Hai to Gensou no Grimgar | Grimgar of Fantasy and Ash Volume 07
Capítulo 05
[Desafios em Todas as Partes ]
U nada = Quanto?
Faa noo = Olá / Zee naa = Adeus
A = 1, Muu = 2, Son = 3, Jo = 4, Do = 5
Kua = 6, Shi = 7, Zaa = 8, Zama = 9, Zamu = 10
Zan = 11, Zaji = 12
Yume e Ranta tentaram dizer várias coisas ao ferreiro e ao grande caranguejo dono da mercearia, e estavam relativamente certos sobre todas elas.
Os números eram um pouco complicados. Haruhiro e os outros estavam acostumados com a matemática em base 10, provavelmente porque, como humanos, eles tinham dez dedos. No entanto, os habitantes da Vila do Poço tinham números variados de dedos. Aqueles com oito dedos usavam a base 8, e os que tinham um total de doze dedos entre as duas mãos usavam a base 12. Era assim que parecia funcionar. Se eles apontassem para seus dedos e perguntassem “U naa?”, o lojista levantava um número de dedos para mostrar o preço. Porém, se eles não soubessem quantos dedos o lojista tinha, isso poderia levar a mal-entendidos.
Havia três tamanhos de moedas pretas. As que Haruhiro e os outros achavam que eram grandes eram, na verdade, as de tamanho médio, e as pequenas eram apenas um pouco menores do que elas. O dono da mercearia foi gentil o suficiente para deixá-los ver uma das grandes moedas. Era visivelmente maior do que as de tamanho médio, grossa e com linhas prateadas atravessando-a.
As grandes moedas eram chamadas de rou, as de tamanho médio eram chamadas de ruma e as pequenas de wen. Parecia que rou eram bastante valiosas, então a maioria das transações era feita com ruma e wen. E quantos wen eram necessários para um ruma? Isso também era complicado, pois não parecia haver um valor fixo.
Com o ferreiro e o dono da mercearia, 8 wen equivaliam a 1 ruma. No entanto, na loja de roupas e bolsas, 12 wen eram iguais a 1 ruma, e na loja de máscaras, 5 wen valiam 1 ruma. Variava de loja para loja, ou melhor, de pessoa para pessoa.
Nesse caso, quando o ferreiro disse “Son zaa”, que era três seguido de oito, levantou três dedos e depois mais oito, isso significava três vezes oito, o que dava 24 wen, ou 3 ruma.
Se o vendedor de roupas e bolsas dissesse “Jo zaji”, que era quatro seguido de doze, levantando quatro dedos e depois todos os doze dedos das duas mãos, isso significava quatro vezes doze, ou 48 wen, que equivalia a 4 ruma.
Era uma situação bizarra em que a diferença entre 3 ruma em um lugar e 4 ruma em outro era quase o dobro em wen. Mas isso parecia ser algo completamente normal na Vila do Poço.
As moedas que eles haviam encontrado no cadáver e no leito do rio eram ambas de tamanho médio. O grande caranguejo dono da mercearia era bastante flexível com os preços, e se eles pagassem 1 ruma, ele deixava os seis comerem até ficarem cheios. Quanto à água do poço, depois de pagarem 1 ruma pela primeira vez, não lhes pediram mais nada. Provavelmente não era uma taxa por uso, mas um pagamento único pelo direito de acesso ao poço.
Sim, isso não é nada plausível. Há humanos que usam base 27 na Terra hoje em dia. Já houve humanos que usaram base 60 na história, e muitas outras bases também. É muito mais plausível que tenham decidido uma base matemática comum para facilitar a comunicação, e não necessariamente baseada nos dedos.
Eles tomaram coragem e perguntaram ao ferreiro quanto custaria para afiar uma espada curta. Ele indicou um preço de 3 wen. Ranta fez de tudo para tentar negociar esse preço, mas não teve sucesso. Sem outra escolha, ignoraram os protestos veementes de Ranta e pagaram os 3 wen para o serviço ser feito.
Nesse ponto, a soma total da fortuna da party era de 1 ruma. Era o suficiente para alimentar todos. Negociaram com o dono da mercearia, pedindo o máximo de comida que não fosse ensopado de insetos, e comeram até ficarem satisfeitos.
O ferreiro terminou de afiar a espada curta nesse meio tempo. O trabalho era excelente, mas a noite havia chegado e o portão agora estava fechado. Com o portão trancado, eles não conseguiriam sair, a menos que o arrombassem.
Eles não estavam com vontade de simplesmente encontrar um lugar aleatório para se deitar e dormir, então decidiram dar uma volta pela Vila do Poço. Por acaso, Espantalho-san ainda não tinha deixado a vila e estava deitado perto da Torre de Vigia A.
Além do ferreiro, da loja de roupas e bolsas, da loja de máscaras, da mercearia e da loja de variedades que davam para a praça central, a vila tinha outros nove edifícios. Eles podiam ver o maior deles do outro lado da praça. Era feito de pedras empilhadas e, incrivelmente, tinha janelas de vidro, mesmo que um pouco embaçadas. Havia luz saindo pelas janelas, então parecia que alguém morava ali, mas eles não estavam com vontade de fazer uma visita.
À esquerda da praça, no norte, havia quatro construções. E, do lado oposto, ao sul, também havia quatro. Todas eram cabanas feitas de madeira ou barro, com telhados de palha ou de telhas de madeira. Se tivessem os materiais, a party provavelmente conseguiria imitar e construir uma cabana simples como uma dessas.
Eles passaram por alguns moradores. Alguns eram humanoides, outros não, mas todos escondiam seus rostos. A party tentou cumprimentá-los com um “Faa noo”, para ver o que aconteceria, mas foram ignorados.
Havia um cais montado na margem do rio dentro do fosso. No entanto, estava mal conservado, podre em alguns lugares. Não havia sinal de nenhum barco.
Talvez pudessem tomar banho com segurança se usassem o leito do rio dentro da Vila do Poço. Era uma ideia que veio à mente, mas não tinham certeza se lhes seria permitido cavar ali. Afinal, Haruhiro e os outros eram novatos e estrangeiros. Não queriam fazer nada estúpido e ofender os moradores. Se fossem tentar, concordaram que seria melhor depois que tivessem uma noção melhor da situação.
Decidiram acampar em um terreno vazio onde não havia construções, para não incomodar os moradores. Estava frio, mas, se se enrolassem em suas capas, ainda conseguiriam dormir.
As garotas se abraçaram para compartilhar o calor. Honestamente, os rapazes estavam com inveja, mas de jeito nenhum iam se aconchegar daquele jeito. Era melhor aguentar firme. Enquanto conseguissem continuar pensando assim, dariam um jeito de suportar.
Não demorou muito para que Ranta começasse a roncar alto. As garotas estavam sussurrando entre si também. Olhando para Kuzaku, que se revirava sem parar, era óbvio que ele também não conseguia dormir. Bem, claro que não conseguia. O esquisito ali era Ranta.
Haruhiro quase começou a conversar com Kuzaku várias vezes, mas toda vez se conteve. Eventualmente, as garotas ficaram em silêncio, e Kuzaku parou de se revirar.
Eu deveria dormir, vou dormir, vamos lá, dorme. Haruhiro tentava se forçar a dormir, mas quanto mais tentava, menos sono sentia. Ele só conseguia pensar em um monte de bobagens sem sentido e ficava desanimado com a completa desesperança da situação.
Isso não é bom, pensou ele. Preciso fazer escolhas. Há coisas sobre as quais posso pensar, e coisas que não posso. Revisar o que fizemos hoje. Anotar o que aprendi. Então, amanhã. Só pensar no que faremos amanhã. Até amanhã chegar. É melhor esquecer todo o resto depois disso. Quero dizer, mesmo que eu pense sobre isso, não faço ideia do que vai acontecer. Não, acho que sei de uma coisa. Todos nós vamos morrer um dia. Isso é a única certeza. Sim, com certeza vamos morrer. Não importa o que. Bem, isso não faz tudo parecer meio sem sentido? Cedo ou tarde, vou morrer. Meus companheiros vão morrer. Eu me pergunto como será. Vai doer? Vai ser assustador?
Manato. Moguzo. Choco. Como foi para vocês quando morreram? Vocês pensaram, “Não, eu não quero morrer”, ou algo assim, talvez? Será que vou conseguir morrer pelo menos razoavelmente satisfeito? Se eu morresse agora, sei que teria arrependimentos. Não quero morrer agora. Não quero ver mais meus companheiros morrer. É melhor não pensar nessas coisas. É assustador demais. O que fizemos ontem e hoje? O que vamos fazer amanhã? Se eu focar apenas nisso, eventualmente o tempo vai passar e...
— Boweeeeeeeeeeeeeeeeeeeeh!
— Quê...? — Haruhiro ficou de pé e olhou ao redor.
Parece que seus companheiros também haviam acordado.
Yume esfregava os olhos. — Isso vai acabar matando alguém do coração.
— Será que era um galo... ou algo assim? — Shihoru segurava o peito.
— Isso me assustou... — sussurrou Mary.
— Nngh...! — Ranta se espreguiçou. — Bem, que som refrescante pra acordar!
— Como? — Kuzaku resmungou.
Nem me diga, pensou Haruhiro.
Olhando ao redor, eles viram, no topo da barra onde o balde do poço estava pendurado, uma criatura marrom parecida com uma galinha—mas provavelmente não era uma galinha. Era grande demais para isso, afinal.
— Boweeeeeeeeeeeeeeeeeeeeh!
O berro ameaçador aparentemente vinha daquela criatura. Que péssima maneira de acordar.
— Meu corpo inteiro dói... — Kuzaku girou os ombros e deu alguns tapas nas costas.
— Bem, vamos dar o nosso melhor de novo hoje. — Haruhiro tentou animá-los por obrigação, mas sua voz soou incrivelmente fraca.
— Ainda vamos ficar sem café da manhã, hein! — Ranta disse, seguido por uma gargalhada.
— Tá tudo bem — Yume falou, inflando as bochechas sob a máscara. — Pensa que a gente tá fazendo dieta.
— Se você perder mais carne dos peitinhos minúsculos que tem, o que vai fazer? — provocou Ranta.
— Os peitos da Yume não mudaram tanto assim!
— Então deixa eu apalpar! Eu verifico pra você!
— Um pouco direto demais, não acha? — Kuzaku parecia incomodado. — Com essas exigências e esses desejos...
— Tô morrendo de fome aqui! — Ranta gritou para Kuzaku. — Eu aceito peitos pequenos ou qualquer coisa que aparecer! Só quero apertar alguma coisa! Com todo o perigo que a gente passa, meu desejo sexual tá a mil! Ohhhhhhhhhhhhh! Eu quero procriar!
— Você tá perigoso demais, cara... — Haruhiro começava a se preocupar com Ranta.
— Se ao menos ele morresse... — disse Shihoru, provavelmente pelo menos meio séria.
— Porque é de manhã...? — A resposta de Mary era um mistério. Talvez ela ainda estivesse meio dormindo.
— Ranta — Yume se afastou, ainda sentada. — Você tá super desagradável.
O jeito sério como ela disse isso talvez tenha magoado até um lixo (nojento) como Ranta.
Ranta fez um gesto de colocar algo de lado no ar. — Tá bom, deixando essa piada de lado, vamos seguir em frente.
— Você acha que pode deixar passar assim? — Shihoru não estava disposta a deixar barato.
— Acho que posso! Faz um favor pra mim e deixa!
— Por que a gente faria um favor pra você? — Haruhiro suspirou. — De qualquer forma, ficar sem café da manhã vai ser complicado. Precisamos ganhar pelo menos 3 ruma hoje pra que isso não se repita.
— Certo, Parupiro, me dá uma explicação detalhada de como vamos ganhar o suficiente pra evitar que isso aconteça de novo. Vou te ouvir. É bom ser grato.
Não é como se Haruhiro tivesse algum plano incrível.
— Vamos procurar moedas pretas e outras coisas de valor no Pântano dos Cadáveres. Ficar alerta com a fera de quatro olhos e outras criaturas.
Era só isso.
Ranta gritou: — Que chatice! — e foi completamente contra, mas o restante da party apoiou. Eles deixaram a Vila do Poço e foram em direção ao Pântano dos Cadáveres.
Era bom tentar ficar em alerta, mas, na prática, o que poderiam fazer se uma fera de quatro olhos aparecesse? Podiam haver outras ameaças desconhecidas também. Seriam capazes de lidar com elas? Havia muitos motivos para preocupação, mas essa era a maneira mais confiável de ganhar dinheiro no momento. Eles tinham que fazer isso.
Naquele dia, encontraram 1 ruma, 5 wen, uma espada enferrujada e a ponta de uma lança. Felizmente, a fera de quatro olhos não apareceu.
Quando voltaram para a Vila do Poço, levaram ao ferreiro a espada, a ponta de lança e os itens que tinham conseguido no dia anterior: a espada curta de Yume e a espada de Kuzaku. O ferreiro levantou quatro dedos. Isso aparentemente significava que ele pagaria 4 wen por tudo junto. Provavelmente, ele usaria como sucata, então estava avaliando cada item em 1 wen, totalizando 4 wen.
Eles hesitaram um pouco, mas o ferreiro não era o tipo de pessoa que deixava alguém negociar, e carregar armas que não usariam só acrescentaria peso desnecessário. Decidiram vender os itens, e com os 4 wen que receberam, o dinheiro em mãos somava 1 ruma e 9 wen. Isso era mais do que o suficiente para duas refeições, já que poderiam alimentar todos na mercearia por 8 wen ou 1 ruma. Eles poderiam comer antes de dormir e novamente ao acordar de manhã!
Sair para trabalhar de barriga cheia era uma sensação boa. A fome sempre os deixava irritados.
Vamos ganhar mais hoje do que ontem, Haruhiro pensou. Nosso objetivo é 3 ruma.
A fera de quatro olhos era assustadora, mas ele não sentia sua presença em nenhum lugar próximo. Yume, Mary e Haruhiro encontraram uma moeda de tamanho médio, duas pequenas e duas espadas em rápida sucessão. Tudo estava indo bem.
— Hm? — Ranta puxou algo longo de dentro da poça de água. — O que é isso?
— Ecaaaaa! — Yume deu um salto para trás. — Tá se mexendo!
— Ohh?! V-Você tá certa! Tá se mexendo, hein?! — Ranta tentou jogar aquilo fora, mas a coisa se enrolou ao redor do seu braço direito e não soltava. — O-o-o-o quê?! Isso é uma cobra?!
— Ah... — Kuzaku olhou para baixo. — T-Tem uma no meu pé também...
Quando olharam, havia de fato uma coisa longa se enrolando na perna esquerda de Kuzaku.
Uma cobra? Era isso? Era perigosa? Venenosa? Como poderiam saber?
— N-Não se mexe, Kuzaku — Haruhiro gaguejou. — Não, talvez seja melhor você se mexer...?
— Qual dos dois?
— Wahhhhhhhhhhh! — Ranta tentava desesperadamente se livrar da coisa parecida com uma cobra, mas não conseguia. — O que é isso, o que é isso, o que é isso?! Que medo, que medo!
— Ah...! — Shihoru congelou. — Po-po-podem ter v-v-várias delas... bem embaixo da gente...
— Hein...? — Mary levantou seu cajado curto como se estivesse pesado. Por que ela faria isso?
Havia uma daquelas coisas enrolada no cajado dela também.
— C-C-C-C-Calma. — Haruhiro respirou fundo. — N-Não parece que elas estão nos atacando. Também não parece que vão fazer isso. Tá tudo bem. Eu acho. Só tô dizendo. P-Provavelmente.
— Kehe... — Zodiac-kun estava bem ao lado de Ranta até pouco tempo, mas agora estava longe, por algum motivo. — Acreditar sem provas... é tolice... Kehehe...
— Zodiac-kun tá querendo me abandonar?! Isso é um péssimo sinal! — Ranta tentava puxar a coisa parecida com uma cobra usando a mão esquerda. Mas não parecia que ia conseguir se livrar dela. — Nnnngh! M-M-Me ajudem! Alguém me ajuda! Salvem-me, seus idiotas!
— Nãããããão! — Mary balançava o cajado curto de forma descontrolada. Mesmo com tudo isso, a coisa ainda continuava agarrada com força.
— Uwahhhhhhhhhhhh. — Kuzaku tropeçava.
O quê, o quê, o quê? Não era só a perna esquerda dele? Havia uma coisa parecida com uma cobra na sua perna direita também? Não, havia duas, três mais delas, subindo pelas pernas de Kuzaku e tentando agarrá-lo?
— O-Ohm, rel, ect, del, brem, darsh... — Shihoru lançou Armor Shadow para envolver-se em um elemental das sombras. Pode ter sido a decisão mais calma e racional. No entanto, para ser honesto, Haruhiro não estava totalmente confortável com ela fazendo isso.
— H-Haru-kun?! — Yume olhou apressada para Haruhiro.
Não, não me pergunte, era algo que ele não podia dizer. Afinal, Haruhiro era o líder.
Certo. Eu sou o líder. Mas, líder ou não, há coisas que eu não posso fazer, e coisas que eu não sei, sabe? Ainda assim, se eu não fizer alguma coisa, é óbvio que as coisas vão piorar, não é?
— V-Vamos sair da água! — Haruhiro gritou. — Essa é a primeira coisa! F-Ficar aqui seria meio complicado de lidar com isso!
Yume e Shihoru saíram correndo. Ranta e Mary fizeram o mesmo, um balançando o braço e a outra seu cajado enquanto corriam. Haruhiro puxou Kuzaku pelo braço enquanto corria também.
No caminho, Ranta soltou um grito, parecia que havia sido mordido em algum lugar.
— T-Tá bem, Ranta?! — Haruhiro gritou.
— Seu idiota! Não tem como eu estar bem! droga! Isso dói!
Ele está gritando e ainda está se movendo, então parece que está bem, pensou Haruhiro.
Por sorte, assim que saíram do Pântano dos Cadáveres, as coisas parecidas com cobras se soltaram naturalmente. Eles só puderam sentir alívio por um momento, no entanto, porque Ranta desabou e começou a ter convulsões.
— Guhguhguhguhguhguhguhguhguh, urghhhhhhhh, gurbbbbbbbb...
— Ranta?! — Yume tirou o elmo de Ranta. — Ai?!
Mesmo à primeira vista, estava claro que a situação era ruim. Ranta estava espumando pela boca. Veneno. As coisas parecidas com cobras deviam ser venenosas.
Mary imediatamente lançou Purify (Purificar) para eliminar o veneno, mas Ranta ainda continuava caído, sem forças.
— Urgh... Eu não acredito... Eu quase morri ali. Droga...
— Ehehe... Por que você... não foi logo abraçado pelo Skullhell... Ehe... Ehehe... — Zodiac-kun zombou.
— Poxa, Zodiac-kun, se você ficar provocando ele numa hora dessas, bam! Vai levar um tapão! — Yume estava sendo surpreendentemente gentil com Ranta.
Na verdade, Haruhiro não sabia quando ou como, mas Yume estava deixando Ranta descansar a cabeça no colo dela. Isso era tão incrivelmente incomum que ele duvidou dos próprios olhos.
— Espera... O veneno já saiu mesmo? Sinto que vou morrer... Desculpa, Yume... Me deixa descansar assim só mais um pouco... — Ranta gemeu.
— Hã? Bem, tudo bem, Yume não se importa.
— Por mais uma hora...
— Isso não é um pouco demais?
— Tá bom, só trinta minutos então...
— Miau...
— Geh heh... Você caiu... O Ranta te enganou... Geh heh heh...
— Hã? Enganou?
— N-Não enganei! — Ranta gritou. — Do que você tá falando, Zodiac-kun? E-Eu tô me sentindo muito, muito mal de verdade! T-Tipo, com enjoo, dor de cabeça, e dor de estômago, tá? Não tô inventando isso!
— Isso tá parecendo super falso! E você tá agindo bem animado também! — Yume reclamou.
É claro que Ranta foi despejado à força do colo de Yume. Isso não importava tanto, mas, ainda assim, agora eles estavam numa situação complicada. O método garantido para conseguir moedas pretas no Pântano dos Cadáveres agora trazia não só a ameaça da fera de quatro olhos, mas uma nova ameaça: aquelas coisas parecidas com cobras, as cobras venenosas do pântano. Já não podia mais ser considerado um método confiável.
— E então? O que você vai fazer agora, Parupiro? — Ranta perguntou com um tom rabugento.
Haruhiro quase perdeu a paciência.
O que você quer dizer com “O que eu vou fazer?” Você tá jogando isso pra cima de mim? Pelo menos pergunte “O que nós vamos fazer?” Temos que começar conversando sobre isso primeiro, obviamente!
Enquanto Haruhiro reclamava de Ranta mentalmente, isso ajudava a acalmá-lo. Mesmo que ele descontasse sua raiva naquele (imundo) (inútil) (idiota) pedaço de lixo, e deixasse claro que Ranta estava errado, o cara era lixo, então não era como se ele fosse mudar de opinião. Se Haruhiro perdesse a paciência, só ia se cansar à toa. Seria um desperdício de raiva.
— Talvez a gente possa tentar entrar na floresta... — Haruhiro começou.
Quando propôs a ideia, o restante da party aceitou com uma facilidade surpreendente.
Tá, mas isso está certo? Ele se perguntou. Será que todo mundo não está pensando direito nisso? Não pôde evitar essa sensação, mas talvez fosse só porque eles não tinham energia para isso. A verdade era que Haruhiro sentia o mesmo às vezes. Era uma tendência ruim. Dito isso, eles não podiam simplesmente ficar parados. Se não fizessem alguma coisa, qualquer coisa, não poderiam continuar vivendo.
Por ora, decidiram ir para a floresta, perto da ponte da Vila do Poço. Foi mais difícil do que esperavam. As árvores brancas e retorcidas cresciam de forma tão densa que encontrar uma brecha grande o suficiente para uma única pessoa passar já era complicado. Será que teriam que derrubá-las no caminho?
Kuzaku disse algo esperançoso: — Se tá assim, provavelmente não tem nenhuma fera grande, ou algo do tipo.
Shihoru apontou algo desagradável: — Mas pode ter cobras ou algo parecido...
— Shihoru... — Haruhiro começou a dizer, depois balançou a cabeça.
— Hã? O que foi?
— N-Não, nada. Você tá certa... Pode ter cobras, né... Cobras venenosas...
— E-E se a gente voltasse? — Ranta estava assustado.
Bem feito, pensou Haruhiro. Mas ele mesmo não estava mais interessado em lidar com cobras. Não queria ser mordido como Ranta havia sido.
— Tomem cuidado, — Mary os alertou. — Só posso lançar Purify a mesma quantidade de vezes que Heal.
Yume disse: — Ei, ei — apontando para o oeste. — L-Logo ali, sabe, tá longe, mas tem algo brilhando ali, será?
— Brilhando... — Haruhiro apertou os olhos e olhou naquela direção. — Sim, você tem razão.
O que era, ele não sabia dizer com certeza, mas definitivamente havia algo como uma luz além das árvores. Ou pelo menos parecia isso.
— Acha que conseguimos chegar lá? — perguntou Kuzaku em um sussurro. — Chegar antes da noite chegar?
— Difícil dizer quão longe tá, né... — Ranta estava sendo incrivelmente tímido.
A propósito, Zodiac-kun nem tinha entrado na floresta com eles. Parecia que o demônio poderia ficar preso em galhos e coisas assim, então talvez tivesse recusado por esse motivo. Sem Zodiac-kun, Ranta era só um pedaço de lixo, valendo menos que nada.
Shihoru sugeriu hesitante: — Deveríamos voltar?
Haruhiro olhou para Kuzaku, Yume e Mary. Nenhum deles disse nada, nem fez nada que pudesse expressar uma opinião.
— É... — Ranta foi o único a concordar com Shihoru.
Isso não era bom. Essa atmosfera não era nada boa. Ele queria mudá-la, mas como? Haruhiro não fazia ideia.
Ele queria um tempo para pensar... talvez? Mas se ele pensasse, conseguiria uma resposta? Ele queria tempo... Não, na verdade, ele só queria escapar daquela situação, certo? Talvez não fosse só Haruhiro; talvez todos estivessem se sentindo assim.
É, isso não tá bom, pensou Haruhiro. Não vai dar certo desse jeito. Não vai. Não tem como, isso não tá bom... mas ainda assim.
— Que tal a gente voltar, por enquanto? — Haruhiro propôs.
Ele acabou dizendo. Mesmo sabendo que, como líder, ele precisava colocá-los de volta nos trilhos. Era um momento em que precisava repreender seus companheiros, ou encorajá-los, e ele sabia disso mais do que o suficiente, mas não conseguia. Ele estava completamente sem forças.
Será que vamos conseguir continuar assim, daqui pra frente...?
Se gostou do capítulo, compartilhe e deixe seu comentário!