Faltando ao Banquete de Celebração – Parte 2

— Muito bem, então. Vou voltar à casa da Celes-san, mas não podemos baixar a guarda ainda!
Ao ouvir Sylvie, Rem levantou uma mão.
— Posso… ir com você?
— Por mim tudo bem, mas por que está agindo assim?
— É que… em troca da minha liberdade, prometi que relataria tudo para ela, sem esconder nada.
— Entendo. Eu também gostaria de ouvir sobre isso.
— Vou ter que recusar.
Enquanto tinham esse tipo de conversa, as duas foram para a Guilda dos Magos.
Krum apontou para o lado sul da cidade.
— Beleza! Vamos comer alguns biscoitos-noda!
— Hein? Já é de noite, sabia? Não tem nenhum lugar aberto a essas horas. — Shera arregalou os olhos.
Não faria diferença se fosse dia ou noite. No momento em que o exército do Grande Rei Demônio atacou, a barreira foi destruída, por isso podiam invadir a cidade a qualquer momento como uma avalanche, portanto nenhuma loja abriria.
Krum bateu o pé.
— M-Mas… eu quero comer biscoitos-noda!
— Todo mundo já não foi dormir?
— Isso não pode ser verdade! Tem uma barulheira enorme acontecendo agora!
Era exatamente como disse, as pessoas estavam tão agitadas que até parecia um festival que acabara de começar. Isso se dava pelo fato de todos estarem a salvo depois da derrota do Grande Rei Demônio, já que antes tudo parecia estar perdido. Algo semelhante aconteceu mesmo em Torre Zircônica, onde um grande número de pessoas ficou animado após a vitória.
Shera, então, perguntou:
— Você não fez um estoque de biscoitos?
— Já comi tudo-noda! Como acabaria tendo que lutar contra o [Insanidade], comi para ficar animada.
— Aryarya~
— Maou se esforçou muito! Mesmo assim, não vai poder comer biscoitos!
— U, um.
— Se for assim, não há escolha a não ser transformar tudo em cinzas-noda!
— Não, não, não! Quer saber, vamos comprar um pouco! Mas, se não tiver nenhuma loja vendendo, vamos precisar esperar até amanhecer, pode ser?
— Umu.
Enquanto mostrava uma expressão preocupada, Shera disse:
— Diablo, estamos indo até o [Peter].
— Fumu… Neste caso, vou junto.
— Isso me deixaria muito feliz, mas… você deve estar cansado depois da luta, não é? Não se esforce demais. Sasala-san também parece sonolenta.
— Mu?
Ao ouvir aquilo, olhou para ela.
Sasala estava dormindo em pé, inclinada em Rose, enquanto respirava calmamente.
— Ku-… Ku-…
— E-Ei, Sasala?
Com a voz de Diablo, ela abriu os olhos abruptamente.
— Ha! Ah, sinto muito… quando fica escuro, me sinto sonolenta.
— Uma vez, você não passou uma noite inteira lendo um livro?
— Éé… Se não tenho que lutar a sério, só isso não seria um problema… Howawaa.
Então, após uma batalha em que precisa usar Artes Marciais de alto nível, ela acabava ficando sonolenta. Diablo também se sentia exausto. Embora tivesse recuperado seu MP com uma poção para caso houvesse alguma coisa, devido à alta tensão da batalha, precisava mesmo descansar.
Edelgart assentiu.
— Diablo-sama~ e pessoal… descansem. Rei Demônio-sama… Edelgart vão~… proteger? Proteger!
— Não seja idiota. Olhe para si mesma, seu vestido de empregada está em trapos. Do jeito que está agora, não importa como a vejam, vão descobrir na hora que é um Ser Demoníaco.
— Mu…
Ela olhou para sua própria aparência. Parecia que seu corpo estava em condições melhores do que o de Krum, mas, após receber os ataques do Grande Rei Demônio, suas roupas estavam acabadas. Ela estava praticamente seminua, tornando difícil saber se ele conseguiria desviar o olhar caso a área estivesse bem iluminada.
Edelgart inclinou a cabeça.
— Intemperismo…?
— O que é você, um modelo plástico? Não vai poder ir!
Talvez pelo fato de estar trabalhando em um local que se assemelhava a um maid café, acabou aprendendo algumas coisas estranhas. Não importava o quanto insistisse, ainda não podia.
No momento, por estar com Diablo e por ter várias pessoas que a viram durante a luta de mais cedo, não teria problema. Porém, caso fosse andar pela cidade, havia um grande risco de as coisas acabarem sendo problemáticas.
Quanto a Krum, parecia que ela conseguia mudar de aparência à vontade. O seu traje atual não possuía sinal algum da batalha, sua cauda se mantinha dentro da saia larga, os chifres estavam escondidos pelo chapéu, e, mesmo que seus olhos e orelhas fossem um tanto peculiares, podia se passar como um algum tipo de Semi-humano raro.
Logo depois, Krum deu uma ordem:
— Edelgart, espere na pousada-noda!
— Eee… Enten… dido.
Tendo um olhar rancoroso dirigido a ela por Edelgart, Shera sorriu amargamente. No fim, ela e Krum foram até o [Peter].
Rose segurava Sasala.
— Mestre, o que devemos fazer com esta pessoa?
— Ah… Acho que vamos levá-la à pousada. Tudo bem por você?
— Tudo.
— Rose, tenho certeza de que você também está cansada, não é?
— Magimatas não sentem fadiga. Entretanto, esgotei todo o meu poder mágico. Pelo fato de também ser necessário para a auto restauração dos ferimentos, eu gostaria de receber uma recarga imediata.
— Umu.
Isso foi um pouco surpreendente. Ele imaginou que Rose deixaria Sasala ali mesmo, já que ela caiu no sono. Se fosse como na primeira vez em que se encontraram, a trataria como uma invasora no [Labirinto do Rei Demônio]. Teria havido algum tipo de mudança em seu senso de valores depois de lutarem lado a lado?
Ela também pode mudar, então — pensava Diablo, enquanto reduzia a tensão em seu rosto.
— Hmph… Você está sendo bastante atenciosa com Sasala, não é, Rose?
— Mas é claro, Mestre. Com itens melhores que a classe SSR, existe uma especificação de bloqueio automática no momento da aquisição, por isso não posso descartá-la sem permissão.
— O-Ou.
Ela estava tratando-a como um item.


◇◇◇

A folia foi maior do que o esperado. Não havia celulares nem serviços online neste mundo e, como a vanguarda estava colocando todos os esforços na restauração da barreira, o fim da guerra ainda não tinha sido anunciado. Por este motivo, o fato de o Grande Rei Demônio ter sido derrotado só se espalhou devido aos rumores vindos dos soldados que assistiram à batalha.
A velocidade de propagação da informação, mesmo sendo de tanta importância a ponto de mudar a vida de muitos, foi lenta. Entretanto, definitivamente estava circulando.
Aqueles que ouviram sobre a vitória estavam saltitando nas ruas, agradecendo a deus e dançando. Os mais velhos juntaram-se ombro a ombro com outras pessoas cujo nome nem sabiam e beberam álcool, cantaram louvores, o hino nacional e canções de guerras em alto e bom tom. Quando grupos se encontravam na rua, todos se cumprimentavam e se abraçavam.
Ao ver a alegria deles, Diablo sentiu-se satisfeito por ter salvado a cidade.
Ahh, ainda bem que protegi a todos.
Tomando vantagem do clima de celebração, garotos agarravam mulheres nas ruas e lhes davam um beijo forte, sem ao menos se apresentaram. Mas elas também não eram contra e até os envolviam em seus braços.
Diablo cerrou os punhos e os dentes.
Acho que… vou acabar perdendo a vontade de proteger as Raças…
Os olhos de Rose se iluminaram.
— O Mestre está… fazendo uma expressão fantástica… haa, haa.
— E-Errado… A paz é melhor. Umu!
Quando chegaram à [Pousada do Alívio – Loja do Crepúsculo], no distrito oeste, viram uma grande multidão em frente a ela. Quando pararam para observar, notaram que havia vários lugares na rua principal que estavam iguais. Todos celebravam a vitória enquanto eram servidos banquetes exuberantes e bebida.
Comida grátis é boa, mas não gosto dessa barulheira. —Quando pensava nisso, sem tomar cuidado, algo pulou nele.
— …!?
— Sou eu-nya!
Após ouvir aquela voz, baixou o Tonnerre Empereur, o qual pegou por reflexo e estava prestes a usar para atacar.
— É você…, Mei? — Não estava fácil saber exatamente quem era, mas viu que se tratava da Mei, a ídolo da Pousada do Alívio.
Ela fez uma pose e miou:
— Sim É a Mei-chan-nya
— O que está fazendo em um lugar desses?
— Estava te esperando, Diablo-san. Se voltar para a Pousada do Alívio assim, as coisas vão ficar terríveis.
— Me conte com mais detalhes.
Mei olhou para os dois lados, com cuidado.
— Pode deixar, venha comigo, pois esse lugar não é seguro.
Mesmo que pareça suspeito, não acho que possa ser uma armadilha. Pensando assim, a seguiu e entrou em uma viela.
Rose disse:
— Está tudo bem, Mestre?
— Mesmo que seja uma armadilha… Se houver uma ameaça ainda maior que o Grande Rei Demônio preparada, não seria ainda mais divertido?
Ela curvou-se e continuou logo atrás dele, com Edelgart os seguindo também.
Se fosse Rem e Shera, ele teria que deixar as negociações com elas, para começo de conversa…
Mei só abriu a boca depois que já estavam longe de toda a agitação da rua principal, dizendo:
— As pessoas que estão reunidas em frente à Loja do Crepúsculo estão esperando por você, Diablo-san.
— Como assim!?
— Há rumores de que foi você quem derrotou o Grande Rei Demônio.
Rose assentiu.
— Não é um rumor, é a verdade. Meu Mestre, em sua magnificência, transformou-o em pó.
— O qu-… Então é verdade-nyanda. Ah, por isso que já tem tanta gente animada reunida lá.
— S-sim…
Não era uma sensação ruim, na verdade, até podia ser bom se mostrasse seu rosto.
Mei deu de ombros e disse:
— Com tantas pessoas assim, você amanheceria tendo que escutar o agradecimento de todos. Além disso, receberia abraços de gratidão vindo de velhotes; não acho que ficaria muito feliz com isso, Diablo-san.
Mei-chan, sério mesmo, muito obrigado! — Embora mostrasse uma expressão de desinteresse, ainda estava muito grato.
Com ela como guia, eles andaram em ziguezague por um caminho estreito.
— Então, meus caros… Tada A [Pousada do Alívio – Loja Esconderijo]-nya! É uma pousada secreta onde só entram convidados especiais.
Era uma casa particular nos fundos, sem letreiro. Não havia nenhuma característica marcante sobre sua aparência externa ou sobre a porta e, se ninguém soubesse dela, não perceberiam que era uma pousada quando passassem pela frente.
Rose, com uma voz calma, falou:
— Não é uma casa particular?
— I-i-i-isso não é verdade-nya! É chamada de [Pousada do Alívio] por causa do serviço confortável-nya!
Diablo, magnanimamente, concordou:
— Tudo bem, não há problema. Não gosto de lugares barulhentos, por isso gostaria de ficar aqui.
— Bem-vindos-nya
Já que Rem, Shera e Krum deviam voltar para a [Loja do Crepúsculo] mais tarde, ele pediu para que elas também fossem levadas para lá.
A parte de dentro da residência era idêntica à [Pousada do Alívio].
Mei trouxe uma chave.
— Rose-chan e Cara-nova-chan, fiquem com essa chave. Krum-chan e Edel-chan ficam com essa. Um quarto também foi preparado para a Rem-chan e para a Shera-chan. Agora, já que não há mais ninguém além do grupo do Diablo-san na Loja Esconderijo, ela está totalmente reservada só para vocês.
— Fumu.
Ele já tinha se acostumado a dormir acompanhado em camas grandes, mas ainda se sentia melhor o fazendo sozinho.
— Ah, Diablo-san, eu gostaria que esperasse um pouquinho.
— Hm? Rose, vá para o quarto primeiro e coloque Sasala na cama.
— Entendido, Mestre.
Como se arrastasse Sasala, ela subiu as escadas. Edelgart também pegou a chave e se dirigiu até o seu quarto.
Diablo acabou ficando sozinho com Mei.
— Que negócios tem a tratar comigo?
— Hm… A chave para o seu quarto é… essa aqui. — Era uma chave prateada.
— Hou?
— Ela mostra que é um convidado especial na [Pousada do Alívio]… Um convite para uma estadia gratuita-nya De hoje em diante, use-a como se fosse a sua terra natal, pode ser?
Sem querer, Diablo acabou olhando direto para o rosto de Mei, que tinha as bochechas vermelhas.
— Ehehe… gostou?
— Umu, nada mal.
— A chave é um presente da proprietária. Um presenta da Mei-chan.
— Hm?
Ela se aproximou, subiu em um banquinho ali perto e ficou na ponta dos pés. Seus lábios tocaram a bochecha de Diablo.

— Chu 
O quêêêê???
Ela desceu do banquinho, e seus corpos se separaram. O rosto dela ficou ainda mais vermelho.
— Unya~… Sinto muito se não gostou disso-nya, mas esse foi primeiro beijo desta ídolo
— …
— Diablo-san, obrigada por proteger a Mei-chan e todos os outros-nanonya!
A pose que fez para esconder a vergonha fazia com que ela parecesse muito inocente.


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