor. O suficiente para dois.
— Hee hee! O de sempre, né?
Com um sorriso inquietante, a velha pegou algo dos fundos e encheu dois pratos, colocando-os à nossa frente.
— Hee hee... Aproveitem.
— O que é isso? — perguntei.
— Só experimenta — o homem respondeu.
Segui as instruções e peguei um pedaço generoso do que quer que fosse aquilo. Parecia uma carcaça de peixe pegajosa e apodrecida, picada e amontoada no prato... mas mesmo assim, coloquei na boca.
— Hmmm...
Os ossos arranharam e espetaram dolorosamente o interior da minha boca, e o fedor de peixe podre era tão forte que, por um momento, considerei cuspir tudo fora. Mas depois de superar essa primeira barreira, minhas papilas gustativas foram tomadas por um sabor misteriosamente delicioso.
Para ser sincero, ainda preferia a comida das barracas nas ruas principais, mas aquele prato definitivamente era gostoso—só que de um jeito diferente.
— Você tinha razão — admiti. — Isso é bom.
— O quê?!
O homem me encarava, visivelmente surpreso.
— Entendo, entendo! Você é mais promissor do que eu imaginava!
— Sério...?
— É. Agora eu tô te vendo com outros olhos.
Não entendi o porquê. Só tinha dado minha opinião sincera...
— Certo, nesse caso, vamos para o próximo prato — disse o homem. — Pode trazer "aquilo", por favor? Sabe, aquele que quase me fez desmaiar quando experimentei pela primeira vez há dois anos.
— Hee hee. Tem certeza de que não é cedo demais? — perguntou a velha. — Afinal, é a primeira vez do garoto aqui.
— Tenho certeza — ele respondeu. — Se eu não estiver errado sobre ele, ele vai aguentar.
— Hee hee. Bom, não sou responsável pelo que acontecer. E não tem reembolso, mesmo que não consiga terminar.
— Sem problema. Pode servir.
— Hee hee. Agradeço a preferência.
E assim, meu próximo prato chegou: algo completamente preto, impossível de descrever em palavras.
— O que... é isso?
— Experimenta e descobre.
— Se você diz...
Mais uma vez, segui as instruções, e fui imediatamente atingido por um desconforto avassalador. Primeiro, senti uma doçura enjoativa. Então, um instante depois, uma mistura violenta de picância, amargor, acidez e azedume atacou minha língua ao mesmo tempo. Ao engolir, a intensidade de todos os sabores atingiu o auge explosivamente, estimulando minha boca e garganta. Eu mal conseguia me manter consciente, mas ainda assim...
— Isso é bom — declarei.
Foi por pouco, mas o prato mal e mal se qualificava como "bom". Tinha um gosto único que eu nunca tinha experimentado antes, mas ainda era definitivamente comestível. Também não parecia conter veneno, então imaginei que, com exposição suficiente, eu poderia acabar considerando aquilo "saboroso".
— Não me diga... — comentou o homem. — Você realmente não me diga. Eu te subestimei, cara. Não achei que você fosse chegar tão longe. Você tem o meu respeito!
Ele voltou a me encarar surpreso, embora eu ainda não soubesse o motivo. Então, seus olhos começaram a brilhar. Eu estava cada vez mais perdido.
— Ainda assim — continuou ele —, se algo desse nível foi moleza para você... então só resta uma coisa a experimentar. Dona, traga aquele prato. Aquele pelo qual arrisquei minha própria vida há três anos.
— Ele...? — repetiu a velha. — E-espere, você não pode estar falando sério... — Seus olhos se arregalaram de choque, então ela continuou com um tom de repreensão: — Você está são? Isso não é algo que um amador qualquer pode suportar. Você vem aqui há tempo suficiente para saber disso.
— Sim, sim — respondeu o homem. — Eu estou preparado. Vou assumir a responsabilidade pelo que acontecer. Traga-o.
— Hee hee... Alguém está se empolgando. Ah, mas o que me importa? Lembre-se, você é o responsável. Hee hee.
Com uma risada sinistra, a velha trouxe um prato com algo do fundo da cozinha — algo que fedia e parecia brilhar em um tom esverdeado — antes de colocá-lo na minha frente.
— O que é isso...? — perguntei.
— Sapo venenoso cozido no shoyu — explicou ela. — Os bárbaros do norte costumavam comer isso para testar sua coragem... embora já faça muito tempo que essa tradição foi abandonada.
Eu não entendi uma palavra da explicação dela — o cheiro do prato era forte demais. Eu me perguntava se aquilo era sequer comestível.
— Isso vai exigir coragem... — murmurei.
— Heh heh. Está sentindo medo? — perguntou o homem. — Da primeira vez que vi isso, quase desmaiei só pelo cheiro. E fica ainda pior quando entra na boca, e—ei, ei, espera aí! Não coma tanto de uma vez! Você vai morrer!
Eu agi sem hesitação e dei uma generosa mordida na substância verde... Assim que entrou na minha boca, fui tomado por um fedor tão insuportável que comecei a questionar se aquilo sequer era comida. Era nojento, lembrava os piores esgotos que eu já tinha limpado, e ainda assim...
— Isso é saboroso — falei.
E era, embora só por um fio. O cheiro azedo era inconfundível, e a textura era tão horrível que tentar engolir fazia minha boca, garganta e estômago doerem ao mesmo tempo... mas depois de superar tudo isso, percebi que o prato estava carregado de nutrientes.
Claro, parecia e cheirava terrivelmente mal, mas definitivamente não era incomível. Na verdade, se você conseguisse manter os nervos firmes, havia muito mérito em consumir algo tão nutritivo. Antes, eu duvidava se aquilo poderia ser chamado de comida, mas agora tinha uma confiança razoável de que sim, mesmo que fosse por uma margem bem estreita. Digo, não era como se tivesse veneno.
Pensar que pratos assim existiam... O mundo era realmente um lugar enorme.
— O quê...? — Os olhos do homem baixinho se arregalaram. — "Saboroso"?!
Lancei-lhe um olhar confuso.
— Você não me trouxe aqui porque a comida era boa...?
— Quer dizer, sim, mas... Você tem certeza? A-Aliás, espera. Faz muito tempo desde que comi esse prato, então deixa eu só provar um pouco—gack!
Depois de dar uma única mordida, o homem desabou no chão, parecendo engasgado. Ele eventualmente conseguiu se levantar, com algum esforço, mas não antes de bater no chão em frustração.
— C-Como... você pode chamar isso de... saboroso?!
— Hee hee. Desista de uma vez — disse a velha para ele. — Você perdeu. O novato te venceu. Ele agora detém o título de Gourmet Bizarro.
— Ugh, droga! — resmungou o homem. — Eu nunca pensei que você fosse chegar tão longe!
"Gourmet Bizarro"? Eu não fazia ideia do que eles estavam falando. Não estávamos aqui porque ele queria me apresentar uma boa comida?
— Isso não acabou, ouviu bem?! — balbuciou o homem baixinho. — V-Vamos ver quem ri por último da próxima vez!
Após sua proclamação, ele pagou as nossas refeições, saiu do pequeno restaurante e sumiu na noite. Eu tinha vindo planejando pagar por mim mesmo, mas agora minha única escolha era aceitar sua gentileza com gratidão.
— Foi ótimo, obrigado — disse à velha. — Acho que voltarei aqui outra vez.
— Hee hee. Faça isso, garoto. Traga ele junto também. Da próxima vez, vou servir nada menos que o melhor, então aguarde ansioso.
— Claro, vou fazer isso. Mal posso esperar.
E assim, depois de terminar minha comida e agradecer, saí de volta para a noite, deixando o pequeno e sombrio restaurante para trás.
Tradução: Carpeado
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