Hai to Gensou no Grimgar | Grimgar of Fantasy and Ash Volume 12 Capítulo 14
[A Morte Não é o Fim]




Havia muitos buracos pequenos na parede rochosa que se erguia ao longo da costa.

As aves marinhas aparentemente faziam seus ninhos ali durante a primavera, na época de acasalamento, mas não havia como terem cavado aqueles buracos sozinhas.

Não havia buracos mais abaixo na parede; eles só começavam a aparecer a cerca de sete ou oito metros da superfície. Era difícil imaginar que tinham sido resultado da erosão da água do mar.

Será que o vento do mar, a chuva ou algo assim haviam escavado aqueles buracos ao longo de muitos anos? Haruhiro não sabia. Era um mistério.

O anoitecer se aproximava.

Haruhiro escalou a parede rochosa, agarrando-se próximo aos buracos.

Ao olhar para baixo, viu seus companheiros: a MMM da Companhia K&K, Momohina; o Chefe de Seção, Jimmy; o Diretor-gerente, Giancarlo; e o pirata runaruka, Tsiha. Todos observavam sua escalada. Honey Den, ainda amarrado e amordaçado, também.

Haruhiro não tinha exatamente medo de altura, mas estava bem alto, e havia rochas lá embaixo. Se errasse e caísse, se machucaria feio. Felizmente, Mary estava ali. Se não morresse na hora, ficaria bem. Só precisava ter certeza de não bater a cabeça. Sim, estava tudo bem. Sem problemas.

Alongando o pescoço, ele espiou dentro de um dos buracos, que tinha cerca de 1,2 metros de diâmetro.

O buraco tinha talvez 1,5 metro de profundidade. Ao longo dos anos, ele provavelmente testemunhara o ciclo das aves marinhas construindo seus ninhos, botando ovos e vendo seus filhotes crescerem até partirem. Havia penas e materiais de ninho espalhados ali e, no meio de tudo isso, ou melhor, deitado sobre tudo isso, um homem roncava alto.

Seus pés estavam virados para Haruhiro, impedindo que confirmasse seu rosto. Mas quantas pessoas viriam até ali, a três ou quatro quilômetros de Roronea, apenas para dormir?

Era praticamente certo. Aquele homem era Ben dos Olhos Vermelhos, também conhecido como Benjamin Fry.

De acordo com o testemunho de Honey Den, mesmo após o naufrágio do Grande Tiger-go, Ben fora perseguido pelos dragões por dias. No entanto, talvez por pura sorte diabólica, ele conseguira escapar ileso.

Ben e Honey Den estavam procurando um meio de fugir do Arquipélago Esmeralda. Mas, devido ao caos causado pelos dragões, era difícil encontrar um navio disposto a aceitar homens com reputações tão ruins quanto as deles.

Eles até cogitaram se esconder em algum navio, mas, se fossem descobertos, levariam uma surra e, pior, seriam jogados ao mar. Se isso acontecesse, as chances de sobrevivência seriam mínimas.

Desesperado, Honey Den afundou na bebida no mercado de emergência. Já Ben não desistiu. Usando aquele esconderijo como base, procurou antigos comparsas—a escória da escória entre os piratas—e, por meio de ameaças, bajulação e mentiras, tentou conseguir um lugar em algum navio.

Mas isso terminaria hoje. A questão era: como?

Segundo Honey Den, Ben havia escondido o tesouro, mas ninguém sabia onde. Era grande demais para ser escondido sob as roupas, então, se o estivesse carregando, seria dentro de uma bolsa ou algo assim.

Quando ainda estavam em Roronea, Ben sempre levava um saco consigo. No entanto, desde que se mudara para aquele esconderijo, andava sem carregar nada.

Honey Den uma vez perguntou sobre o paradeiro do tesouro, mas a resposta que recebeu foi longe de ser amigável.

O quê? Tá planejando roubar de mim?”

Quase morreu por causa disso e nunca mais ousou perguntar.

Será que o tesouro estava naquele buraco?

Pelo que dava para ver, não havia nenhuma bolsa por ali. Mas talvez Ben estivesse usando-a como travesseiro.

Antes de seguirem pela rota costeira até o ninho dos dragões, Ben e Honey Den passaram a noite ali para descansar.

Ben usou aquele buraco.

Honey Den dormiu no buraco ao lado.

Em outras palavras, Ben sabia que Honey Den conhecia seu esconderijo. Por precaução, ele provavelmente mantinha o tesouro em outro lugar completamente diferente.

Pelo raciocínio de Haruhiro, os dragões atacando Roronea estavam tentando recuperar seu tesouro. Ele queria perguntar a Ben onde estava. Mas será que o homem responderia honestamente?

Respire fundo. Mais fundo. Mais fundo.

Haruhiro estava pressionado contra a parede rochosa, sem os pés no chão. Em vez de afundar no solo, ele queria entrar na parede. Tornar-se um com ela. Essa era a imagem que ele tinha em mente.

Stealth...

Nada, hein? Sinto que deveria conseguir, mas não consigo. O que pode ser? Não parece algo completamente impossível. Tem algo errado? Não está encaixando. Provavelmente estou quase lá. Mas a diferença entre quase lá e lá é enorme.

Será que estou numa fase ruim? O que devo fazer nesses momentos? Antes eu conseguia fazer normalmente. Deveria ser capaz agora também. Não tem como eu não conseguir. É estranho que eu não consiga. Mas quanto mais penso nisso, mais entro em pânico. Preciso me acalmar. Tentar outra abordagem. Mas uma coisa é falar isso para mim mesmo, outra coisa é conseguir de fato.

Lá embaixo, seus companheiros deviam estar pensando: Huh, o que o Haruhiro tá fazendo?

Ele não podia perder tempo. Não conseguia se esgueirar suavemente, mas também não era como se não pudesse usar Stealth de jeito nenhum.

Beleza, vamos nessa.

Decidido, ele não hesitou. Haruhiro entrou no buraco quase sem fazer barulho. Ben continuava roncando.

Com a mão direita, Haruhiro sacou sua adaga. Mas, de repente, levou um chute na perna direita.

Guh...!

Foi empurrado para trás com mais chutes e quase foi jogado para fora do buraco. Instintivamente, usou a mão esquerda e as pernas para se segurar.

Ben dos Olhos Vermelhos. Esse cara... Não estava dormindo. Estava acordado. Desde quando?

Gahhhh! — Ben se levantou, tentando acertar mais um chute.

Droga! — Haruhiro rosnou, avançando com a adaga.

Ben puxou o pé de volta.

Quem diabos é você?!

Ele tateava ao redor, procurando alguma coisa. O tesouro? Não. Uma espada curva.

Ajoelhado no espaço apertado dentro do buraco, Ben jogou a bainha da espada para longe e virou a lâmina na direção de Haruhiro.

Perguntei quem é você?! Responda, seu desgraçado!

Haruhiro permaneceu em silêncio. Naquela situação, era melhor fornecer o mínimo de informações possível. Mas o espaço era apertado. Como Ben estava mais ao fundo, levava vantagem.

Haruhiro decidiu sair do buraco.

Ei, seu...! — Ben gritou.

Haruhiro não foi para muito longe, apenas circulou para o lado oposto de onde viera e ficou à espera.

Ha...! — Yume começou a chamá-lo.

Haruhiro olhou para baixo e balançou a cabeça.

Yume, apressada, cobriu a boca com as duas mãos.

Ben estava demorando para sair.

Não pense, Haruhiro disse a si mesmo. Não pense em como Ben é, ou no que ele fará quando sair. Se eu estiver pensando quando algo acontecer, minha reação será lenta. Por enquanto, só preciso lidar com ele quando ele sair. É só isso.

Por fim, Ben colocou a cabeça para fora. Olhava para o lado oposto de onde Haruhiro estava.

Nnngh! — Honey Den fez um barulho através da mordaça.

Ben percebeu e olhou para baixo.

Você...

Nnnnnngh...!

Honey Den tá tentando dizer algo pra ele? Não dá para entender, mas Ben parece chocado.

É agora.

Haruhiro saltou sobre Ben. Primeiro, cravou a adaga no ombro do homem, se enroscou nele e fez com que ambos caíssem de volta no buraco. Lá dentro, começaram a lutar.

Seu merdinha, o que pensa que tá fazendo?! Isso dói, caralho!

Onde tá o ovo?! — Haruhiro gritou.

Não tá aqui, seu idiota!

Sei que não! Em que buraco você escondeu?!

Eu não sei!

Com a adaga ainda cravada em seu ombro direito, Ben não conseguia movimentar adequadamente o braço direito. Ele soltou sua espada curva. Haruhiro queria estrangulá-lo até que desmaiasse. Se ele perdesse a consciência, o resto seria fácil.

Agora é a hora! — Haruhiro gritou. — Se falar, eu te solto!

Você acha que tá em posição de dizer isso?! Eu nem sei quem diabos você é, moleque! Não se ache tanto!

Haruhiro não achava que estava se achando. Se alguma coisa, ele estava desesperado. Esse cara... era forte. Além disso, ele fedia...

Que diabos era isso? Era horrível. Ele não só fedia. Ele exalava um cheiro insuportável. Vinha das axilas? Era impossível dizer de onde saía o fedor. Mesmo tentando não respirar pelo nariz, Haruhiro ainda sentia aquele cheiro forte. Apenas se agarrar ao cara já era insuportável. Estava deixando-o maluco.

Você fede demais! — Haruhiro gritou. — Sério!

Wahahahahahahahaha!

Droga.

Até aquele momento, Ben tentava jogá-lo para longe ou cutucar seus olhos, mas agora parecia ter decidido que seu fedor era uma arma. Ele se aproximou ainda mais.

Isso é terrível. Vou vomitar. Meu cérebro tá derretendo. Esse cara tá morto. Eu juro que vou matar ele. Ele fede demais pra continuar vivo.

Guuuuuaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhh!

Haruhiro reuniu toda a sua força e esmagou Ben contra a parede. Repetidamente, bateu a cabeça dele contra a rocha. Ben gritou e revidou. Para cima, para baixo.

Haruhiro levou um golpe no plexo solar, e doeu muito. Foi virado, imobilizado, e agora sua cabeça estava para fora do buraco.

Vai se ferrar! Vai se ferrar! Vai se ferrar! — Ben estava estrangulando-o. Com as duas mãos. Ele conseguia fechar a mão direita também, aparentemente.

Seria uma explosão de força histérica no momento de crise? Os olhos de Ben não estavam apenas avermelhados, estavam totalmente vermelhos de sangue. Ele babava e escorria ranho pelo rosto.

Que nojo... Haruhiro quis gemer. Não aguento mais. Isso é o horrível.

Aos pés da parede rochosa, seus companheiros estavam gritando. Haruhiro agarrou o cabo da adaga e a cravou no ombro de Ben.

Aghhhh!

A mão direita de Ben afrouxou. Haruhiro tentou escapar, mas Ben não deixou. Os dois estavam desesperados. Haruhiro estava à beira da asfixia, lutando pela própria vida.

No instante seguinte, ele estava caindo.

Ohhhhh?! Maldição! Ohhh! Ohhhhhhhhhhhhhhh?!

Ben tentava empurrar o corpo de Haruhiro para baixo, querendo usá-lo como almofada para se salvar.

Vou morrer dessa vez? Não, não, não. Eu sou mais jovem. É porque sou mais jovem? Haruhiro não entendia direito, mas foi isso que pensou. Ainda sou jovem. Não posso morrer.

Talvez esse pensamento tenha lhe dado forças, ou talvez não.

Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!

Ele girou no ar e deixou o resto por conta da sorte.

Ouviu um som de ossos quebrando.

Ben estava sob Haruhiro, com os olhos arregalados. Sua mandíbula estava frouxa, a boca aberta.

Haruhiro sabia que não tinha saído ileso, mas queria se afastar desse homem o mais rápido possível. Tentou se levantar, mas uma dor intensa atravessou seu corpo, e ele gritou sem querer.

Talvez eu não esteja só um pouco ferido... Talvez eu esteja realmente ferrado? Tipo, hã? Minha consciência tá sumindo...

Se Mary não tivesse corrido para lançar Sacrament, quem sabe o que teria acontecido.

Já para Ben, era tarde demais. Sua cabeça, suas costas e provavelmente seus órgãos internos sofreram danos graves. Ele morreu quase instantaneamente.

Uwahhh... — Haruhiro murmurou. — E agora...?

Ele se agachou e segurou a cabeça com as mãos. Honey Den tinha avisado que Ben era durão, mas Haruhiro o subestimou. Quem diria que o cara seria tão teimoso? Ou, mais importante ainda, que fedesse tanto.

A localização do ovo... — Shihoru murmurou.

Isso foi tudo o que Shihoru disse.

Desculpa. Tenta entender.

Todos suspiraram, franziram a testa ou olharam para o nada.

Sim, eu sei...

No meio daquele clima pesado, Kuzaku se agachou ao lado de Haruhiro.

É... — disse ele, assentindo. — Mesmo assim, ainda bem. Você quase me matou do coração por um momento ali, mas pelo menos está vivo. Isso é o mais importante. Bom, a gente dá um jeito. Sempre deu até agora.

Então Kuzaku acrescentou: — Beleza!

Ele pegou o braço de Haruhiro e se levantou, puxando-o junto.

Vamos procurar! Deve estar em um desses buracos. Tem um monte, mas nós também somos muitos. Vamos achar rapidinho.

Você é um anjo? foi o que Haruhiro quis perguntar, mas parecia que isso podia ser mal interpretado. De qualquer forma, Kuzaku era grande demais para um anjo. Ou será que tamanho não tinha nada a ver?

Haruhiro fungou.

Você é otimista demais, cara.

É graças a você e a todo mundo.

Você fala essas coisas tão fácil...

Que coisas?

Nada, esquece.

Talvez não houvesse buracos incontáveis na parede rochosa, mas havia dezenas, talvez uns cem. Além disso, não tinham nenhuma prova de que Ben dos Olhos Vermelhos tinha escondido o tesouro em um deles. Mas também não faziam ideia de onde mais poderia estar. Por ora, só restava verificar os buracos um por um.

Vamos ter que escalar isso? — protestou o Diretor-gerente Giancarlo. — Vocês só podem estar de brincadeira...

Ainda assim, ele começou a subir a parede murmurando. MMM Momohina, a mestra de kung fu e maga, parecia que poderia andar pelas paredes se quisesse, então isso não era um problema para ela. Enquanto isso, Jimmy e Tsiha decidiram ficar no chão vigiando Honey Den.

Shihoru permaneceu com Jimmy e Tsiha, enquanto Haruhiro, Kuzaku, Yume, Mary, Setora e Kiichi começaram a examinar os buracos um por um.

Mesmo com sete pessoas e um mascote na busca, obviamente ainda levaria um bom tempo, mas não era um trabalho insuportável. Parecia que Kiichi fazia o trabalho de duas ou três pessoas sozinho.

Depois de um tempo vasculhando os buracos, Shihoru avisou que os dragões estavam se aproximando.

Ao olhar para cima, Haruhiro viu que ela estava certa. Três dragões estavam circulando sobre Roronea.

Ontem, os dragões tinham descido sobre Roronea novamente e destruído algumas construções. Se encontrassem o tesouro, como se estivesse jogado por aí, será que apenas o levariam e tudo estaria resolvido? Provavelmente dependeria do humor deles.

Enquanto continuavam a busca, alguém os chamou.

Ei!

Sem dúvida, era a voz da Shihoru. Mas gritar “ei” desse jeito? Não parecia com ela. Aconteceu alguma coisa?

Haruhiro interrompeu a busca e se inclinou para fora do buraco. Shihoru apontava na direção de Roronea.

O-O-O-Os dragões...!

Hã? Os dragões...?

O que ela queria dizer?

Ao olhar para Roronea, percebeu. Um dos dragões que estavam sobrevoando a cidade agora estava vindo direto para eles.

O-O-Oh... — Haruhiro engasgou. — Isso é ruim, né? O-O que a gente faz?!

Por enquanto, caímos fora! — gritou Jimmy.

O homem deu um tapa nas costas de Tsiha e um chute na bunda de Honey Den. Então agarrou Shihoru pela manga e puxou.

Vamos! — disse ele. — Todo mundo, entrem nos buracos! Acho que nós somos os que estão em perigo aqui!

Nos buracos? Isso era seguro? Seria uma boa ideia?

Jimmy, Shihoru, Tsiha e Honey Den correram o mais rápido que puderam.

Haruhiro olhou para o dragão. Era só um, e não parecia tão rápido. Mas, mesmo sozinho, já era perigoso o bastante. E, na verdade, não era nada lento. Pelo contrário, era absurdamente rápido. Haruhiro se apressou a se aprofundar mais no buraco.

O dragão estava vindo. Haruhiro sentia sua presença, ouvia seu som. Um grito estridente ecoou pelo ambiente. O vento também soprou forte.

Seria o som das asas batendo? Talvez ele estivesse tentando pousar. Essa era a sensação que dava.

Onde está o dragão?

Já pousou?

O que ele está fazendo?

Está se movendo... acho?

Isso o incomodava. Não era exatamente curiosidade, mas sim preocupação com a segurança de Shihoru.

Se o dragão estivesse atrás dela, ele precisava salvá-la. Se conseguisse chamar sua atenção e depois se esconder no buraco, provavelmente o dragão não conseguiria entrar. Bom, alguma coisa ele tinha que tentar.

Haruhiro se colocou de quatro e enfiou a cabeça para fora.

O dragão estava lá.

Bem embaixo do buraco onde Haruhiro estava.

Ele fazia algo nas rochas.

Era enorme. Suas asas estavam recolhidas agora, mas ainda assim devia ter mais de vinte metros de comprimento.

Esmeraldas. Seu corpo parecia coberto delas. Era lindo. Inacreditavelmente belo. Difícil até de pensar nele como uma criatura viva. Mas estava se movendo. O que estava fazendo, com a cabeça abaixada daquele jeito? Parecia um cachorro farejando algo.

Haruhiro não viu Shihoru nem os outros. Será que tinham conseguido se esconder?

Ele puxou a cabeça de volta para dentro. O dragão abriu as asas.

Aquilo era assustador. Haruhiro recuou. Se afastou o máximo que pôde dentro do buraco.

O dragão alçou voo.

Não era só barulho e vento. Quando o dragão subiu, por um instante, Haruhiro o viu com seus próprios olhos. Ele havia estado quase direto abaixo dele, então passou bem ao lado do buraco em que Haruhiro estava.

Aquilo não era um wyvern. Nos wyverns, as patas dianteiras tinham evoluído para se tornarem asas, como nas aves. Já os dragões do Arquipélago Esmeralda tinham asas nas costas e patas dianteiras separadas, ainda que não fossem tão fortes quanto as traseiras. Na verdade, pareciam mais braços do que patas.

Talvez o dragão estivesse segurando alguma coisa?

Ele soltou mais um rugido ensurdecedor.

E então, logo depois disso—

Vuuush! Algo caiu em uma velocidade absurda.

Depois, veio um som seco. Ou talvez nem tenha sido isso.

O dragão tinha arremessado algo? Aquilo que estava segurando antes?

De repente, ele ficou em silêncio.

Onde estava o dragão? Tinha ido embora? Ou ainda estava por ali?

Haruhiro hesitou por um bom tempo antes de, finalmente, espiar para fora do buraco o mínimo possível, primeiro olhando para cima.

Não estava lá.

No céu sobre Roronea, sim. Quantos? Um, dois... três.

Parecia que aquele dragão já tinha voltado para o grupo.

Shihoru...?! Shihoru!

Haruhiro saiu do buraco e começou a descer a parede rochosa. Antes mesmo de chegar ao chão, Shihoru, Jimmy, Tsiha e até Honey Den correram até ele.

Os quatro tinham se escondido num ponto baixo entre as rochas, indo o mais longe que puderam. Graças a isso, estavam seguros. O que provavelmente significava que o dragão nunca esteve interessado neles desde o começo.

Momohina, Giancarlo, Kuzaku, Yume, Mary, Setora e Kiichi também saíram de seus buracos e desceram a parede.

O que foi aquilo...? — murmurou Haruhiro.

Então—Ulp. Ele cobriu a boca.

Era óbvio o que tinha sido.

Havia pedaços de carne, ossos, algo que pareciam órgãos e sangue espalhados pelas rochas.

Agora que penso nisso, fui eu quem o matou.

Esse pensamento veio tarde demais.

Se não tivesse feito aquilo, teria morrido. Não tinha tido escolha.

Será que esta seria a primeira vez que ele havia matado um ser humano? Não era uma sensação boa, mas, honestamente, ele não se sentia tão culpado assim.

Já havia tirado muitas vidas antes. Talvez isso significasse que ele já não era puro o suficiente para que, só por ser um humano dessa vez, sua consciência pesasse.

Ben dos Olhos Vermelhos.

Benjamin Fry tinha sido um verme desprezível como poucos. Ainda assim, vê-lo reduzido a um estado irreconhecível fazia Haruhiro sentir um certo senso de efemeridade, mesmo que não sentisse pena dele.

Honey Den devia estar em choque, pois ficou ali sentado, apenas olhando para o que antes tinha sido Ben dos Olhos Vermelhos.

Haruhiro balançou levemente a cabeça e soltou um suspiro.

Será que os dragões seguiram o fedor dele?

Eles queriam vingança, mas como ele já estava morto, o dragão só descontou sua frustração. É isso que você quer dizer? — Giancarlo murmurou, dando de ombros. — Bom, se agora eles estão satisfeitos, melhor para nós...

Não sei se é bem assim. — Jimmy apontou para Roronea.

Os dragões estavam descendo.

Foo? — Yume inclinou a cabeça de lado.

Nyo? — Momohina estreitou os olhos. — Aroro? Aquilo é ao norte da cidade, não é?

Ao norte, mas... — Kuzaku ficou sem palavras.

Giancarlo saiu correndo.

Vou dar uma olhada! Se o mercado de emergência for atingido agora, não vai ser nada bonito!



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