Hai to Gensou no Grimgar | Grimgar of Fantasy and Ash Volume 01 Capítulo 09 [Determinação de Ferro]
Havia várias lojas de penhores no mercado de Altana, mas nenhuma delas pagaria mais do que trinta moedas de cobre por uma moeda de prata com um furo. Era difícil aceitar que um buraco a reduzisse a um terço de seu valor original, mas, em uma feliz surpresa, a presa valia uma prata.
Descobriu-se que havia três tipos de lobos na fronteira de Grimgar: os lobos da floresta, também conhecidos como lobos cinzentos; os lobos brancos, que eram servos do Deus Branco Elhit; e, finalmente, os lobos negros, que serviam ao inimigo de Elhit, o Deus Negro Rigel. Aparentemente, aquela presa tinha vindo de um lobo negro. Acreditava-se que as presas de lobo negro tinham poder mágico e eram frequentemente usadas como ingrediente em talismãs.
Com isso, seus ganhos do dia chegaram a uma prata e trinta cobre. Vinte cobre foram para os quartos durante a noite e, em seguida, eles dividiram o restante, uma prata e dez cobre, igualmente entre si. No final, sobraram dois cobres, então Manato guardou-os para serem adicionados à pilha na próxima vez que dividissem seus ganhos.
Cada um deles comprou comida nas barracas do mercado e, quando chegaram à casa de alojamento feita para soldados voluntários no oeste da cidade, finalmente sentiram que tinham chegado em casa.
Embora qualquer pessoa com um distintivo do esquadrão do exército pudesse usá-lo, o alojamento estava praticamente vazio. Os quatro garotos se lavaram em uma sala de banho que parecia ter sido colocada sobre um piso de terra batida. Depois disso, eles passaram no quarto das garotas para dizer a Yume e Shihoru que o banho estava pronto antes de voltarem para seus próprios quartos. Naquele momento, Haruhiro estava com bastante sono. Ele se deitou em sua cama de palha e fechou os olhos imediatamente.
O alojamento de soldados voluntários tinha quartos para quatro e seis pessoas, mas não importava o que você escolhesse, custava dez cobre por noite para os soldados em treinamento. Quanto à razão pela qual os quartos para quatro e seis pessoas custavam o mesmo, provavelmente era porque os quartos eram do mesmo tamanho e, embora o quarto para seis pessoas tivesse duas camas a mais, era ainda mais apertado por isso.
As camas dos quartos para seis pessoas também eram pequenas. As camas dos quartos para quatro pessoas já eram compactas, portanto, mesmo que Haruhiro, de 1,70m de altura, pudesse caber em uma das camas do quarto para seis pessoas, Moguzo, com mais de 1,86m de altura, provavelmente não caberia.
Havia dois beliches forrados com palha. Além disso, havia duas luminárias de parede. Essa era toda a comodidade dos quartos para quatro pessoas da hospedaria. Eles não podiam fazer nada além de dormir aqui e não tinham a menor intenção de tentar fazer outra coisa mesmo. Tinham que acordar bem cedo amanhã, então Haruhiro achou que era hora de dormir um pouco.
A cama ao lado dele rangeu alto. Aparentemente, Moguzo tinha acabado de se deitar. Moguzo estava no beliche inferior da cama ao lado de Haruhiro, enquanto Ranta estava no superior. Haruhiro estava no beliche superior de sua cama, enquanto Manato dormia no beliche abaixo dele.
— Manato...? ainda está acordado?
— Sim, estou acordado. Aconteceu alguma coisa?
— Não, nada na real... — Não era verdade que ele não tinha nada que quisesse falar. Ele gostaria de saber o que o Manato pensava sobre só fazer dezoito cobres em um dia.
Das dez pratas que Bri-chan lhe dera, ele gastou quatro cobres em espetos no primeiro dia, depois oito pratas para entrar na guilda dos ladrões, o que o deixou com uma prata e 96 cobres naquele momento. Após o término do treinamento, ele gastou quatro cobres em alojamento ontem e dez em comida, com um ganho de zero. Hoje, ele gastou doze cobres em comida e ganhou dezoito cobres. Seu dinheiro em caixa no momento era de uma prata e 88 de cobre. Como observação, ele havia deixado 60 de cobre com a empresa de depósito Yoruzu porque era incômodo carregá-las por aí. Isso lhe custou uma taxa de depósito.
Haruhiro não estava muito na pior, mas Moguzo era outra história.
Eles haviam dividido a parte dele da taxa do quarto entre eles ontem, mas Moguzo deve ter pedido dinheiro emprestado a Manato para a comida. Ele havia comido muito hoje. Afinal, ele tinha um corpo grande para manter alimentado. Moguzo provavelmente tinha menos do que nada. Ele estava vivendo em débito.
Quando o mesmo aconteceria com Haruhiro?
Não... pelo menos por enquanto, ninguém além de Moguzo, que podia pedir emprestado aos outros membros do grupo, ficaria abaixo de zero.
Se chegasse a esse ponto, o que eles fariam?
Precisamos ganhar mais. A alimentação e a hospedagem custam cerca de quinze cobre por dia, portanto, quero ganhar o dobro disso. O dobro? O dobro é suficiente? A casa de alojamento dos soldados voluntários é velha e miserável. Ter um poço cheio de urina e excrementos como banheiro é nojento e, embora a sala de banho seja boa agora, enquanto está quente, quando chegar a estação fria, será uma tortura. As camas de palha também não são exatamente confortáveis. Eu gostaria de ter um cobertor ou algo assim...
Ele queria ficar em um lugar melhor do que esse. Mas antes disso, ele queria, pelo menos, um conjunto de roupas de baixo extra. Ele só tinha um par de cueca agora, que ele lavou enquanto tomava banho, então não teria nenhuma para dormir porque tinha deixado secar durante a noite. Parecia que ele, Manato e Ranta não eram do tipo que precisava fazer a barba com frequência, mas Moguzo estava começando a parecer desleixado, então gostaria de ter uma lâmina de barbear também.
Uma lâmina de barbear ou uma faca pequena. Isso era mais uma coisa que eles teriam de comprar.
Estaremos em apuros se não começarmos a ganhar mais, não é mesmo? Na verdade, foi uma coincidência o fato do goblin de lama ter uma presa de lobo negro que deu para nós uma prata. Talvez tenhamos tido mais sorte do que o normal hoje. Então, espere, o que isso significa? A renda de hoje não foi tão ruim? Foi mais alta para nós?
Mesmo derrotando um goblin de lama amanhã, sem nenhum imprevisto, talvez só consigam mais uma moeda de prata furada. Uma vale trinta de cobre. Dividida entre os seis, seriam cinco para cada. Acampar não resolveria; eles continuariam no vermelho.
Pensando bem, a situação está muito ruim para nós.
Ele queria dizer isso, mas decidiu não o fazer. Uma vez que ele dissesse algo, isso causaria problemas grandes demais para serem ignorados. Ele teria que fazer algo antes que fosse tarde demais.
Bem, hoje não foi tão ruim, e ninguém sabe o que o futuro pode trazer. O amanhã pode ser melhor do que hoje. Então, está tudo bem. Pelo menos por enquanto.
— Não é nada realmente — disse Haruhiro.
— Está bem —, respondeu Manato, — então tudo bem.
— BEEEM! — De repente, Ranta pulou do beliche de cima. — Estou indo!
— Como assim? — Haruhiro se levantou. — Para onde você está indo?
— Eu deixei passar ontem —, disse Ranta com um olhar estranhamente severo em seu rosto. — Mas não posso fazer isso hoje. As vezes, um homem precisa fazer o que tem que ser feito.
— Hã...? Você não está fazendo nenhum sentido aqui.
— Você é tão lerdo. Como você não consegue entender? É óbvio cara. Estou indo para o banho. O b-a-n-h-o.
— O banho? Para quê?
— As meninas estão lá dentro agora, certo? Estão completamente nuas, lavando seus cabelos e corpos. Então, só há uma coisa que eu deveria estar fazendo, certo...?
— Você não pode estar falando sério...
— Hehehehe. Aí vai o Ranta-Sama!
— Espere, você não pode fazer isso! — Haruhiro desceu da cama e foi atrás de Ranta. Mas Ranta era rápido virado na desgraça em momentos como esse. Ele não conseguiu alcançá-lo até a sala de banho.
O banheiro ficava do lado de fora. Mas ficava em um anexo, portanto, talvez fosse mais correto chamá-la de casa de banho. Ranta se agachou, pressionando a orelha contra a porta.
— Ranta... — Haruhiro chamou, mas Ranta olhou com raiva e levou um dedo aos lábios. Ele parecia pronto para matar alguém. Intimidado, Haruhiro ficou em silêncio sem querer.
Não, não, não posso deixar que ele me intimide.
Haruhiro se aproximou, sussurrando:
— Não pode fazer isso... — no ouvido de Ranta. — Há limites que você não deve ultrapassar.
Como se eu me importasse, Ranta disse a ele. Mesmo que isso me torne um fracasso como pessoa, eu me tornarei um ogro ou um demônio se for necessário para atingir meus objetivos.
Certo, agora você está exagerando... Só estou dizendo para mostrar um pouco de moderação.
Moderação? Ranta deu de ombros. Não sei o significado da palavra. Não está em meu dicionário, com certeza.
...É-O quê?
Ranta apontou para a porta. Posso ouvir lá dentro. As vozes. Eheheheheh.
Haruhiro quase encostou a orelha na porta também, mas parou. Ele pensou: Não. Estou curioso, mas não quero me rebaixar ao nível do Ranta.
Ranta deu uma risada silenciosa, porém lasciva, olhando Haruhiro nos olhos.
Não se retraia, Haruhiro. Você já cedeu à tentação. Se não tivesse cedido, já teria me arrastado para longe, chutando e gritando, ou gritado para que elas soubessem.
Urgh... Isso o atingiu em cheio. Haruhiro segurou o peito, olhando em volta. Ele quase gritou. Havia alguém na escuridão. Duas pessoas. Eles estavam vindo nesta direção. Quem era?
Ei, acenou um deles, Manato. O gigante atrás dele era Moguzo.
Isso deve ter pego Ranta de surpresa, pois seus olhos se arregalaram. V-vocês...
— Ei... — Haruhiro estava prestes a chamá-los, mas Manato levou um dedo aos lábios.
Até você, Manato, pensou Haruhiro, desanimado. É isso mesmo? Você está de acordo com isso?
Quando ele olhou para eles, Manato assentiu em silêncio. Moguzo também, disse ele.
Haruhiro soltou uma risada sem jeito silenciosa. Meus... não, nossos... instintos mais básicos venceram essa rodada. Honestamente, estamos apenas curiosos, não é? Não vamos olhar, certo? Não vamos chegar ao ponto de espiar, tá? Há uma janela sem vidro na casa de banho que é alta o suficiente para que eu não possa espiar, mas posso ver a luz vazando e o vapor saindo dela, e tudo isso é muito tentador, mas, bem, é muito alta para se chegar lá, não é? Quero dizer, claro, se alguém me deixasse subir em seus ombros ou usasse alguém como plataforma, talvez fosse possível. Mas não estamos planejando ir tão longe, certo? Não faremos isso, não é? Não faremos mesmo. Sem a menor chance.
Haruhiro se inclinou e encostou o ouvido na porta. Ele podia ouvi-las. Era fraco. Não, ele precisava se concentrar mais. Ele deveria ser capaz de ouvir mais do que isso. Ali. Ele podia ouvir agora. Muito claramente.
— Mesmo quando você usa isso...
Aquela era a voz da Yume?
— Q-q-q-quê?
Esse era a Shihoru.
— eles com certeza são grandes, hein.
— ...H-Huh...? Hã?! O que...?
— Seus seios, Shihoru, são grandes. Ah, e o formato deles também é adorável.
— ...Adorável...? — As palavras de Shihoru, por destino ou por acaso, expressaram exatamente o que Haruhiro estava pensando. Não, provavelmente não apenas Haruhiro. Ranta, Manato e Moguzo deviam estar pensando a mesma coisa. Grande e adorável? Como isso funciona?! Eles não faziam ideia!
— Sim, eles são adoráveis. Se importa se a Yume tocar neles?
— O que, isso não, ah! N-Não, faz cócegas! Eek! N-nya!
— Nyaa? Você está fazendo barulhos de gatinho agora, Shihoru.
— ...P-Por favor, Y-Yume, não tão forte...!
— Boing, boing, olha só como eles saltam.
— ...N-Não diga isso, é embaraçoso...
— Seria divertido se a Yume fosse assim.
— ...E-eu te acho bonita, Yume...
— O quê? Isso não é verdade. O que a Yume tem de bonito?
— ...B-Bem, como devo dizer, você não é gorda como eu, você é macia...
— Eu não acho que você seja gorda, Shihoru. A Yume tem mais flacidez do que você.
— Bem, o jeito que você parece macio é saboroso, então...
— Saboroso? Shihoru, você diz as coisas mais estranhas. Yume não é comestível.
— Ahhh, ummm, eu sei disso, é apenas, bem, uma metáfora, você poderia dizer.
— Quer dar uma mordida?
— ...Oh, hum, mas...
— É só cravar seus dentes. A Yume não se importaria se você pegasse só um pouquinho daqui.
Por que ela faria isso...? Haruhiro afastou o ouvido da porta e balançou a cabeça. Não, não, não. O que a Yume e o Shihoru estão fazendo? O que está acontecendo lá dentro? Isso é loucura. Minha imaginação está à solta. É assim que as meninas são? Eu não sei. Como eu poderia saber?
Quando ele olhou, Manato, Moguzo e até Ranta também haviam se afastado da porta.
Isso é o que parece. Claro que sim. Era demais para nós lidarmos com isso... que mistério. Cada mistério leva a outro, e agora nossas cabeças estão uma bagunça.
Haruhiro olhou Manato nos olhos, tentando transmitir a mensagem: Vamos voltar para o nosso quarto. Mas Manato voltou os olhos para outra direção. Seguindo seu olhar, Haruhiro viu Ranta olhando para o céu noturno.
Não, não era para isso que ele estava olhando. Não era o céu. Era a janela.
Ranta olhou para aquela janela com os olhos de uma fera voraz. Ele se endireitou, caminhando para baixo da janela. Estendeu a mão para ela, esticando-se. Não conseguiu alcançá-la. Ranta se virou para eles. Ele tinha o rosto de um demônio.
...Vocês não querem ver? estão mesmo dispostos a não fazer isso? Querem deixar passar essa oportunidade de ouro? Pode dizer com certeza que não vão se arrepender? E então?
Isso... Haruhiro rangeu os dentes. Isso não...
Talvez eu me arrependa, Manato foi sincero. Não posso dizer com certeza que não me arrependerei. Ainda assim, o que pode acontecer de bom se formos mais longe? O que acha que vai acontecer?
Ranta fez uma careta. O que quer dizer com isso...?
Pense um pouco. Já estamos excitados o suficiente. Mais do que isso é perigoso. Se formos longe demais, o que acontecerá? Voltamos para o quarto... nosso quarto. Um quarto com quatro caras. Não quero passar por isso. Não é tarde demais para voltar atrás agora.
Haruhiro estremeceu.
Esse é o Manato. Ele pode ver que isso seria ruim... não, uma tragédia. Mas, neste momento, se pararmos por aqui, podemos guardar isso como uma boa lembrança – eu acho. Tenho certeza de que podemos. Deveríamos ser capazes. Provavelmente é possível, eu acho.
Essa era a linha. Se eles a ultrapassassem, não haveria como voltar atrás. Se possível, ele queria que todos eles se recuperassem.
Ele cruzou a linha, mas eu não fiz nada. Se ao menos eu tivesse agido de forma diferente naquela época. Ele queria evitar que acontecesse algo que pudesse fazê-lo se sentir assim mais tarde.
Vamos voltar, Haruhiro agarrou Ranta pelo braço. Ele estava pronto para arrastá-lo à força, se necessário. No entanto, uma emboscada inesperada o aguardava.
Moguzo se levantou lentamente, caminhou até embaixo da janela e se inclinou para frente, colocando as mãos na parede. Uma plataforma. Ele estava tentando se tornar uma plataforma? Moguzo olhou para Haruhiro e os outros, dando-lhes um sinal de positivo.
Subam todos. Não se preocupem comigo.
Haruhiro olhou para Ranta. Depois, para Manato. Eles pareciam ter sido atingidos por um raio.
Não posso, pensou Haruhiro.
A determinação de Moguzo pesava sobre ele. Era pesada demais. Ele não conseguia se livrar dela. Ele não podia fazer isso. Não havia como fazer isso. Era impossível se livrar dela.
Eu tenho que fazer isso.
Haruhiro e Manato acenaram com a cabeça um para o outro. Qual deles iria primeiro? Haruhiro estava feliz em ir mais tarde, ou até mesmo por último. O primeiro seria Ranta, afinal, a ideia foi dele.
Ranta estava chorando. Seus olhos estavam cheios de lágrimas. Ele não estava apenas chorando; seu nariz também estava escorrendo.
Sem limpar o catarro ou as lágrimas, Ranta se aproximou e deu um tapa nas costas de Moguzo. — Vamos lá, amigo! Não me faça chorar assim! Você é um cara muito legal!
Haruhiro sussurrou:
— Ei... — e no momento seguinte se virou e correu para o outro lado.
Manato estava bem à frente dele. Esse era o Manato. Rápido como um raio
— Por que a Yume está ouvindo a voz do Ranta...? —, gritou Yume de dentro da casa de banho.
— Oh, droga! — Ranta fugiu. — N-Não! Não era eu! era o Moguzo! Sim, Moguzo! Eu não vi nem ouvi nada!
— O quê?! — Moguzo tropeçou espetacularmente e Shihoru gritou.
— Ranta, seu idiota! — Eles ouviram Yume chutar a parede com força do lado de dentro. — Seu cretino! Seu idiota! Seu pervertido! Vá para bem longe e nunca mais volte...!
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