Rakuin no Monshou Volume 01 — O Dragão Ruge para a Estrela do Crepúsculo
— Capítulo 07
[Reino de Miragem]
— Quem é você? — Ryucown perguntou novamente.
— Um gladiador.
Com essa resposta simples, o espadachim investiu contra o general rebelde em velocidade máxima, brandindo uma espada com ambas as mãos.
O golpe passou a centímetros do rosto de Ryucown, que respondeu com um golpe em direção à cabeça. O gladiador mascarado rapidamente recuou.
O vento da troca de golpes em alta velocidade levantou um turbilhão entre os dois duelistas.
— Um me ph iano? Como você se infiltrou aqui?
— Quem sabe?
Durante esse breve confronto, o salão irrompeu em caos. Guerreiros vestidos com o mesmo equipamento que o gladiador colidiram com as tropas de Ryucown. Cada membro desse grupo era um lutador de elite, escolhido a dedo por sua habilidade em combates caóticos.
Faíscas voaram e xingamentos foram trocados. Shique lutava com duas lâminas gêmeas, decapitando um inimigo após outro, enquanto o gigantesco escravo-espadachim Gilliam balançava seu machado com toda força, cortando através da carne inimiga mesmo trajados de armaduras.
O gladiador mascarado atacou novamente.
Ryucown desviou do golpe e então desferiu um corte vertical. O espadachim firmou seu centro de gravidade afastando as pernas e bloqueou o golpe. Imediatamente aproveitou o recuo, no instante em que Ryucown deu um passo para trás, para lançar um ataque vicioso.
— Oh, nada mal.
Dois, três, então inúmeros golpes se seguiram, com os dois travados em um impasse.
— Diga seu nome. Com tal habilidade, deve ser famoso.
— Quem sabe.
Repetindo as palavras de anteriormente, o espadachim mascarado — Orba — desferiu um golpe giratório.
O "presente" que Orba mencionara na ponte da Dhum anteriormente era a Princesa Vileena. Ele esperava que houvesse traidores no acampamento garberano e que, assim que lançassem seu ataque, as forças de Ryucown coordenariam com eles um ataque em pinça.
E os espiões dentro do acampamento garberano fizeram exatamente como esperado, proximando-se dos soldados que guardavam a princesa. Assim, ele conseguiu prever os movimentos inimigos e, antes de levarem a princesa do navio, Orba mergulhou sobre eles para salvá-la.
Então, durante a confusão causada pelo ataque de Ryucown, Orba e suas forças vestiram armaduras garberanas, levaram a princesa inconsciente do navio e conduziram um batalhão de soldados treinados em direção à Fortaleza Zaim. Naturalmente, quando as forças de Ryucown os viram chegando, automaticamente pensaram que o plano de seus aliados tivera sucesso e até os escoltaram para dentro da fortaleza.
O coração de Orba transbordava de excitação. Sentia-se como um personagem principal dos romances heroicos que lia quando jovem. Tudo estava seguindo seu plano, e agora enfrentava o general inimigo frente a frente.
Mas,
Droga!
Um quarto, um quinto golpe; os dois guerreiros continuaram lutando e faíscas voavam a cada golpe.
As habilidades de Ryucown superavam em muito as expectativas de Orba. Prevendo facilmente os movimentos do jovem, a espada de seu oponente parecia vir de todas as direções. E enquanto os golpes de Ryucown vinham da esquerda, direita, frente e costas com agressividade ousada, ele nunca deixava uma abertura para explorar.
Gotas de suor começaram a escorrer pelas costas de Orba. Ele não podia desperdiçar tempo ali. Quanto mais durasse, mais inimigos alcançariam o andar superior. Se seguissem sua estratégia, a Dhum deveria estar rumando para a fortaleza enquanto eliminava a força rebelde principal, mas era difícil para um novato como Orba prever quanto tempo isso levaria.
A única coisa que podia fazer era utilizar cada minuto, cada segundo que tinha para eliminar Ryucown. Assim, tudo que lhe restava era brandir sua espada, atacar, esquivar e fingir.
Vileena segurou a respiração enquanto assistia à cena diante dela. Claro que não percebeu que o Príncipe Gil que conhecia e o duelista mascarado eram a mesma pessoa. E embora a batalha parecesse equilibrada por um tempo, seus olhos começaram a perceber as mínimas diferenças entre os dois lutadores.
Durante seus inúmeros confrontos, Ryucown observava as técnicas de Orba. As habilidades estavam lá, mas havia uma esquisitice pessoal em sua técnica. Especialmente quando desferia um golpe de longa distância, deixava seu lado esquerdo desprotegido, porque seus pés não acompanhavam.
Ryucown sorriu levemente. Então recuou.
Orba caiu no blefe e o seguiu. Naquele instante, Ryucown impulsionou-se do chão. A ponta de sua lâmina arranhou o rosto de Orba. E quando seus pés tocaram o chão novamente, Ryucown posicionou-se ao lado de seu oponente. Impulsionando-se novamente, ergueu sua espada sobre a cabeça, e logo a ponta de sua lâmina tocou a máscara.
— Ugh.
Orba rapidamente concentrou toda sua força nas costas e girou o corpo para desviar. Ryucown continuou pressionando. Incapaz de recuperar a postura, Orba percebeu que estava sendo empurrado para trás enquanto tentava bloquear a violenta sucessão de ataques.
— Seu plano de infiltração é impressionante.
Embora seu rosto estivesse coberto de suor, Ryucown ainda respirava normalmente.
— Mas é impossível alcançar a vitória se você não me derrotar rapidamente. Mesmo sendo um excelente lutador, você já perdeu no instante em que não pôde me matar.
Orba não tinha o luxo de responder. Finalmente percebera a verdade. A habilidade de seu oponente era maior que a sua e ele não contara com isso. A esgrima, força, técnica e até experiência do cavaleiro superavam em muito as suas. Comparado ao ileso Ryucown, o lado e quadril de Orba estavam levemente feridos, e uma de suas proteções de ombro quebrou. Estava sem fôlego, e mal conseguia segurar sua espada.
Naquele momento, as tropas de Ryucown começaram a se reunir no salão principal. Os gladiadores também foram empurrados para trás por sua força. Não mais capazes de defender a porta, foram encurralados no centro do salão e imediatamente cercados pelos soldados que avançavam sobre eles.
— Droga! — Gilliam resmungou e ergueu seu machado.
Shique imitou sua postura. Ainda havia uma intenção assassina em seus olhos. Desviando de uma lança arremessada pelos soldados ao redor, Gilliam disse:
— Não quero dizer isso, mas queria que Orba estivesse aqui. O desgraçado é irritante, mas você pode contar com aquela força gélida numa batalha! Ei, o que tem de engraçado, Shique!?
— N ão nada, você está certo. Apesar daquele cara mascarado ser bem forte, está longe do Orba, né? Ah, se soubesse que chegaria a isso, teria me esforçado mais para trazê-lo.
Cobertos no sangue de inimigos e deles mesmos, a dupla ainda conseguia fazer piadas em tal situação desesperadora, mas os outros gladiadores — um perfurado por uma lança inimiga, outro com a perna cortada — caíam um a um.
Ryucown estava convencido de que a batalha terminara. Planejava surpreender Orba no peito e, no momento em que o gladiador se esquivasse, desferir outro golpe. As duas espadas se encontraram mais uma vez, e finalmente a espada de Orba voou de suas mãos.
— O quê?
Foi Ryucown quem gritou em surpresa.
Confiante em sua vitória, o general rebelde relaxou sua postura, e naquele instante Orba puxou uma adaga de sua cintura e atacou. Escolhera apostar sua arma em um ataque desesperado.
Peguei!
Carregado de confiança, Orba investiu contra o corpo de Ryucown. As tropas rebeldes gritaram em surpresa, e subitamente o salão principal encheu-se com o som de metal batendo contra metal.
No lado sul da colina, os exércitos colidiram sob o bombardeio da artilharia de ambos os lados. O campo de batalha já se tornara uma luta cada-um-por-si. Tropas de Mephius e de Ryucown misturavam-se em um caótico corpo a corpo, e um fogo alaranjado iluminava o céu sem lua.
— Fogo! Fogo!!
O velho general Rogue Saian não conseguia conter sua excitação e sede de sangue, então pessoalmente liderou suas tropas na linha de frente. Rajada após rajada de tiros eram disparados, mirando na linha inimiga.
Embora as tropas mephianas tivessem recursos e números superiores, era seu inimigo quem detinha a vantagem no momento.
Ao mesmo tempo, Gowen liderou um time de dez homens para flanquear o inimigo pela direita. Tinham um Baian arrastando dois canhões junto deles. Esperavam usá-los para bombardear o inimigo, mas sua posição foi rapidamente descoberta por uma aeronave de patrulha.
— Abaixem!
Enquanto Gowen se jogava no chão, dando a ordem, uma bala passou rente a seus olhos. Uma aeronave de assento único quase o metralhou ao passar e então mudou de direção, subindo abruptamente. No curso dessa ação, a aeronave subitamente perdeu o equilíbrio. Um dos gladiadores agarrava-se à cauda da nave. Os outros gladiadores rapidamente se aglomeraram, arrastando o piloto para fora.
Embora continuassem seu avanço, o coração de Gowen estava sob a sombra da impaciência.
Para as forças de Ryucown, esse ataque era a melhor oportunidade possível. Provavelmente incitados por instigadores, parte do exército garberano voltou-se e desferira um golpe no exército mephiano, lançando-os em confusão. Não precisavam aniquilar completamente suas forças, infligir 20 a 30 por cento de baixas era suficiente. Com isso, o exército mephiano não veria mais valor no território alheio e recuaria.
Era a oportunidade perfeita. Por isso, para alguém como Ryucown, que não precisava pensar em recuar, não haveria contenção. Ele usaria todas suas forças e isso de fato seguiu como Orba previra. Tecendo seu caminho por essa brecha, Orba e um grupo de elite infiltraram-se na fortaleza para dar um fim a Ryucown. E após repelir a força inimiga principal, a Dhum rumaria para o forte ao mesmo tempo e o ocuparia.
Essa era a ideia, mas...
Segundo o plano de Orba, o acampamento garberano deveria imediatamente juntar-se a Mephius. Mesmo que seu lado estivesse em confusão, teriam forças suficientes para confrontar e esmagar o inimigo, mas os garberanos não se moveram. Numa batalha caótica e desorganizada, até suas mensagens ficaram embaralhadas. Ele estaria mentindo se dissesse que suas próprias previsões não foram um pouco idealizadas.
De qualquer forma, o moral inimigo estava extraordinariamente alto. Se um caía, outro pisava sobre o cadáver, ou até o usava como escudo. Passo a passo, avançavam lentamente em sua direção. Além disso, as tropas mephianas nem sabiam que seu indispensável príncipe, ainda que apenas um sósia, e princesa estavam dentro da fortaleza.
Os mephianos não têm o mesmo espírito de luta. Se isso continuar, seu exército logo se despedaçará. Preciso me apressar!
E assim, Gowen retomou sua marcha. Do centro da colina, de um local com boa visão, disparou seu canhão bem no meio dos artilheiros inimigos. Um tiro, dois tiros... Uma coluna de chamas erguia-se a cada disparo, mas três tiros era o limite. Uma nova unidade de aeronaves já rumava para sua posição.
— Abram caminho! Abram caminho!!
Esse ataque definitivamente infligiu danos sérios, mas a linha inimiga não cedeu, nem um pouco. A única coisa que Gowen pôde fazer foi abandonar sua artilharia e fugir do local com os dragões.
Orba!
Se chegasse a isso, Orba só precisava se apressar e eliminar Ryucown. Então, só poderiam esperar que seus inimigos perdessem a vontade de lutar. Recuou, o som de tiros uivando ao seu redor enquanto balas roçavam seus ombros.
Ryucown abriu os olhos arregalados... depois os cerrou com força.
Orba estava inclinado para frente com todo seu peso pressionando contra ele. Não conseguira fazer sangrar, mas Ryucown mal conseguira bloquear o ataque desesperado. Ainda carregava uma espada curta de 60 cm nas costas, que sacara no momento exato para se defender.
Orba ainda tentou usar sua força para desferir outro golpe, mas o ataque falhou quando Ryucown se movimentou em semicírculo ao seu redor, fazendo-o cair de bruços no chão. De quatro, sentiu o frio da lâmina contra sua nuca.
Eu perdi.
O corpo de Orba gelou ao sentir o aço cutucando sua pele. Não havia como mudar o resultado. Conseguira superar seu inimigo em astúcia, mas a esgrima de Ryucown e os movimentos garberanos haviam sido um golpe fatal.
Depois de tantas batalhas, esta era sua primeira derrota. Para ele, significava que o coração que batia apenas por vingança pararia no meio do caminho.
— Admiro sua ousadia. Se não tivesse nascido em Mephius, teria prazer em lutar ao seu lado — disse Ryucown, preparando-se para decapitá-lo.
— PARE COM ISSO!
O grito de Vileena ecoou claramente pelo salão. Ryucown inicialmente tentou ignorá-la, mas.
— PARE AGORA MESMO!!!
Sentindo que o segundo grito carregava uma força de vida ou morte, Ryucown lançou-lhe um olhar. Como esperado, a princesa garberana estava apontando uma pistola em sua direção. O soldado atrás dela tinha uma expressão apavorada – ela provavelmente roubara a arma dele.
Ryucown sorriu.
— E o que você pretende fazer? Atirar em mim?
— Não — a princesa Vileena respondeu, balançando a cabeça.
Seu rosto floresceu em um sorriso encantador, fazendo todos se perguntarem o que se passava em sua mente, enquanto erguia a pistola.
— Eu vou atirar em mim mesma.
Ela apontou a arma para sua própria têmpora. As sobrancelhas de Ryucown se ergueram enquanto agitação surgia entre os soldados.
— Qual o significado disso?
— Você tem coragem de repetir suas palavras anteriores diante de suas tropas leais? Suas verdadeiras intenções? Enquanto você é um cavaleiro servindo à realeza, seus próprios ideais se desviam de seu verdadeiro propósito. Você deseja que eles carreguem o mesmo fardo?
Uma luz vibrante retornara ao par de olhos que antes estavam cheios de desespero. Mesmo com uma arma apontada para sua própria cabeça.
Ryucown manteve-se em silêncio. Estava perplexo com Vileena apostando sua vida dessa forma. Como a princesa de quatorze anos previra, Ryucown não podia permitir que Vileena morresse diante de suas tropas. Esses soldados compartilhavam seus ideais de reconstruir o Reino de Garbera como uma nação de verdadeiros cavaleiros. No entanto, eles também reverenciavam a linhagem real da princesa Vileena. Se perdessem seu ídolo, sua causa desmoronaria. Alguém como ele, disposto a tudo para criar uma nação ideal, era de um lado um inovador, mas de outro o tipo a ser criticado como vilão.
Enquanto Ryucown e Vileena travavam uma batalha silenciosa, Orba, derrotado, agachava-se à margem. Suas costas arfavam enquanto respirava com dificuldade, mas de forma alguma ele aceitara sua morte.
Do interior de sua máscara, ele fitou a lâmina curta que bloqueara seu ataque anterior.
Aquilo...
Havia letras claramente gravadas na lâmina. Não havia dúvida.
O, R, B, A...
Era nada menos que seu próprio nome. O coração de Orba, que estivera à beira da parada, voltou a bater firmemente em um ritmo constante.
— Princesa!
— Vossa Alteza, por favor abaixe a arma!
Enquanto os soldados suplicavam, a princesa Vileena mantinha o olhar fixo em Ryucown. Seu rosto de porcelana não mostrava vestígios de hesitação, apenas determinação inabalável.
— Princesa, até onde levará esse espírito militar ? — Ryucown suspirou. — Se... sim, se eu mostrar minha resolução diante de todos aqui, minha determinação, o que fará? Podemos continuar nos velhos caminhos sem alcançar nossos ideais, e no fim, mesmo sobrevivendo a esta batalha, nada mudará. Não seria melhor escolher o desfecho mais benéfico para ambos?
— Então apresse-se. Já encontrei minha resolução.
— Princesa!
— NÃO SE APROXIMEM!
Ao perceber que os soldados avançavam, Vileena recuou abruptamente. A pistola não se moveu um milímetro de sua têmpora, mas eles continuaram se aproximando.
— Veja, Vossa Alteza.
Ryucown apontou para as colunas do lado oposto, onde as chamas da guerra ainda ardiam.
— Olhe para os exércitos Mephius e Garbera, que mesmo com números superiores, lutam contra nossos homens corajosos. Não compreende o que isso representa? Deixando de lado os covardes Mephianos, o exército Garberano está em caos. Eles vacilam porque não sabem se me seguem ou não. Já não seguem cegamente a família real, e se perguntam se aqueles no meu caminho não são os verdadeiros protetores desta nação. Esta é a resposta que o povo Garberano encontrou.
Os homens de Ryucown ergueram as vozes em uníssono:
— Princesa, reconheça nossa causa!
— Esta batalha é pelo verdadeiro orgulho de Garbera. Compreenda!
Vileena olhou para eles sem hostilidade. Seus olhos brilhavam com tristeza. Desde o início, ela nunca conseguira nutrir ódio por eles. Em seus corações, todos amavam Garbera, e todos amavam a flor de Garbera, a princesa Vileena.
— Eu não quero!!! — a princesa gritou subitamente, como uma criança em birra, as lágrimas escorrendo enquanto a pistola tremia em sua têmpora. — Não quero! Não quero! Não quero!!!
— Vileena-sama!
— Esta é a Garbera que meu avô amou e meu pai cultivou! — Vileena deixou escapar uma lágrima. — Por quê? Por que tudo...?
— Pare com essas bobagens.
Ryucown estava ancorado em crenças inabaláveis, mas foi interrompido por uma voz inesperada.
— NÃO SÃO BOBAGENS!
A voz vinha das profundezas, fazendo Ryucown e Vileena se virarem. O general rebelde, que havia esquecido Orba até então, rosnou "Não se mova" e apontou sua espada para o gladiador. Porém...
— Devolva essa espada.
— Devolver? Do que está falando? Isso é...
— Seis anos atrás — Orba disse.
Ryucown engasgou, surpreso. Seu olhar mudou ao ver o gladiador se levantar do chão.
— Seis anos atrás... você aspirava ser um cavaleiro, mas já era mais cavaleiro que qualquer outro. Agora é diferente. Para cumprir seus ideais, ergueu uma espada contra sua soberana. Até ameaçou matá-la! Por que está jogando sua vida fora? Está tão intoxicado que é surdo às palavras de sua própria soberana, que também arrisca a vida? Ryucown, você não é mais um cavaleiro!
Enquanto Ryucown se preparava para atacar, Shique aproveitou o momento de distração para escapar do cerco.
— Pegue!
Shique arremessou sua espada. Orba a agarrou no ar como se tudo estivesse planejado. Então Shique correu para trás da princesa, arrancando a pistola de sua mão e pressionando-a contra sua nuca.
— Princesa?!
— Vossa Alteza!
— Não se mexam!
Ignorando Shique, Ryucown investiu contra Orba. Por reflexo, o gladiador bloqueou o golpe e os dois travaram suas lâminas novamente.
— O QUE EST ÃO FAZENDO!? — Ryucown rugiu com uma expressão demoníaca. — NÃO PODEMOS DEIXAR UM ME PH IANO MATAR A PRINCESA. CAPTUREM-NO!
Shique estalou a língua. O terror e confusão nos rostos dos soldados começava a se dissipar. Era agora ou nunca.
— Senhor gladiador.
— Hã? — Shique balbuciou, surpreso.
A princesa que ele supostamente mantinha como refém tomou a iniciativa.
— Por aqui — ela sussurrou, indicando com o queixo a aeronave estacionada nas proximidades.
Num instante, Shique compreendeu.
— Entendido. Será um pouco brusco.
— Estou acostumada.
Imediatamente após sua resposta, Shique atirou para o alto. Antes que o eco se dissipasse, agarrou os ombros delicados da princesa e correu. Vileena saltou para a aeronave enquanto Shique assumia os controles. O motor a éter rugiu, elevando-os aos céus.
— Trarei reforços! Aguardem! — Shique gritou.
Mas Vileena hesitou. No salão abaixo estavam soldados Mephianos heroicos e seguidores leais de sua família real, todos arriscando suas vidas por Garbera. E agora ela os abandonava.
— Princesa!
Como esperado, Ryucown empalideceu e correu em direção à aeronave. Mas uma lâmina de aço cruzou seu caminho. Cuspindo no chão, ele se virou para enfrentar Orba, que avançava contra ele.
— Vá!!! — Orba rugiu.
Ele bloqueou um golpe que teria decepado sua cabeça, seguido por dois, três ataques precisos. Então gritou novamente:
— VILEENA, VÁ!!!
A princesa olhou para ele como se tivesse sido golpeada. Então, sacudindo os soldados que tentavam alcançá-la, lançou a aeronave no céu noturno. Em instantes, desapareceu na escuridão.
— Se chegou a isso... — Ryucown rosnou enquanto suas espadas se cruzavam, — devo simplesmente ordenar que matem a princesa junto com o exército Me ph iano?
— O quê?!
A respiração de Orba tornou-se mais pesada. A força que o mantinha em pé estava se esgotando. Ele não sabia o que fazer, não sabia se poderia concluir o que começara, e não sabia se seria capaz de fazer algo além de assistir tudo ser arrancado de suas mãos, como sempre.
Mas Orba tinha uma espada — a personificação de seu sangue fervente.
— Alguém como você...
— Seu maldito...!!!
— Não vou deixar você me impedir!
Enquanto bloqueava a espada de Ryucown e ajustava sua postura, Orba se movia para a esquerda, para a direita, investindo contra seu inimigo, mas todos os seus golpes eram igualmente bloqueados.
Talvez eu só precise de um pouco mais de força. É tudo o que me resta...
Se algo estivesse bloqueando seu objetivo, fossem ideais elevados, divindades ou até mesmo deuses dragões, Orba provavelmente os desafiaria com apenas uma espada na mão.
Nesse instante, Orba recaiu em seus velhos hábitos. Assim que seu oponente pareceu recuar para a defesa, ele aproveitou para investir com tudo. Mas Ryucown, que esperava por esse ataque, desviou com maestria da estocada e contra-atacou com um golpe certeiro.
Era exatamente como Orba presenciara seis anos atrás.
Faíscas voaram pelo ar e, num piscar de olhos,
— Argh...!
Um grito de dor ecoou, acompanhado por um jorro de sangue.
A lâmina de Ryucown foi repelida pela espada que Orba sacara num movimento rápido. No final, foi o general rebelde quem mordeu a isca. Confiante no golpe fatal, concentou toda sua força no ataque, perdendo completamente o equilíbrio. Orba bloqueara o contra-ataque erguendo a face plana de sua espada.
Mas não saíra ileso. Um golpe perfurou a parte superior direita de sua máscara, deixando uma rachadura nítida que se estendia até o meio.
— Magnífico... — Ryucown lutou para falar enquanto caía de costas no chão, tossindo sangue. — Até momentos atrás, eu via uma nação de cavaleiros... mas este era meu limite? Diga seu nome. Eu, Ryucown, não descansarei em paz sendo derrotado por um homem sem nome.
— Orba.
Nenhum dos soldados presentes, exceto Ryucown, ouviu seu nome. Não ficou claro se isso trouxe consolo ao moribundo, pois apenas um último jorro de sangue escapou de seus lábios antes que seus olhos se fechassem para sempre. Orba permaneceu em silêncio, observando-o fixamente.
O mesmo homem que infiltrara o campo inimigo com um punhado de escolhidos para derrotar o rebelde Bateaux, agora perecia da mesma forma. A ironia desses "últimos momentos de Ryucown" seria cantada em versos por gerações.
— MILORDE!!
— ELE MATOU O LORDE RYUCOWN! NÃO DEIXEM SEQUER UM SAIR VIVO !!
A fúria dos soldados se misturava ao espírito de luta. Os gladiadores que também invadiram o salão formaram um círculo protetor ao redor de Orba.
Nesse momento, cerca de uma dúzia de aeronaves que atacavam o corpo aéreo mePHiano retornaram para reabastecimento. Ao perceberem a situação, os soldados desembarcaram com espadas e armas em punho, convergindo para o topo da fortaleza.
RespiraNDO ofegante, Orba pensou:
Este é o fim?
Era apenas um pensamento fugaz. Durante seus dois anos como gladiador, muitas vezes enfrentARA a mesma dúvida. E sempre...
Não, não acabará aqui!
Sempre se reerguera. Agora, com dezenas de espadas apontadas em sua direção e armas prontas para disparar, Orba apertou com força o punho de sua espada.
Lenta mas inexoravelmente, os homens de Ryucown se aproximaram. Orba cogitou romper o cerco, mas os escravos-espadachins permaneceram em silêncio, armas em erguidas, formando uma barreira humana ao seu redor. Ambos os lados ardiam em fúria assassina, prontos para se chocarem como projéteis de balas...
Quando, de repente, um grito de guerra ecoou como uma tsunami. Da varanda superior, avistou-se um exército avançando pelas planícies como fogo em capim seco.
Os homens de Ryucown cerraram os dentes, enfrentando a desesperança. Ainda dispostos a lutar até o último homem, queriam ao menos vingar-se do assassino de seu general.
Mas agora, o exército mephiano se aproximava.
— Ah...! — Um soldado exclamou com voz infantil.
Iluminada por labaredas, tremulava no céu noturno a bandeira de Garbera – símbolo de sua terra natal, da qual se despediram com o coração em frangalhos.
— Acabou...! Tudo acabou!!
Com a mesma agilidade de antes, ela saltou da aeronave para a varanda – a Princesa Vileena.
O quê...?
Viajando a bordo do dirigível, o gladiador Shique suava profusamente, cerrando os punhos.
Que tipo de garota é essa!?
A aeronave que transportava Vileena, após partir da Fortaleza de Zaim, só aumentava sua velocidade enquanto seguia em direção ao acampamento garberano. Naturalmente, Shique foi pego de surpresa, pois esperava que fossem para as forças de Mephius. Ele se preocupava com a possibilidade de que ela estivesse considerando voltar para Garbera de vez.
Assim como Ryucown mencionara antes, o acampamento garberano provavelmente estava um completo caos. Eles estavam ocupados lidando com os traidores entre suas fileiras, além de observarem os incêndios que se espalhavam pelo exército de Mephius. Não seria estranho que alguns soldados estivessem pensando em se juntar à causa de Ryucown.
Para piorar, e isso era óbvio, estavam em um campo de batalha.
Após o pôr do sol, qualquer dirigível que se aproximasse poderia ser recebido a tiros antes mesmo de se identificar. Os disparos cortavam o céu sem aviso, e até mesmo um homem como Shique gritava enquanto Vileena inclinava a aeronave para os lados. Quando o dirigível perdeu altitude, finalmente alguns soldados a reconheceram e gritaram:
— Princesa!
Vileena, então, ordenou de cima:
— Ataquem as forças de Ryucown junto com os mephianos agora mesmo!!
No instante em que os disparos cessaram, parecia que o tempo havia parado. Ao fundo, atrás de Vileena, os incêndios da guerra ainda ardiam, refletindo suas cores nos olhos dos soldados garberanos. Naquele instante, Shique viu a compreensão correr por eles como um raio. De repente, pareciam verdadeiros cavaleiros erguendo suas espadas ao chamado de sua soberana.
— Garbera não é um reino de cavaleiros? Vocês podem se chamar de cavaleiros se jogam fora a promessa de seu país e levantam suas lâminas contra Mephius? Como podem encarar os grandes ancestrais de nossa nação!? Venham! Sigam-me!!
Certamente, como um farol descendo dos céus, era isso que aqueles cavaleiros precisavam.
Com um lamento por terem demorado tanto a se posicionar, o exército de Garbera lançou seu ataque. As tropas foram divididas: uma parte se uniu aos mephianos para reforçá-los, enquanto a outra avançou em direção à Fortaleza de Zaim. Como o foco principal de Ryucown era atacar Mephius, não demorou para que as forças de Garbera o cercassem, posicionando-se diante dos portões da fortaleza.
— ACABOU!
Vileena avançou para o alto da fortaleza, cercada pelo brilho das espadas e das armaduras.
— O general Ryucown apontou sua espada para mim! Não duvido de seu amor por sua pátria e por seu povo, mas, em vez de Garbera e sua cavalaria, ele passou a amar apenas uma nação de cavaleiros moldada por seus próprios ideais! Não há mais sentido em continuar essa batalha!
Cercados por soldados garberanos, seus próprios compatriotas, sem um líder e diante das palavras de sua amada princesa, os homens de Ryucown perderam completamente suas forças e seu propósito.
Na verdade, a fortaleza já havia caído. Os soldados largaram as armas e desabaram ao chão, enquanto lágrimas escorriam de seus olhos em luto por Ryucown.
O cenário era completamente diferente da selvageria do campo de batalha. A fortaleza se encheu de choros e lamentos, como um funeral.
Vileena observava o ambiente quando, caminhando sem rumo, tropeçou nos próprios pés.
— Princesa!
Gilliam, que estava por perto, a segurou rapidamente.
Seu rosto estava pálido como cera, mas apenas porque estava coberto por uma fina camada de suor. Seus lábios, porém, mantinham um vermelho intenso.
— G-Gilliam, seu bastardo! Já não está na hora de soltar a princesa?
— O que te deixou tão exaltado, Shique? Se eu a soltar agora, ela vai cair no chão, não vai?
— Então me passe ela...
— E-Eu estou bem. Obrigada — disse Vileena, constrangida, soltando-se de Gilliam. — Shique e Gilliam, certo?
— S-Sim!
— Vocês demonstraram excelência desde o Vale de Seirin. Não apenas salvaram meu destino, mas também o de Mephius e Garbera. Em nome dos povos de ambas as nações, agradeço de coração.
— Não, eu... — começou Gilliam.
— Ele está certo, princesa. Não precisa dizer palavras tão calorosas a esse brutamontes. Ele não passa de um ignorante que só sente prazer em brandir seu machado em batalhas e saques...
— S-Seu cão traiçoeiro! Escute, princesa, não se trata de amor ou de bajular nobres, ou— argh, você provavelmente não entende nada disso!
Vileena sorriu ao ver os dois começando a discutir.
Naturalmente, ela também estava exausta. No entanto, como membro da família real de Garbera, precisava suportar. Afinal, se quisesse realizar algo após se tornar a Imperatriz de Mephius no futuro, teria que se fortalecer.
Foi então que avistou uma figura entre a multidão que merecia um reconhecimento especial. O espadachim mascarado já estava prestes a deixar o grande salão. Ela correu atrás dele.
— Você foi quem derrotou Ryucown, não foi? Isso é incrível. Já que se chama gladiador, quer dizer que faz parte da guarda pessoal do príncipe?
— Sim...
— Graças a você, despertei de minhas dúvidas. Agradeço por isso.
Vileena falou com sinceridade. Quando embarcara no dirigível e hesitara em partir, ainda estava dividida entre dois países, incapaz de escolher.
Por causa daquelas palavras.
Ela foi fraca. Sentia que estava abandonando os soldados de Ryucown e os companheiros daquele homem para morrerem.
Mas, por isso...
Precisava se tornar mais forte. A base da realeza era ser alguém cujas virtudes pudessem ser admiradas por toda a nação. Esse era o dever dos privilegiados. Não era isso que seu avô, Jeorg, sempre dizia?
O espadachim virou levemente a cabeça para encará-la. Seus olhos eram visíveis através das fissuras da máscara, e por um momento, Vileena teve a impressão de que já os vira antes.
◇◇◇
Saindo sozinho da fortaleza, Orba atravessou os campos marcados pela batalha. Embora fosse no meio da noite, havia fogueiras e braseiros aqui e ali, permitindo-lhe caminhar sem dificuldades, mesmo sem uma lanterna.
O som constante de armaduras tilintando enchia o ar enquanto ele passava por muitos soldados de Mephius. Seus rostos estavam cheios de excitação e entusiasmo, provavelmente porque planejavam saquear a fortaleza. Por enquanto, as forças de Garbera haviam montado acampamento fora dos portões, mas não avançaram mais. Como era de se esperar, ainda havia certa desconfiança. Não apenas porque parte das tropas garberanas havia se voltado contra eles e atacado os mephianos, mas também porque o líder dessa rebelião, Ryucown, fora derrotado por Mephius.
Orba, no entanto, não achou que valesse a pena se preocupar com isso.
A euforia da batalha já o havia abandonado, restando apenas o cansaço, a dor e a desolação.
Por quem eu lutei? E como quem lutei?
Parecia que Ryucown estava preparado para a morte. Não apenas no momento em que foi derrotado, mas desde o instante em que se encontraram, o fim já era visível em seus olhos. Embora fosse difícil dizer até onde ele iria para reformar Garbera com sinceridade, não havia dúvida de que seu nome permaneceria na memória de seu povo. Por ora, as chamas da rebelião pareciam extintas, mas o nome de Ryucown certamente continuaria ardendo nos corações dos homens.
Uma miragem.
Além das ondulações trêmulas do ar quente, uma ilusão vívida se formava. Era uma lembrança da infância de Orba e, no entanto, Ryucown não teria perseguido seus sonhos até o fim exatamente da mesma forma? Enquanto Orba, jogado de um lado para o outro pelo destino, havia gradualmente deixado de lado aquelas ilusões de menino, Ryucown era diferente.
Se ao menos pudesse segurar um fragmento daquela miragem em suas próprias mãos... Ele realmente acreditava que precisava vencer, lutar ou morrer.
E se Orba se perguntasse se era esse o tipo de homem que queria ser, a única resposta possível seria enfrentar o desafio de cabeça erguida e com confiança.
— Ei, você! É da guarda pessoal do príncipe?
Orba arregalou os olhos, surpreso. Oubary caminhava em sua direção. Como um comandante de um exército vitorioso, vinha com os ombros largos, acompanhado por dois soldados à esquerda e à direita, um carregando uma espada e o outro, um rifle.
— Sim — respondeu Orba de maneira seca, parando no meio do caminho.
Oubary torceu os lábios em um sorriso amargo.
— O fato de termos tomado emprestada a força de escravos-espadachins para conquistar a vitória será uma mancha na honra militar de Mephius. Eventualmente, o príncipe terá de se justificar diante de seu pai.
Ele estava prestes a se afastar, murmurando sua insatisfação, mas Orba chamou por ele.
— General.
— O quê?
Oubary virou-se, assumindo uma postura imponente, mas Orba apenas baixou o olhar, sem dizer nada. Não conseguiu proferir nenhuma palavra. Nem sequer imaginara desafiar o homem em primeiro lugar.
— Perguntei algo.
Se eu fizer isso agora...
Ele estava quase sozinho. Ao observar os homens à esquerda e à direita, não viu nada de notável neles.
Se eu fizer isso agora... talvez...
— Bastardo insolente! — disse Oubary, irritado, dando um passo à frente.
— Não. É só que ainda há inimigos por perto. Tome cuidado.
— Hmph.
Oubary deu um sorriso cínico, cuspiu no chão e virou-se de costas.
— Não se ache demais, escravo. Um cão que não obedece ao seu mestre não tem para onde ir.
Erguendo os ombros mais uma vez, seguiu na direção da fortaleza. Orba ficou ali parado, observando suas costas até que ele desaparecesse dentro da construção. Só então retomou seu caminho original.
Agora não.
Ele apertou a empunhadura da espada com força e depois relaxou os dedos. No momento, era apenas Orba, o gladiador comum, capaz de atacar apenas sob o manto da escuridão. Mesmo que conseguisse tirar a vida de Oubary naquele instante, não teria para onde voltar.
Quando arrancasse a máscara e se tornasse "Príncipe Gil", provavelmente teria alternativas melhores do que Orba, o escravo-espadachim.
O próximo a chamá-lo foi Fedom. Olhando esguiamente para os soldados ao redor, aproximou-se com um sorriso que parecia de congratulação pela vitória.
— Espero que esteja satisfeito — sussurrou venenosamente.
— O que quer dizer?
— Representar um soldado de verdade, em uma aeronave de verdade, em uma guerra de verdade... Está satisfeito? Então, basta. Não permitirei que faça mais nada.
“ Basta, já chega”, quantas vezes Fedom já lhe dissera aquelas palavras? Pensando nisso, Orba, de repente, sorriu.
— O que foi tão engraçado? Escute, você ainda não terminou seus deveres. O príncipe continuará em perigo até que o casamento com a princesa seja oficializado. Não posso deixar que vá à capital por conta própria. Terei homens armados vigiando você todos os dias.
Embora estivesse sorrindo por fora, suas ameaças eram repletas de veneno. Orba pensou que o sujeito tinha um talento especial para isso.
— Há muitas mais pessoas que conhecem o príncipe lá do que em Birac. Você precisa ser extremamente cuidadoso. Se for descoberto... eles cortarão sua cabeça sem hesitar.
Oh?
Havia algo estranho naquela frase.
Entendi... então era exatamente como eu suspeitava...
Até aquele momento, ele tinha suas dúvidas. Agora, no entanto, estava convencido.
Ninguém além de Fedom sabia que Orba estava se passando pelo príncipe. Pelo menos, ninguém no governo. Não sabia exatamente o motivo, mas era provável que Fedom quisesse manipular Mephius a seu bel-prazer. Além disso, havia várias outras coisas que Orba poderia considerar.
Contudo, não deixou transparecer sua realização repentina. Apenas assentiu com a cabeça.
Depois disso, Orba retornou à nave de comando, trocou sua armadura com Kain, o "sósia do príncipe", e subiu ao deck como príncipe.
Havia muitas pessoas reunidas, gritando o nome do príncipe, erguidas em júbilo, acenando com entusiasmo.
Lá, ele se misturou com Gowen e Shique. Todos ficaram satisfeitos em ver que os outros estavam a salvo, e ele caminhou na direção dos gladiadores.
— Ryucown tentou tomar a mão da princesa — comentou Shique pelo caminho. — Mas não foi ele quem planejou o atentado no Vale Seirin?
— Ele mesmo declarou que atacou Mephius — disse Gowen. — Mas não é difícil imaginar que delegados de outros países tenham tentado assassinar a princesa. Ainda assim, é um mistério.
— Não.
Quando Orba falou, os dois olharam para o "príncipe". Talvez estivesse se acostumando ao papel ou talvez algum talento natural estivesse começando a despertar. Toda vez que os soldados o aclamavam ao passar, sentia dentro de si um orgulho que jamais experimentara antes.
— Pensei muito nisso. Mas quem teria lucrado mais se o Príncipe Gil e a Princesa Vileena tivessem morrido naquela ocasião?
— Bem, quem?
— Isso é...
A lua branca brilhava no céu noturno.
Orba tocou a espada presa à cintura, diferente daquela que costumava carregar. Era o gládio que havia tomado de Ryucown. A lâmina reluzia como se ainda fosse nova, e nela estava gravado seu nome.
Tradução: Rudeus Greyrat
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