Death March Web Novel Online 6-20
[A População do Território Muno – Parte 10]





Satou aqui. Ouvi dizer que você pode ver fragmentos de suas memórias dentro dos sonhos. No entanto, desde que me tornei um adulto trabalhador e passei a ter uma rotina de sono curta, parei de sonhar completamente.



◇◇◇



Pochi e as meninas vieram nos substituir, já que o nosso tempo havia acabado. Arisa disse: "Vou ficar de olho em você, hein? Nada de escapulir por aí no meio da noite." e tomou o lugar ao meu lado para dormir junto. Normalmente, eu a jogaria longe, mas como ela se saiu bem na negociação com o Ossan hoje, deixei passar dessa vez, embora isso não fosse uma recompensa.

Claro que a avisei que, se tentasse qualquer gracinha, eu a amarraria e penduraria numa árvore.

Até mesmo Lulu tomou a posição do outro lado, dizendo: "E-eu também, vou vigiar!", pedindo enquanto se atrapalhava com as palavras, e acabamos parecendo o kanji para rio.

Rudy: Rio = 川 (Kawa). Além disso, o Bostou (Apelido carinhoso do Satou) prometeu que quando a Lulu fizesse 20 e ela continuasse solteira, ele a tomaria como esposa.


Cara, como quero que esses cinco anos passem logo...

Contrariando minhas expectativas, Arisa adormeceu sem tentar nada engraçado. Se ela sempre fosse assim, eu a deixaria dormir comigo mais vezes.

Aproveitei para averiguar a movimentação do demônio antes de dormir.

Ele continuava perambulando pelo castelo e pelos ladrões na floresta como de costume, mas às vezes produzia um clone de nível 1 e o deixava vagando pela cidade. Certo vez, tentei monitorá-lo a noite inteira, mas como não fez uma única vítima, provavelmente aquele era um clone usado para coletar informações.

Também também notei uma movimentação suspeita vinda de outro lugar.

Os ladrões ao redor da cidade Muno estavam se unindo ao grande grupo de ladrões na floresta próxima à cidade. Além disso, havia muitos aldeões que tinham fugido de vilarejos próximos misturados com eles, formando um grupo de cerca de 500 pessoas. Se os grupos menores que estavam se movendo se juntassem a eles, chegariam a 700 pessoas. Uma revolta poderia estar prestes a acontecer.

Além disso, do noroeste – um pouco à direita de onde estávamos, mais distante da cidade de Muno – um exércitos de demi-goblins estavam entrando no território. Na noite de ontem tinha apenas 50 deles , mas agora estavam se aproximando de 1000, e continuavam aumentando, vindo de fora do território.

Ainda me pergunto se o "demi" no nome se deve ao fato de serem subespécies de goblins. Surpreendentemente, eles não são semi-humanos, mas, em certa medida, monstros. Gostaria de vê-los, já que nunca vi um de perto. Também nunca vi orcs, mas, como estão registrados nas histórias deste mundo, com certeza devem existir em algum lugar.

Acredito que a pessoa que o cavaleiro Eral estava procurando ao meio-dia era provavelmente a segunda filha do barão.

Por que acho isso? Porque ela estava atualmente na base do grande grupo de ladrões. Talvez tenha sido sequestrada e se tornado uma refém.

Ou Será que seus pais estão envolvidos nisso?

Aparentemente, a nossa jornada seria tranquila amanhã, graças ao movimento dos ladrões. Como os obstáculos desnecessários reduzidos, iríamos nos esforçar para chegar à cidade Muno na manhã daqui a dois dias.

Adormeci depois de concluir essa investigação geral.



◇◇◇



Tive um sonho incomum.

Sonhei que estava brincando com a garota que foi meu primeiro amor, no campo, nos terrenos de um santuário durante a minha infância.

Se fosse apenas isso, seria apenas um sonho nostálgico, mas a cena era diferente, e a personalidade dela também, mesmo que eu tenha certeza de que era a mesma garota.

Não consigo lembrar o nome dela, mas me pergunto por que tive esse sonho justamente enquanto estou sendo abraçado por Lulu e Arisa.


◇◇◇



— Grrr, dormir de conchinha não é o bastante para mim!

Arisa se levanta gritando algumas palavras sem sentido.

Ela vinha rangendo os dentes e fazendo barulho fazia algum tempo. Além disso, suas unhas, que estavam cravadas em meus braços, estavam doendo. Ainda que graças a minha habilidade de auto-cura fazia com que não restasse mais do que marcas vermelhas, dor era dor.

— Bom dia, Arisa.

— Bom dia, querido? É a sua doce e amada Arisa de sempre.

— Quase lá. Apague a última linha e teremos um ótimo dia.

Ela respondeu fingindo me bater repetidamente, mas percebi traços de lágrimas ao redor de seus olhos.

Que tipo de sonho ela teve?

Lulu ainda estava dormindo, mas também tinha marcas de lágrimas no rosto. Quando olhei para baixo, vi que Pochi e Tama estavam dormindo encolhidas como bolinhas sobre o meu estômago, murmurando: "Eu odeio o frio~", "Eu odeio fome, nano desu." Parecia que elas também estavam tendo pesadelos.

Por causa da cena estranha acontecendo, decidi acordar todo mundo beliscando seus narizes uma por uma.

— Mestre? Graças aos Deuses!

— Bom dia~? Nyuu, quentinho~.

— Bom dia, nano desu! É hora do café da manhã, nano desu!

As três ainda estavam meio adormecidas, esfregando seus rostos no meu peito e ombros, com os olhos sonolentos.

Era raro ver Lulu nesse estado. Normalmente, Arisa já teria aproveitado a chance para se jogar também, mas ela tinha saído para lavar o rosto.

Eu estava pensando que um íncubo poderia ter aparecido, mas não encontrei nada assim por perto. Pensando bem, se fosse realmente um íncubo, minha percepção de crise teria sido ativada antes.

Mia e Liza também sonharam com suas cidades natais. Parecia que Nana não teve nenhum sonho em particular. Então, ela não viu algo como ovelhas elétricas ou ovelhas mágicas*.

Rudy: Deve ser alguma referência de anime.

Como esperado, nada nos atacou naquele dia, sendo realmente uma viagem passífica.

No entanto, Pochi e Tama ficaram extremamente grudadas em mim, esfregando seus rostos o dia todo, e eu não consegui fazer nada durante a viagem. Como elas pareciam muito inseguras, passei o dia jogando cartas e shiritori com elas.

Convidei o casal Hayuna, já que pareciam entediados, mas parece que Ossan ficou viciado nos jogos e começou a se empolgar bastante. Eu gostaria que a Hayuna-san infundisse um pouco de sua elegância nele.



◇◇◇



Naquela noite, tive uma continuação do sonho de ontem. E, como esperado, quando perguntei para todas na manhã seguinte, elas também tiveram sonhos esquisitos.

Achei que fosse obra do demônio, mas após ver as habilidades dele e as habilidades inatas de sua raça, não parecia ser o caso.

O demônio pertencia a uma raça chamada Chifres Curtos. Aparentemente, eles possuíam um pequeno chifre na testa, asas de morcego e se assemelhavam com gárgulas. Suas habilidades são: [Magia Fantasma], [Magia Psíquica], [Transformação] e [Sedução], apenas essas quatro.

Esse demônio estava na floresta vizinha desde o meio-dia de ontem.

O número de ladrões reunidos chegou a mais de 700, mas agora restava apenas um único dígito. Eu não entendi como o número diminuiu tão drasticamente durante o tempo em que eu não estava observando, mas ao ver os zumbis que continuavam surgindo ao redor do demônio, entendi a situação.

Os demi-goblins também estavam se aproximando dos zumbis. Eles pararam de aumentar, mas acabaram totalizando 3.000 no final.

Às vezes o número de zumbis diminuía, e em troca surgiam esqueletos.

Eu não quero nem imaginar o que está acontecendo.

A filha do barão, que aparentemente havia sido sequestrada pelos ladrões, conseguiu escapar. Ela estava correndo para as profundezas da floresta junto com um homem de nível notavelmente alto entre os ladrões. Não sei se eles se apaixonaram ou se já eram conhecidos desde o início.

Dentro do território do barão, o exército territorial partiu em direção à floresta dos ladrões logo pela manhã. Parecia que a operação de resgate da filha tinha dado início. Eles somavam mais de 1.000 e, pelo visto, também contavam com mercenários e escravos locais.

O herói não estava entre os soldados do exército, mas sim dentro do castelo junto ao barão.

Com tantas bandeiras levantadas, mesmo sem a habilidade de percepção de crise, tenho uma premonição de um grande tumulto se aproximando.

Preciso evacuar todos para um lugar seguro o mais rápido possível.



◇◇◇



Finalmente chegamos à cidade de Muno, mas o portão estava selado, então não conseguíamos entrar.

Nesse momento, tentamos negociar mostrando a adaga do Ossan, mas como nenhum dos guardas reconhecia o selo na adaga, fomos convidados a ir até o castelo.

— Eu vou com o casal Toruma para encontrar o barão. Gostaria que vocês fossem à vila adiante com a carroça para realizar algumas tarefas.

Ossan nos convidou, mas, se fosse descuidado ali, o casal poderia acabar morto, e eu não conseguiria visitar a oficina.

Embora eu fosse encontrar o barão pessoalmente, não tinha realmente a intenção de pedir para ele fazer algo em relação ao território. Eu sentia pena das pessoas, como as crianças e os idosos que conheci antes, mas não era algo que me fizesse querer salvá-los a qualquer custo. Até mesmo sobre o falso herói, sentia apenas que devia ajudar de alguma maneira.

Portanto, queria garantir a segurança de Liza e das garotas.

— Mestre, o que devemos fazer?

— Bem, há uma vila logo adiante. Quero que vocês recolham pedras parecidas com essa no rio ao lado da vila. Peçam ao chefe da vila para solicitar a todos que coletem essas pedras.

— Tama vai coletar~

— Pochi vai se esforçar muito também, nodesu!

Continuei a conversa enquanto acariciava a cabeça de Pochi e Tama, que faziam poses firmes com um "Swoosh".

— Fico feliz pelo entusiasmo de vocês, mas devemos deixar o trabalho para os aldeões.

Expliquei tudo em detalhes.

Eles precisavam reunir 100 pedras e eu iria comprá-las por 1 moeda de cobre cada. Deixei a avaliação das pedras coletadas por conta de Tama, que tinha habilidade de coleta. Arisa ficaria encarregada de calcular o dinheiro e negociar com o chefe da vila. Liza ficaria ao lado da carroça para que os aldeões não as subestimassem. Nana seria a mestra, enquanto Lulu e Mia seriam as servas.

— O que Pochi deve fazer, nodesu?

— Pochi será a guarda-costas de Arisa quando as pedras forem trocadas por dinheiro.

— Entendido, nano desu!

Agora que a explicação estava feita, eu deveria me juntar a Hayuna-san e Ossan.

Arisa agarrou minha roupa antes que eu pudesse descer da carroça.

— Não... absolutamente NÃO!

Lágrimas começaram a se acumular nos olhos de Arisa, e ela se recusava completamente a me deixar ir.

Será que ela não queria ser a negociadora tanto assim?

Eu achava que ela era mais adequada para isso do que qualquer outra pessoa do grupo.

— Tudo bem, você pode trocar de lugar com a Lulu caso não queira negociar, ouviu?

— NÃO! EU NÃO VOU DEIXAR VOCÊ IR SOZINHO!

Tudo bem ela me chamar de "você" (Anta), ao invés de “Mestre” (Goshujin-sama), como sempre?

— Não é como se eu estivesse indo para um campo de batalha, Arisa. Só estou acompanhando o casal Toruma ao castelo do barão, aproveitar a chance de ir encontrá-lo pessoalmente, entendeu?

Tentei soar o mais despreocupado possível, fazendo algumas piadas.

— Caso ele seja uma boa pessoa, de repente posso conversar sobre a situação da população, mas, caso ele não seja, vou priorizar minha segurança, então vai ficar tudo bem.

No entanto, a Arisa parecia mais sensível que o normal e insistiu, em não me deixar passar.

— Isso é mentira! O fato de que você não está nos levando para a cidade é a prova definitiva!

Ela havia acertado em cheio.

Agora, o que fazer?


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