Hai to Gensou no Grimgar | Grimgar of Fantasy and Ash Volume 07
[Histórias Extras]




A Formação de uma Maga


Eu sou chamada de Shihoru. Shihoru é um nome. Hã... o meu nome. Talvez você já saiba disso sem eu precisar dizer, mas... só para garantir.

Sou uma maga, mesmo que não seja uma grande coisa. Como maga, posso usar magia. Eu aprendi na guilda dos magos. Na guilda, os magos que se tornam instrutores nos ensinam várias coisas. Sobre elementais. Não estou brincando, é verdade, mas... Na nossa primeira aula, elemental, elemental, elemental, nos fizeram repetir essa palavra umas oitocentas vezes. Nos imergiram nos elementais, por assim dizer.

Quando você é imerso nos elementais, começa a ver elementais que são invisíveis a olho nu.

Hã...? Estou só imaginando eles? É possível... você começa a pensar. Na verdade, elementais normalmente não podem ser vistos... mas você aprende a senti-los. Os elementais, quero dizer. Quando isso acontece, é assim que nós, magos, nos tornamos magos.


Os Princípios de um Paladino


Uh, ei, tudo bem? Hã? Meu nome? É Kuzaku. Eu sou um paladino.

Se você quiser saber por que eu me tornei um paladino, eu não sei bem o que te dizer, mas, bem, talvez seja porque achei que parecia legal. Ah, e também, sou alto, e sou um cara, então imaginei que deveria ficar na linha de frente, sabe. Não queria que ninguém pensasse que eu estava com medo. No começo eu meio que estava, porém.

Bem, de qualquer forma, os paladinos têm várias regras. Uma delas é: Não deves manchar o nome de Lumiaris, e isso significa que não posso fugir sozinho. Basicamente, está dizendo: Não seja um covarde.

Não sei se consigo seguir isso, mas acho que seria bom se eu conseguisse. Quero dizer, não consegui antes, e me arrependo. Não quero passar por isso de novo. Mas também gostaria de evitar morrer. É difícil para todos quando um companheiro morre. Eu quero sobreviver e protegê-los. Esse é o tipo de paladino que eu quero ser.


Uma Aula com a Sensei


Quando ela ordenou que ele “Morresse”, o Gato Velho piscou seus olhos sonolentos e disse: — ...Como é? — como um idiota.

Ao ver esse jovem de mente lenta com uma expressão confusa, sentiu um leve aperto no coração. Tentou novamente, com o tom mais frio que conseguiu: — Vire um cadáver.

...Ah, mesmo se você pedir, eu não posso... sabe?

Ah, pode sim, Gato Velho. Se insistir no contrário, eu terei o maior prazer em fazer de você um cadáver pessoalmente. Só vai levar um segundo.

...O-Okay. — O jovem deitou-se de bruços com relutância. Foi horrível. Claro, ele relaxou o corpo inteiro, mas parecia mais que ele estava só deitado ali, e não parecia nem um pouco com um cadáver. Além disso, por que de bruços? O rosto dele estava pressionado contra o chão. Era obviamente estranho.

Ela quase soltou uma gargalhada, mas conseguiu se segurar.

Você é burro? Como se faz para parecer um cadáver?

O jovem não respondeu. Ele parecia estar levando a sério o papel de morto. Nossa, isso era hilário. Não, segure-se. Ela era a conselheira dele, afinal.

Cadáveres são assim! — Ela se sentou nas costas dele, ajustando o jeito que os braços, as pernas e o pescoço estavam torcidos. Ela fez isso de propósito, causando uma dor intensa, e o jovem se contorcia a cada ajuste, mas não soltava um gemido. Muito bom, muito bom. Mas ainda hilário. Ela não conseguiu segurar uma risadinha. — É assim que um cadáver deve ficar! Entendeu, Gato Velho?

O jovem continuava fingindo estar morto. Isso acendeu uma faísca no coração travesso dela. Ela deu um tapa na cabeça dele.

Estou perguntando se entendeu!

O jovem acenou com a cabeça. Por dentro, ela soltou uma gargalhada enorme, depois deu outro tapa na cabeça dele.

Imbecil! Que tipo de cadáver responde perguntas?! Eles não respondem! Se você encontrar um, eu quero ver! Você é um cadáver! Entendeu?! Entendeu?!

O jovem parecia dividido entre responder ou não. Ele ainda estava no papel de cadáver, mas sua indecisão era óbvia, mesmo que não estivesse mexendo um músculo. Hilário. Mas ela queria recompensar o esforço dele. Levantou-se e... Não, na verdade, ela voltou a se sentar. Enfiou as mãos nas axilas dele e começou a fazer cócegas.

Você é um cadáver? Um cadáver, né? Não é isso, cadáver?

O jovem estava aceitando o ataque de cócegas. Ele estava fazendo um esforço desesperado para resistir. Desesperado demais. Era seriamente hilário. Fazer um esforço desesperado para ficar mole parecia contraditório, mas era possível. O jovem estava fazendo isso. Quando ele fazia coisas assim, bem, não era o suficiente para ela dizer que ele tinha potencial, mas ele não era totalmente desprovido dele.

Eventualmente, o jovem se acostumou com as cócegas. Agora que ele havia chegado a esse ponto, provavelmente não estava mais sentindo nada. Isso era entediante para ela. Hora de passar para o próximo nível. Ela se inclinou sobre ele e sussurrou suavemente em seu ouvido:

Como é estar morto? Me diga, vai...

O jovem não deu resposta, como se realmente estivesse morto. O safadinho. Esse tipo de abordagem tinha sido a mais eficaz para atingi-lo no início. Bem, que tal isso, então?

Ei, como é? Como é estar morto? — ela sussurrou, depois deu uma leve mordida no lóbulo da orelha dele. — Ei...?

Uou, uou, uou, Barbara-sensei, não aí!

Seu idiota! — Ela o agarrou pelo pescoço, feliz. — Você deveria estar morto!

Gwahhhhhhhhh! V-V-Você tá me matando! Estou morrendo de verdade!

Cadáveres já estão mortos, então você não pode morrer!

Aughhhhh, desculpa, desculpa, eu vou morrer direito...

Você é tão fofo!

Hã?! V-Você disse algo?!

Eu não disse nada, e mesmo que tivesse dito, cadáveres não podem ouvir!

A-Ah... é... verdade... urgh... — O jovem desmaiou.

Ela deu um tapinha na cabeça inconsciente dele, plantou um beijo em sua testa e depois se levantou. Agora, como seria melhor acordá-lo?

Ela lambeu os lábios.

Sinceramente, você é tão fofo, meu aprendiz desajeitado.


Recordações de um Certo Soldado Voluntário Sem Nome


Eu era apenas um humilde soldado voluntário. Não tinha nome... Bem, eu tinha, mas quase nunca o usava. Isso porque eu preferia trabalhar sozinho. Quando você trabalha sozinho, não há necessidade de um nome para se distinguir dos outros ou servir como identificador. Mesmo assim, obviamente, não era possível viver sem interagir com outras pessoas em algum nível, então, às vezes, me perguntavam meu nome. Quando isso acontecia, eu sempre dava a mesma resposta.

Então, “Anônimo” — disse a mulher, usando meu pseudônimo em um tom de deboche —, me diga, como você planeja nos pagar por isso?

Ngh... — Eu adoraria responder, mas era difícil no meu estado atual. — Mmph, mmph, mmph!

Afinal, havia uma mordaça na minha boca. E, por acaso, meus braços estavam amarrados atrás das costas, minhas pernas presas nos tornozelos, e eu estava de barriga para baixo. Para piorar, isso estava acontecendo na rua em Altana. Era noite, felizmente, então não havia ninguém passando.

A mulher olhando para mim estava iluminada pelo luar. Ela estava sentada nas costas de um homem mascarado com as pernas cruzadas, usando-o como uma cadeira. Lala e Nono. Era uma cena bizarra que revelava o relacionamento distorcido deles, mas isso era normal para eles.

Nngh, mmmmph! — De qualquer forma, será que você poderia pelo menos tirar essa mordaça? Eu tentava pedir desesperadamente para eles. — Mmph, nghngh...!

Não consigo ouvir você. Não consigo ouvir a voz de um homem que nos vendeu uma informação meia-boca. Não, não consigo ouvir nada. Não só perdemos tempo por sua causa, como também acabamos em perigo. E você nem sequer tentou se desculpar sinceramente. O que há de errado com você?

Ngh...! — Mas como eu poderia me desculpar desse jeito?

Em minha defesa, sim, eu tinha vendido uma certa informação para Lala e Nono. Era sobre uma caravana liderada por Ainrand Lesley, um ser das trevas. Lesley possuía uma fortuna imensa, e suspeitava-se que ele estaria carregando uma parte dela. Se alguém conseguisse roubar até mesmo uma fração, faria uma pequena fortuna.

Eu estava atrás dessa oportunidade há muitos anos, e, recentemente, tinha encontrado uma pista. Várias, na verdade. Eu havia obtido três informações diferentes de três fontes distintas.

Passei uma das três para Lala e Nono. Claro, não mencionei que era uma chance de um em três.

Havia três pistas sobre a localização do Acampamento de Lesley, onde a caravana estava estacionada. Eu imaginava que apenas uma delas estava correta. No entanto, não podia investigar todas as três sozinho. Foi por isso que vendi uma para Lala e Nono, e outra para uma party diferente.

Naturalmente, planejei investigar aquela que parecia mais promissora por conta própria, e de fato o fiz. O resultado foi que fui atacado por alguns orcs que talvez estivessem trabalhando para Lesley, e quase morri.

Nnngh, nnngh... — Era o mesmo para mim, eu queria dizer.

As informações eram todas falsas. Eram iscas colocadas para qualquer um que procurasse o Acampamento de Lesley. Isso era algo comum, devo acrescentar. Era algo que qualquer um buscando o Acampamento de Lesley experimentava uma ou duas vezes. Se eles iam ficar bravos por algo tão pequeno, nunca conseguiriam encontrar o Acampamento de Lesley. Além disso, era imaturo da parte deles ficarem bravos tão facilmente. Foi culpa deles por terem sido enganados. Eles pediram por isso, por assim dizer.

Anônimo, quando olho nos seus olhos, posso ver que você não vai nos dar um pedido de desculpas honesto — disse a mulher. — Você nunca foi tão respeitável assim.

Mmph! — Por favor, me dê uma chance. Pelo menos me deixe falar. Tenho certeza de que, se conversarmos, você vai entender. Quero dizer, eu também fui enganado. Sou uma vítima aqui. Podemos chegar a um entendimento. Somos iguais.

É hora de te ensinar uma lição, Anônimo — disse Lala, levantando-se de sua cadeira pessoal, Nono. — Vamos ter que te dar uma punição à altura dos seus erros. Não vou ficar satisfeita de outra forma.

Nono também se levantou. Ele se aproximou de mim sem dizer uma palavra.

Não. Pare. Por favor. Eu não vou pedir que me perdoem, não precisam, mas parem com isso, por favor.

Vocês não podem fazer isso.

Ah, não... Isso é errado! Parem!

Eu desmaiei, e, quando acordei por causa de uma luz forte, estava cercado por uma multidão de pessoas. Acho que estava em algum lugar perto da Companhia de Depósito Yorozu, no distrito norte. A multidão me olhava boquiaberta, cochichando entre si e rindo.

Eu ainda estava amarrado e amordaçado e, agora, para piorar, também haviam arrancado minhas roupas.

Em outras palavras, eu estava completamente nu.

Se havia algum consolo naquela situação, era o fato de que eu estava deitado de bruços. Era um alívio pequeno, mas, pelo menos, era um pouco melhor do que estar de costas.


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