Rakuin no Monshou Volume 01 — O Dragão Ruge para a Estrela do Crepúsculo
— Capítulo 05
[Princesa Vileena]
Zaim era conhecida como uma fortaleza inexpugnável. Ao norte, penhascos íngremes marcavam a fronteira com Ende, enquanto ao sul se estendiam planícies abertas. Para Mephius, representava o maior obstáculo em uma eventual invasão.
Ryucown a conquistara num piscar de olhos, transformando-a em seu quartel-general. Talvez contasse com traidores internos, ou talvez os defensores jamais tivessem intenção de levantar armas contra ele, afinal Ryucown era um Garberano.
E além disso...
Provavelmente recebera apoio secreto do Principado de Ende.
Essa suspeita era compartilhada por Mephius e Garbera. Sem ajuda externa, seria impossível manter suprimentos de comida, água e munição. Para Ende, a situação era conveniente, Ryucown dividiria o território Garberano ao meio. Sua estratégia de evitar saquear vilarejos próximos também prevenira a revolta da população.
— Nosso Garbera atual perdeu de vista que o orgulho deve vir acima de tudo! — Ryucown bradou aos céus. — Mesmo carregando o estigma de traidores hoje, herdamos o verdadeiro orgulho de Garbera! Deslealdade envergonha um cavaleiro, mas não podemos obedecer cegamente a governantes insensatos. Reflitam, por qual causa derramaremos nosso sangue azul? Não temam a desonra momentânea. Abriremos os portões desta fortaleza a todos os verdadeiros cavaleiros que dedicam seus corpos à lealdade pura!
Ryucown decapitara todos os mensageiros, ignorando até conselhos de sua própria pátria. Pior, liderara um ataque surpresa com sua aeronave contra tropas enviadas para retomar a fortaleza, escapando em seguida.
Na corte de Garbera, predominava a opinião de que deveriam enviar um exército imediatamente para recuperar Zaim e preservar a dignidade real. Mas seu maior temor era a intervenção de Ende.
Embora ainda mantivessem silêncio, se o Principado publicamente admitisse aliança com Ryucown, Zaim se tornaria uma base de operações contra Garbera. E com a aliança rompida, Ende teria justificativa para agir.
Por isso, Garbera não hesitou em aceitar o pedido de Mephius:
Permitir que o exército Mephiano cruzasse suas fronteiras para atacar Zaim pelo oeste.
Uma semana após o ataque surpresa no Vale Seirin...
Enquanto os dias voavam, a situação permanecia tensa. O grupo liderado pelo príncipe Gil partira imediatamente para Idoro, cidade fortaleza na fronteira tripla, frequentemente palco de batalhas contra Garbera.
Os gladiadores do grupo de Tarkas também foram forçados a acompanhar a jornada. Desarmados e vigiados por soldados, sofriam com a incerteza sobre seu futuro. Graças à habilidade de Gowen, no entanto, obedeciam em silêncio.
A situação complicava-se com a presença da comitiva Garberana. O casamento entre Gil e Vileena permanecia inconcluso após a cerimônia interrompida, mas retornar agora seria uma humilhação para ambos.
— Irei a Idoro — anunciara Vileena à delegação de seu país, partindo com Theresia. Para Mephius, era como manter uma refém, mas a princesa já calculara esse movimento.
O exército avançava com suprimentos carregados em carroças puxadas por dragões. Cavalaria e tropas montadas em dragões menores protegiam os flancos, enquanto a família imperial e real viajava em carruagens no centro, cercada por soldados a pé.
— Suponho que esta será a primeira batalha do príncipe Gil — comentou Orba dentro da carruagem, sentado frente a Fedom.
— Mas não sou apenas um fantoche nos bastidores? Não está exagerando na proteção?
— Cale a boca — rosnou Fedom, irritado. — Você não precisa entender os métodos da família imperial para criar um bom imperador. Apenas obedeça.
— Então devo comandar quando ordenado, mandar amigos morrerem quando ordenado e matar inimigos quando ordenado?
— Seria esplêndido.
Orba ainda ardia de raiva após a discussão com Vileena.
— Pare de falar. Nunca sabemos quem pode estar ouvindo.
Fedom tinha motivos ocultos. Originalmente, as ordens eram para retornar a Birac, deixando Simon como único tutor do príncipe. Mas Simon conhecia o verdadeiro Gil — Fedom temia que desconfiasse do impostor durante a campanha.
Se o "príncipe" se destacasse aqui, nobres começariam a vê-lo como um líder unificador. Fedom poderia reunir esses apoiadores e formar um novo poder político. Afinal, esse "Gil" era seu fantoche pessoal. A ideia de governar através dele fazia seu coração acelerar como o de um adolescente.
Enquanto isso...
— Príncipe.
Simon Rodloom chamou do lado de fora da carruagem. Naturalmente, suspeitava de algo.
— O que foi? — Fedom apareceu no lugar.
Simon, veterano de batalhas, acompanhava a carruagem a cavalo com habilidade. Tentou espiar o interior — o príncipe repousava a cabeça contra a janela oposta.
— Faz dias que mal vemos seu rosto. Espero que não esteja abalado pelo ataque no Vale Seirin. Isso poderia prejudicar sua primeira campanha. Por isso—
— O príncipe está bem — Fedom sorriu. — Estávamos justamente discutindo estratégias para tomar Zaim. Mais tarde, gostaríamos de ouvir suas opiniões, Mestre Simon. Oh... Sua Alteza, a luz está forte? Perdoe-me.
Fingindo que o príncipe murmurara algo, Fedom fechou as cortinas rapidamente.
Estranho...
Simon acelerou o cavalo, coçando o queixo. A súbita intimidade de Fedom e a mudança no príncipe eram suspeitas. O Gil que conhecia jamais daria ordens precisas durante um ataque ou protegeria Vileena com tanta eficiência. Por mais que desejasse acreditar no amadurecimento do pupilo, algo não encaixava.
Há três dias não vejo o garoto...
Cinquenta metros atrás, Vileena e Theresia balançavam em outra carruagem fortemente escoltada.
A princesa permanecia em silêncio, perdida em pensamentos enquanto observava a paisagem. Theresia estudava seu perfil.
Ainda uma menina à beira da adolescência, seu rosto transbordava a melancolia de quem anseia por algo precioso. Seus cílios escuros emolduravam olhos brilhantes, o nariz delicado traçava uma linha suave, e seus lábios cor de pétala umedecidos contrastavam com a pele alabastrina.
Se um jovem camponês a visse na janela durante seu caminho para casa, ficaria eternamente marcado por aquele instante. Anos depois, mesmo casado e rodeado de netos, jamais esqueceria aquela imagem fugaz da princesa adolescente...
Theresia, emocionada com suas próprias divagações, enxugou uma lágrima furtiva.
Ah, a juventude!— Theresia — chamou Vileena.
— Sim, minha senhora?
— Quantos anos você tem?
— Bem... após os quarenta e cinco, paramos de contar. É melhor fingir que estamos eternamente nessa idade.
— Conveniente — murmurou Vileena, apoiando o queixo na mão.
— Claro, vivi muitos amores e propostas de casamento nesse meio-tempo.
— Adoraria ouvir essas histórias algum dia.
— Algum dia não! Agora! Seria útil para a princesa.
— Não foi isso que quis dizer. Pare com esses devaneios.
Vileena virou o rosto, franzindo a testa.
Theresia reprimiu um sorriso. Adorava provocá-la.
— Esse príncipe Gil é curioso, não? — disse, fingindo inocência. — Tem ares de mundo, mas às vezes fala como uma criança. Duvido que se adapte à corte Garberana.
— Apenas um tolo — respondeu Vileena secamente. — Como inimigo, é administrável. Mas preciso estudá-lo melhor. Vovô dizia que informação é crucial numa batalha.
— Batalha?
— Sim. Uma batalha para evitar mais derramamento de sangue.
Nos dias seguintes à chegada em Idoro, a situação de Orba não melhorou. Com as negociações entre Mephius e Garbera ainda em curso, pouco podia decidir por conta própria. A fortaleza de Idoro, embora menos imponente que Zaim, possuía muralhas dispostas como um labirinto que cercavam a área urbana. Enquanto perambulava pela cidade como turista, Orba era obrigado a levar um monte de acompanhantes.
Sua mente vagava entre lembranças de vagas da infância e conhecimentos superficiais de histórias heroicas. Por mais que fingisse ser o príncipe por interesse próprio — não por Mephius ou pelo herdeiro real —, sentia-se desequilibrado, como se caminhasse sobre areia movediça.
Outra preocupação surgiu quando, numa tarde, testemunhou um grupo de gladiadores sendo levado a ferros por guardas até as prisões de Idoro. Apesar de inocentados quanto ao atentado contra o príncipe, o fato de Tarkas ter sido usado no complô resultara na confiscação de seus escravos. Para piorar, o governante de Idoro era notório por sua crueldade contra cativos.
— Há rumores de que decapitarão todos os escravos para levantar a moral das tropas — sussurrou Dinn, arrepiado.
Orba não nutria amizade pelos gladiadores. Afinal, eram homens que poderiam matar uns aos outros no dia seguinte sem hesitar. Mas sua fúria voltava-se contra os nobres que brincavam com vidas alheias como se fossem peças de xadrez.
— Guarda-costas sob comando direto?
A informação chegara a Orba na manhã do terceiro dia, quando Dinn deixara escapar o detalhe durante o café da manhã. Membros da família real podiam escolher pessoalmente seus guarda-costas — um privilégio cobiçado até por filhos secundogênitos da nobreza. Aos quinze anos, o príncipe Gil recebera tal direito, mas nunca o exercera.
Naquela noite, Orba adentrou o cárcere subterrâneo da fortaleza, onde cem gladiadores apinhavam-se numa cela úmida. Entre eles, Kain já trabalhava num plano de fuga, seus dedos ágeis manipulando algo nas sombras.
— O quê?! Você está falando sério, Orba!? — Gowen quase gritou, sendo rapidamente calado por Shique.
— Completamente sério.
— Que ideia imprudente — Shique reprimiu em voz baixa, mas seu rosto o traía — Isso só vai levantar suspeitas sobre você!
— Relaxem. Pesquisei sobre o príncipe. Ele é um imbecil que ignora conselhos. Essa é exatamente o tipo de idiotice que ele faria. Quero vocês como minha guarda pessoal.
Com um único documento carimbado com a assinatura que Dinn lhe ensinara a forjar, Orba transformou os gladiadores — incluindo a tratadora de dragões Hou Ran — em guardas imperiais. Quando Fedom descobriu, sua fúria foi épica.
— Maldito! Não faça mais nada sem minha autorização! Sua vida depende do meu humor!
— O sentimento é mútuo.
— O que disse!?
Dinn agitava-se como um rato entre dois gatos, mas Orba manteve o olhar firme.
— Você me entende, não? Prometo me comportar amanhã. Agora, providencie armaduras e armas dignas da Guarda Imperial.
— Vira-lata mordendo a mão que te alimenta...
Fedom saiu quase sufocando de raiva. Sozinho, Orba permitiu-se um pensamento inédito desde que assumira a identidade do príncipe: aquela posição, apesar dos incômodos, oferecia liberdades impensáveis para um plebeu. Salvara os gladiadores — ou pelo menos adiara seu destino cruel — e testara os limites de sua coleira sob Fedom.
Melhor não abusar, ponderou. Se Fedom o visse como ameaça, perderia até esse respiro de autonomia. Talvez até a vida.
Dois dias depois, as tropas da capital chegaram. Orba, agora comandante supremo, observou da varanda do castelo o desfile: duas aeronaves de pedra de dragão, cinquenta dragoneiros, cento e cinquenta cavaleiros e quinhentos soldados de infantaria — uma força considerável para um debutante.
O povo aglomerava-se nas ruas enquanto as tropas avançavam. As naves rasgavam os céus, o tinir de armaduras ecoava, e uma floresta de lanças e rifles formava linhas perfeitas. A cena lembrava as histórias épicas de sua infância.
Com olhos brilhando como os de um menino diante de um sonho, Orba deixou-se encantar. Nenhum de seus antigos companheiros de arena o reconheceria assim — e não apenas pela ausência da máscara.
Porém, ao encontrar-se no pátio com o capitão da nave mãe — um general veterano —, toda aquela euforia evaporou. A realidade da guerra esmagara, mais uma vez, as ilusões do órfão que fora.
Tudo aquilo era inesperado demais.
Mais do que inesperado – ele demorara a perceber que esta era a cena que tanto aguardara.
Vestindo uma armadura negra simples, com os calcanhares unidos diante do "príncipe", o homem que se curvava possuía um sorriso característico que beirava a arrogância.
Aquele ar majestoso permanecia igual ao de antes. Naquela época, ele ordenara "queimem tudo" do alto de seu cavalo.
Oubary...
Com todos os nervos à flor da pele, uma onda de calor percorreu seu corpo. A garganta secou, e uma tontura o atingiu.
Ao mesmo tempo, inúmeras possibilidades futuras surgiram em sua mente. Saltar sobre o homem e estrangulá-lo com as próprias mãos, esfaqueá-lo, disparar em sua cabeça ou interrogá-lo sobre o paradeiro de Alice, sua mãe ou seu irmão – cada tentação girava em seu pensamento com igual intensidade, agitando-se, e Orba foi arremessado por toda essa força.
Mas agora... como Príncipe Gil Mephius, em vez de escolher uma abordagem tão direta sem considerar seu futuro, deveria ser possível criar outras opções. Um modo mais cruel, mais impactante e mais trágico de perseguir este homem.
Orba, ereto, mal ouviu as saudações do outro. Fedom as aceitou em seu lugar. Quando informado sobre um banquete no salão do castelo para animar as tropas, o ajudante de Oubary respondeu:
— Não seria melhor poupar as energias dos soldados? Gostaríamos de realizar imediatamente um conselho de guerra. Há também uma mensagem de Sua Majestade, o Imperador Guhl.
— Ah, sim, compreendo.
Ao lado, Oubary sorria cordialmente enquanto cumprimentava o "príncipe":
— Há muito tempo, Vossa Alteza. E finalmente, sua primeira campanha. Este indigno servo, Oubary, tem a honra de auxiliá-lo. Prometo transformar sua estreia bélica em uma vitória gloriosa.
Por um breve momento, Orba nada disse, apenas encarou os lábios roxos de Oubary que se estiravam.
— Sim... — assentiu por fim. — Deixo a seu cargo.
Oubary Bilan, 44 anos, era um general experiente que lutara inúmeras vezes contra Garbera. Comandara outrora a Fortaleza Apta, mas quando as tropas garberanas romperam suas defesas e iniciaram o cerco, ele recuara por ordens superiores. O plano era dividir o exército inimigo – sacrificar Apta inicialmente, depois cruzar a fronteira e aniquilar uma força de ataque garberana que se preparava para invadir Idoro.
Essa estratégia de isca resultou em perdas territoriais para Mephius, mas infligira danos consideráveis a Garbera.
Desde então, permanecera nas linhas de frente, e agora fora designado para acompanhar o príncipe em sua primeira campanha.
— Agora tenho que agir como babá para esse pirralho?
Oubary resmungara essas palavras quando recebera as ordens. Embora se gabasse de ser o melhor guerreiro de Mephius, na verdade sempre escolhera as batalhas mais fáceis.
Além disso, opunha-se veementemente à paz com Garbera. Não tinha coragem de desafiar abertamente o imperador, mas, para alguém que lutara desde o início dessa guerra de dez anos, a irritação por vê-la terminar de forma tão abrupta era ainda maior.
Era um rebelde às avessas.
— Deveríamos ter deixado como estava. Não, cooperar com esses rebeldes e mergulhar Garbera no caos teria sido ainda melhor. Assim, poderíamos fortalecer nosso exército e tomar a capital
de G arbera.Embora dissesse essas invencionices para famílias influentes, o incidente no Vale Seirin gradualmente mudara o pensamento de Oubary. A escala do conflito não fora grande, mas certamente definiria as relações entre os três países.
— Nem eu sou
um homem capaz de escolher o futuro sozinho.Tinha suas ambições. Após as negociações de paz, recebera uma carta pessoal do maior opositor da paz em Garbera. Seria prova de que temiam seu nome e força? Poderia se tornar ainda mais famoso se ampliasse seus horizontes.
Além disso, Oubary conhecia bem o príncipe Gil Mephius. Esta seria uma campanha gloriosa, afinal aquele príncipe não conseguiria fazer nada sozinho. Ele planejava tomar toda a autoridade.
— Ah, mas... — gracejou, bebendo vinho com seus subordinados antes de partir da capital.
— Farei parecer que tudo foi ideia do príncipe. Seria problemático criar atritos com ele.
Naquela noite, o conselho de guerra seguiu exatamente como Oubary planejara. Seu ajudante anunciou os resultados das negociações com Garbera: atacariam a fortaleza em duas frentes, Mephius pelo oeste e Garbera pelo sul.
— Há menção sobre enviarmos espiões a Ende? — perguntou Simon sobre a rota de marcha próxima à fronteira com Ende.
Se Ryucown e Ende estivessem aliados, o exército Mephiano poderia sofrer um ataque surpresa.
— Embora sejamos alvo óbvio, Ende não agirá tão facilmente. Mas mesmo que o façam, sofrerão um contra-ataque em pinça.
— Nesse caso, não podemos confiar nem na diplomacia — disse Fedom, estudando o mapa sobre a mesa. — Talvez devêssemos enviar um emissário em nome do príncipe herdeiro durante a marcha.
— Concordo — assentiu Julius, senhor de Idoro. — Podemos reforçar a linha de suprimentos com tropas daqui.
Enquanto organizavam as unidades, Oubary observou o príncipe. Desde o início do conselho, ele permanecera calado, de braços cruzados.
— Sua Alteza concorda? — Oubary forçou sua participação.
O príncipe olhou por um instante, depois desviou o olhar:
— Sim.
E continuou em silêncio. Os oficiais trocaram olhares significativos.
Continue assim, Alteza...
Oubary cruzou os braços, contendo a risada que ameaçava escapar.
Deixe tudo com Oubary. Teremos que pensar em como garantir "méritos justos para o príncipe". Será difícil vencer sem perder um único soldado.
Enquanto o "príncipe" suportava aquele olhar, Orba cravava as unhas nos próprios braços.
Exigira concentração total para não olhar para Oubary. Aquele aposento pequeno era o pior, mesmo de olhos fechados, ouvia cada murmúrio e respiração dele.
Seu coração doía de tanto bater, o sangue pulsando em cada veia. Todo seu corpo pedia ação. Braços, pernas, cada fibra muscular treinada por dois anos gritava para matar aquele bastardo agora.
Lembranças invadiam sua mente: chamas, fumaça cinza, Alice sendo levada, corpos carbonizados. E Roan, seu irmão, sempre sorridente.
Oubary abandonara Roan, que nunca deveria ter pegado em armas. E agora o sobrevivente daquela vila em chamas estava a seu alcance!
Haveria razão para piedade? Para deixá-lo viver um segundo sequer?
Mate-!
O sussurro em sua mente tornou-se um coro ensurdecedor.
Mate-o!
Você pode matá-lo agora!
AGORA!
No instante em que Orba se levantou, a discussão cessou. Todos olharam para ele.
Então, bateram na porta.
— O quê? — respondeu Orba, já de pé para sair. Temia não conseguir mais se conter.
Ao saber que a princesa Vileena aguardava no quarto ao lado, porém, foi obrigado a permanecer.
— Que negócio
s tem uma princesa Garberana num conselho de guerra? — Oubary disse com tom depreciativo. — Estaria preocupada que maltratemos seu marido? Minha imagem nunca foi boa com mulheres.Alguns riram.
— Mandem-na embora — disse Fedom.
— Não — contrapôs Simon. — Ela é nossa aliada. Não podemos ignorá-la. Sua Alteza permite?
Sem forças para recusar, Orba assentiu e sentou-se novamente.
Vileena entrou sozinha. Num ambiente masculino de guerra, sua presença causava desconforto. Mas seus traços inocentes irradiavam determinação, como naquele dia.
— Nobres de Mephius, perdoem a intromissão de uma mulher no conselho de guerra. Isso também é exceção em Garbera. Com isso, eu, Vileena Owell, carrego vergonha.
Minutos depois, apesar dos olhares desconfiados, os oficiais fingiam aceitação, elogiando seu entusiasmo.
A princesa pedia para evitar soluções militares, insistindo em negociar com Ryucown pessoalmente. Um conflito armado só traria morte e destruição a Garbera. Ryucown era um cavaleiro patriota que exagerara em seu zelo pelo país. Ela pedia a chance de trazê-lo de volta à razão.
— Claro, o crime de atentar contra o herdeiro do Trono de Mephius é gravíssimo. Estou disposta a discutir com Mephius como punir os líderes, começando por Ryucown. Entendo que este não é um problema apenas de Garbera. Portanto…
— Isso é assunto para depois da guerra — interrompeu Rogue Saian, o oficial dos dragões alados.
Embora os outros lançassem olhares reprovadores quando ele se levantou, era óbvio que todos o apoiavam em seus corações.
— Esta é nossa retaliação pelo ataque à família imperial! Desde o início ficou claro que não se trata apenas de um problema Garberano!
Como o mais experiente entre os doze generais de Mephius, até Oubary às vezes pedia sua orientação. Não se sabia se era mais velho ou mais novo que Gowen — mesmo em um conselho de guerra, vestia a pesada armadura de seus ancestrais. Transpirava o espírito de um verdadeiro guerreiro.
Diante dele, Vileena pouco sabia sobre guerra. Por mais que seu zelo juvenil ardessem, seria julgada por ser uma princesa de sua idade. Ela já preparava uma réplica imediata.
Mas os outros generais, inflamados pelo veterano, falaram primeiro:
— Garbera pode ver nosso exército marchando em suas terras como preocupante, mas não somos bandidos. Não somos ladrões que se aproveitam do caos.
— Além disso, o próprio Rei de Garbera consentiu com nosso avanço. Não devemos perturbar a organização entre países por ideias de uma única princesa.
— M-Mas — Vileena inclinou-se para frente. — Ao menos me concedam o privilégio de acompanhar esta campanha! Também não acredito que possa agir sozinha, mas é impossível ficar calada numa disputa entre meus próprios conterrâneos!
Os soldados e estadistas trocaram olhares novamente.
Ora essa — esta princesa estava se mostrando bem problemática.
— Não há motivo para ficar calada, Princesa Vileena, pois seu próprio pai pediu nossa cooperação.
— Além do mais — Oubary suavizou. — Para nosso país, a princesa ainda é importante como futura noiva do príncipe. Não podemos levá-la ao campo de batalha.
Vileena baixou a cabeça. Orba reconheceu aquela expressão em que ela mordia o lábio inferior. Alguém tão inteligente quanto ela deveria estar plenamente consciente de como sua intervenção no conselho era vista como incômoda. Mesmo assim, não conseguia ficar quieta.
Seus deveres reais...
As palavras que Vileena dissera ecoaram em sua mente. Algo inabalável — não para ele, mas para a própria Vileena — parecia estar oculto naquelas palavras. Ao mesmo tempo, para qualquer ser humano, saber que tipo de pessoa você realmente é era uma questão complexa demais. Sem saber o que fazer com esses sentimentos, Orba recordou-se daquela noite em que contemplara o céu estrelado com seu irmão Roan.
Muito bem. Suas convicções — deixe-me testá-las.
— Então pode se retirar.
— Tenha fé em seu pai e em seu futuro marido.
— Esperem! Por favor — Vileena inclinou-se ainda mais para frente.
Parecia não perceber o clima de indiferença e irritação no ar, quando:
— Deixem a princesa nos acompanhar — disse Orba.

Todos se viraram para encarar o príncipe como se tivessem sido atingidos por uma flecha. Alguns pareciam estar pasmos, questionando se deveriam ser os primeiros a falar.
— Vossa Alteza — Oubary finalmente quebrou o silêncio com uma presença dominante e um sorriso levemente repreensivo. — Se a princesa estiver ao seu lado, certamente lutará com a fúria de um leão no campo de batalha. Mas conquistar o coração da princesa é uma coisa, e as regras inflexíveis da guerra são outra. Suplico que não aja impulsivamente. Que tal escolher um local mais adequado para sua lua de mel depois?
Suas palavras arrancaram sorrisos involuntários dos estadistas mais velhos.
— Vamos designar a Princesa Vileena como nossa porta-estandarte.
Todos olharam novamente para o príncipe. Ele continuava de braços cruzados, olhando para frente como antes.
— Os soldados de Garbera devem estar tão ansiosos quanto a princesa com a batalha que se aproxima. Não acredito que seja bom que tenham dúvidas. Também há incertezas do nosso lado sobre se essa cooperação funcionará.
— ......
— Ter a Princesa Vileena como nossa porta-estandarte entre eles dará o mesmo significado para ambos os exércitos, Mephius e Garbera. O próprio Ryucown pode concordar em negociar com a princesa, mas se recusar, mostrará que não passa de um mero rebelde. Assim, também dissipará todas as dúvidas que o exército garberano possa ter sobre esta batalha se eventualmente forçarmos Ryucown a se render de forma justa.
Incluindo Vileena, ninguém foi capaz de emitir um som.
Oubary encarou fixamente o rosto do príncipe pelo canto do olho, e o príncipe lançou-lhe um breve olhar. Instantaneamente, o príncipe desviou o olhar novamente, mas Oubary ficou surpreso ao ver a hostilidade naqueles olhos. Poderia ter sido um engano. No entanto, Oubary secretamente ficou com um suor frio.
Enquanto o silêncio persistia, o som distante da festa e das flautas no salão de recepção do castelo chegou trazido pela brisa noturna.
◇◇◇
Cinco dias depois, as forças expedicionárias concluíram os preparativos e partiram da fortaleza. Uma linha de defesa se estendia a partir de Idoro, pronta para qualquer ataque surpresa de Ende enquanto cruzavam a fronteira de Garbera.
O príncipe Gil encontrava-se na ponte de comando da nave de comando Dhum. Embora Orba já tivesse visto naves subirem aos céus várias vezes, esta era sua primeira vez a bordo de uma.
A Dhum era uma enorme aeronave de pedra de dragão capaz de transportar duzentos soldados. No momento, deslizava rente ao solo, mas sua velocidade máxima atingia 90 quilômetros por hora e podia elevar-se dois quilômetros de altitude. Para uma nave deste porte, era sem dúvida uma das melhores de sua classe.
Tanto a Dhum quanto as naves de assento único, todas chamadas de naves-dragão, eram fruto da "magia". A ciência que a humanidade trouxera ao cruzar o oceano espacial já havia declinado.
Esta é a história de milhares de anos atrás, passada de geração em geração...
Buscando um novo lar, a humanidade partira da Terra em jornada espacial até chegar a este planeta. Seria natural tentar reconstruir aqui a mesma civilização tecnológica, mas os frequentes ataques dos Ryuujin – uma raça semi-humana que se dizia descendente dos deuses dragões – esgotaram rapidamente as armas e energia trazidas nas naves espaciais. Além disso, os recursos minerais deste planeta diferiam muito dos da terra, tornando quase impossível recriar a civilização do outrora planeta azul.
Foi quando, durante o quinto ataque consecutivo dos Ryuujin, surgiu um sábio chamado Zodias, posteriormente conhecido como Rei da Magia.
Zodias estudava as ruínas ancestrais espalhadas pelo planeta, tentando decifrar os segredos da civilização dos deuses dragões. Os artefatos descobertos, de função incerta, diferiam radicalmente da ciência terrestre, e ele estava convencido de que detinham algum poder.
Descobriu que uma substância vaporizada no mar sob a luz solar possuía natureza completamente diversa. Indetectável pela tecnologia terrestre, Zodias a batizou de "éter" em suas pesquisas.
O éter reagia aos artefatos causando fenômenos variados: fogo, explosões, purificação da água, repulsão ao magnetismo, variações de temperatura... Baseado nisso, Zodias recriou objetos similares e passou a dominar a "magia" para produzir os efeitos desejados.
Usando essa magia, Zodias repeliu os Ryuujin para os confins do mundo e tornou-se rei, unificando quase todas as terras do planeta. Porém, essa prosperidade e a queda subsequente da era Zodias são outra história.
As naves que flutuam e cruzam os céus neste planeta – como as naves-dragão e fragatas aéreas – não são produto da ciência, mas herança da magia criada por Zodias.
Para flutuar, usam o éter para criar força antigravitacional. Ao voar, o éter se dissipa de forma gradual. Naturalmente, quando o éter se esgota, a nave perde a capacidade de voo, e quanto maior a altitude, mais fraca se torna a força antigravitacional.
Essas naves são chamadas de "naves-dragão" porque sua estrutura é feita do chamado metal sem peso, refinado de fósseis de ossos de dragão extraídos de camadas geológicas antigas.
Atualmente, bons depósitos de fósseis de dragão são recursos valiosíssimos, especialmente com o esgotamento global do éter que levou ao declino da civilização mágica. Embora não possam ser produzidas em massa, essas naves são indispensáveis como poder militar.
Orba aparecia na ponte por algumas horas diárias antes de retirar-se para seus aposentos. Como Fedom sugerira, "não tem como cometer deslizes, se você não estiver presente", ele achou conveniente. Ter todos os olhos sobre ele apenas por ficar imóvel contrariava sua natureza, além de que estivera profundamente absorto em pensamentos nos últimos dias.
Mephius, Ende, Garbera e Ryucown.
Ele precisava entender suas forças e características. Incerto sobre seu próprio conhecimento, recorreu a Dinn, mais instruído que ele, a Gowen e Shique, que viveram em outras terras antes de se juntarem ao Grupo Tarkas.
Do ponto de vista de Garbera, não podiam ignorar a rebelião de Ryucown. Porém, sozinhos, estariam em desvantagem se Ende entrasse na guerra. Se Ende realmente tivesse laços com Ryucown, poderiam avançar sobre a capital.
Mas o maior temor de Garbera era a discórdia interna. Muitos jovens cheios de vigor haviam se unido a Ryucown, acreditando que deveriam atacar Mephius. Era possível que abandonassem a família real e formassem uma nova, usando o casamento de Vileena com Ryucown.
— Quanto a Mephius — analisou Gowen —, esperam fortalecer a aliança após derrotar Ryucown juntos. Dessa forma conseguirão se preparar contra Ende e ainda colocarão Garbera em dívida com esta campanha.
Por outro lado, se o casamento não ocorresse e Garbera se dividisse, também não seria ruim. Se a aliança se desfizesse, Mephius poderia se aproximar de Ende em busca de vantagens.
Mas havia outro risco:
— Se Ryucown obtiver a princesa Vileena, pode unificar o país com ajuda de Ende.
Muitas possibilidades se abriam, e cada movimento precisava ser calculado.
— Gowen, Iver não é originalmente de Garbera? — Orba mencionou o nome de um gladiador.
— Sim. Trabalhou como mercenário, mas dizia que não dava para encher a barriga, então virou bandido.
— Você está pensando em infiltrá-lo no lado de Ryucown? Eles são unidos, vão perceber logo.
— Não no meio de uma batalha caótica, não acha?
Orba imediatamente chamou Iver e deu suas instruções — é claro, fazendo-se passar pelo "príncipe". O único gladiador que sabia de sua verdadeira identidade era Shique.
Meio dia após cruzarem a fronteira, o exército Mephiano posicionou-se numa colina com vista para a Fortaleza Zaim, com artilharia pronta para o cerco.
As forças aliadas de Garbera posicionaram-se ao sul da fortaleza, levando três horas para organizar suas formações de batalha na planície. Mephius enviou um emissário a Ryucown, informando que a princesa Vileena estava a bordo da nave de comando e exigindo sua rendição.
O emissário voltou em menos de uma hora. Dos três enviados, apenas um teve permissão para retornar. O homem que chegou de joelhos à ponte estava com o rosto pálido.
— Resgatar a Princesa Vileena das mãos vis dos Mephianos que a mantêm refém é nossa prioridade. Embora a princesa seja bem-vinda se desejar vir até nós, jamais permitiremos que um Mephiano pise nesta fortaleza.
Junto com a mensagem do emissário, Orba recebeu um binóculo de um suboficial. Ao olhar, viu duas lanças erguidas no topo da fortaleza, exibindo cabeças recém-cortadas. Era a resposta de Ryucown.
— Ora, este homem é um rebelde contra seu senhor — não é, príncipe? — Oubary comentou, espiando por seu próprio binóculo. Ele nunca acreditara que uma "causa justa" faria Garbera cooperar com eles.
— Nossa força militar é superior — continuou. — Muito bem. Vamos atacá-los imediatamente por ambos os lados. Se perdermos tempo, Ende pode enviar reforços a Ryucown.
Pensando que a intromissão excessiva do príncipe terminara ali, Oubary deu imediatamente a ordem de avanço. Porém, Orba o interrompeu:
— Esperem.
Todos na ponte, incluindo os generais, voltaram-se para ele com olhares perplexos.
— Primeiro, vamos confirmar se o lado Garberano também está preparado.
O início da batalha ocorreu pouco antes do pôr do sol. As tropas de Garbera atacaram pelo sul, enquanto o exército de Mephius segurava as posições para fornecer cobertura. Mas pouco adiantou, pois o acampamento Mephiano estava muito distante da fortaleza.
Os dragoneiros colidiram nas planícies centrais. Pontas de lança atravessavam crânios, fazendo corpos dançarem no ar antes de caírem.
As forças de Ryucown mostravam sólida coesão. Flechas disparadas da fortaleza e rajadas de metralha dilaceravam dragões, cavalos e homens pelas planícies.
Enquanto as forças aéreas permaneciam em espera, ocasionalmente mergulhavam em ataques precisos. Além disso, soldados de Ryucown em postos avançados ao redor da fortaleza forneciam apoio com fogo de cobertura. Uma disposição impecável. As tropas de Garbera estagnaram, e suas naves aéreas também sofreram baixas, incapazes de receber apoio.
— Que diabos está fazendo Mephius!?
— Gahh, não aguentamos mais! Recuar, recuar!!
— Elevem as naves-dragão! Retirada sob cobertura dos canhões! Não avancem demais!!
Após duas horas, a maior parte do exército Garberano retirou-se para o acampamento principal, tendo testemunhado pessoalmente a robustez da fortaleza que eles mesmos construíram.
O silêncio retornou a Zaim. Tochas eram apagadas estrategicamente, mas a vigilância permanecia atenta.
Horas depois, um mensageiro de Garbera chegou à Dhum para reclamar e reafirmar estratégias. Orba deixou Fedom lidar com isso enquanto estudava mapas na ponte.
No conselho de guerra, os capitães reunidos mal ouviram o príncipe falar. Mesmo assim, ele não deu permissão final para avançar, causando irritação geral.
— Isto seria a primeira campanha do príncipe Gil? — Oubary murmurou quase para si, com um sorriso sarcástico. — Será que sua indecisão é cautela excessiva? Espero que os soldados não interpretem como covardia.
Após o conselho, Fedom confrontou Orba em seus aposentos:
— O que você está tramando? Perdeu a coragem? Não estou pedindo um ataque suicida. Deixe comigo. Se continuar agindo por conta própria, juro que cortarei sua cabeça!
Sua raiva era evidente, mas Orba sabia que Fedom pouco podia fazer contra ele no campo de batalha.
Quando Gowen questionou suas intenções, Orba respondeu:
— Não tem a ver com misericórdia. Estou numa posição onde não distingo aliados de inimigos.
— Inimigos? Está falando de Garbera?
— Eles também.
A desconfiança não se limitava a Garbera. O general Rogue Saian monitorava sinais de traição no campo Garberano. Mesmo que poucos, se mudassem de lado durante a batalha, o dano seria imenso. E se Ryucown contra-atacasse nesse momento...
— Mas você não planeja ficar sitiando eternamente, certo? — Shique ponderou. — Se Ende enviar suprimentos, isso se arrastará e o moral de Garbera despencará. Ryucown pode incendiar o país em guerras civis.
— Não, terminará com traidores atacando nosso acampamento à noite — Gowen acrescentou. — Eles irão querer a cabeça do príncipe Gil e resgatar a princesa Vileena.
Ao ouvir isso, Orba sorriu – um sorriso que teria enfurecido seus oponentes na arena.
— Está perfeito. Porque é exatamente esse momento que espero.
Gowen emitiu um grunhido. Shique pareceu questionar se era uma piada.
— Orba, você não está... Foi por isso que trouxe a princesa?
— Quem sabe.
A ambiguidade entre aliados e inimigos não se limitava a Garbera. O incidente no Vale Seirin ainda era nebuloso, e Orba – ou "príncipe Gil" – não confiava plenamente no exército Mephiano. Sem clareza sobre quem puxava as cordas, ele não podia agir.
Em vez de explicar seus planos, Orba disse:
— Esses soldados “acostumados” a lutar sem saber de nada são diferentes. Eu não tenho nervos de aço.
Esta era sua verdadeira motivação. Ele finalmente compreendera o que lhe faltara antes.
Fortaleça sua posição, conheça aliados e inimigos, colete informações. Se puder transformá-las em alicerce, até ações ousadas terão efeito. Sem isso, não passaria de um louco em missão suicida.
Seja discreto antes de lutar. Depois, seja rápido e decisivo. Não há tempo para pensar no calor da batalha. O momento para refletir é agora.
Orba manteve os olhos fixos na janela de seus aposentos, imerso em pensamentos estratégicos.
Tradução: Rudeus Greyrat
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