Death March Web Novel Online 6-17
[A População do Território Muno —
Parte 8]
Satou aqui. Nos meus dias de trabalho, venci discussões acaloradas quando havia divergências sobre como cumprir com as solicitações dos nossos clientes, mas agora que tenho uma vida tranquila neste mundo, sinto que fiquei um pouco enferrujado.
No entanto, pergunto-me se, para as pessoas normais que vivem neste mundo, tocar a vida de forma honesta não passa de uma ilusão.
◇◇◇
— Aqui está a bagagem que recuperamos dos ladrões."
— Oh céus, além de nos ajudarem vocês até pegaram nossa bagagem.
Hayuna-san agradeceu enquanto recebia a bagagem. Toruma-shi espiou dentro da mala e perguntou, hesitante.
— Vocês viram uma adaga dentro da bagagem?
— Eram apenas esses itens no esconderijo. Mas deve haver várias coisas dos pertences dos ladrões.
— É uma adaga com uma bainha de couro branco...
— Se for essa, estava com o líder, aquele velho barbudo. Espere um momento.
Dizendo isso, tirei uma adaga da caixa de ferramentas no canto da carroça.
Claro, tirei-a do meu armazenamento. A bainha da adaga era relativamente simples, mas havia um belo brasão de família em um ponto, tornando-a bem elegante. A lâmina não era um artefato mágico, mas feita de Mithril forjado por anões.
— É esta?
— Sim, é essa!
Toruma-shi, que estava prestes a pegar a adaga, foi interrompido pelas palavras de Arisa.
— Espere, esta é nossa recompensa justa por exterminarmos os ladrões. Tivemos inclusive a permissão dos cavaleiros do território. Se você a quer de volta, terá que oferecer algo de valor equivalente.
— Esta adaga tem o brasão da minha família gravado! Não posso entregá-la para alguém de fora da família!
— E daí? Eu sei que você está emocionado por causa do reencontro, mas nem sequer agradeceu por a gente ter te salvado, certo? E ainda por cima ainda tem a ousadia de reivindicar uma posse que é nossa?
— Garotinha, você deveria agir de forma mais educado com os adultos!
— Desculpe-me, mas isso fica para depois que terminarmos. Durante uma negociação, falo em pé de igualdade, mesmo que o oponente seja um rei. Esse é meu estilo.
Ela parecia realmente capaz de falar nesse tom até com um rei.
Toruma-shi não conseguiu responder às palavras duras de Arisa. Hayuna-san, que não conseguia ficar só assistindso aquilo, interveio a favor de Toruma-shi.
— Querido, primeiro, por favor, agradeça a eles. Esta pessoa usou uma poção mágica cara para salvar sua vida. Além disso, ele me protegeu das espadas dos cavaleiros e dos ladrões, salvando minha vida. E, ainda por cima, eles se infiltraram no esconderijo perigoso dos ladrões para salvar a nossa Mayuna. Temos de agradecer de coração por tudo isso.
— Você tem razão, Hayuna… Perdoão, eu estava errado. Comerciante-dono, este Toruma é verdadeiramente grato por sua gentileza e compaixão.
O casal Toruma se curvou junto.
— Porém, eu gostaria que devolvesse esta adaga de qualquer maneira. Claro, darei pagarei o que estiver ao meu alcance em troca dela.
Parece que ele reconheceu que o direito de posse pertencia a mim, mas ainda assim, "Devolvesse.", em vez de "Desse", hein?
— Qualquer coisa mesmo?
— M-minha esposa e filha estão fora de questão!
Toruma-shi cobriu freneticamente as duas com os braços. Achei rude ele até bloquear minha linha de visão. Talvez ele pensasse que eu fosse um homem sem honra. Embora suponha que seja compreensível, considerando que eu viajava sozinho com sete garotas de raças e idades diferentes.
— Então, você não tem dinheiro ou joias, certo?
— Umu, tudo foi levado pelos ladrões.
— E quanto a artefatos mágicos?
— Esses também foram levados pelos ladrões.
Arisa deu de ombros de maneira exagerada. Provavelmente ela já sabia disso desde o início, mas estava ciente da conexão dele com o duque – ou seja, um sobrinho de um nobre importante – e provavelmente estava tentando conseguir recompensas da casa dos pais dele.
— Agora é impossível, mas se formos até o ducado... não, pagarei se nos levar até o castelo do barão Muno.
— O quê? Você conhece o barão?
— Sim, ele é meu primo de segundo grau por parte do meu pai. E, você, deveria usar o sufixo 'sama' ao se referir a ele.
Arisa ignorou as palavras de Toruma-shi sem cerimônia.
— Então, quanto vale esta adaga?
— É uma relíquia importante da família, então nunca foi avaliada. Como gratidão, ofereço 5 moedas de ouro.
Arisa se virou para mim e trocamos olhares por um segundo. A propósito, o preço de mercado da adaga era de 30 moedas de ouro. Um valor extraordinário para um item que não era mágico. Por enquanto, decidi exagerar a informação que obtive do AR.
— Toruma-san, acabei de avaliar essa adaga. Com a bainha bem trabalhada e a bela lâmina de mithril forjada pelo famosos artesão anão, Dohar-shi, ela não vale menos que 30 moedas de ouro.
— Se a levarmos para um especialista no ducado, ou a leiloarmos para outros nobres interessados em artigos de luxo, poderia valer até mais.
Arisa disse algo bem provocativo.
— I-isso seria problemático! No entanto, até mesmo nobres teriam dificuldades em levantar uma quantia tão grande de moedas de ouro.
— Pois é~, como nosso mestre não tem problemas com dinheiro, você poderia pagar de outra forma.
— Fugimos de casa, então, mesmo que eu volte para a casa dos meus pais, não tenho nada de valor para lhe dar.
— Ah, ouvi da sua esposa que você usou pergaminhos para se defender dos ladrões, certo?
— Sim, minha família gerencia uma oficina de pergaminhos. Quando saí de casa, dera-me diversos dos pergaminhos para auto-defesa.
— Hmm, uma oficina de pergaminhos, hein? Gostaria muito de conhecê-la.
— Claro, se visitar a capital do ducado, Oyugock, por favor, faça-nos uma visita.
Interrompi sem querer a conversa, e Arisa me olhou como se dissesse: "Não me atrapalhe durante a negociação."
Ainda assim, uma oficina de pergaminhos... se eu aprender como fazê-los, poderia produzi-los em massa sozinho.
Provavelmente estaria cheia de segredos, então normalmente recusariam uma visita.
Parece que dei sorte.
Quando Arisa perguntou o preço dos pergaminhos, a resposta foi "3 a 5 moedas de prata".
— Nosso mestre é um colecionador de pergaminhos. Ele pode entoar as magias sozinho, então, quando voltarmos à nossa mansão, ele explicará de qual era ou de qual oficina cada pergaminho veio para os servos.
Arisa era uma ótima negociadora. Se sou um mago, não preciso de pergaminhos para lançar magia. E se sou um colecionador, provavelmente não os revenderia. Além disso, ele não me daria só pergaminhos do mesmo tipo.
— Oh, pensei que fosse um comerciante, mas na verdade você é um feiticeiro ?
— Apenas um amador, capaz de usar apenas algumas artes mágicas. Em verdade, sou mais ativo como comerciante.
— A distribuição de pergaminhos é regulada por lei, então não posso vendê-los se for revender. Mas, se for um mago, não há problema. Só para deixar claro, pergaminhos de magia intermediária não podem ser vendidos, por decreto do exército.
— Sim, pergaminhos de magia básica são suficientes. No entanto, como sou um colecionador, não ficarei satisfeito se me der apenas o mesmo tipo de pergaminho. Prefiro que me entregue uma variedade.
— Pode ser difícil encontrar pergaminhos de 30 moedas de ouro sem duplicatas, já que normalmente fabricamos apenas os mais vendidos, cerca de 20 tipos. Talvez tenha que procurar no depósito.
— Ah, seria possível pedir à oficina para criar pergaminhos com feitiços que eu solicitasse?
— Claro, embora isso levaria alguns dias. Satou-dono, estaria de acordo com isso?
— Sim, trato feito então.
Assenti para Toruma-shi e estava prestes a entregar a adaga, mas Arisa nos interrompeu novamente.
— Promessa verbal é inválida. Vou fazer um contrato por escrito, então por favor, assine e faço um selo de cera com o brasão da adaga para autenticar.
Arisa entregou o contrato escrito a Toruma-shi.
Estavam lá os seguintes termos:
- Como compensação pela adaga, Toruma-shi deverá pagar a Satou com pergaminhos no valor de 30 moedas de ouro.
- O preço dos pergaminhos seguirá o preço de varejo.
- Os pergaminhos não poderão ser duplicados.
- Se não houver variedade suficiente, Satou escolherá magias básicas para serem feitas em pergaminhos.
- Caso os pergaminhos precisem ser feitos, Toruma-shi arcará com o custo da encomenda.
- Por fim, em caso de quebra de contrato, Toruma-shi e sua família servirão a Satou como escravos por 30 anos.
— Teria como apagar essa última cláusula?
Toruma-shi fez uma expressão amarga, mas Arisa insistiu.
— Não, mas, vejamos... O chefe atual da sua família é um visconde ou um barão?
— É um visconde. Visconde Shimen.
— Então, que tal: “Em caso de quebra de contrato, em nome do visconde Shimen, Toruma-shi pagará 90 moedas de ouro”?
— 90 moedas de ouro...
— Se pagássemos por mais de 30 pergaminhos de uma vez, eles valeriam 60 moedas de ouro, então se calcularmos o valor do serviço, 90 moedas de ouro seria um preço justo.
Toruma-shi ficou pálido, mas assinou o contrato. Hayuna-san, que havia permanecido em silêncio até então, disse uma frase perigosa em tom baixo:
— (Se você quebrar o contrato, nossa filha será dada como esposa para quitar a dívida).
Mayuna-chan tremeu de medo, mas não acredito que ela estivesse falando sério. Apenas queria acelerar Toruma-shi a assinar o contrato.
◇◇◇
— Aves~?
— Poucas presas, nodesu...
Pochi e Tama voltaram trazendo dois pássaros do tamanho de pombos e cinco pequenos ovos. Também trouxeram frutos de faia*, ervas selvagens e plantas comestíveis na bolsa. Imagino se foram ensinadas pelos idosos e pelas crianças, pois voltaram com uma variedade maior de ervas selvagens. Agradeço às duas, que estão cabisbaixas por não terem encontrado muitas presas.
Vou cozinhar os ovos e dividir meio a meio entre os membros do grupo.
Rudy: Aparentemente a Faia é uma espécie de noz triangular nativa em toda Europa.
— Todos os seus escravos parecem fortes.
— Sim, de acordo com os soldados da cidade de Seryuu, elas são comparáveis a cavaleiros experientes.
— Impressionante. Mas, sendo assim, consigo entender como vocês conseguiram exterminar tantos ladrões.
— Em verdade estávamos acompanhados por dois cavaleiros.
— Esses cavaleiros, desgraçados! Por acaso são conhecidos seus?
Como esperado, até mesmo uma pessoa calma, ou melhor, de temperamento fraco, perderia a compostura ao falar sobre aqueles que quase o mataram.
— Não, foi a primeira vez que os encontramos. Parece que eles eram cavaleiros do barão Muno.
— O quê, eles eram cavaleiros do meu primo? Não consigo acreditar que um cavaleiro atacaria uma pessoa pelas costas, nem nos meus piores pesadelos.
— Sim, eles quase mataram a sua esposa também.
— ISSO É VERDADE?
— Sim... sorte que chegamos a tempo.
Enquanto conversávamos, o preparo da refeição foi finalizado. Organizamos os lugares como de costume. Hoje, sem grandes travessas, o menu consistia em carne de pássaro frita com legumes em tigelas individuais, sopa de batata em canecas e duas batatas cozidas para cada um.
— Hoo, essa é uma refeição bem farta.
Toruma-shi lambe os lábios satisfeito com a comida, mas de repente, algo parecia lhe incomodar com o número de pratos.
— Hã? Vai deixar os escravos e os servos comerem junto de você?
— Sim, elas são minhas companheiros de jornada. Nós fortalecemos nossos laços ao comer juntos. Não é assim também no exército?
— Sim, eles fazem, mas o que faremos se pegarmos alguma doença comendo com escravos?
— Querido, essas crianças são bem limpas. Nós mesmos estamos cheirando a suor.
Eu nunca estive em um exército, claro. Toruma-shi parecia insatisfeito, mas foi convencido por Hayuna-san. Eu não tinha pensado nisso porque a Zena-san agia naturalmente, mas pelo visto pessoas ligadas à nobreza não costumam sentar à mesa com escravos.
Ainda assim, dizer que podemos pegar uma doença por comer juntos é bastante rude.
Acabei dividindo os assentos para a refeição em dois grupos. Em vez de fazê-lo por causa de Toruma, fiz isso porque parecia que nossas meninas não conseguiriam desfrutar da refeição perto de um cara assim. Como seria indelicado da minha parte, como anfitrião, isolar o casal Toruma, sentei-me com eles e com Nana.
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