Satou aqui. Quando criança, eu era muito bom em solucionar aqueles labirintos na sessão infantil do jornal. Mas, depois de velho, minha única experiência com isso foi quando me perdi em um labirinto de brinquedo no parque de diversões.

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A entrada para o labirinto era uma porta de um metro e meio de altura, que levava para dentro de uma torre escondida atrás da vegetação, que a primeira vista, dificilmente alguém identificaria.

Claro, havia alguns rastros de alguém entrando e saindo, mas eram muito escassos, isso porque, segundo o [Mapa], uma passagem nos fundos era por onde os monstros perambulavam para dentro e fora livremente. Deixando esse pensamento de lado, eu entrei na porta que desleixadamente foi deixada destrancada.

Eu ponderei bastante se iria vestido como o herói da máscara prateada ou não, mas no fim, como o Mago era alguém reencarnado que nem a Arisa, o disfarce não serviria. No final, quanto menos gente soubesse que Máscara Prateada = Satou, melhor, por isso não me transformei.

Abri o [Mapa] e fui verificar a informação dos inimigos no labirinto para preparar as armas que seriam necessárias. A maioria era formigas voadoras de nível entre 5 a 8, e esqueletos de nível entre 1 a 3. Os mais ou menos fortes foram golens de ossos de nível 18 e golens de madeira com nível 15.

Já os mais curiosos eram criaturas tipo slimes e alguns homúnculos, mas esses não passavam de peixes pequenos, com nível máximo no 5. A parte interessante era essa [Arte da Natureza*] que os homúnculos tinham. Que tipo de habilidade era essa? Seria algo equivalente a [Magia da Natureza] também? Se a situação permitir, eu adoraria fazer com que a Liza e as meninas aprendessem isso.

Rudy: A tradução não é bem clara, Magia da Natureza às vezes é chamada de Magia de Força, mas não tem nada a ver com a natureza (Fauna e Flora), por isso eu acredito que a tradução mais próxima seria [Magia Neutra], já que todas as magias possuem um elemento como Fogo, Vento, Terra, Ar, Água, Luz, Trevas, etc.

Agora, o monstro de maior nível foi um Golem de Ferro localizado em uma larga sala central do labirinto, a sala do mestre onde também se encontrava o Mago.

O meu equipamento seria arma mágica tipo submetralhadora na mão dominante e, ao invés de um escudo, um sabre na outra. Eu decidi não usar a pistola mágica de sempre, porque essa parecia muito mais forte.

Na verdade, essa era uma arma de alta performance que poderia disparar 50 balas por segundo quando inteiramente carregada. Porém, o tempo de resfriamento do tambor foi de 10 minutos até poder disparar de novo, por isso não tive chances de usá-la até agora.

Ara a ocasião, configurei o [Modo: Tiro Fragmentado] já que não precisaria me preocupar com fogo amigo. Nesse modo, o poder de fogo caia bastante, mas era ideal para se lidar com um grande número de oponentes fracos.

Coloquei de volta o manto sobretudo que usei quando cai no lago. Ele era diferente do manto de alta classe que eu vestia, uma coisa barata que comprei no distrito leste de Seryuu. Por ser algo mais grosso, serviria melhor para me cobrir contra o sangue das minhas vítimas.

Enquanto ajustava as minhas novas roupas, deci pela escada espiral do labirinto.

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Saindo das escadas, cheguei no primeiro andar. O material do piso foi diferente daquela espécie de resina que tinha no subsolo, com uma aparência pedregosa de chão pavimento, mas curiosamente a sensação do toque me lembrava muito mais o de madeira. A visibilidade foi boa, com luzes saindo dos vãos no teto, o que era bom já que, diferente do labirinto do demônio, eu não tinha uma única tocha.

Um ruído metálico soava de algum lugar, embora eu não conseguia dizer exatamente como ou o que produziria aquele tipo de som. Não tinha sentido perder mais tempo pensando naquilo, portanto decidi simplesmente ignorar.

Também não fazia sentido agir com cautela agora que eu tinha sido descoberto, portanto peguei a rota mais curta e direta para a sala do mestre.

Chutei e destruí os esqueletos que foram surgindo, e atirei os ossos no caminho contra as formigas voadoras que vinham para cima de mim. Mesmo com uma boa arma na mão pronta para atirar a qualquer instante, a oportunidade simplesmente não veio.

Ainda assim, o crânio dos esqueletos não se parecia em nada com o de um ser humano. Talvez fosse de membros da raça dos Ratkins?

O labirinto também não era como nos jogos, onde tipicamente a gente desce a cada nível. Aqui ao inés, os blocos se conectavam numa estrutura tridimensional onde hora se subia, hora descia, num emaranhado complexo.

Mesmo na escadaria onde eu estava descendo, as paredes tinham um designe estranho, criando uma ilusão de ótica que não me permitia dizer se eu estava subindo ou descendo.

Sem dúvida alguma se parece com um parque de diversões.

Rudy: Em Legend of Zelda Ocarina do Tempo, o Templo da Floresta tinha um corredor que era assim. Ele se retorcia quando a gente passava.

Enquanto pensava nisso, um dos esqueletos que chutei deixou cair um enorme núcleo mágico e, como ele estava inteiro, o peguei na mesma hora. Infelizmente o núcleo das formigas não teve a mesma sorte.

Achando isso estranho, olhei no relatório e, para a minha surpresa, o que chutei não era um esqueleto, mas um golem de ossos. A diferença de level entre os dois monstros era de 6, mas para mim não fazia a menor diferença.

Os monstros ofereciam pouca resistência, então fui avançando pelo labirinto tranquilamente até que cheguei num beco sem saída.

Ué? O [Mapa] me dizia que era por aqui.

Depois que atualizei o [Mapa] vi que era realmente um beco sem saída. Aparentemente, o labirinto reconectava diferentes passagens na medida em que o tempo avança. Provavelmente o som metálico que eu ocasionalmente ouvia era isso.

Mas que truquezinho inutilmente impressionante. Eu até duvido que a engenharia moderna conseguiria reproduzir isso.

Eu dei a volta e agora prosseguia atualizando o [Mapa] sempre que ouvia aquele som. Com um olho no mapa e outro na direção, encontrei uma passagem repleta de slimes onde finalmente poderia colocar a minha arma em uso.

Com apenas três disparos limpei o caminho, mas agora o chão estava escorregadia e nojento.

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Depois de muito trabalho eu finalmente alcancei o salão do centro. Este era o único lugar que não se movia, com cinco metros de altura e vinte de comprimento, servindo de ponto central por onde as coisas iam girando.

Quando passei pela porta ela se fechou automaticamente e o círculo mágico no meio dela começou a brilhar, por onde um Golem de Ferro repleto de canos e fuselagens, parecendo aquelas máquinas pré-grande guerra, se materializou. Não menos importante, uma mulher atraente de cabelos dourados, com as mesmas feições da outra na sala do mestre, se mantinha em pé.

Entendi, então esses são os homúnculos. Isso explica o porquê de todas serem iguais. Agora, com essas feições, o Mago usou a Mia como base?

Eu rapidamente troquei o modo de tiro fragmentado para convergente. O Golem tinha quase 4 metros, com a mesma inscrição na cabeça que o golem de pedra no labirinto.

— “Minhas sinceras felicitações por chegares tão longe, oh nobre explorador”, assim glorifico.

A voz da garota poderia ser considerada charmosa e de fácil entendimento, porém a forma estranha e monótona com que falava estragava o clima.

— Olha, eu sinto muito dizer, mas não sou um explorador, e sim um comerciante.

— Comerciante…? Hmm… “Minhas sinceras felicitações, oh nobre explorador”, assim eu insisto.

Depois de ficar um instante perplexa, virando a cabeça para o lado em confusão, ela endireitou a postura com movimentos mecânicos e insistiu na mesma linha de antes, me chamando de explorador.

— “Em reconhecimento às suas façanhas, dou-lhe o direito de desafiar o guardião. Caso consiga lhe vencer, terá as qualificações para prosseguir. O vencedor será dado o direito de desafiar o mestre do labirinto”, assim informo.

Ela continuava falando de maneira monótona, como numa daquelas apresentações de teatro nos festivais escolares. Ignorando a minha falta de motivação, ela continuou com sua peça teatral.

— “Vá, nobre explorador. Oh gigante de ferro, não há mais razão para exitar”, assim declaro.

A moça atraente caminhou até o canto da sala após o seu discurso e fez uma expressão como se satisfeita, ou melhor, orgulhosa de seu trabalho bem feito.

Instantes depois, o golem começou a se mover. Eu rapidamente apaguei o primeiro caractere da palavra [EMETH] para [METH] na testa do golem, cessando seu movimento. Sim, o golem parou assim como acontecia nas histórias do nosso mundo.

Provavelmente não esperando que terminasse tão rápido, a garota ficou olhando para o nada, parecendo confusa. Como isso não tinha nada a ver comigo, eu a ignorei e fui caminhando até a saída.

— “A sua guarda está baixa”, assim aviso!

A linda mulher avançou para cima de mim pelas costas, ainda com aquele tom monótono. Aparentemente, ela estava com algum tipo de feitiço de reforço sobre ela, considerando o quão rápido se movia apensar do baixo level.

Com todo o cuidado para não ferí-la, eu aparei o golpe da rapier em suas mãos.

Rudy: A rapier é um tipo de espada francesa usada pelos três mosqueteiros.

— Parando para pensar, qual era mesmo a minha recompensa por ter vencido?

— “Recompensa…?”

Ela inclinou a cabeça de novo antes de me perguntar após uma pausa.

Mas porque ela está perguntando para mim?

Aparentemente, nenhuma recompensa foi preparada, pois ninguém esperava que eu vencesse. Eu aproveitei a abertura para fazer a mulher desmaiar e peguei a espada como recompensa para mim, já que o designe do cabo era muito bonito, e poderia servir de presente para a Lulu ou quem sabe a Zena-san.

Cuidadosamente coloquei a mulher no chão e prossegui adiante.

◇◇◇

Dali em diante não demorou muito até chegar a sala do mestre. O caminho estava lotado de armadilhas, mas por causa da habilidade Detectar Armadilhas], eu consegui evitá-las sem nem ao menos ter a chance de descobrir do que se tratavam.

O mago estava no interior do salão, junto com a Mia no trono, mas ela parecia ainda inconsciente. Felizmente o HP dela tinha sido completamente restaurado, embora os pontos de estamina continuavam em 30%.

— Nunca imaginei que chegaria tão rápido.

— Verdade? Nesse caso, porque não simplesmente me entrega a Mia de volta como recompensa e deixamos esse negócio de lutar de lado?

O Mago riu com a minha proposta. Desta vez, fiz questão de caminhar em direção ao trono enquanto falava, para não correr o risco de ser jogado novamente naquele lago subterrâneo.

— Infelizmente não será possível. Depois de vencer o gigante de ferro, você provou que tem as qualificações.

O Mago continuou com sua performance teatral.

— No entanto, seus títulos ainda são insuficientes para se opor a mim. É uma pena, mas terei que fazê-lo enfrentar oponentes mais formidáveis para que assim desbloqueie o título de [Herói]. Mas, não se preocupe, caso consiga, sua recompensa será esta Espada Sagrada [Gjallarhorn!]

O Mago sacou a espada em suas mãos.

A leitura do [AR] indicava que realmente era uma espada sagrada, embora as estatísticas dela fossem muito inferiores a qualquer outra das minhas, ainda superava e muito qualquer espada mágica.

Eu não entendo qual o objetivo desse cara. Ele realmente deseja cometer suicídio?

— Seus oponentes serão eles.

A sombra do mago se expandiu até o centro do salão. Dela, três golens de ferro emergiram, junto com mais 5 beldades que saíram de trás da sala do trono. Era desnecessário dizer, mas todas tinham o mesmo rosto que a garota de antes, mas como os estilos de cabelo diferiam uma das outras, certamente não eram a mesma pessoa.

— No entanto, você seria simplesmente morto enfrentando estes inimigos. É necessário que vença uma batalha de vida ou morte para obter o título de herói, então vou lhe oferecer uma pequena ajuda.

Do ponto de vista desse cara, eu que era de nível 10 não teria a menor chance contra 3 golens de level 30. O mago estendeu as mãos para cima e proferiu as seguintes palavras.

— Portanto, receba a minha benção… [Romper Limites!]