Hai to Gensou no Grimgar | Grimgar of Fantasy and Ash Volume 01 [Posfácio]




Dragon Quest, Wizardry, Final Fantasy, Megami Tensei, Metal Max, Romancing Saga, Breath of Fire, Live A Live, Chrono Trigger, Arc The Lad, Tactics Ogre, Suikoden, Tales of Phantasia, Wild Arms, Final Fantasy Tactics, Star Ocean, Atelier Marie, Saga Frontier, Xenogears e muitos outros RPGs de console, ou jogos que incluíam elementos de RPG, me salvaram.

Até mesmo eu, que não conseguia gostar de jogos de tiro, jogos de esportes, jogos de luta e outros jogos de ação porque era ruim neles, conseguia me concentrar nos RPGs e mergulhar em seus mundos.

O fato de poder apreciá-los por conta própria, no meu próprio ritmo, era importante para mim. Durante toda a minha vida, não fui o tipo de pessoa com muitos amigos. Talvez seja justo dizer que tive muito poucos.

É claro que não é que eu não tivesse absolutamente nenhum amigo, mas sou incapaz de gostar de jogar em grupo ou de me divertir conversando sobre algo. Sinceramente, quero fazer essas coisas, mas parece que não consigo fazê-las bem.

Quando eu era criança, quando o novo Dragon Quest ou Final Fantasy era colocado à venda, todo mundo começava a jogar. Todos os dias, na escola, falavam sobre o quanto tinham avançado e em que nível estavam agora. Eu não conseguia me envolver nessas conversas.

Tudo o que eu podia fazer era cortar minhas horas de sono para jogar o jogo, chegar mais longe do que todos e, então, quando ouvia alguém se gabar: “Cheguei tão longe!” Eu podia pensar calmamente: “Ah, só até lá? Isso não é nada especial. Cheguei mais longe do que você”, e sorria para mim mesmo.

Basicamente, eu era um garoto sombrio. Mas até eu podia me tornar o protagonista, viver aventuras incríveis, ficar mais forte e salvar o mundo. Eram sempre os RPGs que me salvavam.

Então, algo mudou a vida daquele jogador sombrio e solitário. Diablo... Ultima Online... EverQuest... Dark Age of Camelot... Todos esses são jogos americanos, mas no mercado interno também havia jogos como Dark Eyes e Lifestorm.

Eram os RPGs on-line.

Usando a Internet, você podia jogar um RPG com outra pessoa.

Se estivermos falando de jogar RPGs com outras pessoas, também existem RPGs de mesa. Entretanto, para alguém que não é muito bom em lidar com outras pessoas, como eu, esse era um obstáculo muito grande para superar. Nos RPGs on-line, eu não precisava estar cara a cara com ninguém.

Se eu soubesse um pouco de inglês, poderia jogar com pessoas do exterior. Fiquei louco por isso. Essa era uma época em que a Internet não estava tão amplamente implantada como agora. Eu me conectava à Internet não por fibra ou ADSL, mas por linhas telefônicas, de modo que o telefone não ficava disponível enquanto eu jogava.

Usando um serviço chamado Tele-hodai, que cobrava uma taxa mensal fixa para chamadas ilimitadas para números selecionados tarde da noite e de manhã cedo, eu usava cada um desses minutos para jogar. Houve ocasiões em que acidentalmente saí desse período de tempo, bem fora dele, fazendo com que minha conta telefônica custasse uma quantia incrível.

Naquela época, para mim, os RPGs on-line eram a realidade, e todo o resto era apenas tempo para dormir, comer, ficar deitado ou pensar em jogos. Todas as noites, eu mergulhava no emocionante mundo dos RPGs on-line e, quando amanhecia, voltava ao mundo mundano. Eu vivia nos jogos. Os jogos me mantinham vivo.

De vez em quando, as pessoas perguntam o que me levou a começar a escrever. Como era de se esperar, os jogos foram uma grande influência. Se eu não tivesse conhecido os RPGs, tenho certeza de que nunca teria escrito novels.

Em particular, se eu não tivesse passado esse tempo imerso em RPGs on-line, minha novel de estreia Bara no Maria (Kadokawa Sneaker Bunko) nunca teria nascido, nem este livro.

Além disso, se eu não tivesse lido livros baseados em RPGs, como Lodoss-tou Senki (Record of Lodoss War), de Ryo Mizuno, ou Tonariawase no Hai to Seishun, de Benny Matsuyama, mesmo que eu tivesse me tornado um romancista, não acredito que teria escrito esse tipo de livro. Até mesmo o título japonês desse livro, Hai to Gensou no Grimgar, foi inspirado em Tonariawase no Hai to Seishun, e o título da novel que acabou se tornando Bara no Maria foi Bara no Maria Senki.

Os RPGs on-line, e os RPGs em geral, despertaram minha criatividade, ou talvez meus delírios, e me levaram a novels profundamente envolvidos com RPGs. Foi assim que cheguei até aqui. Como joguei tantos RPGs por um período tão longo, não consigo mais jogar com o mesmo sentimento que tinha “naquela época”.

Mesmo assim, espero fervorosamente por jogos que tragam “aquele tempo” de volta à vida para mim. Enquanto refletia sobre meus sentimentos daquela “época”, escrevi esta novel. Acredito que, além de fazer isso, um mundo que ainda não vi certamente me aguarda. Se eu tiver mais oportunidades, acho que escreverei mais novels “daquela época”.

Neste momento, ofereço minha sincera gratidão e todo o meu amor a: meu editor, K, que me deu essa oportunidade; a Eiri Shirai, a pessoa responsável pelas ilustrações tão transparentes, atmosféricas, modernas, fofas, legais e adoráveis; ao designer e a outros que compilaram essa novel em um livro tão bom; a todos os envolvidos na produção e nas vendas deste livro; e, finalmente, a todos vocês que estão segurando este livro. Agora, como espero que nos encontremos novamente, deixo minha caneta por hoje.

Ao Jyumonji.

Tradução : Carlos.Z


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