Seija Musou | The Great Cleric Vol 02
– Arco 2: O Labirinto e as Valquírias –
Capítulo 04 [Conexões Cruzadas]
Assim que saí do labirinto, fui atingido bem no rosto por um feitiço de Purificação.
— O que você está fazendo? Tá me zoando?— Pisquei com o clarão repentino de luz.
— Bom ver que você ainda está vivo. Você ficou lá embaixo por metade do dia, já tava começando a achar que tinha virado zumbi.
Não dava para saber se Jord estava tirando uma com a minha cara ou se era só um tapado mesmo. Já tinha chegado à conclusão de que aquele labirinto era, sem dúvidas, apenas uma instalação avançada de treinamento. Se meu nível tivesse subido conforme eu matava os monstros, até poderia considerar a morte uma possibilidade real. Mas depois de derrotar tantos inimigos e nada? Eu estava convencido de que nunca corri perigo de verdade.
Coloquei a mão suavemente no ombro de Jord.
— O quê? Por que tá me olhando como se tivesse acabado de entender todos os mistérios do universo?! — ele gritou.
— Uau, você leu minha mente. Por acaso é um esper?
— Hã? O que é um "esper"?
Hm, acho que essa palavra não existe neste mundo. Anotado.
Limpei a garganta.
— Digo, treinei bastante na Guilda dos Aventureiros, então sei o quão perigosos os monstros (de verdade) podem ser.
— Ah, é verdade, eu vi um relatório sobre isso. Você é bem esquisito, sabia?
E ele falava isso com a maior naturalidade? Definitivamente um tapado.
— Outra coisa que sei é que orgulho não leva a lugar nenhum. A gente só tem uma vida.
— Ainda assim, essa foi sua primeira vez em um labirinto, certo? São apenas zumbis (de verdade), mas deve ter sido complicado.
— Não foi nada demais. Era bem iluminado, então nem precisei de tocha.
— Ora, olha só pra você. Eu mal conseguia passar do segundo andar nos meus primeiros três meses.
— Diria que sou razoavelmente bom em combate. Vou ficar bem. Pretendo começar a me planejar melhor a partir do terceiro andar.
— Mandou bem, novato.
— Ah, e essas pedras (provavelmente ilusórias). Onde eu levo elas? Na Guilda dos Aventureiros?
— Não, é só levar naquela lojinha ali.
— Ah, é mesmo, você mencionou isso antes. Acho que a Guilda dos Aventureiros não seria uma boa opção (afinal, eles não comprariam pedras e esse campo de treinamento é supostamente secreto).— Olhei para o balcão da loja.
— Isso aí, você pegou rápido. (Não podemos deixar que descubram que a sede da Guilda dos Curandeiros tem um labirinto subterrâneo.)
— Então, é só trocar essas pedras por pontos ali?
— Oh, Jord. — No balcão estava uma jovem que não estava ali de manhã. — O novato está bem?
— Na mais perfeita ordem.
— Obrigado por se preocupar comigo, mas estou bem. Já estou acostumado com esse tipo de coisa (graças a filmes de terror e videogames).
— Impressionante — respondeu ela com um sorriso que aqueceu meu coração. — Você pode entregar suas pedras aqui.
E o calor sumiu tão rápido quanto veio. É o trabalho dela ser educada, Luciel, se toca.
— Certo, estão todas aqui.
Joguei a bolsa sobre o balcão com um baque pesado. Jord e a mulher me encararam incrédulos. A mochila que Granhart me deu era especial, feita exatamente para carregar essas pedras sem que o portador sentisse o peso.
— Desculpa, tem bastante. Posso entregar tudo de uma vez?
— Claro, mas uau, isso é mais que "bastante"! — exclamou a mulher. — Não se esforce demais, ok? Sua vida é preciosa.
— Muito verdade. Vou lembrar disso.
— Posso ver seu cartão?
— Cartão? Hm, meu cartão da guilda?
— Aquele que o Gran te deu hoje mais cedo — esclareceu Jord, finalmente se recuperando do choque.
— Ah, certo.— Entreguei o cartão.
— No total, isso dá 4.216 pontos. Um feito e tanto para o primeiro dia. Faz anos que não vejo alguém conseguir tanto de uma vez. Agora, antes de ir, vai comprar alguma coisa?
— Não sei. Não tenho ideia de quanto as coisas custam.— Etiquetas de preço seriam bem-vindas...
— Tudo aqui cabe no seu orçamento. Os itens mais caros são os grimórios. O mais avançado sai por um milhão de pontos.
— Isso vai exigir um bom tempo economizando — ri. Tudo isso parecia um jogo. Eu começava a me perguntar se o papa que organizou isso tudo não era um reencarnado como eu, mas não, sem chance.
— Também temos poções e itens mágicos para mitigar efeitos negativos.
— Hmm, e aquelas armas ali?
— Foram todas feitas à mão por anãos, usando prata e prata sagrada. São eficazes contra mortos-vivos.
Eu tinha bastante experiência com homens-fera, mas ainda não tinha visto nenhum elfo ou anão.
— Uau, quanto custam?
— Dois mil e quinhentos cada.
— O quê?! Por que tão barato? Vocês não têm lucro com isso.
— Apenas curandeiros exorcistas podem descer até aqui, e poucos sabem usar uma espada direito. A Igreja não permite que revendam, mas ninguém daqui realmente quer elas.

Monsieur Sorte estava de volta à ativa.
— Isso ainda parece absurdamente barato. Como assim ninguém quer comprar?
— Curandeiros não conseguem lançar feitiços enquanto balançam uma arma por aí, né?
Hmm, mas eu consigo?
— Zumbis podem ser fracos, mas se te cercarem, você ainda vira comida de monstro.
Espera... O Brod tinha me dito que todo mundo conseguia lançar magia e brandir uma arma ao mesmo tempo. Não sabia bem como me sentir sobre isso, mas já que funcionava a meu favor... tudo certo, eu acho?
— Isso parece um problema, de fato. Vocês têm muitas dessas armas em estoque?
— Mais do que sabemos o que fazer com elas. Dizem que já foram vendidas por duzentos mil cada, mas agora só estão acumulando poeira no depósito.
Monsieur Sorte, eu poderia te beijar.
— Nesse caso, volto amanhã pra pegar uma espada e uma lança — declarei sem hesitação.
— Não estavam brincando quando disseram que o novato era esquisito. — Ela soltou um risinho. — Como é sua primeira vez, acho que posso te dar um desconto. Que tal quatro mil pontos no total, desde que prometa continuar vivo?
Eu estava praticamente nas nuvens. O fato de que ela tinha mais ou menos a mesma idade que eu tinha quando morri só deixava tudo ainda melhor.
— Amanhã trago ainda mais pedras. Sou Luciel, é um prazer te conhecer e espero trabalharmos bem juntos.
— O prazer é meu, Luciel. Meu nome é Cattleya. Ah, e Jord, você fez um ótimo trabalho lá embaixo.
— E-er, valeu — ele respondeu. Era impressão minha ou ele parecia meio aéreo? Talvez porque agora veria menos a Cattleya? Fazia sentido, já que tinham mais ou menos a mesma idade. Bom, o que quer que ele estivesse sentindo, não era da minha conta.
E assim terminou meu primeiro dia de trabalho — se é que dava pra chamar assim — como exorcista da Igreja de Saint Shurule.
Tradução: Carpeado
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