Digimon Tamers 00 Zero Zero Capítulo 03
[A Reunião dos Domadores
Lendários_]
A reunião ainda continuou, com Ruki reflexiva.
A jovem ficou até mais aberta a interações sociais desde que sua amiga digimon tinha retornado ao digimundo, mas ela não queria demonstrar seus sentimentos na frente dos dois.
Ela se levantou, dizendo:
— Foi uma boa reunião. Bem, estou indo nessa.
— Ué, já vai? — perguntou Takato.
— Tenho coisas a fazer lá em casa antes de ir dormir. Foi bom ver vocês de novo... Até outro dia.
Repentinamente, Ruki optou por ir embora, deixando os dois na lanchonete.
Mas não sem antes Lee a olhar se retirando, tentando entender o porquê de sua saída.
Ele sabia dos reais sentimentos da garota.
— “Ela sempre tentou esconder esse lado mais emotivo dela… — pensava Lee. — Mas não a culpo. Cada um de nós precisa lidar de alguma forma.”
Mesmo com a repentina saída de Ruki, a conversa entre os dois prosseguiu por mais alguns minutos.
それについては (Enquanto isso)...
Não muito longe dali, Ruki caminhava sozinha, adentrando pelo parque onde se reuniam, já que poderia tomar uma condução até sua casa.
E, durante seu trajeto tranquilo, ela percebeu algo estranho, como se um vulto estivesse entre a vegetação do lugar.
Seu ceticismo, característico dela, a fez perguntar:
— Quem está aí? Apareça!
Sua descrença pelo improvável por alguns minutos deu licença ao possível, ainda que sempre buscasse a confirmação.
Ela observou mais internamente, para ter mesmo certeza, rumando para entre a mata mais densa do espaço verde.
O lugar estava muito escuro e o movimento da folhagem, ao entendimento dela, poderia estar lhe pregando uma peça.
Mas, assim que voltaria a caminhar, notou novamente o tal vulto, que passou a se movimentar.
Ruki, sem pensar e totalmente imerso na curiosidade, tornou a correr em sua direção.
Isso durou por alguns metros, até chegar a uma clareira no meio do parque, comumente achado na praça por todos, principalmente crianças.
Ruki, decidida, gritou:
— RENAMON! — seu grito ecoou pela área, quase como um extensor de sua vontade.
Todavia, da folhagem surgiram gatos, que andavam juntos, emulando um vulto maior, enganando a intuição que Ruki tivera.
E ela, sorridente, ficou aliviada, ainda que frustrada.
— A quem eu quero enganar? O Takato não é o único com saudades… — seu sorriso se manteve, dando lugar, aos poucos, por um semblante mais sério.
Voltando suas atenções para o caminho de volta para casa, ela falou consigo mesma durante a trilha.
— Sinto sua falta, Renamon... É difícil admitir isso na frente deles, mas de você era diferente. Queria que estivesse aqui, minha amiga.
Foi assim que ela conseguiu expressar sua saudade.
Não abertamente, foi desta forma que encontrou forças para seguir em frente.
Ruki continuou seu caminho até o centro.
Mas, como vimos, com o mesmo sentimento dos demais domadores.
数分後 (minutos depois)...
新宿市内中心部 (Centro da Cidade de Shinjuku)
時間: 08:00 PM
Terminada a reunião, Takato e Lee foram juntos para o centro da cidade.
Por lá iriam pegar o ônibus para que cada um pudesse ir para casa.
Mas, durante a espera na rodoviária, eles conversavam um pouco mais.
— Então, você está indo bem no colégio. Que bom, Lee.
— Valeu, Takato. E você também parece que está indo bem.
— Faço o meu melhor., hehe.
— Bom saber.
A conversa breve pareceu uma forma de Takato criar coragem e transformar em vontade o desejo de insistir na mesma conversa de antes.
— Ah, Lee... Posso te fazer uma pergunta?
— Claro. O que é, Takato?
— Você iria querer, caso fosse possível, rever o Terriermon novamente?
— Takato, já conversamos sobre isso — o rapaz se irritou um pouco, mas se controlou. Todavia, ele virou seu rosto.
— Eu sei, mas... — Takato indagou, mas sendo mais cuidadoso. — É que eu queria ouvir de você só uma suposição. Sabe, eu não tenho dúvidas de que você sente saudades.
Lee ficou um tempo calado, olhando para o fundo do lugar, mas não se ateve. Respondeu mesmo assim.
Contudo, a fuga do seu rosto para o lado não foi um movimento impensado.
— É lógico que eu iria querer, Takato... – disse, com lágrimas nos olhos.
— Ah, Lee… — o rapaz pegou um lenço de dentro de sua mochila, entregando ao amigo. — Aqui, toma.
Enquanto enxugava seus olhos, Lee continuou.
— Quem que não iria querer rever seus amigos? Eu não sou insensível com meus próprios sentimentos. Sabe, eu queria saber agora como ele está, por onde anda, se está se alimentando bem...
— Lee... — Takato também começou a chorar — A gente ficou tanto tempo junto que se tornou uma irmandade. Você e o Terriermon, a Ruki com a Renamon... e eu com o Guilmon. Todos nós nos tornamos irmãos de verdade.
— Sim... Mas eu tenho uma sensação boa nisso tudo. Sinto saudades, minhas lágrimas dizem por si só. Mas foi ótimo ter feito parte da vida deles. “Nada é para sempre” não tem a ver com os nossos caminhos. Esse é o ponto.
Uma pausa ocorreu no diálogo franco.
Ele retornou após poucos segundos por Takato, a fim de pôr um ponto final na nostalgia.
— Na minha opinião, eles terem retornado para o digimundo foi um “até logo” do que um adeus.
— Gosto do jeito que você mantém as esperanças, mas… — Lee tentou divagar, mas sua racionalidade ficou acima do seu emocional.
— Mas o que?
— Uh... Nada. Eu não tenho o direito de te julgar. Eu acabei de chorar, então estaria sendo hipócrita.
O choque de sentimentos, emotivos por parte de Takato e por meio da razão por parte de Lee, deixaram claro que a saudade era enorme.
Os dois jovens não abaixaram suas cabeças.
Não havia ali a impressão de que iriam viver tristes.
Pelo contrário: o momento era de felicidade e ambos subiram nos coletivos, para irem para casa, com o sentimento de dever cumprido.
Mais uma vez que se encontraram nos últimos cinco anos.
E, mais uma vez, unidos como sempre foram.
A breve reunião havia terminado.
Entretanto, no outro lado da cidade de Shinjuku, um acontecimento midiático estava prestes a ocorrer.
数分後 (Minutos depois)...
藤岡住宅 (Edifício Residencial Fujioka)
時間: 08:30 PM
“Fuji TV! Se não é divertido, não é TV!”
O edifício residencial era onde Meikume Gajimaru morava.
Como visto acima, ela estava assistindo a TV em seu quarto, que era bastante decorado com adereços e pôsteres de animes, principalmente de Digimon.
A garota era fã da franquia, consumindo de tudo relacionado.
Não era à toa que suas habilidades no card game foram até elogiadas por Ruki.
Mas, voltando a seu passatempo favorito, ela aguardava ansiosamente pelo começo do anime que mais gostava de ver nessa temporada.
E, justamente pela espera, Meikume usava seu computador para trocar mensagens com sua amiga Makoto no Windows Live Messenger™.
— Makoto? — Usando o botão para chamar atenção de sua amiga. — ((😣))
— Que foi? Já disse pra não chamar atenção!!!
— Já vai começar. Tô muito nervosa ⊙﹏⊙
— Calma. Vai dar tudo certo
— Torce pela Meiko, por favor! (ꏿ﹏ꏿ;)
— Tá. Já vai começar
— E pela minha bolotinha. A Meicoomon. Principalmente pra ela
Logo veio a programação da TV informando a próxima atração:
“フジテレビのスケジュールが教えてくれます...
Programação Fuji TV informa...
•Você viu mais cedo Saiyuki | 07:30 PM
•Você acabou de ver Hataraki Man | 08:00 PM
•Veja agora Digimon Adventure Tri | 08:30 PM”
Meikume era tão vidrada no anime que já na abertura ela cantava junto e decorado, sem errar uma letra da música.
E a apreensão da jovem era justificada, porque se tratava do capítulo 25 da trama.
Ou seja, o último capítulo.
Conforme o capítulo se desenvolveu, o diálogo de Meikume dizia por si só sua emoção, sentada no chão e olhando para sua tv de tela plana:
— Por favor, que a Meiko e a Meicoomon se salvem! Por favor, nunca te pedi nada, Toei... Essas duas lindinhas tem que ter um final feliz!
Por mais alguns minutos o capítulo se desenrolou, chegando a parte final mais impactante que um fã da franquia viu até hoje.
E Meikume deixou isso bem claro.
— Não! Isso não! Não façam isso com minhas bebês! Não! Não, Meicoomon! Não matem ela! Por favor... Não dá tchau, Meicoomon! Não faz isso!
Em um movimento contínuo de cabeça, a menina era pura negação, não aceitando o fim fatídico da animação que acompanhou com tanto amor e devoção quase o verão inteiro.
— Como vocês puderam fazer isso com uma pitchulinha fofucha dessas?! Não! Ela não merece! Não, não!
O choro de Meikume era demais.
Até seus pais foram ao seu quarto, confortá-la de seu sofrimento.
E não era exagero falar que a jovem chegou a passar mal, tamanha era sua frustração.
Como fã, seu luto era ainda maior.
数分後 (Minutos depois)...
O diálogo voltou forte no MSN, logo após Meikume se recuperar.
— Makoto... ((😣))
— Eu já te disse pra não chamar atenção!
— Eu não tô bem
— O que houve?
— Você viu o capítulo do Tri. Nem vem
— Eu vi sim. Foi bem triste
— Triste?! Aquilo foi uma tragédia! Um crime!
— Ei, calma
— Eu não tô bem com isso. Minha mãe fez suco de maracujá pra me ajudar a ficar calma
— Sinto muito pela Meicoomon
— Não fala o nome dela que já lembro (〒﹏〒)
— Meikume, calma
— Porque isso, Makoto? Foi muito cruel
— Eles passaram dos limites
— A Meicoomon, Makoto! Mataram a minha bolotinha (〒﹏〒)
— Eu também não gostei
— Que crueldade, Makoto! A Meicoomon é a coisa mais fofa que existe! Como eles puderam matar ela? (〒﹏〒)
A garota permaneceu no período de não aceitação.
Ela realmente estava em luto, deitada em sua cama após uma longa conversa com sua amiga no computador.
Ainda soluçando, ela falou consigo mesma:
— O roteirista não tem coração! Nós, fãs, merecemos finais felizes sempre! Nós pedimos por isso... e não a morte da minha bolotinha fofa! Isso não pode ficar assim!
E ela, pegando um pedaço de papel e lápis, fez um esboço rápido, com um talento impressionante, da Meiko segurando a Meicoomon.
Sonhadora e bastante criativa, Meikume também era uma desenhista prodígio.
— Eu não concordo com esse final! Eu vou desenhar um mangá mudando isso! Vou criar um mangá com o final feliz que eu queria…
Em menos de vinte minutos, ela já havia desenhado um quadro inteiro, faltando apenas detalhar os contornos e sombras.
Ela era muito talentosa.
— Esses roteiristas de meia tigela e sem coração vão ver só! Ah, se vão!
Se existia uma coisa que Meikume fazia melhor do que qualquer outra, era desenhar.
Boa parte dos posters que a menina tinha em seu quarto eram feitos por ela.
A jovem possuía um talento nato de expressar seus sentimentos no desenho estilo mangá, onde ela criava histórias breves, referente a Digimon.
Entretanto, ela sempre guardava para si suas obras.
— Eu vou fazer um mangá onde minha diva Meiko dá a volta por cima e reencontra a minha bolotinha fofa! A Meicoomon revive e volta para o mundo real e elas que são as únicas digiescolhidas que vão salvar o mundo!
Naquela mesma noite, Meikume desenhou com muito amor e dedicação, decidida a dar vida a seu novo projeto.
Lágrimas ainda estavam em seus olhos, mas, aos poucos, deram lugar a um lindo sorriso espontâneo, de quem estava satisfeito com o que estava fazendo.
Em um pouco mais de duas horas, e descumprindo totalmente o horário de ir dormir, a jovem desenhou três páginas inteiras com o início de sua pseudo continuação da série animada japonesa favorita e, para seu próprio vislumbre, adorando o resultado.
— Nossa, isso ficou melhor do que eu imaginava! Ficou muito bom! O nome? Hm... — disse, após um tempo pensando. — Acho que deve ser "A Happy Story"!
O esforço por parte da fã de Digimon durou mais alguns minutos.
Ela entendeu seu horário a ponto de dormir sobre a mesa que usava para desenhar.
Por sorte, seu pai percebeu.
— Tss, Mei… Outra vez? — resmungou o homem, a levando no colo até sua cama. — Essa garota não tem juízo mesmo.
Ele gentilmente a colocou deitada em sua cama, ajeitando seu travesseiro e coberta.
— Tenha uma boa noite de sonhos.
Ela teve, de fato.
E muitos sonhos.
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