Seija Musou | The Great Cleric Vol 02
– Arco 2: O Labirinto e as Valquírias –
Capítulo 05 [Mentalidade Positiva Para Um Eterno Nível Um]



Acordei antes do nascer do sol com um grande bocejo.

— Nossa, tô cansado. Ainda não sinto nenhuma diferença hoje, então aquele labirinto tem que ser uma ilusão.

Enquanto me espreguiçava, chequei os níveis das minhas habilidades e pratiquei o básico da magia.

— Parece que meu nível de Lançamento Rápido subiu, e o de Magia de Círculo Mágico tá quase no nível um.

Eu não costumava checar minhas habilidades todo dia. Agora, estava de olho na Magia Sagrada, já que ainda não conseguia usar Cura Alta em Área ou Dissipar.

— Mais de oitocentos pontos a mais que ontem. Uau.

Minhas habilidades de Controle de Magia, Manipulação de Magia e Magia Sagrada tinham subido bastante. Nunca pensei que batalhas simuladas fossem tão eficazes. Para uma habilidade chegar ao nível um, a proficiência precisava atingir mil pontos. O nível dois exigia dois mil, e cada nível seguinte precisava de um número crescente. Do nível nove para o dez, que era o máximo, era necessário juntar 512.000 pontos de experiência. Um baita desafio, e saber disso de antemão não ajudava muito.

A melhor forma de subir de nível em magia era lançar feitiços apropriados para cada nível, o que aumentava a proficiência em no máximo cinco pontos por vez. Por exemplo, no nível um, lançar Cura perfeitamente, com uma imagem vívida na mente e um fluxo de magia suave, rendia cinco pontos. No nível dois, quatro pontos. No nível três, três pontos. No nível quatro, apenas dois, e a partir do nível cinco, só um ponto por vez.

Eu passava horas mergulhado nos grimórios, recitando feitiços, abreviando-os e estudando os círculos mágicos. Praticava, praticava e praticava — e os resultados falavam por si. Melhorar na magia era simples: era só continuar usando. Isso me motivava mais do que nunca.

— Se continuar assim, devo chegar ao nível oito em meio ano. Beleza, vamos nessa! Quero atingir o máximo antes dos vinte anos!

Depois do meu treino matinal, segui para o refeitório.

— Bom dia. Uma porção extra-grande, por favor.

— Bom dia para você também, Senhor Luciel.

— Ah, não precisa disso. Só Luciel tá ótimo. Esse "senhor" parece formal demais.

A mulher sorriu.

— Você é um garoto estranho, meu querido.

— Quero um almoço para viagem também, igual ao de ontem.

— Olha, sei que é inútil falar, mas não esqueça de descansar de vez em quando!

— Vou ficar bem. Já passei por coisa pior. — (Como quando minha vida passava diante dos meus olhos todos os dias.)

— Se você diz... Mas tome cuidado.

Peguei minha comida e me sentei para comer, quando alguém me chamou por trás. Ao me virar, vi Lucy.

— Ah, bom dia.

— "Bom dia"? Esquece isso! Fiquei sabendo que te fizeram exorcista!

Tinha se passado um único dia. Como essa notícia se espalhou tão rápido?

— As fofocas voam por aqui.

— Você tá bem? Deve ter sido intenso. — (Lutando contra todos aqueles monstros.)

— Nem um pouco. Aqueles caras — (falsos) — não deram trabalho.

— Não? Bom, Lady Lumina também ficou preocupada, então nos avise se precisar de algo.

— Agradeço. Aliás, sabe onde posso conseguir uma pena, pergaminho e um pouco de tinta?

— Só isso? Tem um monte no almoxarifado.

Parece que tudo por aqui era ou ridiculamente barato ou de graça.

— Poderia me mostrar onde fica depois?

— Claro, mas que tal tomarmos café primeiro?

— Ótima ideia.

Enquanto comíamos, contei sobre minha vida na Guilda dos Aventureiros. Lucy tentava esconder sua expressão de puro horror. Depois de terminarmos, ela me mostrou onde encontrar os materiais que eu precisava. Em seguida, voltei para o labirinto dos (supostos) mortos-vivos.

***

A criatura soltou um rosnado rouco.

— Ó santa mão da cura. Ó sopro fecundo da terra. Ouça minha prece. Expulse as impurezas diante de mim e conduza-as à salvação. Purificação!

Eu estava desenhando um mapa dos andares que memorizei ontem, enquanto colhia pedras mágicas dos "zumbis" no caminho. Cada andar levava cerca de uma hora e, no começo da quarta hora, já tinha limpado o terceiro andar.

— Que monstros o próximo andar vai ter?

Era só o segundo dia, mas o labirinto já não parecia nada ameaçador para mim. Era como um jogo. Por isso, decidi testar um estilo de combate diferente: uma lança curta com uma guarda larga que servia de escudo na mão esquerda e uma espada na direita. As hordas de mortos-vivos caíam diante do meu novo Estilo Espada-e-Lança.

Se o Brod me visse assim, ele certamente me mataria... Mas se eu conseguisse transformar isso em algo viável...? Bom, pura ilusão.

— Se eu acabar desenvolvendo hábitos ruins, ele vai me corrigir. Só preciso manter minha postura firme.

Sempre que encontrava um lugar com boa visão do entorno, parava para atualizar meu mapa. A maioria dos monstros do quarto andar também eram zumbis, só que agora alguns arrastavam espadas pelo chão. Ainda assim, eram lentos demais para representar perigo real.

Mantive o ritmo até chegar ao quinto andar, onde decidi encerrar o dia. O total de pontos que consegui no segundo dia foi de 5.372, o que deixou Cattleya preocupada.

— Espero que você não esteja se esforçando demais — disse ela mais uma vez.

— Esses primeiros andares são tranquilos. Tem algum problema — (financeiro) — com a quantidade que estou entregando?

— Nenhum. Na verdade, tá sendo ótimo pra gente.

Comecei a me perguntar se ela era uma comerciante nata.

— Nesse caso, vou continuar trazendo mais.

— Então, o que vai ser hoje?

— Quero economizar para aquele grimório, mas se as coisas ficarem difíceis lá embaixo, volto para pegar suprimentos.

— Parece um bom plano. Continue com o ótimo trabalho.

— Pode deixar. Obrigado.

As coisas iam muito bem, mas eu ainda não tinha certeza do que realmente estava buscando. Durante o jantar, esbarrei em Granhart, que me perguntou como eu estava me saindo.

— Bem, considerando tudo — respondi.

— Isso é bom. Sobre seus ganhos, os fundos serão transferidos para sua conta da guilda no começo de cada mês. Se quiser confirmar, pode verificar na recepção do primeiro andar.

E com isso, ele saiu do refeitório sem dizer mais nada.

— Ele esperou só para me dizer isso? Acho que tô começando a entender esse cara.

Depois de mais um jantar sozinho, um copo de Substância X e meu treino usual de magia, fui dormir.

No dia seguinte, continuei minha exploração, apenas para descobrir da pior forma que o sexto andar introduzia armadilhas.

— Isso foi... mais preciso do que eu gostaria.

Pisei diretamente em um gatilho no chão e uma flecha passou zunindo dois metros à minha frente, sumindo ao atingir a parede oposta.

— Acho que é para eu entender como um "Ei, idiota, fique atento às armadilhas agora".

Mas os monstros eram sempre a mesma coisa. Arqueiros zumbis que nunca usavam seus arcos de verdade e “cavaleiros” que só arrastavam suas espadas pelo chão; bolas de fogo que anunciavam seus ataques brilhando intensamente antes de lançarem bolas de fogo menores e só um pouco mais ameaçadoras, mas ainda mais lentas que uma caminhada.

— Mesmo que esse labirinto fosse real e eu estivesse cercado por essas coisas, ainda acho que não morreria.

Ainda assim, fiz questão de marcar no meu mapa onde ficavam as armadilhas.

Os inimigos começaram a aparecer em maior número, então decidi voltar para casa depois de limpar aquele andar. Eu já estava tão acostumado com o fedor que todo o labirinto tinha virado meu campo de treinamento pessoal. No ritmo que eu estava, terminaria esse trabalho e voltaria para Merratoni rapidinho.

Depois, entreguei meus pontos, jantei, tomei minha substância X e pratiquei minha magia.

— Parece que estou pegando mais o jeito a cada dia. Ei, quem sabe...

Abri minha tela de status às pressas, mas minha empolgação logo murchou.

— Sabia...

Nível: 1

— Tanto faz, eu já devia saber que não devia criar expectativas. Pelo menos meus status estão melhorando. Só preciso manter o pensamento positivo.

Ainda assim, fui dormir meio emburrado naquela noite.

Os dias passaram de forma impressionantemente monótona enquanto eu avançava até o décimo andar, que alcancei no meu décimo dia. No fim das contas, só havia uma armadilha por andar, mas isso, somado ao aumento no número de monstros, me deixou mais cauteloso e desacelerou meu progresso. Esqueletos armadurados, incluindo arqueiros e cavaleiros, começaram a aparecer, assim como fantasmas, que pareciam substituir as bolas de fogo. Até os zumbis começaram a coordenar ataques em grupos sob o comando de um tipo de “chefe” zumbi.

— Mas Purificação vence toda vez. Isso chega a parecer trapaça.

Três conjurações completas bastavam para transformar grupos inteiros de vinte monstros em pedras mágicas inofensivas. E agora, minha jornada chegava a um ponto importante.

— Isso com certeza era uma sala de chefe.

Enquanto voltava para o refeitório, minha mente estava a mil pensando no que poderia estar por trás daquela porta no décimo andar. Eu estava nervoso com minha primeira luta contra um chefe, mas me desafiei a vencê-lo sem levar um único golpe.

— Não faço ideia do que pode aparecer lá dentro. Uma dica seria bem-vinda — murmurei, justo a tempo de avistar Jord. O alvo perfeito para despejar minhas perguntas. — Jord, você sabe o que tem na sala do chefe do labirinto?

— Sala do chefe? Do que você tá falando?

Hmm, então eles não chamam de “sala de chefe” aqui. Como será que chamam? Covil do demônio? Sala do mestre?

— Aquele lugar que parece ter os monstros mais fortes.

— Ah, você quer dizer onde aqueles (chefes) zumbis aparecem em grupos?

— Er... (Os chefes) aparecem em grupos?

— Isso mesmo. Mas espera aí, você chegou até lá? Eu demorei até pouco antes de você pegar esse trabalho para alcançar esse andar.

Eu não sabia há quanto tempo ele trabalhava nisso, mas não podia ter levado tanto tempo assim, né?

— Não precisa me bajular. Mas valeu pela informação. Agora posso pensar numa estratégia.

— Sério? Se você diz...

Com esse novo conhecimento em mãos, comecei a montar um plano de ataque infalível para minha primeira luta contra um chefe.


Tradução: Carpeado
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