Hai to Gensou no Grimgar | Grimgar of Fantasy and Ash Volume 12
Capítulo 01
[Acabamos Caindo em um Buraco de Alguma Forma]
— ...Uwah. — Haruhiro cobriu o rosto com a mão que segurava o estilete em empunhadura reversa.
Uma espécie de enxame de pequenas criaturas voadoras vinha em sua direção. Morcegos? Não. Insetos, talvez?
À frente de Haruhiro, Kuzaku começou a se agitar, balançando a lamparina que carregava.
— Q-Q-Q-Q-Queeeee isso?! Isso não tá muito ruim, não?!
A luz balançava violentamente. O som constante das pequenas criaturas batendo contra a lamparina ecoava.
— Fwoooo, o que tá acontecendo?! — gritou Yume lá atrás.
— Vão... comer?! — perguntou Shihoru, com suas primeiras palavras abafadas, deixando margem para várias interpretações.
Imediatamente, Mary respondeu: — Não dá pra comer! — Parecia que ela tinha entendido como se fosse uma pergunta sobre se eram comestíveis.
Sem perder o ritmo, Setora questionou: — Como sabe disso?!
Mary não respondeu. Provavelmente não teve tempo. Foi assim que Haruhiro interpretou.
Kiichi, o nyaa cinzento, soltou um miado assustador.
— T-Tá tudo bem. Vai ficar tudo bem... talvez. — Haruhiro abaixou a postura, tentando tranquilizá-los, mas sua incerteza era evidente, enquanto tentava identificar as pequenas criaturas.
Parecia que eram morcegos que viviam nas profundezas daquela caverna—na verdade, não era uma caverna, mas um buraco artificial—e, com a entrada da party, ficaram assustados e saíram voando.
Mas também lembravam baratas. Seja como for, Haruhiro sentia que não eram tão perigosos assim. Depois de passar por tantas situações infernais, seu corpo geralmente reagia automaticamente diante de perigos reais.
Isso deveria estar tranquilo...
Talvez.
Por cerca de quarenta e cinco segundos, ele permaneceu parado. O enxame de pequenas criaturas pareceu se dispersar, pelo menos em grande parte. Mas não completamente. Ainda havia uma ou duas batendo as asas por ali.
— São tipo algo entre um besouro e um esquilo-voador... — murmurou Kuzaku.
Oh, entendi, pensou Haruhiro. Tudo depende de como você descreve.
Algo entre um besouro e um esquilo-voador soava melhor do que entre um morcego e uma barata. Kuzaku era do tipo que via o lado bom das coisas, o oposto de Haruhiro. Mas isso era questão de personalidade, e mesmo que Haruhiro quisesse mudar, não conseguiria.
— Parece que está tudo bem agora, então vamos seguir em frente — disse Haruhiro.
— Parece bom — concordou Kuzaku.
— Ah! — exclamou Yume. — Um desses bichos grudou nas costas da Shihoru.
— Kyaa...?! V-Você tá brincando! T-T-T-Tira isso, por favor...
— Não faça drama por algo tão pequeno — ralhou Setora, arrancando a criaturinha das costas de Shihoru, jogando-a no chão e pisando nela. — Pronto.
Ao ver isso, Yume soltou um pequeno grito de “Unyooo!” e cobriu o rosto com as mãos.
— Não precisava pisar nele, né? Podia ter deixado ele ir...
— Tem um na sua perna também, caçadora.
— Aaaaaah! Miaaau, tira isso! Ahhh!
— ...Você acabou de esmagá-lo com força agora mesmo — comentou Setora secamente. — Não ia deixá-lo ir?
— Murrrgh. Ah, aquele bicho tava prestes a morder a Yume, sabe?
— Eles sugam sangue, então cuidado — disse Mary de repente. — Não muito, acho. Mas se forem portadores de doenças, não posso garantir que não vamos pegar nada.
Todos ficaram em silêncio.
É. Quem não ficaria?
Aquela informação parecia importante para Haruhiro, e ele sentiu que talvez fosse bom se ela tivesse mencionado isso antes. Contudo, dizer isso exigiria questionar por que Mary sabia, e ele não tinha coragem de fazer isso.
Às vezes, situações assim aconteciam. E, como resultado, ele acabava se sentindo desconfortável, desejando que houvesse alguém como aquele idiota que dizia as coisas difíceis sem rodeios.
— Vamos continuar? — perguntou Setora, uma das menos sutis da party.
Isso o salvou. Haruhiro e os outros seguiram em frente.
O buraco tinha cerca de dois metros de largura e pouco mais de dois metros de altura. Kuzaku, sendo tão alto como era, precisou se inclinar um pouco. A entrada do buraco, por outro lado, era bem mais estreita e baixa. Tanto as paredes quanto o chão estavam cobertos de musgo ou líquens, com plantas misteriosas parecidas com cogumelos ou samambaias crescendo aqui e ali, além de algo que parecia ser fezes de algum tipo de animal espalhadas pelo chão. Ainda assim, o caminho era relativamente plano.
O túnel não era reto. Descia, fazia curvas e seguia em um padrão sinuoso.
— Tem algo aqui. — Kuzaku parou e bateu a mão na parede direita.
Ele aproximou a lamparina, iluminando a área. Parecia haver algo que se assemelhava a uma porta.
Haruhiro se aproximou para investigar. Era, de fato, uma porta. Não era feita de madeira, nem de metal, mas de pedra. Até mesmo as maçanetas e a fechadura eram de pedra.
Haruhiro era um ladrão, mesmo que não um muito habilidoso. Ainda assim, ele conseguia perceber que essa era uma porta incomum. Não era nem um pouco chamativa, mas sua superfície era lisa e claramente construída com muito cuidado.
— Uau, os anões são incríveis... — Haruhiro pegou suas ferramentas de arrombamento e começou a trabalhar.
Com cuidado, ele explorou o interior da fechadura para entender seu mecanismo. Se tentasse destrancá-la, havia uma possibilidade de acionar uma armadilha, então precisava ser cauteloso. Contudo, se a fechadura fosse de metal, talvez tivesse enferrujado tanto que seria impossível de abrir.
Levou algum tempo, mas ele conseguiu destrancar.
— Não está mais trancada, mas abrir ainda vai ser um problema — disse ele. — É feita de pedra e bem pesada, afinal.
— Eu faço isso. Haruhiro, se afasta. — Kuzaku se posicionou para forçar a abertura da porta.
Setora resmungou algo como: — Idiota que só tem força...
— Eu fui feito pra isso. É meu ponto forte — disse Kuzaku com um sorriso.
Do outro lado da porta havia uma sala de cerca de quatro metros quadrados. Havia prateleiras instaladas nas paredes e duas grandes caixas nos cantos. Assim como a porta, as caixas também eram de pedra.
Os equipamentos deixados nas prateleiras estavam completamente enferrujados e não serviriam para nada em seu estado atual.
A verdadeira questão eram as caixas. Tinham quase um metro de altura e largura, com cerca de oitenta centímetros de profundidade. Haruhiro as inspecionou de perto.
— Não vejo nenhum tipo de fechadura, nem armadilhas que seriam ativadas ao abrir... Acho. Mas, honestamente, não posso garantir. Além disso, eu provavelmente não consigo levantar as tampas sozinho. Tenho certeza de que um anão conseguiria sem problemas.
— Parece que é minha deixa. — Kuzaku passou a lamparina para Yume e colocou as mãos sobre a tampa.
Haruhiro apressou-se em detê-lo. — Não, espera, tô dizendo que não sei se é seguro ou não.
— Não parece ter armadilha, certo? Pelo que você vê.
— Só pelo que eu vejo. Mas mesmo que não tenha armadilha, pode haver algo estranho dentro.
— E o que o seu instinto diz, Haruhiro?
— Hmm. Não sei se meu instinto é confiável nesse caso...
— Eu confio nele. Se você acha que dá pra abrir, eu vou abrir. Se você disser pra parar, eu paro. Ah, e se algo ruim acontecer, eu não vou me arrepender, beleza?
Yume assentiu. — Isso é amor, com certeza — disse, embora fosse uma total bobagem.
Isso fez Shihoru soltar uma risada, engasgar e se atrapalhar, enquanto Mary pigarreava alto por algum motivo.
— Amor? — Setora inclinou a cabeça. O nyaa cinza, Kiichi, esfregava o rosto afetuosamente nos pés dela. — Paladino, você é o que chamam de homossexual?
— Não, eu gosto do Haruhiro, mas não desse jeito. Sei lá. Basicamente, eu confio nele.
— Estou impressionada que você consiga dizer isso tão descaradamente.
— Hã? Isso é constrangedor? Ohhh. Talvez? Acho que estou começando a me sentir meio envergonhado agora. Mas é como eu realmente me sinto. Não quero mentir, sabe, e geralmente não minto. Enfim, chega disso.
Haruhiro começou a ficar envergonhado também, então desejou que Kuzaku parasse com aquilo.
Quando Kuzaku disse: — Ah, droga, isso é realmente constrangedor. Tanto faz. Vou abrir! — e empurrou a tampa de pedra, Haruhiro desejou ainda mais que ele tivesse parado.
— Ah! Kuzaku, espe-
— Opa! Foi mal, Haruhiro, mas parece que nada aconteceu?
Dentro da caixa havia várias espadas curtas, um escudo, um elmo e alguns acessórios. Pareciam praticamente novos. Pela aparência, eram de boa qualidade também. Os anões certamente haviam colocado suas almas na criação daqueles itens.
Kuzaku parecia ser capaz de usar o escudo e o elmo. As espadas incluíam uma faca larga e pesada, uma espada curta, duas adagas comuns e uma adaga estranha com uma lâmina ondulada, semelhante a uma chama. As mulheres podiam usar os acessórios, se quisessem, e o restante poderia ser vendido. A questão de onde vender e quem compraria podia ser deixada para depois. Pensar nisso só tornaria as coisas mais difíceis.
Setora pegou a espada curta e uma adaga comum, enquanto Haruhiro ficou com a outra e a adaga estranha com a lâmina em forma de chama.
NT: A adaga estranha deve ser algo assim:
Na verdade, o estilete que ele estava tão acostumado a segurar com a mão direita dominante, assim como a faca com guarda de mão que usava na esquerda, estavam tão danificados que afiá-los não seria suficiente. Apesar de ser uma pena, ele decidiu se desfazer deles para manter as coisas leves.
Por conveniência, ele chamou a adaga com a lâmina em forma de chama de “adaga flamejante”. Kuzaku poderia carregar a faca larga e pesada como arma reserva.
Além disso, havia pontas de lanças e cabeças de machado dentro da caixa. Se colocassem cabos nelas, poderiam ser usadas como lanças ou machados, mas eram volumosas demais, então teriam que deixá-las para trás.
— Foi uma grande achada — disse Yume, sorrindo.
— Acho que você quis dizer “achado” — corrigiu Haruhiro
Enquanto se sentia obrigado a corrigir o jeito de Yume falar, ele viu, pelo canto do olho, Kuzaku prestes a abrir a segunda caixa.
— Whuh... — Ele ficou sem palavras.
— Huh? — Kuzaku abriu a tampa e então olhou para Haruhiro. — Algum problema? Oh...
— Escuta, não abra assim só porque parece ser o que deve fazer...
— Tem algo... — Mary olhou para o teto.
Ruído.
Um som grave.
— Saíam daqui, rápido! — gritou Haruhiro.
Yume praticamente arrastou Shihoru enquanto disparava para fora da sala. Mary, Setora e Kiichi seguiram. Haruhiro deu um tapa nas costas de Kuzaku.
— Vamos, rápido!
— Haruhiro, eu vou ficar bem! Vai na frente!
— Escuta, não precisamos nos revezar! Anda logo, não temos tempo para... Oh, droga!
O som ficou mais alto. Todo o cômodo tremia. O teto. O teto estava desabando. Esse era o tipo de armadilha?
— Wahhhhhh!
Haruhiro e Kuzaku rolaram para fora da sala ao mesmo tempo. Imediatamente depois, o cômodo desabou de vez.
— Essa foi por pouco! Quase fomos esmagados! — exclamou Kuzaku.
— Kuzaku, foi porque você abriu aquela caixa sem pensar. Isso aconteceu porque você não foi cauteloso...
— Ei, ei, Haru-kun, ainda tá meio estranho, tipo, tá tremendo, tremendo, tremendo.
— Hein?! Tá tremendo, tremendo, tremendo...? — Haruhiro acabou falando como Yume, sem querer.
— Vindo mais de dentro...? — Mary franziu a testa.
Era isso. Essa caverna, não, essa mina dos anões, esse buraco de anões, que parecia um túnel natural reformado pelos anões para atender às suas necessidades, ia ainda mais fundo. Provavelmente havia outros cômodos além do que acabaram de deixar, e talvez mais tesouros estivessem escondidos lá dentro. No entanto, como Yume disse, havia um som ominoso vindo das profundezas. Definitivamente, algo estava vindo. Algo grande, talvez?
— Corram! — gritou Haruhiro.
Era de partir o coração, mas teriam que desistir do tesouro.
Haruhiro mandou seus companheiros seguirem em frente enquanto ficava para trás.
Kuzaku estava gritando seu nome ou algo assim, mas ele apenas pensou: Tudo bem, vai logo. Não é hora de se preocupar com os outros. Corram o mais rápido que puderem. Sim, vem de lá de dentro. Tá vindo das profundezas. Parece, sei lá, uma massa de pedra? Como se uma bola gigante de pedra fosse rolar? Tenho a sensação de que já vi isso em algum lugar, ou talvez não, mas tanto faz. Se não corrermos, isso vai nos esmagar.
Naturalmente, Haruhiro também correu, ficando por último.
Quão perto estava a bola de pedra? Será que era mesmo uma bola de pedra? Ou seria outra coisa? Talvez?
Mesmo se ele olhasse para trás, estava tudo tão escuro que não conseguia enxergar nada.
Parecia que o som estava se aproximando. Sim, isso o faria sentir-se apressado. Se dissesse o contrário, estaria mentindo.
Apesar disso, Haruhiro ainda mantinha um pouco de sua calma. Mas não podia correr mais rápido. Afinal, Shihoru estava à sua frente. Ele não podia simplesmente ultrapassá-la.
O que ele faria agora?
Era um dilema.
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