Hai to Gensou no Grimgar | Grimgar of Fantasy and Ash Volume 12 Capítulo 17
[Levantar Âncora]




Desde então, Roronea não sofreu mais ataques.

Momohina, Kuzaku e o resto da party retornaram quatro dias depois.

Sem dúvida, seus companheiros tinham rezado pela segurança de Haruhiro, mas provavelmente também temiam o pior.

Quando o viram, ficaram extasiados e o cercaram.

Foram muitas lágrimas.

Os olhos de Haruhiro também ficaram um pouco marejados.

A reconstrução de Roronea avançava em um ritmo impressionante.

Os últimos píeres e cais foram completamente destruídos enquanto a party estava no ninho dos dragões, mas quando Kuzaku e os outros retornaram, dois píeres temporários já estavam em condições de uso, ainda que de forma precária.

O transporte usando navios com barcaças já tinha sido retomado antes disso, e, pouco a pouco, suprimentos começaram a chegar em Roronea.

Os mortos foram pranteados, e algumas construções começaram a ser reconstruídas.

No dia seguinte ao reencontro, a party foi até o Píer temporário nº 1 e embarcou no Mantis-go, sob o comando do capitão Ginzy.

Vários outros navios tentavam partir do porto.

A maioria já tinha concluído o carregamento da carga e da tripulação, mas, mesmo assim, tanto o píer temporário nº 1 quanto o nº 2 estavam abarrotados de gente.

Gente.

Mais gente.

E ainda mais gente.

Herói de Roronea!

Montador de Dragões!

Ei, riquinho!

Gasta um pouco do que ganhou antes de ir, seu pão-duro!

Mandou bem! Tô levemente impressionado!

Haruhirooo! Nunca vou esquecer de vocês! Não voltem nunca mais!

Voltem pra se divertir um dia, seus heróis desgraçados!

Não precisa voltar, droga! Valeu, Montador de Dragões!

Homens e mulheres de todas as idades e raças gritavam o que bem entendiam, levantando os punhos e pulando sem parar.

Vendo aquela cena da borda do navio, era difícil acreditar que estavam falando dele.

Kuzaku cutucou seu ombro.

Por que não dá um tchau?

Haruhiro pensou em perguntar: Tá rindo do quê?

Mas, meio que sem escolha, acenou para a multidão.

A resposta foi um rugido ensurdecedor.

Mas, sério, como deveria se sentir sobre aquilo?

Parecia que tudo aquilo estava acontecendo com outra pessoa.

Nem mesmo tinha vergonha.

No fim das contas, você salvou todos eles. Acho que merece ser chamado de herói, não? — Setora comentou, com uma expressão séria que chegou a ser irritante.

Lá embaixo, aos pés dela, Kiichi soltou um miado.

Herói, é...? Haruhiro coçou a cabeça.

Setora murmurou: — Montador de Dragões...

E caiu na risada.

Tá rindo, é? — Haruhiro resmungou.

Ora, não é como se você tivesse realmente montado um dragão.

Bom, isso era verdade.

Haruhiro nunca montou um dragão.

No máximo, ficou grudado nele como um pedaço de lixo que tinha ficado preso sem querer.

E foi assim que acabou voando do ninho dos dragões até Roronea.

Ainda havia algumas pessoas permanecendo no mercado de Roronea, já que era perigoso onde quer que fossem, e, por coincidência, elas testemunharam Haruhiro devolvendo o ovo ao dragão. No entanto, era pouco provável que alguém tivesse visto exatamente como o dragão o havia trazido até ali. Sendo assim, a história rapidamente foi sendo enfeitada, distorcida e ampliada, até o ponto em que diziam que ele havia chegado montado nas costas do dragão, o que lhe rendeu o apelido de Montador de Dragões. Ele achava isso um pouco embaraçoso.

De um Matador de Goblins a um Montador de Dragões... — Shihoru ria baixinho.

Ei, você também não, Shihoru — ele protestou.

Desculpa. Mas acho que não tem como evitar que falem de você...

Ele é um herói, afinal, não é? — Setora parecia prestes a cair na gargalhada a qualquer momento.

Como é que eu vou ser um herói? Me dá um tempo.

Bom, pelo menos tivemos um lucro sólido. — Kuzaku deu um tapinha na bolsa surpreendentemente volumosa que trazia pendurada no ombro. — E isso é graças a você, Haruhiro. Você também é o nosso herói.

A bolsa estava cheia de moedas de platina. Cada uma valia dez moedas de ouro. Moedas de ouro já eram algo valioso, mas, a menos que alguém fosse um comerciante de grande porte ou um rico com vastos bens, dificilmente chegaria a ver moedas de platina.

Mesmo que a história sobre o ovo de dragão valer cinco mil ouro fosse um exagero, o trabalho que haviam feito valia, no mínimo, mil.

Antes de devolver o ovo, ele tentou negociar esse valor com Giancarlo, mas recebeu um sonoro “Não seja idiota!”. No entanto, depois de muita conversa, chegaram a um acordo de quinhentas moedas de ouro.

Ainda assim, quinhentas moedas de ouro eram uma fortuna absurda.

A bolsa que Kuzaku carregava, aliás, continha cem moedas de platina, cada uma pesando trinta gramas. Ou seja, mil moedas de ouro.

Giancarlo estava no Píer Temporário Nº 1, olhando para o Mantis-go com um olhar vazio. Talvez estivesse esgotado depois de tantos dias de trabalho intenso. Parecia prestes a cair no sono.

Quando o povo de Roronea falava sobre os grandes feitos de Haruhiro, sempre mencionavam que a Companhia Pirata K&K o havia recompensado com mil moedas de ouro. Esse rumor havia sido intencionalmente espalhado por Giancarlo e Jimmy, que agora estava ao lado dele, acenando com uma das mãos.

Alguns ficaram impressionados com a generosidade da Companhia Pirata K&K, enquanto outros resmungavam: “Se eles têm tanto dinheiro, deviam dar para mim”. De qualquer forma, um aventureiro qualquer—ou melhor, um soldado voluntário desconhecido—tinha ficado rico da noite para o dia. Era o que poderia se chamar de “O Sonho Roroneano”.

Giancarlo e Jimmy decidiram inflacionar o valor da recompensa para mil moedas de ouro em vez de quinhentas, apostando que teria um impacto ainda maior. Como resultado, Roronea estava em um verdadeiro frenesi.

Por ora, essa febre ajudaria a impulsionar ainda mais a reconstrução da cidade. Haruhiro se sentia incomodado por carregar o peso de uma lenda fabricada, mas... mil moedas de ouro eram mil moedas de ouro.

Convertido para prata, isso equivalia a cem mil moedas. Em cobre, dez milhões. Inacreditável.

Ainda assim, fico feliz. — Mary estreitou os olhos, olhando para o horizonte.

Ao ver o sorriso de Mary, Haruhiro conseguiu admitir para si mesmo: Sim... acho que no fim das contas, eu também estou feliz. Muita coisa tinha acontecido, mas agora podiam seguir em frente.

Ginzy, com sua costumeira pretensão, ordenou: — Içar as velas!

As velas do Mantis-go foram erguidas.

Então, ele deu o sinal para: — Suspender âncora!

A tripulação começou a erguer a âncora.

No píer, a multidão girava casacos e lenços sobre a cabeça, gritando “Yo ho, yo ho!” e fazendo um verdadeiro espetáculo.

Hã? — Haruhiro olhou ao redor.

Huh? O que foi? — Kuzaku perguntou.

Haruhiro apenas deu um aceno vago, olhando de um lado para o outro.

O que é isso? O que é isso...?

Ah... — Shihoru engoliu em seco.

Espera! — Mary se inclinou sobre a amurada do navio.

Hm? — Setora apoiou a mão no parapeito. — Oh...

Kiichi pulou sobre a amurada, miando: — Nyaoh.

O Mantis-go já estava em movimento.

Yume?! — Haruhiro se enfiou entre Mary e Setora, fixando o olhar no Píer Temporário Nº 1.

Giancarlo estava lá. Jimmy também. E então, lá estava Momohina, usando um bigode falso, de braços cruzados e com uma expressão séria.

E ao lado dela, Yume, acenando com um pedaço de pano e gritando: — Yo ho, yo ho!

Ei, nada de “yo ho”! Por quê?! Yume?! Desde quando...?

Ela estava aqui até agora... não estava? — Mary murmurou, parecendo incerta.

Que brincadeira é essa?! — Setora exclamou.

Yume abriu um sorriso radiante.

Ahh! Escuta só! Yume resolveu ficar pra ser treinada pela Momohina! Ela vai virar uma kung-fuleira de verdade!

Por quê?! — Shihoru deu um grito agudo.

Pois é. Por quê?! Isso veio do nada. Não fazia o menor sentido.

Talvez por estar tão surpresa, Shihoru parecia prestes a chorar.

Bom, sabe como é! Yume não conseguiu contar pra vocês! — Yume também estava com os olhos marejados.

O peito de Haruhiro se apertou, e ele voltou a si.

Yume nunca tinha feito muito sentido, para começo de conversa. Se tivesse que descrevê-la em uma palavra, seria “distraída”. Ela não era uma pessoa comum e previsível como Haruhiro, que sempre tentava se enturmar, captar sinais sociais, ceder quando necessário e escolher bem as palavras para ser compreendido.

Yume tinha seus próprios sentimentos, pensamentos e um jeito único de se expressar. Por isso, na verdade, Haruhiro nunca havia entendido completamente o que ela sentia ou pensava.

Ele achava que esse era simplesmente o jeito dela. Que não precisava entender de verdade. Que provavelmente ficaria tudo bem.

Sempre tinham convivido assim. Todos amavam Yume e queriam que ela continuasse sendo a mesma Yume de sempre. Mesmo sem dizer nada, Yume era Yume, e ela estaria ali com eles, como se isso fosse um fato imutável. Ele acreditava nisso sem a menor dúvida.

Mas a verdade era que Yume provavelmente tinha suas próprias preocupações, desejos e até ambições secretas. Só que ele nunca tinha parado para pensar nisso.

Desculpa, pessoal! Yume quer ficar mais forte! Faz tempo que ela vem pensando nisso, que quer ficar muito, muito mais forte! Se ficar com a Momohina-chan, parece que ela pode ajudar a Yume a ficar mais forte! A gente se encontra em Altana, daqui a meio ano! Até lá, Yume vai ficar reealmente forte!

Agora que mencionava, no primeiro dia em Roronea, Yume perguntou a Momohina se podia ficar mais forte. Ele lembrava vagamente de Momohina respondendo que talvez Yume já estivesse no caminho certo e que, com três ou quatro meses de treinamento, ela poderia se tornar uma verdadeira kung-fuleira ou algo do tipo.

Mas... ela realmente queria ficar mais forte?

Haruhiro não podia dizer que isso era besteira ou que ela não precisava ficar mais forte. Esse era o desejo de Yume, a escolha dela.

Mesmo que tivesse vindo do nada, era algo muito típico da Yume.

Meio ano...! — Haruhiro fungou, forçando um sorriso. Respirou fundo. — Vamos estar esperando! Daqui a meio ano, em Altana!

Isso aí! — Momohina deu um tapa fortíssimo nas costas de Yume. — Podem deixar comigoooo! Vou transformar Yumeyume numa verdadeira, genuína kung-fuleira! Isso mesmoooo!

Sério...? — Kuzaku caiu sentado no deque, abaixando a cabeça.

Shihoru, sem palavras, apenas acenou com a mão.

Setora e Kiichi estavam boquiabertos.

Mary passou um braço pelos ombros de Shihoru.

O Mantis-go aumentou a velocidade.

Assim nasceu uma lenda que, nos meses e anos seguintes, continuaria a ser transmitida.


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