I Parry Everything: What Do You Mean I’m the Strongest? I’m Not Even an Adventurer Yet!
Volume 01 — Capítulo 03
[Minha Tão Esperada Vida de Aventureiro]



 — Você é um amor, Noor. Sempre posso contar com você!

— Que nada, dona Stella. Obrigado por sempre me contratar.

Dona Stella era uma senhora mais velha e a cliente da missão de limpeza de esgoto que eu acabara de concluir. Em um procedimento já familiar para nós, ela assinou a ficha de missão que estendi para ela, depois do que me despedi e corri para o meu próximo trabalho.

A lembrança da primeira vez que fui até sua casa ainda estava fresca na minha mente. Afinal, foi meu primeiro trabalho como aventureiro.

Dona Stella morava em um distrito da capital real conhecido como "o bairro velho", porque existia desde sempre. Apesar de ser parte da cidade, sua proximidade com os limites externos significava que não tinha acesso aos serviços de limpeza urbana, que mantinham os distritos centrais impecáveis. Assim, os moradores do bairro velho tinham que limpar tudo sozinhos.

No entanto, dona Stella, que vivia sozinha desde que seu marido e filho faleceram, tinha problemas nas pernas e a visão fraca. Sem ninguém para ajudá-la, a tarefa de limpar a casa se tornava cada vez mais difícil. Com o tempo, os esgotos ao redor de sua casa, sem manutenção adequada, começaram a exalar um cheiro desagradável.

Mesmo querendo resolver o problema, dona Stella simplesmente não conseguia. Sem saber mais o que fazer, ela decidiu recorrer ao quadro de missões da Guilda dos Aventureiros.

"O que dizia o pedido?"

— Por favor, alguém poderia ser gentil o bastante para me ajudar?

E, mesmo assim, ninguém respondeu.

Pelo que entendi, para um aventureiro comum, a recompensa oferecida por dona Stella não era nada atrativa. A maioria preferia missões mais lucrativas, como caça a monstros ou coleta urgente de materiais, e esses eram os tipos de pedidos que a Guilda priorizava ao intermediar com os clientes.

Então, talvez porque todos achassem que limpar um esgoto residencial poderia ser feito por qualquer um com tempo livre, o pedido de dona Stella foi ignorado.

Até que, por sorte, justo quando ela não sabia mais o que fazer, eu apareci.

Ela ficou tão agradecida depois que concluí meu primeiro trabalho que passou a ser uma cliente regular, pedindo por mim diretamente. Na verdade, ela ficava tão feliz toda vez que eu a ajudava que acabei fazendo um pouco mais do que o necessário, em vez de me limitar ao que estava especificado na missão.

Conforme fui me acostumando ao serviço, o tempo que eu levava para limpar as áreas indicadas no pedido foi diminuindo. Então, aos poucos, comecei a limpar também os trechos ao redor.

Alguns poderiam dizer que era uma perda de tempo, mas os vizinhos de dona Stella ficaram muito gratos, então continuei fazendo isso com prazer. Claro, o pagamento por esse trabalho não era nada de especial, mas, para mim, valia a pena. Afinal, eu podia ver os sorrisos das pessoas e sentir a satisfação de saber que estava deixando a cidade um pouquinho mais limpa com minhas próprias mãos.

Dito isso, acho que exagerei um pouco hoje. Em algum momento da limpeza, perdi a noção do tempo e acabei saindo para meu próximo trabalho mais tarde do que pretendia.

— Será que eu vou conseguir chegar a tempo?

Corri pelas ruas da cidade, fiz duas curvas e finalmente cheguei ao canteiro de obras que era meu destino. Como de costume, o mestre de obras, que era meu segundo cliente do dia, veio me cumprimentar.

— Bem na hora, Noor. É o de sempre hoje. Tô contando com você!

Ultimamente, minha rotina diária consistia em limpar esgotos pela manhã e carregar terra neste canteiro de obras à tarde.

Pelo que sei, a capital real onde eu vivia era famosa pelo apelido de "Terra Sagrada dos Aventureiros", graças à presença de uma masmorra imensa e antiga dentro dos limites da cidade. Como parte de um grande projeto de ampliação, a cidade vinha realizando obras para alargar as ruas em frente à entrada da masmorra, o que exigia uma quantidade enorme de mão de obra. Por causa da escassez de trabalhadores, acabaram colocando a missão na Guilda.

Mas, assim como a limpeza de esgotos, o trabalho na construção civil não era muito atraente para os aventureiros comuns. Pelo que soube, eu fui o único a aceitar a missão por vontade própria.

Isso, no entanto, não mudava minha opinião de que esse era o melhor trabalho que eu poderia ter encontrado.

Afinal, aqui, não importava quem você era. O que contava era o quanto você trabalhava. Quanto mais terra você carregasse, mais recebia.

Com a habilidade [Aprimoramento Físico] que adquiri no treinamento de guerreiro, eu podia carregar cinco vezes mais peso que uma pessoa normal. E, com [Cura Fraca], uma habilidade tão insignificante que mal era considerada uma habilidade, mas que desenvolvi no meu treinamento de clérigo, eu conseguia me recuperar lentamente enquanto trabalhava, o que fazia com que eu nem sentisse cansaço.

— Minhas habilidades podem não ter sido consideradas úteis o bastante para eu me registrar como aventureiro, mas elas são de grande ajuda no meu estilo de vida atual. [Passo de Pena], do meu treinamento como ladrão, era perfeito para capturar gatos de estimação perdidos, e [Chama Minúscula], do meu treinamento como mago, era útil para cozinhar. Eu não tinha muito uso para minha habilidade de caçador, [Arremesso de Pedra], mas ser capaz de acertar coisas a distância era ótimo para impressionar as crianças.

— No entanto, apesar de ser a única habilidade que eu havia treinado com tanto desespero, eu não encontrava utilidade real para [Aparar].

— Eu ainda continuava treinando, até hoje; era difícil abandonar um hábito que construí ao longo de quinze anos. E como eu ainda nutria a leve esperança de que meus esforços um dia dessem frutos, eu não tinha intenção de parar— mesmo que essa possibilidade fosse infinitesimal.

— De qualquer forma, deixando de lado minhas chances de me tornar um aventureiro de verdade, minhas habilidades eram mais do que suficientes para cobrir as despesas de viver na capital real. Embora, por mais que eu quisesse pensar que todo o meu treinamento não tinha sido em vão, eu ainda estava muito longe até mesmo de um aventureiro de rank Iniciante. Do jeito que as coisas estavam, eu sabia muito bem que meu sonho de me tornar um herói digno de épicos era uma arrogância sem tamanho.

— De vez em quando, eu me perguntava: Por que não apenas me conformar com o que tenho? Afinal, meu sonho de ser um aventureiro surgiu do desejo de ajudar as pessoas, e, bem, eu já estava fazendo isso. Eu pegava comissões, era pago por elas e as pessoas me agradeciam. Dia após dia, essa era minha vida. Só isso já era recompensador o bastante; querer algo mais seria ganância.

— Além disso, eu não tinha família para sustentar, nem precisava de grandes quantias de dinheiro para nada. Assumir comissões arriscadas tentando ficar rico rápido seria simplesmente desnecessário.

— Acho que continuar fazendo isso até morrer não seria tão ruim.

Esse era o pensamento que passava pela minha cabeça enquanto eu trabalhava por toda a cidade e, antes que eu percebesse, três meses haviam se passado.

Hoje em dia, eu tinha um lugar fixo para morar. Eu tinha gostado da hospedaria barata que o funcionário do sindicato me apresentou e fiquei por lá desde então. Parte do motivo pelo qual era barata era que não oferecia refeições, mas como eu cozinhava para mim mesmo desde sempre, isso não me incomodava.

Também não tinha banho, mas havia muitos banhos públicos na cidade. Havia vários tipos diferentes a poucos minutos de caminhada, então eu podia escolher dependendo do meu humor no dia. Às vezes, depois de me lavar, até me dava ao luxo de comprar algo gostoso em uma das barracas de rua. Aqui na capital real, minha vida era confortável.

— Você faz um trabalho excelente, Noor — disse o mestre de obras do canteiro de construção. — Um trabalho excelente mesmo. É uma pena que você seja um aventureiro. Tem certeza de que não quer trabalhar comigo e com os rapazes? Eu te pagaria três... não, cinco vezes o salário normal. Mais, se quiser. Eu sei que vale cada moeda que ganhar.

— O mestre de obras tinha simpatizado comigo há um tempo e fazia esse tipo de oferta com frequência. Mas...

— Obrigado — respondi —, mas eu já estou feliz onde estou.

...Eu tinha o hábito de recusar com a mesma resposta de sempre.

— É uma pena mesmo — ele disse, suspirando e me olhando com um ar desapontado.

Ele fazia isso toda vez também. Eu me sentia um pouco culpado por isso. Mas, para minha própria falta de surpresa, eu simplesmente não conseguia desistir do meu sonho de longa data. Isso também tinha se tornado um hábito. No fim das contas, eu queria ser um aventureiro. Embora os outros trabalhadores da construção civil zombassem de mim por isso, eu me esforçava para viver aventuras como as dos épicos. Era um sonho bobo, sim, mas isso não importava para mim.

— Trabalhei duro, carregando terra... e quando percebi, o sol já estava se pondo. Era hora de encerrar o dia.

— Por hoje é só — disse o mestre de obras. — Estamos adiantados no cronograma graças a você, Noor. Conto com você amanhã também.

— Estarei aqui — respondi. — Até amanhã.

— Então, como sempre, estendi o recibo da comissão para ele assinar. Depois de relatar ao sindicato e receber meu pagamento do dia, eu tomaria um banho e seguiria para meu local habitual de treino.

— No entanto, assim que estava saindo, achei que vi um clarão de luz.

— Ele veio do fundo do canteiro de obras, onde ficava a entrada da Masmorra dos Perdidos.

— O que foi isso? — perguntei a mim mesmo.

— Teria sido só imaginação minha?

— Não, eu tinha visto algo. Uma luz intensa, de um roxo avermelhado. E conforme essa certeza tomou conta de mim—

— Alguém... Socorro...!

— ...Acho que ouvi um grito fraco.


Tradução: Carpeado 
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