I Parry Everything: What Do You Mean I’m the Strongest? I’m Not Even an Adventurer Yet!
Volume 01 — Capítulo 18
[Eu Aparo um Goblin]



O goblin segurava as enormes árvores que havia arrancado, uma em cada mão, e nos encarava com olhos ferozes, lembrando-me uma besta selvagem. Pude ver um vislumbre de sua língua vermelho-escura espreitando por entre suas presas longas. Ele não demonstrava sinais de nos atacar tão cedo; parecia que estava nos avaliando com calma, como um predador estudando sua presa.

Eu realmente conseguiria lutar contra um monstro tão aterrorizante?

Mas, antes que essa dúvida pudesse se enraizar em meu coração, o goblin atacou abruptamente, erguendo uma das enormes árvores que segurava e a trazendo abaixo sobre nós dois.

O corpo colossal da criatura se movia a uma velocidade inacreditável. Em um instante, a casca áspera da árvore já estava quase sobre mim, projetando uma sombra ameaçadora sobre minha cabeça. De perto, percebi que o tronco era ainda mais espesso do que eu imaginava. Se nos atingisse, estaríamos mortos. Mas—

[Aparar]

Com todas as minhas forças, ergui minha espada e desviei a árvore que caía. O impacto que senti através do punho da arma foi imenso. O embate foi incrivelmente rápido... mas, ao que parecia, meu aparo havia funcionado. Consegui desviar levemente a trajetória da árvore, que caiu no chão ao meu lado, abrindo uma fenda profunda na terra. Olhei para trás e vi que Lynne também estava ilesa.

Porém, antes que eu pudesse formular meu próximo pensamento, o goblin atacou novamente. Com uma demonstração de pura força bruta, ele balançou o tronco que segurava com a outra mão—sua esquerda—em um golpe horizontal que derrubou todas as árvores em seu caminho e arrancou pedaços de terra ao arrastar pelo solo. Eu me preparei para saltar sobre o ataque, mas parei ao perceber algo.

—Não é bom —murmurei.

O goblin já segurava outra árvore em sua mão direita. Fiel à sua reputação como um monstro inteligente, ele devia ter lançado seu ataque rente ao solo justamente por prever que tentaríamos pular sobre ele. Se meu palpite estivesse certo, pretendia nos esmagar enquanto estivéssemos indefesos no ar.

Embora sua força absurda para balançar árvores já fosse assustadora por si só, era aquele olhar calculista em seus olhos que me aterrorizava ainda mais. Mas eu não iria deixá-lo conseguir o que queria.

[Aparar]

Ao invés de evitar o golpe, finquei minha espada negra no chão e desviei a imensa árvore diretamente para cima. O enorme goblin não esperava por isso, pois cambaleou por um momento, perdendo o equilíbrio.

Essa era nossa chance de contra-atacar. Eu não tinha meios de atacar nosso oponente, mas Lynne tinha.

—Lynne, é com você.

—Sim, Instrutor—[Wind Cutter].

Lâminas de vento criadas pela habilidade de Lynne se reuniram em uma tempestade giratória e dispararam direto contra o goblin. A violenta rajada varreu a floresta, reduzindo as árvores ao redor a meros estilhaços. No entanto—

—Gugyaaa!— O goblin desviou do ataque como se não fosse nada.

Por um instante, Lynne pareceu chocada, mas logo se recompôs.

—[Icicle Dance]!

Ela formou dezenas de lanças de gelo, cada uma do tamanho de uma pessoa, e as disparou contra o goblin em uma sucessão rápida, sem dar espaço para que ele escapasse ou contra-atacasse. A intensidade de seus ataques era impressionante—cada lança de gelo voava com a força de um canhão. Qualquer árvore que fosse atingida explodia em pedaços, e o solo sob nossos pés começava a congelar.

Mas nem todos os projéteis acertaram o alvo. Nosso inimigo era rápido demais.

—Eu não fazia ideia de que goblins eram tão rápidos —murmurei.

Eu sabia que goblins eram monstros ágeis, mas isso estava muito além do que eu havia imaginado. Enquanto se esquivava entre as árvores, desviando das lanças de gelo de Lynne, ele pegava árvores caídas e as lançava contra nós como se fossem flechas. Eu estava dando tudo de mim para bloqueá-las antes que atingissem Lynne.

Não podíamos continuar assim. A maioria dos ataques de Lynne não estava acertando, e eu não possuía nenhuma habilidade ofensiva utilizável. Para piorar—

—Como?! Como ele está se regenerando?! —Lynne exclamou.

Seu bombardeio feroz de lanças de gelo havia deixado inúmeros ferimentos no goblin—um corte no braço, um dedo do pé congelado e parcialmente despedaçado. Ela havia conseguido machucá-lo, disso não havia dúvida—mas, antes que percebesse, suas feridas haviam sumido. Em meros segundos, cada ferimento que Lynne infligira desapareceu como se nunca tivesse existido.

—Será por causa da pedra de mana...? —Lynne murmurou, encarando o goblin. —Será esse o motivo...?

—Você quer dizer aquela gema? —perguntei. —O que tem ela?

—Ela pode ser a fonte do poder do goblin —ela respondeu. —Precisamos encontrar um jeito de removê-la...

—Só precisamos removê-la? —confirmei.

—Sim. Se meu palpite estiver certo, esse é o seu ponto fraco.

—Ponto fraco, hein?

Enquanto continuava a aparar as árvores que o goblin lançava contra nós, senti um pequeno alívio. Sua capacidade de se regenerar me surpreendeu, mas, ao fim das contas, fiel à reputação de monstro mais fraco, seu ponto fraco era bem direto. O problema era: como chegar até ele?

O goblin era incrivelmente rápido; alcançá-lo não seria fácil. Eu não tinha confiança de que conseguiria alcançá-lo, mesmo correndo com tudo o que tinha. O que eu poderia fazer?

Aparentemente, o goblin viu nossa hesitação como uma boa oportunidade para atacar, pois lançou uma pilha gigantesca de estilhaços de madeira no ar, que logo começaram a cair sobre nós. Ao mesmo tempo, ele começou a agarrar os pedaços de árvores espalhados pelo chão e a lançá-los contra nós sem parar.

Droga, pensei. Nos pegou.

O goblin estava nos observando com seus olhos afiados o tempo todo. Ele tinha visto claramente eu rebatendo seus ataques com minha espada negra—rebatendo um de cada vez, para ser mais preciso. Dado o peso absurdo da minha arma, tentar fazer o mesmo com uma dúzia ou mais de árvores era impossível. No máximo, eu poderia desviar duas ou três por golpe. Mas mesmo que estivesse usando uma espada mais leve, não faria diferença; uma arma assim não teria força para afastar projéteis tão grandes.

Eu não conseguia aparar várias árvores ao mesmo tempo—e, através de uma observação cuidadosa, o goblin percebeu isso.

Enquanto eu estava ali, admirando a inteligência da criatura, a enxurrada de madeira começou a cair sobre nós. Ao mesmo tempo, estilhaços voavam dos lados como se fossem flechas.

O que eu estava fazendo? Não era hora de ficar impressionado. Se eu não pensasse em algo, não conseguiria proteger Lynne. Mas assim que esse pensamento passou pela minha cabeça...

— [Rajada de Vento]!

Uma tempestade violenta explodiu ao redor de Lynne, sacudindo toda a floresta com a força de um terremoto gigantesco. Diante de uma pressão de vento tão absurda, os incontáveis projéteis que vinham em nossa direção foram lançados para longe, espalhados pelo ar.

Ela era incrível.

Então, enquanto observava a magia que ela havia lançado, uma ideia repentina surgiu na minha mente.

— Lynne. Consegue disparar isso nas minhas costas?

— Você quer dizer meu [Rajada de Vento]? — ela perguntou. — M-Mas é um feitiço ofensivo. Ele tem força suficiente para abrir um buraco na parede de um castelo...

— Deve ficar tudo bem se eu colocar minha espada no caminho. Acho que isso me daria uma boa chance de alcançar o goblin e pegar aquela gema vermelha. O que acha?

Ela parou para pensar antes de me responder.

— Tudo bem, Instrutor. Se você diz, vamos tentar.

Em resumo, minha ideia era parecida com aquela sensação de correr com o vento soprando forte nas costas. Achei que, com a força do vento que Lynne podia invocar, eu conseguiria atingir uma velocidade bem alta.

Era um plano bem simples... mas se eu desse um jeito na gema do goblin, Lynne deveria conseguir lidar com o resto. Valia a tentativa.

Coloquei minha espada negra contra as costas, e Lynne encostou as duas mãos nela.

— Pronto quando você estiver — eu disse.

— Lá vai... [Rajada de Vento]!

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 O impacto foi imediato e colossal. Mesmo segurando a espada, parecia que meu corpo ia se despedaçar com a pressão. Mas, enquanto a força avassaladora empurrava minhas costas, ativei [Aprimoramento Físico] e me impulsionei do chão com toda a força que pude reunir.

O solo sob meus pés se rompeu, e, num instante, fui lançado para frente a uma velocidade absurda. Isso não se comparava a simplesmente correr por conta própria. Eu tinha dado apenas um único passo, mas a paisagem ao meu redor já se tornava um borrão no meu campo de visão. Então, ativei [Passo de Pluma], e a barreira de ar à minha frente desapareceu, fazendo minha aceleração aumentar ainda mais.

Sempre que queria percorrer longas distâncias, usava minha habilidade [Passo de Pluma]. No começo, achava que seu único efeito era abafar o som dos meus passos, mas, um dia, descobri por acaso que estava enganado.

Quando treinava nas montanhas, frequentemente sentia que o ar me atrapalhava; por mais que quisesse ser mais rápido, sempre havia uma parede invisível ao meu redor que me limitava, impedindo-me de me mover como queria. Mas sempre que usava [Passo de Pluma], por algum motivo desconhecido, essa barreira desaparecia junto com o som dos meus passos. Graças a isso, conseguia me mover muito mais rápido agora.

Ainda assim, nunca tinha atingido essa velocidade antes. Meu próximo passo parecia estar a quilômetros de distância. Precisava ter cuidado para não perder o equilíbrio.

Concentrei-me completamente naquele próximo passo, derramando ainda mais força no [Aprimoramento Físico] e, mais uma vez, me impulsionei do chão. O impacto percorreu todo o meu corpo, o solo se rompeu, e os músculos da minha perna protestaram com uma dor latejante. Parecia que havia fraturado um osso.

Mas se fosse só isso, eu ficaria bem. Com [Cura Leve], podia regenerar instantaneamente ferimentos menores como fraturas e rasgos musculares.

Dei o próximo passo, depois outro, e outro, despejando cada vez mais força a cada movimento, repetidamente, incontáveis vezes, até estar ainda mais rápido. O goblin, enfim, percebeu que eu estava me aproximando e tentou saltar para trás e escapar. Sua reação foi incrível, movendo-se numa velocidade absurda.

Mas, agora, eu era mais rápido.

— Te peguei.

Agarrei-me ao rosto colossal do goblin, segurei a gema vermelha incrustada em sua testa com toda minha força e puxei.

— Gugyaaahhh!!!

O goblin gritou de dor enquanto jatos de sangue fresco espirravam de seu novo ferimento.

Com a gema ainda na minha mão, saltei para o lado e observei de longe. A criatura se debatia violentamente em agonia, desferindo golpes insanos e derrubando as árvores ao redor apenas com sua força bruta. Enquanto rolava pelo chão, feriu a si mesma ainda mais com seus próprios ataques descontrolados. Toda a inteligência que demonstrara antes havia sumido. E sem a gema em sua testa, seus ferimentos já não estavam mais se regenerando.

— Lynne... posso deixar o resto com você? Desculpe, mas, se puder, tente fazer isso da forma menos dolorosa possível.

Agora que eu tinha arrancado sua gema vermelha—seu ponto fraco—, o goblin não demonstrava mais sinais de agressividade. No entanto, se o deixássemos viver, havia a chance de que ele voltasse a devorar outras pessoas no futuro. Por mais que sentisse um pouco de pena, precisávamos exterminá-lo ali e agora.

— Como desejar, Instrutor... [Chama Infernal].

No momento em que Lynne ativou sua habilidade, o goblin foi engolido por chamas escaldantes. Mesmo sendo queimado vivo, não tentou fugir do fogo. Apenas gritou, parecendo incapaz de compreender o que estava acontecendo.

— Me perdoe, goblin — murmurei.

Seus últimos instantes foram de puro tormento. Ele se contorceu em agonia até o final, soltando um último gemido antes de sucumbir. Lynne encerrou seu feitiço, deixando apenas um corpo carbonizado e colossal estirado no chão.

E assim, pela primeira vez—com a ajuda de Lynne—eu abati um goblin, a mais fraca de todas as criaturas.


Tradução: Carpeado 
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