Hai to Gensou no Grimgar | Grimgar of Fantasy and Ash Volume 08
[Histórias Extras]
Olhando Para Trás, Já Faz Um Tempo
— Ouvi dizer que Manato bateu as botas — disse Renji, estendendo uma moeda de ouro. — Dinheiro de condolências. Aceite.
Haruhiro empurrou a moeda de volta.
Ele não consegue aceitar, né? Bem, ele deveria simplesmente aceitar, não é algo que Renji pensaria. Se Haruhiro disse que não precisava, então que fosse.
Quando Renji voltou para onde estavam seus companheiros, Ron tinha uma expressão perplexa no rosto, e Sassa e Chibi também não disseram uma palavra. Apenas Adachi falou.
— Espera aí, Renji.
— O que foi?
— Já ouviu falar em senso de dinheiro? — Adachi estava obviamente de mau humor. — Sabe o que uma moeda de ouro, um ouro, pode fazer?
— ...Claro que sei.
— Sabe? Mesmo?
— Adachi, você andou bebendo? — perguntou Renji.
— Isso não tem nada a ver, tem? Se eu bebi ou não. É relevante de alguma forma? Acho que não. Estou falando de senso de dinheiro aqui. Entendeu? Aquilo era uma moeda de ouro, tá? Não uma de prata, uma de ouro. Não que eu gostaria que desperdiçasse uma de prata também. Isso é óbvio.
— Ah! — Ron ergueu um copo vazio. — Ei, Adachi! Eu pedi essa bebida. Por que você a tomou?!
— Hein? — Adachi olhou para Ron com um risinho. — Quem você acha que administra o dinheiro de todos? Eu, certo? Quando bebemos num lugar assim, sou eu quem paga a conta toda. Em outras palavras, mesmo se você pedir uma bebida, é como se eu tivesse pedido, não é?
— Isso não tem nada a ver!
— Tem sim. Pra começar, se você disse que era sua, deveria ter bebido logo. Você não fez isso, então eu bebi por você. É simples assim.
— Não, agora há pouco, o Renji foi lá, e algumas coisas aconteceram, então...
— Isso não é problema meu. Não tenho tempo pra idiotas.
— N-Não me chame de idiota. Você está machucando meus sentimentos!
— Pra alguém com a sua cara, você é muito ingênuo. Não combina com você. Na verdade, é meio assustador.
— ...S-Seu desgraçado... Quando você bebe, sua língua fica ainda mais afiada do que o normal...
— Se não quer que eu fale de você, então é melhor ficar quieto — Adachi zombou. — Eu não dou a mínima pra você, Ron. Renji, ainda não terminamos de falar sobre seu senso de dinheiro.
— ...Já falamos o bastante. Eles não aceitaram.
— E se tivessem aceitado? — exigiu Adachi.
— O dinheiro era meu, para começo de conversa.
— Você tem dinheiro porque eu o administro e distribuo para cada um de vocês em um cronograma planejado. Agora, escute aqui. Dinheiro não gasto não desaparece. Isso parece senso comum? Bem, há um bom número de idiotas por aí que não entendem esse fato óbvio. Na verdade, há muitos. Como você, por exemplo. Uma moeda de ouro? Não me venha com essa, Renji. Falar de dinheiro de condolências. Talvez quisesse se exibir, mas se gastar dinheiro assim, em vão, ele vai sumir num piscar de olhos.
— Eu não estava tentando me exibir — disse Renji.
— Oh, entendo. Bom, vamos supor que isso seja verdade. Ei, Ron, peça outra bebida. Pode pedir pra você também. Não tem jeito com vocês.
— ...D-Desculpa, cara—espera aí! Eu não sou seu entregador!
— Hein? Quer dizer alguma coisa? — retrucou Adachi.
— Não... E-Entendi, mais bebidas, certo.
— Renji.
— ...O que foi?
— Você acabou de suspirar? — Adachi questionou. — Suspirou, não foi? O que isso queria dizer? Pode me dar uma explicação?
— Você é um bêbado chato... — murmurou Renji.
— Oh, o que é isso? Quando as coisas ficam ruins pra você, começa a tratar os outros como bêbados e foge agora? Bom, eu não ligo. Não eu. Mas é patético, sabia, agir assim.
Renji quase suspirou de novo, mas segurou-se. Parecia que não deveriam deixar Adachi beber com muita frequência.
Assim como eles, nós também temos nossos próprios problemas. Mas você deve ter tido um caminho mais difícil, Manato, pensou Renji.
Descanse em paz...
Miss Grimgar
Mimori estava deprimida. Ou melhor, exausta. Na verdade, ela não conseguia dizer se estava viva ou morta. Provavelmente, até tinha encolhido. Era assim que ela se sentia.
— Ohhh... Miiiimoriiiin. Ainda não está bem, né? Miiiimoriiiin... — Anna-san acariciava sua cabeça. Mimori estava sentada na cama. Anna-san estava ajoelhada ao seu lado, abraçando-a. Era gentil da parte dela.
Mimori não sabia quanto tempo estava daquele jeito. Quando Anna-san tinha chegado? Não sabia. Não lembrava. Enquanto Anna-san se apoiava nela, as lágrimas começaram a rolar pelos olhos de Mimori.
— Vai ficar tudo bem, yeah? Pode chorar o quanto quiser. Chora aqui no peito da Anna-san até se sentir melhor. Tá tudo bem chorar. Pronto, pronto, pronto...
— ...Haruhiro! — Mimori soluçou.
Ao chamar seu nome, as lágrimas aumentaram. Eles ainda não sabiam se Haruhiro estava seguro ou não, mas ninguém conseguia encontrar um caminho de volta para o Reino do Crepúsculo desde que a entrada havia sido destruída.
Tada tinha dito para ela “Desistir logo”. Isso a fez explodir, e provavelmente Mimori tinha se descontrolado. Tokimune e Kikkawa precisaram segurar seus braços para trás, e quando voltou a si, tanto Tada quanto ela mesma estavam cobertos de sangue.
Não importava o que dissessem para ela, não podia desistir. De jeito nenhum. Mas, então, o que deveria fazer?
Mimori tentou, de alguma forma, conter as lágrimas. Levou um bom tempo até que parassem.
— Anna-san — murmurou.
— O que foi, Mimorin?
— O que eu devo fazer?
— Mimorin, frankly... Pra te falar a verdade, Anna-san também não sabe... Mas, yeah...
— Mm-hm.
— Miiiimoriiiin...
Anna-san afastou Mimori um pouco e olhou diretamente em seus olhos.
— Miiiimoriiiin...
— O quê?
— Você perdeu muito peso...
— Estou mais magra agora.
— ...Beautiful.
— Burifo?
— Não sei dizer direito... Como?
— Como?
— Você é su... super linda agora, Mimorin.
Mimori tocou seu próprio rosto e deu leves batidas nos ombros e no peito. Não comia algo que pudesse ser chamado de refeição há um bom tempo, então tinha perdido muito do peso.
— Meu peito ficou menor.
— Mas ainda tem bastante, yeah? Ainda tá aí, tá bom?
— “Bastante”...
Mimori cobriu o rosto. Começou a chorar de novo.
— Quero comer uma torta de carne.
— Por que você diz isso?!
— Quero comer tortas de carne com o Haruhiro!
— Anna-san não vê relação! Espera! Do jeito que Mimori tá agora, você pode virar a Miss Grimgar! Fácil! Esquece esse bobão! Existem muitos caras melhores por aí!
— Não quero eles! Eu quero o Haruhiro!
— Mimori tem problemas, yeah...
Anna-san abraçou Mimori novamente. Elas não poderiam continuar assim para sempre. Mimori sabia disso também. Mas ela ainda não estava pronta para se reerguer. Não podia desistir.
— Quero te ver. Haruhiro, quero te verrrr...
As lágrimas eram intermináveis. Quantos dias, quantos meses, quantos anos seriam até que secassem?
Mimori não fazia ideia.
Para Ser Quem Eu Sou
Kuzuoka.
As pessoas o chamavam de lixo.
— ...É exatamente o que eu sou.
Ele fazia papel de bobo e zombava de si mesmo sempre que podia. Aquela apresentação de comédia solo era fácil para ele.
Por acaso, ele estava sozinho agora. Tinha acabado sozinho no Buraco das Maravilhas, de todos os lugares. Estava sentado no chão, com dois corpos estirados à sua frente. Um dia, eles poderiam se mexer sob a maldição do No-Life King, mas agora não davam nenhum sinal de movimento, e um cadáver era apenas um cadáver. No entanto, considerando que ele havia entrado no Buraco das Maravilhas com um grupo de seis pessoas, e agora havia dois corpos e ele sozinho, isso significava que três pessoas estavam desaparecidas na equação.
— Droga. Me deixaram para trás.
Kuzuoka segurava seu braço direito com a mão esquerda. Seu braço estava sangrando. Estava sozinho, com cadáveres silenciosos como única companhia, e o braço dominante ferido. Estava numa enrascada.
— Nah, é hora de mudar a perspectiva.
De fato, os outros três, aqueles que não eram cadáveres, haviam deixado Kuzuoka para trás, mas a verdade é que eles tinham fugido sendo perseguidos por aquele monstro assustador, barulhento e com uma aparência meio perigosa que tinham encontrado pela primeira vez. Antes disso, o monstro assustador e barulhento tinha deixado esses dois corpos, e, com um único movimento de suas onze caudas semelhantes a chicotes, feriu o braço dominante de Kuzuoka. Ele percebeu que as coisas estavam ruins, então juntou-se aos cadáveres e fingiu estar morto.
Sim, foi isso. Foi por isso que os outros três fugiram, provavelmente achando que ele estava morto. Que idiotas.
— ...Bem, isso não é nada de novo. Eu sou o vencedor aqui, né?
Entretanto, não havia sinal de criaturas vivas nas redondezas, então parecia hora de dar o fora dali. Kuzuoka revistou os cadáveres, guardando qualquer coisa de valor em sua mochila.
— Heh heh heh, nada aqui serve para homens mortos. Desculpa aí. Nah, nem preciso que me perdoem. Querendo ou não, não faz diferença. Vocês estão mortos, afinal. Ahh, mas ainda assim, droga, meu braço dói. Por causa de vocês terem morrido tão rápido, eu também me ferrei. Que problema vocês me deram. Inúteis, completamente inúteis. Gente como vocês merece acabar morta. Bem, aposto que os outros três também já estão mortos por aí. E eu sou o único sobrevivente. Caramba, sou demais. Mweheheh...
Ele fazia questão de pisar nos corpos de seus antigos companheiros. Fazendo isso, conseguia se despedir deles da maneira mais verdadeira. Era como ele aceitava a situação. Pensava nisso como um ritual. Além disso, era uma sensação muito boa.
— Eu estou vivo, e vocês estão mortos. É assim que sabemos que sou melhor que vocês. Entenderam? Não, aposto que não. Quero dizer, vocês estão mortos.
O que fazer a partir de agora não era problema algum. Se estava sozinho, ele conseguia se virar. Kuzuoka estava confiante. Sozinho, ele conseguia sair de qualquer situação difícil.
No entanto, trabalhar sozinho era ineficiente para ganhar dinheiro, então ele recrutaria um bando de idiotas para preencher o número necessário. Dito isso, embora ele amasse dinheiro, era apenas sua segunda prioridade. A coisa mais importante para ele era sua própria vida. Viver. Sobreviver. Não importava o que acontecesse, ele continuaria vivendo. Mesmo que precisasse usar todos os outros como peões sacrificiais, ele continuaria vivo.
Kuzuoka entendia. Ele não era como Soma. Eles tinham chegado a Grimgar no mesmo dia. Eram contemporâneos, por assim dizer, e tinham mais ou menos a mesma idade, mas aquele cara era completamente diferente desde o começo. Apesar de ser meio tapado, aquele cara conseguia fazer qualquer coisa que tentasse. E o pior de tudo, ele era tão denso que piadinhas e sarcasmos não chegavam a ele. Mas, só porque faziam parte do mesmo grupo inicial, ele dizia coisas como: Somos companheiros, então vamos nos esforçar juntos, como se fosse nada. Que nojo. Ele era ridículo daquele jeito, mas as garotas gostavam dele.
Droga, que cara legal. Tá, tá, tanto faz. Souma, você é incrível. O melhor. Morre. Não importa como, morra logo.
Mas, mesmo amaldiçoando o cara assim, caras como ele simplesmente não morrem. Além disso, ele não ficava só nas áreas seguras, sempre se aprofundando em lugares arriscados, mas sempre voltava vivo. Ele realizava todo tipo de coisa.
Kuzuoka não era como Soma. Ele não podia ser como Soma. Ele precisava fazer sacrifícios para viver. Não podia se sacrificar. Se fizesse isso, morreria. Era por isso que sacrificaria qualquer um para garantir que continuaria vivo. Ele não pensaria: Desculpe, me perdoem. Ele matava seres vivos para comer. Era exatamente a mesma coisa. Não importava o que custasse, ele iria sobreviver.
Kuzuoka levou três dias para escapar do Buraco das Maravilhas com suas próprias forças e voltou para o Posto Avançado do Campo Solitário. Se ele fizesse os sacrifícios necessários assim, até Kuzuoka poderia alcançar suas metas. Ele poderia continuar vivendo. Ele foi para a rua dos fundos, pretendendo beber, quando viu os três comendo em uma barraca.
Kuzuoka foi virar e voltar, mas parou. Quando ele se aproximou dos três, chamando: Ei, os olhos deles se arregalaram.
Kuzuoka sorriu. Aqueles caras também pensavam que Kuzuoka estava morto. Eles até pareciam sentir culpa por deixá-lo.
Útil. Ele ainda poderia tirar mais proveito deles. Para que Kuzuoka pudesse viver à maneira de Kuzuoka. Para que ele pudesse sobreviver.
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