Interlúdio 1

Depois de sair da Guilda dos Feiticeiros, Rem retornou para a hospedaria. Como havia muitas questões para relatar, ela acabou chegando mais tarde do que havia planejado.
— Hã?
Ao chegar à porta do quarto que ela pessoalmente havia alugado — aquele com uma enorme cama que ela, Diablo e Shera compartilhavam —, Krum destrancou a porta e saiu de dentro.
— Rem, você voltou, noda na!
— ...Estou de volta. — Ela respondeu com um aceno para a sorridente Krum.
O Rei Demônio Krebskrum. A família de Rem tem sido ligada a este ser por muitas gerações. A razão pela qual ela ingressou na Guilda dos Aventureiros foi para derrota-lo, mas agora Krum havia se tornado algo como parte de sua família.
No entanto, esse sentimento de afeição seria mais forte quando todos estavam juntos. Quando as duas estavam sozinhas, as recordações viriam a tona causando uma sensação de desconforto a ela. Além disso, havia mais uma razão para que Rem não conseguisse ficar tranquila — o [Cristal Divino] em sua bolsa.
Se por qualquer chance Krum viesse a absorver este cristal, ela poderia despertar por completo. Lembrando-se da figura de Krebskrum desperta, o medo que com tanto esforço tentava reprimir acabou sendo revigorado.
“O atual Rei Demônio é uma criança adorável que ama biscoitos”
Rem repetiu essas palavras para persuadir a si mesma. Como se tentando esconder o desconforto dentro de si, ela fez uma pergunta.
— ...Krum, você estava brincando com Shera no quarto?
— Não, Shera está dormindo no quarto de Maou, noda.
— Eh? ...Nesse caso, você estava conversando com Diablo?
— Diablo estava lavando o corpo de Maou, noda!
O corpo de Rem congelou na mesma hora. O medo e o desconforto que ela sentia até agora se tornaram insignificantes e uma emoção diferente começou a transbordar dentro de si.
— ... Entendo... Eu realmente entendo. Parece que há a necessidade de ouvir em detalhes o que vocês dois andaram fazendo, não é mesmo?
— Oh, essa é uma bela expressão que você está fazendo, Rem.
Ouvindo essas palavras, Rem colocou a mão em seu rosto por reflexo. Ela não entendia bem porque Krum disse que era bela, mas definitivamente não deveria ser uma expressão amigável.
— ...Você está sendo sarcástica?
— Sarcástica? Não, é só que normalmente você sempre reprime as suas próprias emoções.
Não muito tempo atrás algo semelhante havia sido dito a ela. Essas foram palavras do Paladino Geibalt, embora ele deva ser parte da Ordem dos Cavaleiros Reais agora. Ele foi um vilão que, apesar de ser um Paladino, almejou a vida da Alta Sacerdotisa Chefe, Lumachina, em troca de dinheiro. Seu caráter a parte, não havia dúvidas de sua habilidade como Invocador.
— ...Ficar emocional é um sinal de imaturidade. Tomar ações irracionais é o mesmo que convidar o perigo.
— Se você presa as aparências, nunca será capaz de exibir suas verdadeiras habilidades.
— ...Mesmo que você me diga isso, é assim que eu sou.
— Fumu, fumu... Já que é assim, vamos fazer isso então.
Krum colocou os dedos dentro de sua boca e com o som de um estalo retirou algo de lá. Foi um dente canino que ela apresentou a Rem.
Assistindo a cena, o rosto de Rem ficou pálido.
— O quê!? Krum, o que você está fazendo!?
— Quando você decidir não ficar só dependente do Diablo e desejar ser verdadeiramente forte, coloque isso em sua testa, noda. Apesar de que a reação poderá ser um pouquinho violenta...
— Você arrancou um dente... pelo meu bem?
— Algo assim não é grande coisa. Você tem cuidado de mim por todo esse tempo, Rem.
— ...É um fato que nós duas temos uma ligação.
— Sim, afinal você sempre me compra biscoitos, noda!
— ...Ah... bem, a nossa relação não seria um pouquinho maior do que isso? Como sendo aquela no qual você foi selada ou algo assim.
Krum inclinou a cabeça para o lado.
— Não era como se fosse culpa sua de que Matou foi selada em seu corpo, não é mesmo?
— Isso é... Certamente verdade...
É dito que aquele que selou o Rei Demônio na família de Rem foi Deus. De mãe para filha, assim o selo foi passado de geração em geração.
— Maou soube que você sofreu muito por carregar o selo, mas Maou si mesma não teve culpa disso também.
— ...Sim.
— Vivendo com todos vocês em Faltra, Maou encontrou a felicidade.  Rem, você já faz parte dessa felicidade, então Maou não permitirá que você morra. É por isso que estou te entregando esse dente, noda!

Krum mais uma vez apresentou o dente em sua mão. Embora hesitante, Rem estendeu a sua mão e recebeu a [Presa do Rei Demônio], um pequeno, branco e bonito dente. 


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