Satou aqui. Você já teve a
impressão de estar dançando sobre a
palma da mão de alguém? Eu tenho me
sentido como Son Goku na obra
Saiyuki...
Rudy: Saiyuki é um mangá que virou
anime baseado na lenda chinesa de
Son Goku.
◇◇◇
— Tem algo de errado, Mestre? O
senhor está andando com as costas
bem curvadas, sabia?
Eu estava perdido nos meus
pensamentos quando Arisa apareceu
carregando um monte de
bagagens.
— Dói~?
— As costas estão doendo,
nodesu?
Quando me virei na direção de onde
o meu robe foi puxado, encontrei
Tama e Pochi próximas dos meus pés,
com um olhar preocupado no rosto.
Liza estava por perto com um olhar
sereno, mas sua preocupação também
era evidente.
— Não, está tudo bem. Estou apenas
um pouco cansado depois de tudo o
que aconteceu nos últimos
dias.
Em seguida, acariciei a cabeça de
Tama e Pochi para tranquilizá-las.
Eu era um fracasso como adulto por
deixar que as crianças preocupadas
comigo. Só de imaginar isso fez com
que toda a culpa e medo que vinha
pesando sobre mim desapareceu
misteriosamente.
...Apenas por garantia, verifiquei
a minha tela de [Relatórios], mas
nada foi exibido.
Eu realmente precisava conversar
mais com a Arisa, por isso cheguei
perto dela e disse “Arisa, hoje à
noite, quando a Lulu estiver
dormindo, podemos ficar a sós um
pouco?”, e ela respondeu “Eh~ nunca
imaginei que você ficaria caidinho
por mim tão rápido~”. Uma resposta
cheia de mal-entendidos, mas decidi
tomar isso como um “Sim”.
Quando perguntei sobre o resultado
das compras, Tama e Pochi começaram
a tirar as compras de dentro das
sacolas alegremente, mas eu as pedi
que parassem e ficou decidido que
iriamos checar tudo depois de voltar
para a hospedaria.
Liza, por outro lado, pediu
desculpas por desperdiçar tanto
dinheiro, mas eu disse a ela que não
ligasse para isso já que, como
roupas era um gasto necessário,
então não seria desperdício algum.
Mesmo com esse nível de consumo, só
com as moedas do Reino Shiga que eu
possuía, ainda levaria 2 ou 3 anos
até acabar o dinheiro, por isso não
tinha nada com que se
preocupar.
No caminho de volta para a
hospedaria Monzen, ouvi de Arisa e
as meninas como foi a experiência
delas comprando. Pochi e Tama
contaram cheias de empolgação como
tudo foi divertido do início ao fim.
Quando pedi para que Liza me
deixasse carregar metade da bagagem
dela e de Lulu, ela gentilmente
rejeitou.
◇◇◇
Logo antes de chegarmos à
hospedaria, uma silhueta que me era
familiar, surgiu caminhando
instavelmente na nossa frente. Era
Martha-chan, acompanhada pela menina
que ajudava na hospedaria,
carregando enormes fardos de lenha
nas costas.
— Martha-chan, está voltando das
compras?
— Ah, Satou-san. Seu encontro já
terminou?
— Infelizmente, a Zena-san tinha
serviço pela tarde.
Enquanto nós conversávamos, tratei
de pegar uma parte do fardo de lenha
das costa de Martha e de sua
ajudante. Esse podia ser o trabalho
delas, mas como o nosso destino era
o mesmo, não teria problema em
ajudar um pouco.
Lizou tentou pegar a lenha de mim,
mas a recusei porque ela estava com
as mãos ocupadas, carregando as
bagagens. Poch e Tama disseram
“Aqui~”, mas não faria o menor
sentido tirar a carga de duas
meninas para dar para outras.
O peso não era realmente muito
grande, com no máximo dois ou três
quilos, mas para garotas tão
pequenas e delicadas carregarem dois
fardos cada uma era realmente
trabalhoso. Normalmente a hospedaria
receberia uma entrega de lenha pela
manhã, mas aparentemente hoje não
foi o suficiente e por isso tiveram
de sair para comprar mais.
Nós entramos pela porta dos fundos,
perto do estábulo e então coloquei
os fardos de lenha no seu devido
local.
> Habilidade: [Carregar] foi
adquirida.
— Muito obrigada, Satou-san. Você
realmente me salvou~
— Muito obrigada, senhor
cliente.
— Não liguem para isso.
Martha-chan foi para a cozinha
carregando um dos fardos.
A propósito, o nome da pequena
ajudante era Yuni e então decidi
observar enquanto ela cuidava dos
cavalos dos outros fregueses. Eu já
sabia desde ontem que tinha cavalos
no estábulo, mas, como nunca vi a
forma como se cuidava deles, aquilo
me deixou um pouco
interessado.
Yuni subiu em um caixote e esticou
seu pequeno corpo para alcançar os
cavalos com a escova. Eu ofereci
ajuda, mas ela me disse que seria
reprimida pela proprietária caso
fizesse com que um freguês lhe
ajudasse com suas obrigações.
Depois de esconderem a bagagem no
meio da palha, Pochi e Tama voltaram
para ajudar Yuni e Liza me disse que
elas tinham ajudado ontem de noite e
hoje de manhã também.
Significa que se for Pochi e as
meninas, então não tem
problema?
Vendo as três crianças dando o seu
melhor para cuidar dos cavalos, me
fez sentir como um pai que foi
assistir às suas filhas em um evento
esportivo, o que trouxe uma paz
enorme para o meu coração. De
repente, o número de meninas
trabalhando aumentou para quatro
antes que eu percebesse, mas Arisa
não parecia tão motivada quanto as
outras.
— É porque as roupas que eu acabei
de comprar vão ficar sujas~ — Disse
ela, revelando seu vestido novo por
debaixo do manto.
— Lizou, estou indo para o posto
militar receber de volta a Lança e o
dinheiro pelos núcleos. Gostaria de
vir comigo?
— Sim, seria uma honra fazer
companhia ao Mestre.
— Ah, eu também! Eu vou
também!
Ouvindo a conversa, Tama e Pochi
pararam de ajudar Yuni e vieram
correndo.
— Saindo~?
— O Mestre está saindo,
nodesu?
Elas também queria vir, mas como
não seria bom se muita gente fosse
junto, pedi a elas que continuassem
ajudando.
— Aye!
— Entendido, nanodesu!
E então, elas voltaram
imediatamente carregando o comedouro
dos cavalos.
É impressão minha ou as duas
parecem ter ficado muito felizes
com isso?
◇◇◇
— Arisa, como está a condição da
Lulu?
— Ela parece bem. Ah, eu acabei de
deixar com a Lulu roupas e calcinhas
novas. Se você subir agora, pode ser
que ainda consiga dar uma
espiadinha~ AU!
Por causa da coisa absurda que
disse, eu dei um cascudo na Arisa.
Como pode ela não ter vergonha de
vender a própria irmã?
Rudy: Eu sou contra violência
doméstica! Especialmente quando
envolve a minha Waifu!
— Vamos parar um pouco aqui.
Fiz essa declaração no instante em
que passamos pela Loja de
Serviços.
— Boa tarde, Nadi-san.
— Ara, seja bem-vindo, Satou-san.
Que linda menina esta que está lhe
acompanhando hoje.
Rudy: Foi só eu que sentiu um leve
tom de ironia aqui?
Assim que entramos, Nadi-san nos
recebeu cordialmente do outro lado
do balcão. Além dela, estava
presente um homem de idade
incrivelmente avançada, que parecia
ser o gerente da loja, repousando no
andar de cima. Sempre que eu vinha
aqui ele estava dormindo, então será
que esta pessoa não trabalha?
A conversa que tive com a Nadi-san
foi sobre a entrega dos pertences
dos falecidos no labirinto. Ao invés
de um cara suspeito como eu, o
melhor seria que alguém conhecida
como ela se encarregasse de devolver
os bens. Por sinal, tentei perguntar
aos soldados se poderiam cuidar
disso, mas eles imediatamente
rejeitaram.
De qualquer maneira, como dei a ela
os nomes e uma breve descrição
física dos mortos, provavelmente não
teria problemas em contatar as
famílias.
— Você gostaria de alguém para
gerenciar as recompensas?
— Hm? Gerenciar as recompensas? Que
recompensas?
Depois de terminar de passar as
informações sobre os mortos para a
Nadi-san, que aceitou alegremente o
trabalho, acabei ouvindo algo que me
deixou confuso. Aparentemente, era
um costume receber uma recompensa ao
se devolver os pertences de um morto
e que eu poderia contar com os
serviços dela para coletá-las. Mas
como um homem que já possui muitas
posses, não era necessário nenhuma
recompensa...
— Nesse caso, por que não coletar
apenas das famílias ricas? Pessoas
de grande influência irão suspeitar
de você se devolver alguma coisa sem
pedir nada em troca.
Então era disso que se
tratava.
Ficou decidido portanto que a Loja
de Serviços ficaria com o limite
máximo da taxa pelo serviço.
— Nadi-san, tenho mais uma coisa
que gostaria de perguntar...
Como eu tinha planos de comprar uma
casa, resolvi perguntar a ela sobre
o preço de mercado, mas, no final,
acabei desistindo da ideia. A razão
não foi porque o valor de uma casa,
mas sim devido às informações que
ela me deu.
— São muitas as pessoas que não
estão dispostas a ter Semi-humanos
como vizinhos, especialmente na
muralha interna, mas também no
distrito oeste. Por isso, não acho
que tenha alguém disposto a vender
uma casa nessas condições. Por outro
lado, é possível encontrar uma casa
no distrito oeste, mas como a ordem
pública é ruim nessa região, se uma
pessoa próspera como Satou-san se
mudar para lá, não tenho dúvida de
que ladrões irão atacá-lo no dia
seguinte.
◇◇◇
— Por favor, assine o contrato de
posse. Os gastos com a avaliação da
lança já foram deduzidos e, embora
tenha sido atestado que não há
nenhum risco em trazê-la para a
cidade, certifique-se de não deixar
essa arma nas mãos de um
Semi-humano.
Eu assinei o contrato que o oficial
me passou e cobri a lança com um
pano assim que a recebi. O dinheiro
da venda dos núcleos foi de 17
moedas de prata, sendo que o custo
da avaliação foi de duas
moedas.
Queria saber se esse é mesmo o
preço de mercado... Se for, acho
que dá para viver muito bem
trabalhando apenas como um
avaliador.
Com apenas quatro de nós por
alguns dias no labirinto
conseguimos o equivalente a 6
Arisas... hehehe, essa unidade de
valor é meio engraçada. Espere,
esse preço não é o bastante para
comprar escravos com habilidades
ou que possuam grande
conhecimento, mas se for para
simples trabalho braçal, então é
mais do que o suficiente. Mesmo
dividindo entre nós quatro, então
daria para viver meio mês com esse
dinheiro...
— Eh~ até que ir ao labirinto é um
negócio bem rentável~
— Só que você estaria colocando a
sua vida em risco.
Arisa, que ficou o tempo todo
calada no posto militar, começou a
tagarelar animadamente depois que
saímos. Os olhos dela estavam
literalmente brilhando.
— Ei, Mestre, posso perguntar uma
coisa? O senhor pensa em morar nessa
cidade?
— Não, não penso.
Como ficar parado na entrada iria
atrapalhar o caminho dos pedestres,
começamos a conversar enquanto
caminhávamos.
— Mas, nesse instante você não
estava querendo comprar uma
casa?
— Eu apenas não queria que a Liza e
as meninas continuassem dormindo no
estábulo. Então pensei em comprar
uma casa, mas pelo visto vai ser
impossível.
Liza estava para dizer alguma
coisa, mas acabou perdendo a
oportunidade por causa de
Arisa.
— Então aquela botinha de mais cedo
é só a sua ficante local?
— Arisa, não fale besteira. Embora
seja verdade que nós ficamos
próximos um do outro, ela não é a
minha namorada. Só faz três dias
desde que nos conhecemos,
sabia?
— Nesse caso... Eu gostaria de ir
para a cidade do labirinto! — Arisa
fez essa declaração enquanto
levantando as mãos com uma pose que
dava a impressão de ter algum
efeito especial acontecendo logo
atrás dela.
Mas labirinto outra vez?
— Para um lugar se chamar “Cidade
do Labirinto” quer dizer que tem um
labirinto nela, não é? Isso não te
faz sentir um pouco de medo ou
repulsa?
— Uuugh, sim, isso realmente me dá
a sensação de que memórias ruins
irão voltar a me assolar a qualquer
momento, mas tem algum muito mais
importante do que isso! Eu quero
aumentar o meu level!
Isso aqui não é um jogo, menina.
Não, talvez exatamente por não ser
um jogo é que ela queira aumentar
de level.
— E com que propósito você quer
fazer isso?
— Muito em breve vai ser a
temporada dos reis demônios, então
eu quero aumentar de level para
sobreviver! E, enquanto a gente está
nisso, também posso estudar magia
para conseguir desfazer a [Coerção
(Geass)] que foi colocada em mim e
na Lulu.
Ei, nós estamos falando de reis
demônios aqui. Não faça isso soar
como se fosse uma época de
colheita de alfaces ou
berinjelas...
Bem, como isso soava ridículo,
decidi ignorar por completo o que
ela estava dizendo.
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