Death March Web Novel Online 5-14
[Reunião]
Satou aqui. Eu gosto mais quando usam a palavra “mistério” ao invés de enigma. Bem, depois dessa última aventura brutal que passei, acho que é hora de dizer adeus ao meu passeio calmo e tranquilo.
Rudy: O próximo arco [O Território Muno] é onde a aventura realmente começa, Satou. Quem bom que você desistiu do seu plano ingênuo ;D
◇◇◇
Zen, Zen, Zen, você me fez dançar na palma da sua mão, hein? Espera que agora esteja satisfeito, pois foi realmente um saco ser envolvido em toda essa história.
No meio dessa confusão, eu ainda acabei me tornando um assassino… Não que me arrependa. Talvez a quantidade exorbitante de pontos que tenho em MND esteja cumprindo seu papel, mas era bem possível que aparência esquelética dele, ou sua expressão final de gratidão tenha contribuído.
Rudy: MND vem da palavra MIND (Mente), que seria no caso os pontos de força mental do Satou.
Depois de colocar os meus pensamentos no lugar, verifiquei no [Mapa] a situação da Arisa e das meninas. Aparentemente, a Liza tinha se ferido um pouco, mas o importante era que todo mundo estava seguro. Elas tinham acampado nos arredores da muralha de Seryuu.
Pelo visto, quando eu disse “procurem ajuda na Guilda de Serviços ao amanhecer”, elas entenderam que deveriam estar na cidade quando amanhece, quando na verdade eu queria que elas partissem para a cidade quando o sol nascesse. Bem, não há nada que possamos fazer quanto a isso.
Se tivéssemos algum tipo de telefone, eu poderia avisar que já estava tudo bem. Uma pena que não existam nesse mundo. Ou quem sabe, pode haver alguma coisa parecida quando estivermos na capital do reino, ou mesmo na cidade do labirinto.
Agora, atravessar cinco montanhas de distância no meio da escuridão seria um problema. Não que eu estivesse fisicamente cansado no momento, mas o cansaço mental era outra história.
Tudo bem descansar um pouco até o amanhecer?
Foi aí que um pensamento obscuro passou pela minha cabeça. Se eu deixasse a Arisa e as meninas voltarem para casa sozinhas, elas não seriam consideradas escravas fugitivas? O guarda que me recebeu na entrada da cidade, naquele dia, parecia ser gente boa, mas ele agiria da mesma forma com escravas e semi-humanas?
A minha barra de vida estava cheia e os pontos de estamina por volta dos noventa por cento. Não que eu fosse um grande fã de atletismo, mas que tal uma corridinha? Claro, eu teria de carregar a Mia e a senhorita Nº7 no meu ombro, já que abandonar as duas aqui para virar comida de lobo tornaria sem sentido a minha vinda até o labirinto.
Usando alguns panos para envolver as duas, percebi que agora a Mia estava exatamente igual ao dia em que a recebi das mãos do Capacete-Vermelho.
> [Habilidade: Embrulhar] foi adquirida.
Levantei as duas no estilo princesa, ou seria noiva na noite de nupcias? Normalmente, ninguém conseguiria fazer isso por mais do que alguns minutos, mas com a quantidade anormal de pontos que tenho em STR (Strenght = Força), não seria um problema carregar as duas pelas próximas horas.
Quando dei os primeiros passo, Mia quase escorreu para fora. Então eu a amarrei na outra com mais alguns tecidos para estabilizar as duas.
Pronto, agora eu poderia descer a montanha despreocupadamente.
◇◇◇
Nem precisei ir muito longe montanha abaixo para ganhar uma nova habilidade, como sempre.
> [Habilidade: Mobilidade Fora da Estrada] foi adquirida.
Imediatamente coloquei o máximo de pontos nela e continuei avançando. Por sinal, também ativei a habilidade [Corrida] que tinha efeito similar. Isso poderia parecer um desperdício de pontos, mas eu ainda tinha 90% de tudo para distribuir de qualquer jeito.
Desde o começo da aventura, venho maximizando qualquer habilidade que viesse a calhar, mas depois de ver aquelas esferas de cor púrpura, decidi analisar com cuidado as informações das habilidades. Depois que me reunisse com as garotas, eu dedicaria metade dos meus pontos para autodefesa para não me envolver mais em problemas.
Dez minutos mais tarde, passei pelo que parecia ser uma vila Ratkin em ruínas. Foi aqui que a Mia se encontrou com o Capacete-Vermelho e os outros? Eu estava meio que interessado, mas o melhor agora seria continuar correndo.
Por algum motivo, só de olhar eu já sabia quais eram os lugares mais seguros e rápidos para fazer a descida, talvez por causa da nova habilidade? A mesma coisa ao detectar armadilhas, eu conseguia mais ou menos identificar onde era ou não seguro. Quem sabe, seja porque o terreno natural difira do feito pelo homem?
Deixando isso de lado, talvez as habilidade [Mobilidade Fora da Estrada] e [Corrida] tenho algum tipo de sinergia. Eu estava correndo mais rápido que um cavalo puxando carroça. Mais ainda, combinado com [Mobilidade Tridimensional] eu pulava de galho em galho, rocha em rocha, igual os personagens de um certo mangá sobre ninjas.
Duas montanhas mais adiante, o número de árvores mortas foi caindo e o cenário ganhou mais tons de verde. Em uma colina, plantas semelhantes a lírios e cogumelos dançantes emitiam luzes mágicas na escuridão. Eu queria chegar mais perto para admirá-los, mas desisti da ideia por causa do tempo. Era uma pena, mas deixei o local marcado para uma visita outra hora.
De tempos em tempos, galhos se emaranhavam no tecido em volta da Mia e da mulher, mas eu os quebrava sempre que possível atirando algumas moedas com minha mão livre. Assim, continuei meu trajeto dependendo apenas do luar para iluminar o caminho.
Nesse mundo, a luz da lua parecia excessivamente brilhante.
Após a quarta montanha, um javali gigante saltou em cima de nós. Eu já o tinha percebido pelo radar, por isso quando ele pulou, só fiz chutá-lo para longe. Outros bichos menores ocasionalmente faziam isso, achando que nós eramos presas, mas esses era fácil de evitar, completamente diferente de um javali gigante.
Talvez eu tivesse exagerando na força, mas a cabeça do animal fez um som de “splash” e eu averti meus olhos. Sem nem mesmo me virar, coloquei o animal no [Armazém], antes que ele atingisse o chão, um presente para a Liza. Ela vinha desossando as nossas presas todos os dias uma olhar contente e eu sempre fiz questão de acompanhar o processo de perto, mas tenho toda confiança de que, se não estivéssemos no escuro, eu não teria trazido a carcaça do javali comigo.
Então, finalmente alcançamos a estrada. Daqui até a cidade de Seryuu ainda seriam longos 80 quilômetros em linha reta, mas com uma hora e meia até o amanhecer, tínhamos tempo de sobra. Atravessei a toda velocidade os morros sinuosos, deixando marcas pelo chão da estrada, mas dificilmente alguém ligaria para isso. Eu acho.
◇◇◇
Enquanto corria, eu pensei na Arisa e no Zen. A minha sorte (azar) com gente recebendo poderes de alguma divindade só podia ser alta, bem alta mesmo.
O Deuses desse mundo curtiam esse tipo de coisa? Sabe, colocar pessoas em algum tipo de julgamento? Ou eles seriam como na mitologia Grega ou Nórdica, onde os Deuses era humanizados, apresentando características tanto boas quanto malignas? Ou quem sabe, igual no Cristianismo onde Demônios são descritos na bíblia se passando por mensageiros de Deus.
No final, tudo não passava de especulação. Eu precisaria investigar mais a fundo em nossa viagem, visitando templos e bibliotecas. Assim, eu poderia comparar com as coisas que a Arisa me disse.
Ainda assim, pelo visto um monte de gente reencarnou nesse mundo, né? E, apesar disso, o nível de tecnologia e civilização não era tão avançada. Quem sabe, os escolhidos para vir, assim como eu, não se interessavam muito e espalhar seu conhecimento da civilização moderno.
Algum conspiracionista provavelmente pensaria que alguma força coercitiva estaria removendo os reencarnados mais proativos para evitar o colapso da sociedade.
Deixando isso de lado, o que me preocupava mesmo era o que tinha acontecido com o Zen, que virou o [Rei Sem-Vida] depois de ter sido executado por um nobre e atividade uma habilidade única de imortalidade.
Por que eu me preocupo, você pergunta?
Acontece que entre as minhas habilidades únicas havia uma chamada [Indestrutível]. Eu não gostaria de me tornar um segundo Rei Sem-Vindo ou Rei Demônio por causa da minha barra de HP.
De qualquer forma, qual era mesmo a habilidade única dele? Era algo do tipo [Anulação de Ataque Físico], [Recuperação Instantânea], ou algum meio termo entre os dois? E se fossem as duas ao mesmo tempo? Isso explicaria o motivo dele não conseguir tirar a própria vida. Nesse caso, o título de [Herói] combinado com uma espada sagrada deveria ser o pré-requisito para anular as duas? E se isso se aplicar aos Reis Demônios também? Ou será que já estou pensado de mais.
Em comparação, sói precisei da [Chuva de Meteoros] para exterminar os Dragões Celestiais e o Deus Dragão, sem qualquer título. Talvez essa magia tenha um efeito similar a combinação [Herói + Espada Sagrada], mas seria muito leviano da minha parte assumir isso.
Talvez os Dragões sejam apenas predadores naturais de Reis Demônios, ou então uma raça muito especializada no ataque, por isso eles sejam tão efetivos. De todo modo, eu não teria qualquer resposta a menos que reunisse mais informação, por isso era melhorar parar por aqui.
◇◇◇
Enquanto recordava a conversa que tive com o Zen, lembrei que precisava colocar o meu título de volta para [Nenhum]. Também aproveitei para aumentar o level na minha aba de [Apresentação] de 10 para 12, já que recentemente até a Arisa e a Lulu andaram progredindo.
O crescimento das meninas foi o seguinte:
> Arisa… level 10 → 12, Habilidades: Desconhecidas.
> Lulu… Level 02 → 03, Habilidades: [Etiqueta], [Liderança (Nova)].
> Liza… Level 13 → 14, Habilidades: [Lança], [Estocada], [Desossar], [Cozinhar], [Ataque Pesado (Nova)].
> Pochi… Level → 14, Habilidades: [Espada Curta], [Atirar], [Desossar], [Localizar Inimigos], [Disparo (Nova)].
> Tama… Level 13 → 14, Habilidades [Espada Curta], [Atirar], [Desmantelar], [Coletar],[Localizar Inimigos].
A habilidade nova de Lulu não era nada mal, mas eu adoraria mais se ela tivesse aprendido [Cozinhar]. Em jogos, é possível escolher as habilidades que os membros do seu grupo irão adquirir, mas a realidade não é tão conveniente assim.
Pensando bem, eu ainda tinha aquela habilidade [Educador], se não me engano. Talvez fosse possível usar ela para ensinar outras habilidades para as garotas? Na próxima vez, vou trabalhar junto dela para ver o que acontece.
◇◇◇
Mesmo olhando o [Mapa] a cada dez minutos, não localizei ninguém além de mim passando pela estrada. Por sinal, Arisa e as meninas já se encontrava na frente dos portões.
Para não quebrar o pavimento da estrada, eu restringi um pouco a minha velocidade, mas, ainda assim, levou apenas 40 minutos até os muros da cidade ficarem visíveis. Considerando que a distância inicial era 80 km, posso afirmar que a minha velocidade na estrada foi de mais ou menos uns 120 km/h? Imagine o quão rápido eu estava nas montanhas, onde não tive que me preocupar em danificar o chão.
A uns dois quilômetros dos muros de Seryuu, alcancei um ponto um pouco mais elevado, onde pude ver o portão e a nossa carruagem estacionada próxima. Relaxado, fui caminhando em direção às meninas, quando de repente senti que alguém havia me avistado. A única com uma visão aguçada assim era a Tama, eu acho?
A carruagem se aproximou de mim, com a Liza guiando os cavalos. Pochi e Tama se inclinaram para fora de maneira perigosa, acenando para mim. Arisa e Lulu também estavam com elas, olhando para mim com expressões preocupadas, embora nessa escuridão, duvido muito que elas realmente tenham me visto.
Coloquei a Mia e a mulher cuidadosamente no chão e acenei de volta. Ainda assim, a atmosfera estava um pouco pesada… eu achei que estaria tudo tranquilo, mas pelo visto elas estavam realmente tensas com o que poderia acontecer comigo.
Em, pouco tempo, a carruagem fez uma subta parada, então Pochi e Tama desceram correndo aqui, mas…
*BAM*
Com um estrondo, Liza saltou da carruagem numa disparada inimaginável e chegou primeiro a mim.
— MEFTARRR!!! — Com o rosto coberto em lágrimas, Liza me agarrou com força e quase desabou.
Rapidamente a segurei em meus braços, enquanto lágrimas escorriam continuamente do seu rosto. Sinceramente, eu não esperava essa reação de Liza.
Tama e Pochi chegaram logo depois, me abraçando pelos lados.
— Bem-vindo~!
— NANODESU!
As duas meninas começaram a dar lambidas e mordiscadas, talvez como forma de expressar seu alívio. Bastante intenso, eu diria.
Arisa e Lulu foram as últimas a chegar, com elas dizendo “Que alívio”, mas enquanto Lulu demonstrava uma expressão terna, Arisa estava com a cabeça baixa, olhando para o chão.
— Estou de volta menina. Sinto muito por preocupar vocês.
Liza continuava soluçando em meu peito, mas pude ouvir sua resposta em uma vez fraca e chorosa. Então, percebendo que ainda me abraçando, ela timidamente se afastou de mim. Como se a estivessem imitando, Pochi e Tama me soltaram também e eu afetuosamente acariciei o topo de suas cabeças.
— Es-estávamos preocupadas, nodesu!
— Dói~?
As duas me olharam com expressões preocupadas, enquanto Lulu simplesmente sorriu para mim. Mas então, Arisa tomou a dianteira, apesar de que ainda olhando para o chão.
Estranho, ela normalmente não é assim.
— Eu… EU ESTAVA PREOCUPADA! ME PROMETA NUNCA MAIS FAZER UM LOUCURA ASSIM!
Tendo reunido sua coragem, ela gritou comigo enquanto lágrimas escorriam de seus grandes olhos. Tocado pelos sentimentos dela, eu abracei gentilmente e me desculpei, lhe acariciando de leve atrás da nuca. Incapaz de conter mais o alívio, ela desabou em choro no meu peito e eu a confortei.
Talvez por causa da atmosfera, Tama e Pochi começaram a chorar junto da Arisa e mesmo Lulu começou a derramar lágrimas a distância ao lado de Liza.
Decidi continuar pedindo desculpas, vários e várias vezes, até as meninas se acalmarem e conter o choro. As lágrimas de preocupação e até mesmo as repreensões das meninas me encheram de calor no peito e continuei a pedir desculpas até que os céus se clarearam com a alvorada.
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