Capítulo 65



Parece que acabei pegando um resfriado.
Durante a semana em que forjei a espada para o Jeremy-senpai, acabei me dedicando tanto ao trabalho que esqueci de cuidar de meu próprio corpo.

Ahh, minha garganta dói. Ir até o refeitório para tomar café da manhã parece uma dor. Eu não quero trabalhar, sinto frio e cansaço.”
Obviamente, justo quando eu não me sentia bem, alguém decidiu vir me visitar. Houve uma batida rítmica na porta e tive que arrastar o meu pesado corpo até a porta.
— Eliza! — Minha voz saiu áspera por causa da dor de garganta, mas não pude deixar de ficar surpreso. Eliza estava timidamente na porta do meu quarto.
— Kururi-sama, ainda não foi tomar café da manhã, certo? Eu o trouxe para você. — Ela empurrou uma cesta em minha direção.
Estava coberta com um lenço, mas isso, por si só, não podia escondê-la do meu olfato quando eu estava morrendo de fome. Havia um leve cheiro de tomates dentro, era muito fresco, perfeito para o início da manhã. Sinceramente eu estava muito agradecido por ela ter trazido isso.

— Obrigado Eliza, você me salvou. Eu estava faminto, mas não pude ir à cantina por causa do meu resfriado.
— Fuun ~ é patético ver um homem como você fraco assim.

Senti vontade de perguntar, “Você odeia caras patéticos?”, mas minha condição piorou, então eu humildemente decidi voltar para a cama.
— Se estiver tudo bem... gostaria de entrar?
— ...... Bem, sim, eu, ermm... adoraria!
Não sabia porque ela terminou a frase tão intensamente, mas decidi deixá-la entrar. Tive a impressão de que ela estava curiosa sobre a ferraria, já que olhava ao redor, inquieta. Não havia o que fazer, certo? Qualquer um estaria interessado. Embora eu achava que uma garota não iria gostar muito, já esse lugar estava escuro como breu.
Bem, logo, logo você vai se acostumar com isso, então, por favor, aguente firme.”
Eu nem mesmo tinha compostura para lhe servir chá, então apenas disse a ela para se sentir em casa. Entrei na minha cama, puxei a mesa para mais perto e decidi tomar meu café da manhã lá. Esta não era uma boa maneira, mas não havia o que pudesse fazer agora, eu realmente estava com dor depois de tudo.
Cobrindo-me com o futon, confirmei o conteúdo da cesta: Pão, sopa, frango frito e salada. Incrível, é uma maravilhosa refeição perfeitamente equilibrada.

— Você já tomou o café da manhã, Eliza?
— Sim, acabei de vir do refeitório. Ah, aquela sopa de tomate é realmente deliciosa.
— Mesmo?
— Mesmo!
Parecendo um pouco envergonhada por ter ficado excitada, Eliza virou o rosto. Assim como ela disse a sopa estava ótima.
— Isso aquece meu corpo. Eu queria mesmo alguns legumes, então o cardápio de hoje está maravilhoso.
— Acho que você está certo, mas o jantar de ontem foi ainda melhor. Quero dizer, foi... batatas... — Eliza disse até esse ponto, parou, sorriu e fingiu que nunca aconteceu.
“Não, eu realmente ouvi isso, você sabe. Ouvi quando você disse, ‘batatas’.”
Eu pulei o jantar de ontem, então não sabia, mas parece que havia um monte de batatas e sabia muito bem o quanto Eliza às amava. Estendi minha mão para a salada dentro da cesta e confirmei que seu conteúdo se tratava de uma salada de batatas.
— Me acompanha?
— …................ Não, muito obrigada.
Ah, ela hesitou! Ela hesitou! Que pausa longa foi essa!? Mesmo que já tenha comido, ainda hesitou só porque eram batatas!”
“Carinho incomparável por batatas! Um fetiche por batatas! Você não vai acabar engordando com tanto carboidrato!? Pensando bem, seu corpo era magro e cheio de curvas maravilhosas, então acho que estava tudo bem!”
— Ah, mastigue corretamente antes de comer. — Disse Eliza enquanto eu comia de forma grosseira.
Bem, mastigar corretamente era algo bom, então o fiz até terminar a salada.
— Essas batatas estão saborosas, não acha?
— NÃO É!?  SE VOCÊ A MASTIGAR CORRETAMENTE, ELA IRÁ LIBERAR TODA SUA DOÇURA ORIGINAL! — Tendo terminado sua sentença, Eliza percebeu que estava fora da personagem e voltou a sorrir docemente, fingindo que isso não acontecera também.
Mesmo que tivesse dito tudo tão claramente, ainda planejava encobrir o fato com um sorriso que parecia estar suprimindo completamente os músculos de seu rosto. — “Quão disposta você estava para encobrir sua paixão? Acho que não devia falar descuidadamente sobre batatas aqui, por consideração à ela.”
Eu também comi pão e o prato principal, o frango frito. Pelo que via, meu apetite voltou consideravelmente. Comer enquanto observado parecia estranho, mas talvez porque eu estivesse me concentrando demais na comida, pude apreciar os sabores mais minuciosos. Isso poderia ser um sinal de que estava lentamente melhorando.
Quando tentei me limpar depois de terminar de comer, Eliza me parou.

— Permita-me. Eu também vim aqui para cuidar de você.

Assim como disse, ela pegou um guardanapo e começou a limpar minha boca.

Ter alguém tão bela e refinada como ela fazendo isso por mim, que luxo. Acho que pegar um resfriado de vez em quando não vai ser tão ruim assim.”
*Toc, toc.*
Essa era a segunda vez hoje que alguém batia.
— Estou indo ~. — Eliza disse em alto astral e caminhou alegremente em direção à entrada.
Agora você é minha esposa!? Você está realmente bem com isso, Eliza-san!?

— Abrindo ~♪.
Ouvi o som da porta se abrindo e fechando imediatamente.
Ehh?! Por quê?! Não é assim que você recebe as visitas! Isso foi muito rápido! O que aconteceu? Quem está aí? Estou curioso demais para dormir agora!
— Eh, hmm... Eliza... Por que você voltou? Alguém veio, certo?
— Hmm… Será que tinha mesmo?
“Uwah, que mentira descarada!” — Ela colocou o dedo indicador nos lábios e inclinou ligeiramente a cabeça. Essa era a primeira vez que a via se comportando assim. Tinha certeza de que esse não era um gesto que se pudesse naturalmente fazer desse jeito.
*Toc, toc.* — A porta foi batida mais uma vez.
Como esperado, alguém veio. Eu podia sentir a Eliza ficando um pouco irritada, mas ainda assim ela andou até a porta mais uma vez.

— Oh? Você precisa de algo?
— Hmm, ouvi que o Kururi estava doente, então trouxe algo para ele comer, mas… estou atrasada?
— Sim, você chegou tarde demais. Ohohoho, Kururi-sama já tomou seu café da manhã!
— Ahh, isso é ótimo. Tudo bem se eu entrar? Eu queria vê-lo.
— Não está bem!
“Por quê!?” — A julgar pela voz, tinha certeza que era a Iris. Ela estava perplexa pela hostilidade de Eliza e como me sentia mal por isso, me levantei mais uma vez e forcei meu caminho até a porta.
— Obrigado por vir, Iris. Entrem, vocês duas, aqui dentro está quente e agradável.

E assim as duas vieram juntas. Eu ainda estava fraco, então apenas as pedi para ficarem à vontade e que havia chá e lanche para pegarem a disposição.

— Não, eu acabei de tomar café da manhã, então estou bem. Mais importante, tem algo que esteja precisando? Se quiser eu posso ajudar.
— Não, o Kururi-sama não precisa de nada. — Por alguma razão, Eliza respondeu por mim. 
“Será que ela possuía um poder incomum para saber o que estava acontecendo em minha mente? Bem, a chance disso ser verdade era extremamente baixa.”
— Deixar toda essa comida estragar seria um desperdício, então acho que devemos comer todos juntos. Ou eu posso acabar engordando se fizer isso sozinho.  
Mesmo enquanto forçando um sorriso, Iris aceitou o meu convite, pois reconhecia o valor dos alimentos. Como esperado, quando se via na perspectiva das pessoas comuns, nada podia ser desperdiçado.
Eliza a estava observando com olhares laterais, sem mover a cabeça nem um pouco. Quando Iris estendeu a mão para a salada de batatas, Eliza reagiu com uma contração muito óbvia.
— Hmm, Eliza-san, quer um pouco de salada?
— Não há como alguém tão refinada como o meu reagir a comida!
— Isso é verdade... embora eu sempre acabo reagindo quando alguém está do meu lado com meu prato favorito. Como esperado, os nobres não têm essa natureza gananciosa, não é? Teehehe. — Iris riu sentindo um pouco envergonhada.

Por favor, pare com isso! Eliza também está aqui! Ela é extremamente reativa a batatas!”
— Ah, essas batatas são tão deliciosas! Parece que usaram as melhores para a refeição de hoje, hein?
“Ela também as achou deliciosas. Ah, então as de hoje eram genuinamente melhores.”
— Sim, as de hoje são muito boas, não são?
Eliza, que achei que continuaria sendo teimosa, também reagiu às palavras de Iris e as batatas se tornou a ponte que conectava as duas.

— Certo. Eu adoro comer batatas. Bem, na verdade, simplesmente amo vegetais em geral.
— Sim, eu entendo... afinal eles são deliciosos, não é!?
Ela estava tentando manter a calma, mas se podia notar a felicidade dela pela maneira como terminava suas frases. — “Acho que uma conversa sobre batatas vai brotar. Se bem que os brotos de batata são venenosos, então será que vai ficar tudo bem?”
— Na verdade, eu tinha vontade de falar com você a um bom tempo, Eliza-san. Sou uma plebéia, mas se estiver tudo bem para você, vamos ser amigas.
— Eu recuso! Mas acho que posso... falar com você um pouco…
— Ah, estou feliz! Estou feliz, mesmo que seja apenas isso. Tudo bem se eu te chamar de Eli?
— Não, não está! Bem, só por enquanto...
As bochechas da Eli ficaram um pouco vermelhas. 
Você está feliz!? Você está feliz, Eli!?

Hmm? Pensando bem, Eli parece um nome um pouco meigo. Não, na verdade, é muito meigo!”
— E-eli. — Eu disse com uma voz áspera, apanhada no momento.
Um forte tapa veio em meu rosto. — “Ai, dói! Apenas um tempo atrás, minha testa estava quente, mas agora minhas bochechas estão queimando. Não deu para aproveitar a situação.”
— Ei Eliza-san, você gosta de batatas?
— Sim...ma-mas eu gosto de legumes como um todo também!

“Uwaa, tão ambíguo, mesmo que você goste tanto de batatas.”


— Se estiver tudo bem para você, quer vir para o meu campo? Já é hora de colher as batatas e elas são um dos nossos produtos mais finos, então eu queria me gabar para alguém.
— ……. Vamos!
As duas saíram alegremente da sala. Não era o que você chamaria de hobby feminino, mas se estavam se dando bem, isso me deixava feliz.

Hmm? Ehhh, e quanto a mim!?”
— COF, COF! Espere, parece que estou piorando! Olá!? EI!
Imediatamente depois, a porta foi novamente batida. Parecia que eles ainda se lembravam de mim e no meio do caminho voltaram. Eu estava tão feliz que pulei da cama para recebê-las.
— Bem-vindas de-.
“Ah, merda!” — O Rail estava ali segurando uma cesta de onde você podia sentir o cheiro de sopa de tomate.
— Yoo, Kururi-kun, eu trouxe algo de bom para você.

— NÃO PRECISO! — E bati a porta na cara dele.

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