Death March Web Novel Online 6-18
[A População do Território Muno —
Parte 9]
Satou aqui. Dizem que a capacidade de ler nas entrelinhas é indispensável, mas é diferente no mundo paralelo, pois inesperadamente há muita gente que se comporta como bem quer por aqui. Porém, se eu esquecer a diferença de posição social, posso acabar me complicando.
◇◇◇
Quando Nana tirou o capuz, seu cabelo loiro apareceu. Toruma-shi ficou deslumbrado com ela e Hayuna-san lhe deu uma cotovelada. Percebeu-se, então, que ele realmente estava sob o domínio de sua esposa.
Nana segurou o bebê nos braços após receber permissão e pareceu completamente satisfeita, como se fosse uma imagem angelical de uma mãe com sua criança no colo, mesmo sem falar.
— Ela é tão fofa e macia, nano desu.
— Masuta, “eu também quero ter um organismo jovem”, assim solicito.
— Vamos conversar sobre isso depois que essa jornada terminar.
— Masuta?
— É o meu apelido.
Nana disse "Mestre" em inglês (Masuta), e não "Goshujin-sama", como as outras meninas.
Depois disso, o casal Toruma ficou interessado na maneira excêntrica de falar da Nana, mas, quando eu lhes disse que ela levava uma vida extremamente privilegiada em uma terra distante, o que a tornou pouco familiarizada com o idioma do Reino Shiga, eles concordaram.
Também lhes disse que sua refeição era apenas líquida porque seu corpo estava fraco após um longo período adoentada. O casal Toruma parecia pensar que Nana e eu éramos um casal e deixei por isso mesmo, já que não tinha nada de mal nisso.
— Estava delicioso. O sabor era sabor rural, mas tinha boa carne em abundância e até mesmo condimentos como pimentão além de sal!
— Graças aos pimentões picados sobre a comida, sinto que meu corpo está finalmente aquecido apesar deste tempo frio.
Esses dois, apesar de dizerem coisas como se fossem repórteres de um programa gourmet, estavam comendo avidamente. Talvez não fosse para menos já que provavelmente não tiveram muita comida durante o cativeiro no esconderijo dos ladrões.
Pochi e Tama estavam quietas naquele dia. Normalmente, elas diriam: “Mais, por favor, nanodesu”. Eu dei uma olhada nelas e percebi que estavam comendo devagar e mastigando bem. Em verdade, as duas tinham comido apenas metade de suas porções até agora.
O quê?
Depois de terminar a metade da refeição, elas se levantaram e se dirigiram para cá.
Por acaso não estava gostoso?
— Partilhar~?
— Aqui está a metade, nodesu.
As duas ofereceram seus pratos a Hayuna-san. Eu me perguntei por que estavam fazendo isso com expressões tão sérias, se não dolorosas.
— Ei, ei, ei, não importa o quão delicioso seja, não há a menor chance da gente aceitar restos de escravos semi-humanos, sabiam?
A zombaria de Toruma-shi não foi exatamente alta, mas o momento foi muito ruim, e ela os contagiou.
Ao ouvir isso, as orelhas de Pochi e Tama caíram.
O comentário de Toruma-shi podiam não ter sido tão duros se não tivesse vindo com discriminação contra os semi-humanos no meio.
No entanto, eu não podia deixar essa zombaria contra a boa fé das duas passar impune. Ignorei esse Ossan que não conseguia ler as entrelinhas. Daquele momento em diante, ele seria chamado de Ossan, e não mais de Toruma-shi.
Rudy: Ao chamar ele de Toruma-ossan, ele está praticamente chamando ele de velho Toruma de forma perjorativa.
Ops, em vez de falar sobre o Ossan, é melhor descobrir o que houve com Pochi e Tama.
— O que há de errado, meninas?
— É por causa do leite materno para o bebê, nodesu...
— Se a mãe não comer~ o bebê vai morrer~?
Eu ainda não conseguia entender o que estava acontecendo, mas percebi que tinha um motivo bastante sombrio por trás de tudo isso.
— Mestre, se me permite, havia um bebê com uma mulher com cabeça de leopardo quando estávamos com nosso antigo proprietário. Como raramente recebíamos comida, o leite da mãe não saía, e o bebê acabou morrendo de fome. Desde então, nós escravos semi-humanos cooperávamos dividindo metade da comida quando alguma escrava tinha um filho. Acredito que as duas recordaram dessa época.
— Estou vendo, Pochi e Tama são crianças de coração enorme. Mas não tem com que o se preocupar, temos comida suficiente, portanto vocês duas podem comer à vontade. Vamos, terminem e peçam mais como sempre.
Eu entendi depois de ouvir a explicação da Liza. Considerando como eram as pessoas daquela guilda de ratos marrons, eu não ficaria surpreso com esse tratamento.
Depois de ouvir minhas palavras, Pochi e Tama se olharam e disseram, felizes, "V-viva!", enquanto seguraram seus pratos com as duas mãos sobre a cabeça. Fiquei impressionado como ambas deixaram sequer os pedaços de legumes cair.
Hayuna-san disse: “Obrigada por se preocuparem”, para Pochi e Tama, mas aí o cara que não sabe ler as entrelinhas veio e disse: “Então, vou pegar mais também” acabando com o clima.
Claro que não só Liza, mas Lulu também o ignoraram esplendidamente. Ossan andou de um lado para o outro com seu prato, mas como ninguém respondeu, ele se sentou desanimado. Foi lamentável que nem mesmo a Hayuna-san o tenha apoiado.
Mas parece que ele não estava refletindo sobre isso, pois, quando Hayuna-san pediu outra porção, ele também juntou o prato e pediu outra. Eu lhe dei, não por simpatia, mas porque era irritante ouvi-lo resmungar do lado de fora.
◇◇◇
Depois de comermos, entrei na carroça com a Nana, pois a Hayuna-san ia amamentar o bebê. Nana queria ver a amamentação, mas, como era constrangedor para mim, a levei junto. Então, comecei a reabastecer a Nana com poder mágico.
— Masuta.
— Pois não, Nana?
— “Eu também quero amamentar o jovem organismo”, assim desejo.
— Mas… não é como se você tivesse leite, ou tem?
Eu podia ver a Nana tocando os próprios seios, já que eu estava lhe fornecendo poder mágico por trás.
Yu~p, são enormes.
Ela poderia produzir leite caso tivesse um filho, mas eu não sabia se um homúnculo como a Nana poderia dar à luz.
— “O que devo fazer”, assim questiono?
Depois que terminamos o reabastecimento, Nana se virou e fez essa pergunta.
Ooh.
Isso era, coisas boas.
Inadvertidamente, estendi a mão, mas fui de repente golpeado por trás e não consegui fazê-lo.
— O-o que acham estão fazendo!
— Obsceno!
Eram Arisa e Mia. Ainda assim, eu me perguntava quando Arisa tinha feito um leque de papel.
— O que quer dizer? Estou apenas fornecendo a ela poder mágico.
— Por trás.
— É isso aí! Já falamos que você só pode transferir mana para ela pelas costas!
— Claro, eu fiz isso nas costas dela. A Nana se virou de repente.
— É mesmo?
— Verdade?
— Yes, assim confirmo. “Eu estava solicitando ao mestre que me fizesse produzir leite materno”, assim desejo.
E-espere, Nana-san? Se você disser palavras tão turbulentas...
— SEIZAAAAAAAA!
— Nn.
Obedeci, sentando-me em seiza, enquanto protestava, mas elas não quiseram me perdoar. Talvez porque tenham notado meu olhar para uma parte do corpo da Nana no meio do caminho.
Quase fui obrigado a esfregar os seios de Arisa e Mia para que crescessem, mas consegui escapar dessa.
Foi por pouco.
Preferiria lutar contra o Wagahai-kun do que parecer um lolicon.
◇◇◇
Depois de me ver livre de Arisa e das meninas, voltei para onde o casal estava. Parecia que Hayuna-san tinha terminado a amamentação. Depois conversamos um pouco e os dois me contaram que o bebê tinha sido trancado no porão, pois chorava muito no esconderijo dos ladrões.
Enquanto conversávamos, Lulu apareceu trazendo chá para nós três. Não era o chá azul de costume, mas sim um chá de ervas. Lulu explicou que o chá azul não era bom para a mãe que estava amamentando, pois poderia afetar o leite materno.
Hayuna-san e eu agradecemos a Lulu enquanto pegamos o chá, mas Ossan, com um ar descontraído, perguntou:
— O que é isso? Não é saquê? Não tem vinho? Até cerveja também serve.
Ele parecia um bêbado irritando um atendente. Quando Lulu respondeu que não tínhamos bebida alcoólica disponível, ele ficou visivelmente desapontado.
— Ainda assim, tem muitos ladrões neste território — comentou o Ossan.
— Verdade.
— Encontramos vários antes de sermos capturados por aquele último grupo. Naquela hora, eles estavam em menor número e fugiram antes de qualquer confronto.
Aparentemente, os ladrões evitavam atacar se percebessem mercenários.
— Além disso, fiquei surpreso com a quantidade de aldeões tentando se vender.
— Isso é normal se a colheita foi ruim, não?
— Mas eles disseram que não tiveram uma colheita ruim.
Expliquei que a causa estava no casamento da filha do barão, mas Ossan fez um comentário inesperado:
— Hee~, aquela Soruna sonhadora está se casando, hein? Quem é o noivo? Deve ser um homem muito corajoso para aceitar uma noiva do primo-dono.
— Pelo que soube, o noivo dela é o herói-sama.
Ao ouvir isso, Ossan começou a rir descontroladamente, rolando sobre a toalha estendida no chão como se achasse algo extremamente engraçado. Mesmo assim, muitos nobres estariam interessados em se casar com a filha de um lorde, mesmo que fosse um barão. Queria perguntar o que ele quis dizer com "corajoso", mas decidi ignorar.
Hayuna-san, percebendo o clima, lembrou seu marido com delicadeza. Fiquei curioso sobre como ela acabou se casando com alguém tão peculiar.
— Querido, o que você está achando tão engraçado? Não conseguimos entender se você apenas fica rindo.
— Ha, ha, não, é só que o primo-dono é famoso por sua paixão por heróis, mas eu nunca imaginei que ele faria a filha se casar com um. Isso vai criar um bom vínculo com o Império Saga.
— Ele gosta de heróis?
— Sim, ele adora colecionar livros sobre heróis. Há até um boato entre os comerciantes de que ele construiu um teatro na cidade Muno só para ter peças teatrais sobre eles.
Entendi então que esse gosto do Barão por heróis era mais do que uma simples admiração, era parte de sua estratégia social.
— Na verdade, eu conheço um comerciante próximo à realeza que conheceu o herói pessoalmente. Ele me descreveu o rosto, a figura e as características do herói, e elas não batem com o herói que está atualmente hospedado com o barão-sama.
— Hoo? Então você está sugerindo que o primo-dono foi enganado por uma fraude, Satou-dono?
— Eu não diria isso diretamente. Mas é estranho que um herói esteja longe do Império Saga, especialmente com a temporada do rei demônio se aproximando, quando seria esperado que ele estivesse em missão para subjugá-lo. Além disso, houve até um distúrbio na cidade de Seryuu envolvendo um indivíduo mascarado que se parecia com o herói. Estou preocupado que o Barão possa estar sendo envolvido em algo perigoso.
Claro, minha preocupação era apenas uma fachada para introduzir o verdadeiro assunto.
— Também ouvi rumores sobre um demônio com asas de morcego que apareceu perto da cidade de Muno. Quando eu estive na cidade de Seryuu, um demônio superior apareceu. De acordo com os meus contatos que estava presentes, o demônio disse que a cidade Muno também estava na sua mira.
Usei essa mistura de verdade e boato, uma técnica famosa entre romancistas russos, para ver como ele reagiria.
— Então, o boato era verdadeiro... Isso explica por que nunca passamos por outras caravanas depois que entramos neste território.
Ossan parecia convencido ao dizer isso, mas eu digo que era por causa da falta de ordem pública. Além disso, se você contratasse pessoas como as que estão na fronteira, os outros evitariam esse território, que só tinha coisas ruins.
As pessoas que não têm negócios urgentes no ducado provavelmente nunca passariam por aqui, não é mesmo?
Eu me pergunto se essa conversa chegaria a alguém fluente, mesmo que fosse por meio de rumores. Não posso esperar nada do Ossan, que não era confiável, mas, como Hayuna-san também ouviu, certamente a informação fluiria bem pela rede das esposas.
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