Capítulo 115
Desde
o dia em que me encontrei com Iris-sama, cartazes de procurado com meu nome
estavam circulando pela Capital Real. Não apenas circulado, a seriedade deles
era tamanha que o conteúdo foi sendo atualizado diariamente.
Algumas
vezes mensagens da própria Iris-sama.
Outras
vezes eram mensagens do Príncipe Arc.
E
então, mensagens que pareciam ser enviadas pelo Príncipe Lahsa.
Que
magnífica amostra de capacidade dessa turma. Eles queriam tanto me pegar que
até o nome de príncipes foram envolvidos. Considerando o tanto de esforço que
colocaram nisso, estava claro o quão profundo seria o inferno que eu iria
enfrentar caso fosse capturado.
Os
meus dias se passaram confinado dentro daquela hospedaria imunda. Eu estava
esperando a poeira baixar, mas a impressão era que as coisas estavam piorando.
Esse lugar parecia tão suspeito que nenhuma pessoa decente pensaria em colocar
os pés aqui, ainda assim, os cartazes começaram a chegar anunciando que eu poderia
estar cobrindo o meu rosto.
Ouvindo
a conversa dos vendedores nos arredores, descobri que a capital inteira estava
sob forte esquema de segurança. Qualquer que quisesse entrar ou sair, deveria
passar por uma rigorosa inspeção e, enquanto eu era o principal alvo das
procuras, os soldados aproveitaram a situação para pôr as mãos em alguns outros
importantes foragidos. Para todos os vilões que estejam por aí, eu sinceramente
peço desculpas pelo inconveniente!
Cara,
isso tudo porque fiz a merda de assediar uma única dama...
A
segurança estava tão apertada que nem mesmo um rato conseguia passar e eu sabia
que tentar fugir era o mesmo que ir de braços abertos ao suicídio.
E
as coisas só pioraram a partir daqui.
Descobri
que até a Companhia GAP estava trabalhando junto com a polícia real a fim de me
pegarem.
Eles
não estão exagerando muito por causa de um pequeno comportamento inapropriado?
Se bem que é de Iris-sama que estamos falando, para um mulherão daqueles,
talvez este nível de punição seja apenas o normal.
Em
todo o caso, eu precisava fugir.
Ao
invés de diminuírem com o tempo, o número de cartazes foi aumentando com o
passar dos dias e até adicionaram uma recompensa, dizendo que pagariam uma
gorda quantia para qualquer um que desse informações concretas sobre o meu
paradeiro.
E
pasmem! O pôster dizia que até eu seria recompensado se me entregasse
espontaneamente às autoridades.
No
primeiro dia, eles me ofereceram um banquete. No segundo, seria pago em ouro e
agora prometem até mesmo uma espada famosa.
Porra,
esse pessoal me conhece bem! Não posso deixar de parabenizar sua brilhante
estratégia!
Para
ser bem sincero, eu estava num beco sem saída. Não tinha como deixar a cidade e
nem me esconder em outras hospedarias. A comida estava acabando também e a cada
nova proposta que eles faziam, mais tentado eu ficava em me entregar no
palácio.
No
entanto, algo que mudaria tudo aconteceu em um certo dia.
Na
praça principal da cidade, Rail Rain estava para ser executado em frente ao
público. Ele estava cercado por numerosos cavaleiros e tinha uma aparência
miserável, com um enorme e pesado aviso pendurado no pescoço.
“Kururi,
por favor, se entregue agora! Se entregue por mim!” — Era o que dizia.
Ele
já estava carregando aquele aviso há um dia inteiro.
Que
lamentável.
Provavelmente
haviam descoberto que ele abandonou os seus deveres em me capturar pelo meus
atos vis. Por isso, assumo que Iris-sama ou o Príncipe decidiram lhe dar um
castigo.
Eu
sinto muito, Rail. Eu realmente sinto muito que toda a bondade que você me
mostrou em carregar esse segredo tenha sido desperdiçada por causa da minha
burrice.
Me
desculpa Rail! Juro que um dia irei retribuir!
Eu
só queria voltar para Eli o mais rápido possível e viver uma vida quieta e
tranquila. Claro, planejo pagar pelos pecados que cometi com a pobre Iris-sama
à longo prazo, mas primeiro precisava dar o fora daqui agora.
Obviamente,
alguma coisa tinha que dar errado e acabei rapidamente sendo descoberto pelos
cavaleiros. Nós atraímos um monte de atenção e logo os soldados se juntaram a
eles para me perseguir. Para piorar as coisas, eles tinham a vantagem de
conhecer o terreno, tornando as coisas ainda mais difíceis para mim.
No
final, antes que eu pudesse perceber, cavaleiros a cavalo e mesmo dragões de
escamas acinzentadas surgiram por todos os lados.
Para
escapar deles, rapidamente subi no telhado das casas, mas isso não me ajudou
fugir dos olhos dos dragões voando.
—
Aqui está ele!
Quando
ouvi o grito animado do exército, percebi que estava tudo acabado para
mim.
Eu
estava a um passo mais próximo do futuro onde seria acorrentado nu em uma
parede, enquanto chicoteado pela própria Iris-sama.
Pulando
de telhado em telhado, consegui escapar deles por um fio de cabelo.
Entretanto,
finalmente atingi o meu limite.
Isso
porque, por um erro de cálculo, acabei pulando no telhado mais baixo da área,
então 10 cavaleiros montados em dragões me cercaram por cima e, se descesse,
uma centena de soldados estariam me aguardando no chão.
Não
dava para subir e nem poderia ir mais para baixo, e eu sabia que tipo de futuro
me aguardava se apenas esperasse que me prendessem. Se este era o meu fim, ao
menos partiria deste mundo com estilo, pensei. Eu saquei a espada feita com
escamas do dragão da vida.
(Assobio),
até que é bem romântico partir desse mundo segurando a última espada que
forjei.
No
entanto, podia ser que eles não estivessem com vontade de cruzar espadas
comigo, visto que nenhum dos dragões acima desceu até onde eu estava e nenhum
dos soldados em baixo carregavam espadas. Talvez quem sabe, ainda houvesse
espaço para uma negociação.
—
Você é o Kururi Helan, não é? Por favor, ouça o que tenho a dizer.
—
Posso até ouvir, mas não prometo que irei atender às suas demandas.
—
Ainda assim você tem minha gratidão. Iris-sama, não, o país inteiro deseja
recebê-lo como convidado de honra no palácio real. Desse modo, o senhor
poderia, por favor, vir conosco sem oferecer resistência?
Como
convidado de honra? O taradão aqui? Mas não tem a menor chance! Nem em sonhos!
Mentira, tudo mentira! Nenhum molestador seria recebido num palácio!
—
Chega de conversa mole! Vamos, diga logo quais são os meus crimes!
—
Crimes? Nós fomos instruídos a pegá-lo sem encostar um só dedo.
Saquei.
Então eles não querem que nem mesmo uma unha acabe escapando das sessões de
tortura. Você tem uns interesses bastante peculiares, minha cara Iris-sama. — Se isso era verdade, talvez fosse
interessante se eu mesmo me cortasse, só para fazer raiva a ela.
Ainda
assim, se eu derrotasse os dez cavaleiros no ar, quem sabe haveria uma chance
de fugir. Sinceramente a ideia de matar uma pessoa não me agradava, mas basta
que eu pague por isso mais tarde também. Se conseguir lembrar!
—
HAAAAAAAA!
Disparei
com tudo para frente e tentei cortar o cavaleiro diante de mim. Ele ainda
tentou fazer o dragão se afastar, mas o animal resistiu inesperadamente,
ficando completamente imóvel. Entrando em desespero, o homem puxou sua espada,
mas infelizmente para ele, a minha já havia chegado em sua garganta. Claro,
isso foi com o lado cego da lâmina. Meu ataque foi tão duro que o cavaleiro
caiu inconsciente do dragão.
Beleza!
Se for assim, posso conseguir!
Tomei
imediatamente as rédeas do animal e tentei cavalgar ele como fazia com um
cavalo, mas... bem, o bicho nem se mexeu. Dragões e cavalos são realmente tão
diferentes assim quando montados?
Eu
chutei sua barriga, mas não houve qualquer reação e, no meio tempo, os outros
dragões fecharam o cerco em volta de mim. Não, não apenas os dragões, os
soldados lá em baixo também estavam escalando o prédio.
Bora,
desgraça! Voa!
Ficando
realmente puto com aquele bicho, apontei a minha espada para ele e foi aí que
finalmente voou. Por causa disso, quase perdi o equilíbrio, mas, quando percebi
que não era tão diferente assim de um cavalo, consegui me recompor. Era legal
que estávamos no ar e tudo, mas não era como se os arredores fossem um espaço
aberto para mim.
Os
outros dragões se aproximaram, então eu desesperadamente balancei minha espada
de um lado para outro.
Pode
vir, neném! Vou cortar vocês tudim!
Entretanto,
nenhum deles se aproximou e não que estivessem com medo de serem cortados, mas
que haviam perdido o controle sobre seus dragões, criado uma abertura para mim
por alguma razão. Eu não ia deixar uma oportunidade dessas escapar, então
atravessei no meio deles com tudo.
Dragões
são criaturas fantásticas com bastante velocidade, o que rapidamente me fez
tomar uma distância considerável do prédio onde estávamos. Minha figura agora
já parecia bem pequenininha para eles.
Caramba,
escapei da execução pública!
Esse
dragão me permitiria escapar da segurança apertada da capital. Quem diria que a
desgraça acabaria se tornando uma benção? Meu coração estava realmente
agradecido à ele.
Enquanto
voávamos, um pensamento passou pela minha cabeça sobre a estranha reação dos
cavaleiros. Quero dizer, dadas as possibilidades, essa era a única que parecia
plausível.
Olho
para a espada do dragão da vida em minhas mãos e lembro que, apenas quando
ameacei o dragão com ela, foi que ele decidiu me obedecer e, além disso, os
outros também agiram conforme o meu desejo.
Isso
foi uma sorte inesperada, quase como se intervenção divina, mas não era hora de
ficar eufórico por causa disso. Eu poderia investigar as causas desse
acontecimento mais tarde.
E
então, continuei a cavalgar em meu dragão enquanto os raios do sol me banhavam.
Eu
já podia ver a borda da capital agora! A segurança estava restrita como sempre,
mas isso não tinha nada a ver comigo que estava atravessando a via aérea.
Bwahahah!
Fuga triunfal!
— ... ou foi o que pensei.
Alguma
coisa estranha aconteceu com o clima, pois de repente parecia que o céu havia
ficado nublado. Aquilo me deu medo, mas segui em frente.
Eita
porra!
Essa
era a pior situação possível. Um dragão enorme, pelo menos duas vezes maior do
que o que estava comigo, sobrevoou acima de nós. Tive a impressão de ver alguém
montado nele.
O
enorme dragão com escamas escarlates facilmente alcançou o meu, que estava
voando a toda velocidade. Com um som estridente, ele passou por nós e bloqueou
nosso caminho.
Como
havia pensado, tinha um cavaleiro nele. No entanto, algo estava diferente. O
cavaleiro tinha uma aura refinada, como se fosse uma pessoa nobre e digna, ou
pelo menos foi o que achei naquele instante.
Aquele
cara era jovem, mais jovem do que eu, pude ver isso assim que olhei em sua
face. Até agora, todos os outros cavaleiros que encontrei pareciam bem mais
velhos, mas esse definitivamente era mais jovem.
—
Já faz três anos, Aniki. Estive procurando por você com tudo o que eu tinha.
—
Aniki?
Até
parece. Como poderia alguém como eu ter um irmãozinho de aparência tão
distinta? Ah, irmãozinho, sinto muito. Seu irmão está agora fugindo pelo crime
de assediar sexualmente uma garota.
—
Aniki! Você não lembra de mim!? Sou eu, Lahsa!
—
Foi mal irmãozinho, não lembro de você. Mas vem cá, a gente não se parece em
nada. Por acaso as nossas mães são diferentes? Ah, esqueça, seu irmão está
ocupado agora, por isso tenho que ir. Algo terrível irá acontecer se eles me
pegarem.
—
Aniki, tenho tanta coisa para falar para você agora, mas por enquanto, o mais
importante é que não há a menor possibilidade em deixá-lo escapar! Por favor,
me deixe capturá-lo!
—
Ah, não! Eu não quero ser crucificado!
—
Eh? Do que está falando!?
Já
estava farto de conversa. Peguei a minha espada e balancei na direção do dragão
daquele cara que se chamou de Lahsa.
—
...
—
...
A
lâmina fez um belo som no ár, mas foi só isso.
Hã?
Hein!? Eu achei que o dragão iria abrir caminho com isso... Que estanho. Talvez
haja alguns deles que sejam imunes!
Depois
de um momento de vergonha, tomei as rédeas do meu dragão, o fiz mergulhar
fundo, por baixo da barriga do grandalhão, e então disparei com tudo para
frente.
No
entanto, a sombra enorme rapidamente voltou a me cobrir. Quando decidi olhar
para cima, o dragão que supostamente eu deveria ter deixado para trás, estava
planando tranquilo lá em cima. Isso tudo foi uma grande perda de tempo, não
tinha como ganhar daquela coisa enorme em termos de velocidade.
Puxando
firme as rédeas do meu dragão mais uma vez, ao ponto de fazer as mandíbulas do
pobre animal levantarem, ele acelerou e acelerou, até se aproximar do animal
acima de nós. Quando a distância diminuiu o suficiente, saltei para cima do
dragão vermelho.
Olhando
para trás, vi que o meu dragão ofegando, parecendo incapaz de suportar a
altitude em que estávamos.
Mas
bem, ele já cumpriu o seu dever.
Eu
estava em cima do dragão vermelho agora, por isso, acenei com a espada avisando
ao meu dragão que ele podia voltar para a casa agora. Dando a impressão de ter
entendido o meu comando, o dragão deu meia volta e voou na direção de onde
estavam os cavaleiros.
Ótimo,
agora somos só eu, o dragão vermelho e meu irmãozinho de outra mãe, Lahsa!
—
Aniki, o que vocês está tentando fazer?
—
Sabe, eu percebi que seria difícil de fugir naquele dragão. Não gosto da ideia
de lutar com meu próprio irmãozinho, mas preciso desse dragão aqui de qualquer
jeito.
—
Maldição, Aniki! Você sempre foi muito descuidado! Mas já que essa é uma
oportunidade rara, muito bem, irei enfrentá-lo já que não parece que você irá
vir comigo para o palácio se não for através da força.
—
Desculpa, não consigo lembrar dos meus descuidos porque perdi a memória.
—
Eh? A memória? Droga, isso explica tudo.
—
Mas sabe de uma coisa? Entendo perfeitamente que sou forte, muito forte.
Provavelmente.
Afinal
eu estava tocando o terror lá na caverna do dragão da vida.
—
Sei que você é forte, Aniki. Mas saiba que passei os últimos três anos fazendo
um treinamento infernal. Hehehe, no passado, eu sentia que nunca chegaria aos
seus pés, só que agora me pergunto quem é mais forte?
Então
três anos atrás eu era o mais forte?
Entretanto,
enquanto estava dormindo, o meu irmãozinho treinou como um louco.
Isso
era péssimo. Ele passou por todo o tipo de sofrimento para superar a pessoa que
admirava e, antes que percebesse, conseguiu. Provavelmente esse era o padrão
onde ele se desapontaria comigo e me cortaria em um acesso de fúria, certo?
Droga,
ninguém vai me cortar depois de ter chegado tão longe!
—
Farei de tudo para fugir daqui e voltar à minha vida normal. Vou começar a usar
magia agora, então peço para que não fique com rancor de mim.
—
Voltar a sua vida normal? Vou querer ouvir mais sobre isso depois que voltarmos
para o palácio.
O
primeiro a atacar foi Lahsa. Ele veio com um corte diagonal, então conectou um
novo ataque lateral, bloqueou a minha técnica, usou seu corpo para me empurrar
e veio para cima de novo.
Contra
essa magnífica demonstração de habilidade com espada, tudo que pude fazer foi
me defender. Lahsa era forte, sem sombra de dúvidas e, além disso, era um rapaz
bonito. Isso me deixava muito puto.
—
Aniki, melhor prestar atenção direito ou isso vai acabar em um piscar de olhos!
Ele
me empurrou de volta a uma velocidade surpreendente. Para minha sorte, fui
capaz de lidar com todos os seus ataques, mas, por outro lado, não havia
qualquer abertura para retaliar.
Por
causa disso, usei a minha mão livre para disparar um feitiço de fogo contra a
queima-roupa. Isso pode tê-lo deixado com algumas queimaduras graves, mas eu
tinha que fazer alguma coisa.
Com
o impacto da explosão, Lahsa foi jogado para trás. No entanto, ele rapidamente
se recompôs e correu de volta para mim. Não havia muitas marcas nele e seu
corpo estava coberto por alguma substância viscosa.
Ah,
entendi! Ele usou um feitiço de água para se proteger!
—
Incrível. Eu lancei aquele ataque no momento perfeito, mas ainda assim você
lidou com isso.
—
Eu te falei, não falei? Não pense que sou o mesmo de três anos atrás!
E
eu sei lá como você era.
Sem
perder sequer um segundo, Lahsa partiu para cima de mim novamente. O que
aprendi depois de colidir espadas algumas vezes foi que nossa habilidade em
esgrima estava praticamente no mesmo nível, mas ele claramente vinha treinando
de maneira consistente todos os dias, sendo muito confiante em sua própria
força. Se as coisas continuassem assim, qualquer vantagem que eu poderia ter
seria perdida.
Por
outro lado, a minha mão ainda era superiora em termos de magia, por isso que
Lahsa estava sempre tentando ficar perto de mim. Assim, não haveria espaço para
lançar um grande feitiço.
Mas
a coisa mais perigosa até agora era aquela espada que estava usando, sem sombra
de dúvidas. O seu manejo era aterrorizante, mas o impacto daquela coisa era
ainda pior. Cada vez que nossas espadas se colidiam, a pancada fazia o meu
pulso ficar dormente.
—
Esse espada é assustadoramente afiada, não é, Aniki?
—
Sim, embora supostamente a minha deveria ser também.
Isso
não era uma mentira. A minha espada era uma aberração em si, mas de alguma
forma, a cada troca, continuei a ser empurrado.
—
Heheh, então você não se lembra. Bem, dado à sua amnésia isso não é nenhuma
surpresa. Essa espada foi sua última criação antes de sumir, Aniki.
Sinceramente acredito que você colocou um montante enorme de emoções quando
criou essa espada santa, Excalibur. Esse foi o nome que demos a ela.
Eu
criei essa monstruosidade? Se isso for verdade, que porra eu tinha na cabeça
quando forjei uma besta dessas? Só pode ter sido em um grande estado de
bizarrice.
—
Hm, tive a impressão de que cada vez que colidimos, o peso de cada golpe dessa
espada fica um pouco mais forte. Já que você disse que é uma espada santa,
então não foi só impressão minha, não é?
—
Como esperado de você Aniki, então percebeu.
Com
uma risada de ânimo leve, Lahsa me respondeu enquanto ainda trocando golpes
comigo.
—
Excalibur é uma espada de crescimento contínuo. Quanto mais poderoso for o
oponente, mais rápido ela se desenvolve. Só para que saiba, um cara forte como
você é o oponente perfeito para o crescimento dela!
Monstruosidade
não é suficiente para descrever isso! Essa coisa aí só pode ser chamada de
trapaça!
Lahsa
já tinha mais vigor o que eu e ainda por cima a sua espada ficava mais forte.
Se as coisas continuassem, a minha captura seria certa e, o que era pior, a
vingança de Iris-sama me aguardava.
—
Lahsa, a brincadeira acabou!
—
Então você pretende acabar com a luta aqui. Ótimo, vou te mostrar o trunfo que
estava escondendo!
Dizendo
isso, Lahsa ergueu a espada com as mãos. A Espada Santa Excalibur, começou
a emitir um brilho em resposta.
—
Essa é uma magia diferente de qualquer outra. A [Dança da Lâmina de Luz]
só pode ser usada com esta espada e se for atingido por isso, vai ficar uma
semana em coma. Eu tenho esperado por três anos, Aniki. Uma semana não fará
muita diferença, certo?
Este
menino diz umas coisas terríveis com um sorriso no rosto!
E
assim, um montante sem igual de magia se concentrou na ponta da lâmina.
Não
posso deixar essa coisa me acertar!
Este
era o momento de usar o meu trunfo também. Infelizmente, não poderia evitar de
acontecer casualidades, mas ainda seria melhor do que me deixar ser pego.
O
poder mágico insondável que havia se reunido na ponta da espada se condensou no
formato de uma lâmina. Lahsa então, balançou-a com toda sua força, disparando a
magia contra mim.
—
ELA IRÁ PERSEGUÍ-LO ATÉ ATINGIR O SEU ALVO, ANIKI! NA PRÓXIMA VEZ QUE NOS
VERMOS, SERÁ EM UMA CAMA NO PALÁCIO REAL!
—
EH!? ACHA MESMO!?
Era
chegada a hora de mostrar o meu movimento especial.
Tomando
em mãos algumas das ervas que recebi na Companhia GAP, ativei minha magia
suprema.
—
DESPERTEM FORMAS DE VIDA MÁGICAS!
De
alguma forma eu sabia que poderia usar esse feitiço. Assim como a minha esgrima
ou minha magia, fui capaz de usar esse poder misterioso como se fosse a coisa
mais natural do mundo.
Ao
som do meu comando, a sombra de uma criatura se libertou no meio do espaço. O
que antes não passava simples ervas, várias criaturas mágicas eclodiram.
—
UI~♪
—
UI~♪
—
UI~♪
Uma
cenoura surgiu energicamente do solo e colidiu no mesmo instante com a lâmina
mágica de Lahsa, transformando a minha criatura mágica em pó.
Adeus,
cenouras. Jamais esquecerei do sacrifício de vocês.
Alguma
coisa estava errada. Não só não senti qualquer remorso pelo que fiz, como ainda
tive a sensação de que aquela não era a primeira vez que estava sacrificando
eles.
Lahsa
ficou chocado ao ver que a sua carta na manga havia sido completamente
inutilizada pelas cenouras e, obviamente, não o deixei sair impune de seu
descuido.
Agora
era a minha vez. Usando a palma da mão, absorvi a mana contida no feitiço que
ainda estava ocupado fatiando as cenouras no ar. Aquela energia atravessou os
meus braços e armazenou no meu corpo.
—
Agora é hora de mandar isso de volta.
Normalmente,
apenas tomar esse poder para mim seria o suficiente para pôr um fim na disputa,
mas agora que eu tinha toda essa energia deliciosa nada melhor do que
aproveitar a chance de usá-la.
Lahsa
tentou bloqueou o ataque, mas ele acabou tomando a maior parte direto em seu
corpo, sendo jogado para longe. Aparentemente, ele havia perdido a consciência.
Agora
tudo que precisava fazer era pegar as rédeas do dragão e escapar... ou ao menos
o plano era esse, mas por causa do impacto, Lahsa foi jogado para fora do
dragão, indo em direção ao solo. A menos que alguém fizesse alguma coisa, seria
o fim dele.
Eu
não queria que a pessoa com quem estive lutando até segundos atrás morresse
dessa maneira. Além disso, aparentemente nós éramos irmãos.
Tentei
puxar as rédeas do dragão, mas ele nem reagiu. A mesma coisa quando balancei a
espada.
DROGA!
Era
o momento perfeito para escapar. Tudo terminaria bem se eu escapasse, mas antes
que percebesse, eu já tinha pulado de cima do dragão vermelho.
Usando
um feitiço de aceleração, consegui rapidamente chegar até Lahsa, mas apenas
para experimentar o terror de ver o chão se aproximando em uma velocidade
aterradora. Em poucos segundos, nós dois estaríamos atingido o aquele chão
duro.
NÃO!EU
NÃO POSSO DEIXAR AS COISAS ACABAREM ASSIM!
Com
todo poder mágico que tinha dentro de mim, criei uma magia de vento e a
disparei contra o solo. O forte vento soprou e colidiu contra o chão, criando
uma onda de choque que absorveu a maior parte do impacto.
A
maior parte, mas não tudo. Lahsa e eu ainda batemos forte contra o chão, mas
isso foi o bastante.
Cansado,
sem magia e ainda ferido, tudo que pude fazer foi continuar ali, caído no chão,
enquanto os soldados chegavam da direção do palácio
A
minha consciência começou a vacilar, mas eu sabia que estava sendo colocado em
um cavalo. Será que eles iriam nos levar direto para lá?
Ah,
droga, eu falhei! Agora está tudo acabado!
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