POSFÁCIO

Prazer em conhecê-lo, meu nome é Arai Enji.
Obrigado por ler “Sugar Dark”.
Um certo autor respeitado me disse uma vez: “Posfácios são absolutamente supérfluos e desnecessários”. Mas não seguirei as palavras deste mestre escritor, acho que depois de todo o tempo e esforço, assim como muitos outros, eu gostaria de usar esta seção para explicar superfluamente por que escrevi uma história sobre um cemitério.
 Para as pessoas que ainda estão lendo a história, creio que, provavelmente, não haverá grandes spoilers, então, caso não se importe, junte-se a mim nesta indulgência.
É um pouco incerto quando tive a ideia pela primeira vez.
Quando eu ainda estava usando uniformes escolares, acabei parando em uma livraria em Takadanobaba[1], ao lado de uma prateleira de revistas e lendo uma sobre jogos. Eu realmente não me lembro do título ou do conteúdo, mas havia um artigo sobre um jogo que era retrô na época. No artigo, uma das páginas mostrava o personagem do jogador em uma arte de pixels. Representava algum tipo de classe de personagem humano, o qual parecia uma múmia macho, e era chamado de “guarda sepulcral”.
Guarda sepulcral.
Isso mesmo, um guarda sepulcral era o mesmo tipo de classe de um “guerreiro” ou “mago”.
Pelo menos foi isso o que pensei na hora.
Naquela época, eu já havia começado a escrever uma novel, mas (assim como agora) estava sofrendo com a falta de inspiração. Por isso, rotulei a ideia de um guarda sepulcral como importante e a deixei na memória. Ao usar esse termo como base, meu cérebro se encheu com ideias frenéticas.
Claro, guardas sepulcrais apareciam em cemitérios, ou locais onde pessoas enterram cadáveres.
Levando essa ideia um pouco mais longe, por exemplo, em um jogo, quando um monstro é derrotado, seu corpo desaparece no mesmo lugar. Mas e se realmente existisse monstros que atacassem humanos no nosso mundo, não acho que o corpo deles desapareceria em um instante, mesmo sendo mortos. Então, neste caso, não precisariam ser enterrados em um local especial? E o guarda sepulcral daquele lugar também não precisaria de algum tipo de poder especial a fim de exercer sua obrigação?
E assim, tudo isso me levou a escrever uma história sobre os atuais cemitérios em massa no Japão, apesar do fato de sentir que minha habilidade de escrita sobre o assunto ser grandemente insuficiente. Por isso, minha memorável primeira contribuição literária, como sendo uma primeira tentativa, foi rejeitada.
Depois disso, como se não tivesse aprendido com meus próprios erros, minha escrita continuou sendo rejeitada várias vezes, no fim, tornando a primeira rejeição uma memória distante.
Foi assim até cerca de um ano atrás, quando minha oportunidade finalmente chegou.
O tempo limite do Sneaker Award era de dois meses e eu estava passando dificuldades com minha falta de material. Até então, meu princípio foi de nunca olhar para trás. Não, sendo bem sincero, sem tentar me aparecer, no tempo que passaria corrigindo um manuscrito falho, eu sentia que fazer a revisão seria muito menos excitante do que desafiar algo novo.
Mesmo assim, a ideia do guarda sepulcral da minha primeira contribuição sempre estava guardada na minha mente. E, como eu estava quase sem tempo, pensei: “Não fui capaz de ser publicado porque me falta experiência então. Mas agora, tantos anos passaram que talvez eu seja meio capaz de escrever algo melhor.”
Claro, a história jamais seria aceita se eu mantivesse o mesmo conteúdo. Afinal, havia uma razão para ter falhado no passado. Por isso, com essas razões em mente, mudei a história, o ambiente, a época, o cemitério, os monstros, talvez tudo isso. Basicamente, só tentei refazer a história eu mesmo com apenas a premissa de um cemitério misterioso e seu guarda sepulcral.
Ainda assim, nunca pensei que ganharia o prêmio máximo.
Para o comitê de seleção, aqueles que me deram a oportunidade de mostrar esta história ao mundo. Às pessoas que me ajudaram a compilar este texto em um livro. Ao Mebae-san, que fez essas ilustrações incríveis. A todos os amigos que sempre me ajudaram. E, acima de tudo, àqueles que leram este livro, muito obrigado. Eu realmente agradeço.
Quanto ao meu estilo de escrita, tenho alguns fortes hábitos, e você também provavelmente percebeu que sou uma pessoa muito gentil. Penso com todos os meus pontos fracos, ainda sou um grande iniciante. Sou um novato que nem mesmo consegue expressar o bastante sua gratidão. Mas, quando eu adquirir habilidade o bastante, com certeza planejo retribuir sua gentileza.
Bem, então, chegamos ao fim, mas parece que me deram a oportunidade de escrever outra história. Só isso já me deixa extremamente feliz. Para aqueles que leram este livro, não posso dizer o quão feliz ficarei se também lerem meu próximo trabalho.
“A maior obra de arte é sempre o trabalho mais novo”. Então, se não se importar, para compensar isso, usarei toda a minha força, assim, com certeza nos encontraremos novamente em “Sugar Dark: Volume 2”.

Arai Enji, Novembro de 2009

P.S.:
Agora estou preparando um website. Ainda não há nada lá, mas se estiver interessado, dê uma conferida.
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